A Apple pode estar enfrentando um dos golpes mais nítidos dos últimos anos na escassez de semicondutores para seus smartphones. Por conta dos protestos na China, em que trabalhadores reivindicam direitos trabalhistas durante uma nova onda de covid-19, especialistas afirmam que a falta de componentes para a Apple pode significar a diminuição de 5% da produção estimada para o trimestre.
As ações da empresa estavam em queda de cerca de 3% na tarde desta terça-feira, quando os protestos de empregados da Foxconn, empresa produtora de peças e responsável pela fabricação de iPhone, chegaram ao quinto dia.
Agora, analistas especializados na empresa começam a ditar que o movimento pode gerar impacto no relatório financeiro deste trimestre. De acordo com Dan Ives, analista da WedBush, a quantidade de iPhones produzidos pode cair em 10% até o final do ano — até agora, ele estima que essa queda esteja em 5%.
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Foi possível ver na prática a escassez dos componentes durante a Black Friday. No comércio, principalmente nos EUA, consumidores tiveram dificuldades em encontrar promoções do iPhone 14 e família — modelos lançados neste ano. Em algumas lojas, o aparelho estava em falta.
Ives afirma que durante o período, o estoque de iPhone 14 Pro estava cerca de 40% abaixo do habitual para a época do ano, se comparado com os anos anteriores.
Dan Ives, analista da WedBush
“A política de zero covid na China foi um soco na cadeia de suprimentos da Apple”, afirma o analista. “A realidade é que a Apple é extremamente limitada em suas opções para a temporada de festas e está à mercê da política da China, o que continua sendo uma situação muito frustrante para a Apple e para Wall Street”.
Nos protestos, funcionários chineses reivindicam o pagamento de bônus e de suprimentos para enfrentar uma nova onda de covid-19 no país. Milhares de empregados participam dos atos que já tiveram embates com a polícia local, em busca de garantias da Foxconn de que terão condições sanitárias e de alimentação para sobreviver à crise.