A inteligência artificial (IA) está dando às máquinas o poder de gerar vídeos, escrever códigos de computador e até mesmo manter uma conversa. Ela também está acelerando os esforços para entender o corpo humano e combater doenças. Na quarta-feira, 8, o Google DeepMind, o laboratório central de IA da gigante da tecnologia, e a Isomorphic Labs, uma empresa irmã, revelaram uma versão mais poderosa do AlphaFold, uma tecnologia que ajuda os cientistas a entender o comportamento dos mecanismos microscópicos que impulsionam as células do corpo humano.
Uma versão inicial do AlphaFold, lançada em 2020, resolveu um quebra-cabeça que atormentou os cientistas por mais de 50 anos. Ele era chamado de “o problema do dobramento de proteínas”.
As proteínas são as moléculas microscópicas que impulsionam o comportamento de todos os seres vivos. Essas moléculas começam como cadeias de compostos químicos antes de se torcerem e se dobrarem em formas tridimensionais que definem como elas interagem com outros mecanismos microscópicos no corpo.
Os biólogos passaram anos ou até décadas tentando identificar a forma de proteínas individuais. Foi então que surgiu o AlphaFold. Quando um cientista fornecia a essa tecnologia uma sequência de aminoácidos que compõe uma proteína, ela podia prever a forma tridimensional em questão de minutos.
Quando o DeepMind lançou publicamente o AlphaFold um ano depois, os biólogos começaram a usá-lo para acelerar a descoberta de medicamentos. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, usaram a tecnologia enquanto trabalhavam para entender o coronavírus e se preparar para pandemias semelhantes. Outros a utilizaram enquanto lutavam para encontrar remédios para a malária e o mal de Parkinson.
A esperança é que esse tipo de tecnologia agilize significativamente a criação de novos medicamentos e vacinas.
“Isso nos diz muito mais sobre como as máquinas da célula interagem”, disse John Jumper, pesquisador do Google DeepMind. “Ele nos diz como isso deve funcionar e o que acontece quando ficamos doentes.”
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Além de prever as formas das proteínas, nova versão do AlphaFold pode prever o comportamento de outros mecanismos biológicos microscópicos
A nova versão do AlphaFold - AlphaFold3 - amplia a tecnologia para além do dobramento de proteínas. Além de prever as formas das proteínas, ela pode prever o comportamento de outros mecanismos biológicos microscópicos, incluindo o DNA, onde o corpo armazena informações genéticas, e o RNA, que transfere informações do DNA para as proteínas.
“A biologia é um sistema dinâmico. Você precisa entender as interações entre diferentes moléculas e estruturas”, disse Demis Hassabis, executivo-chefe do Google DeepMind e fundador da Isomorphic Labs, da qual o Google também é proprietário. “Este é um passo nessa direção”.
A empresa está oferecendo um site no qual os cientistas podem usar o AlphaFold3. Outros laboratórios, principalmente o da Universidade de Washington, oferecem tecnologia semelhante. Em um artigo publicado na terça-feira, 7, na revista científica Nature, Jumper e seus colegas pesquisadores demonstram que ela atinge um nível de precisão muito além do estado da arte.
A tecnologia pode “economizar meses de trabalho experimental e possibilitar pesquisas que antes eram impossíveis”, disse Deniz Kavi, cofundador e executivo-chefe da Tamarind Bio, uma startup que desenvolve tecnologia para acelerar a descoberta de medicamentos. “Isso representa uma tremenda promessa”.
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