‘Celular de tela dobrável é o que mais tira clientes do iPhone’, diz presidente da Motorola


Em entrevista ao ‘Estadão’, Sergio Buniac afirma que a empresa aposta nos celulares dobráveis e no segmento premium para crescer; companhia planeja dobrar de tamanho em três anos

Por Lucas Agrela

O brasileiro Sergio Buniac, presidente global da Motorola, afirma que a empresa planeja dobrar a participação de mercado até 2026, tanto em volume de vendas quanto em faturamento. Para isso, a estratégia será apostar nos celulares da categoria premium da linha Moto Edge e nos aparelhos de telas dobráveis da linha Razr. Para Buniac, são esses os produtos que mais roubam clientes que hoje usam o iPhone.

Segunda colocada em vendas no País, a companhia é listada entre as dez maiores vendedoras do mundo, de acordo com a consultoria Counterpoint Research, atrás de Samsung e Apple e das chinesas Xiaomi, Oppo e Vivo.

Parte da Lenovo desde 2014, a empresa voltou a ser rentável há três anos. Para isso, reduziu drasticamente os lançamentos de smartphones avançados e apostou em aparelhos dos segmentos de entrada e intermediário, com os produtos Moto E e Moto G, bem como com a linha One. Agora, a estratégia é voltar a ser competitiva no segmento premium.

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A empresa apresentou nesta quinta-feira, 1º, dois novos smartphones dobráveis da linha Razr, que devem chegar ao mercado brasileiro em breve.

Sergio Buniac, presidente global da Motorola, diz que empresa almeja dobrar de tamanho em três anos Foto: Divulgação/Fernando Cavalcanti/Motorola

A categoria de celulares dobráveis já existe há alguns anos. A maturidade desse formato de aparelho ajuda a conseguir acordos melhores com fornecedores para reduzir o preço para o consumidor?

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Sim. Do lançamento do primeiro Razr para os novos, o custo caiu aproximadamente 30%. Também entendemos melhor a experiência do consumidor nesse período. Apesar de ser dobrável, ele é um smartphone em primeiro lugar. Evoluímos em tela, bateria e câmera. Resolvemos problemas que os consumidores tiveram com a categoria, como a bateria. Além disso, hoje, o nosso dobrável só precisa ser aberto se você quiser. 90% das atividades você faz com o telefone fechado. Quando você quiser uma experiência de tela maior, basta abri-lo.

A Motorola passou mais de um ano sem lançar celulares dobráveis depois do primeiro Razr. Por que chegou a hora de apostar novamente na categoria no Brasil?

A categoria está amadurecida no mercado. Dentro da nossa estratégia, vemos um caminho contínuo. São dois produtos com produção 100% local. Para o mercado brasileiro, essas coisas farão a categoria ter crescimento mais rápido. Não sentimos a necessidade de vender no País a segunda geração do aparelho, continuamos vendendo a primeira. Agora, vamos acelerar muito, a nível de campanha, produção local e posicionamento de preços.

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Em qual momento de negócio a Motorola está hoje no mundo?

Hoje já são três anos de rentabilidade positiva, vindo em uma crescente. Agora, estamos com uma meta bem agressiva globalmente que é dobrar de tamanho nos próximos três anos. O mercado tem dois tamanhos, a venda para os pontos de venda, como varejistas, e a ativação dos celulares, que é quando o consumidor realmente compra. O que tem caído mais é a venda para lojistas do que a ativação dos aparelhos. Há um ajuste de inventários pela falta de produtos durante a pandemia e por causa do juro alto, que dificulta ter muito estoque. No segundo semestre do ano que vem, acreditamos que o mercado começará a se recuperar. O mercado deve andar de lado esse ano, com -3% no mundo. Na divisão de celulares, tivemos crescimento trimestral no primeiro trimestre em relação ao anterior. Crescemos 7 pontos percentuais acima do mercado. Na América Latina, no último trimestre, houve queda de 10% no mercado de celulares, então, tivemos desempenho 17 pontos acima do mercado.

Como atingir esse crescimento?

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Um dos segmentos é no corporativo, com o Motorola for Business. Implantamos na Lenovo um ecossistema para empresas que inclui PC, tablet e celular. A gente cresce mais aceleradamente na Europa e na Ásia, de uma base menor, mais de 30 pontos acima do mercado. Além disso, também cresceremos no mercado premium de celulares, com a família Moto Edge. Na nossa retomada de lucro, reduzimos muito nossa participação nesse segmento, mas, de dois anos pra cá, voltamos a acelerar nosso crescimento. No ano passado, nossa venda para o mercado premium cresceu 40% e a nossa ativação de aparelhos dobrou de tamanho. Uma categoria que cresce muito no mundo é a de celulares dobráveis. Relançamos a marca Razr e agora lançamos dois novos aparelhos. Nossa meta é vender essa nova geração duas vezes mais do que vendemos nas outras duas gerações somadas. Essa categoria de dobráveis é a que mais tira usuários da concorrência, principalmente dos usuários de iOS (iPhone). Por fim, temos uma parceria com a pantone para cores dos celulares, que tem ajudado a atrair mais consumidores, como jovens e o público feminino.

Para roubar clientes da Apple, o plano é entregar recursos avançados com bom custo/benefício?

Sempre tivemos a visão de que as pessoas não precisam pagar mais para ter experiências incríveis. Na família Edge, todo o pacote é reciclável, ele tem uma fragrância, como a de um carro novo, e há novos materiais como couro vegano, que só estava em produtos de mais de R$ 7 mil. Com a Pantone, lançamos a cor do ano em dezembro. Outros produtos chegam só agora com ela. Todos esses elementos são trazidos para o ecossistema de aparelhos premium. Também estamos no início de uma parceria com a marca Bose, na parte de som e alto-falante.

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Foi preciso tirar algum recurso dos smartphones para melhorar o preço dos produtos diante da inflação de preços de eletrônicos?

Não, acho que foi ao contrário. As telas Oled eram 5% do nosso portfólio e hoje são 60%. A maioria dos produtos têm internet 5G e alto-falantes estéreo. Pelo fato de ser uma empresa global, quando o mercado cai, o custo de alguns recursos também cai por questão de demanda. Ao longo do tempo, câmera, processador e bateria ficaram melhores e o custo dos aparelhos ficou mais acessível, isso vale tanto para as franquias Moto Edge quanto para Moto G e Moto E.

No cenário macroeconômico, há a questão do juro alto no mundo. O Brasil começou a subir o juro antes dos Estados Unidos e pode sair dessa tendência antes. Isso pode ser positivo para o mercado global da Motorola?

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Nosso plano é de longo prazo. Se a gente tentar acertar o timing de mercado, vamos sair quando ele começa a crescer e entrar quando começa a cair. A expectativa é que o mercado, como um todo, cresça. Se o Brasil sair antes disso porque fez a lição de cada um pouco antes, esse será mais um fator que se somará positivamente para nós. Temos visão positiva em relação ao Brasil devido à importância do País para a Motorola. Nosso investimento em pesquisa e desenvolvimento tem crescido e temos trazido novas competências para o time brasileiro. Todo o trabalho com as operadoras americanas é feito no Brasil. Há um time global de câmera que está no Brasil há dois anos e tem crescido. Esperamos que o mercado cresça no semestre que vem. Mas ganharemos participação de mercado tanto aqui quanto no mundo.

O Brasil é o maior mercado para a Motorola no mundo?

Está entre os três maiores e tem crescido mais do que o mercado. Historicamente, o País sempre esteve entre os cinco maiores mercados. No ano passado, no mundo, a nossa venda caiu ano sobre ano, mas foi o segundo melhor ano desde que a Motorola passou a fazer parte da Lenovo.

Qual foi o impacto da chegada do 5G na venda de celulares?

Hoje, 60% dos nossos produtos têm 5G e isso deve subir até o final do ano, devido à demanda e à oferta de mercado. O 5G tem sido um dos desejos de consumo dos brasileiros.

A concorrência vinda da China diminuiu para a Motorola?

Sempre olhamos para os nossos produtos e clientes em vez de olhar para a concorrência, se não, estaremos sempre atrasados. Vamos manter nossos investimentos e inovações. Dobrar de tamanho em três anos em um mercado tão competitivo requer que façamos tudo direitinho. Sobre a concorrência, não sei o que será do amanhã, mas sei que não será o que planejei. Por isso, fazemos as coisas certas para ouvir e atender o consumidor. Vamos crescer por causa disso, e não porque os outros estão fazendo melhor ou pior do que nós.

O brasileiro Sergio Buniac, presidente global da Motorola, afirma que a empresa planeja dobrar a participação de mercado até 2026, tanto em volume de vendas quanto em faturamento. Para isso, a estratégia será apostar nos celulares da categoria premium da linha Moto Edge e nos aparelhos de telas dobráveis da linha Razr. Para Buniac, são esses os produtos que mais roubam clientes que hoje usam o iPhone.

Segunda colocada em vendas no País, a companhia é listada entre as dez maiores vendedoras do mundo, de acordo com a consultoria Counterpoint Research, atrás de Samsung e Apple e das chinesas Xiaomi, Oppo e Vivo.

Parte da Lenovo desde 2014, a empresa voltou a ser rentável há três anos. Para isso, reduziu drasticamente os lançamentos de smartphones avançados e apostou em aparelhos dos segmentos de entrada e intermediário, com os produtos Moto E e Moto G, bem como com a linha One. Agora, a estratégia é voltar a ser competitiva no segmento premium.

A empresa apresentou nesta quinta-feira, 1º, dois novos smartphones dobráveis da linha Razr, que devem chegar ao mercado brasileiro em breve.

Sergio Buniac, presidente global da Motorola, diz que empresa almeja dobrar de tamanho em três anos Foto: Divulgação/Fernando Cavalcanti/Motorola

A categoria de celulares dobráveis já existe há alguns anos. A maturidade desse formato de aparelho ajuda a conseguir acordos melhores com fornecedores para reduzir o preço para o consumidor?

Sim. Do lançamento do primeiro Razr para os novos, o custo caiu aproximadamente 30%. Também entendemos melhor a experiência do consumidor nesse período. Apesar de ser dobrável, ele é um smartphone em primeiro lugar. Evoluímos em tela, bateria e câmera. Resolvemos problemas que os consumidores tiveram com a categoria, como a bateria. Além disso, hoje, o nosso dobrável só precisa ser aberto se você quiser. 90% das atividades você faz com o telefone fechado. Quando você quiser uma experiência de tela maior, basta abri-lo.

A Motorola passou mais de um ano sem lançar celulares dobráveis depois do primeiro Razr. Por que chegou a hora de apostar novamente na categoria no Brasil?

A categoria está amadurecida no mercado. Dentro da nossa estratégia, vemos um caminho contínuo. São dois produtos com produção 100% local. Para o mercado brasileiro, essas coisas farão a categoria ter crescimento mais rápido. Não sentimos a necessidade de vender no País a segunda geração do aparelho, continuamos vendendo a primeira. Agora, vamos acelerar muito, a nível de campanha, produção local e posicionamento de preços.

Em qual momento de negócio a Motorola está hoje no mundo?

Hoje já são três anos de rentabilidade positiva, vindo em uma crescente. Agora, estamos com uma meta bem agressiva globalmente que é dobrar de tamanho nos próximos três anos. O mercado tem dois tamanhos, a venda para os pontos de venda, como varejistas, e a ativação dos celulares, que é quando o consumidor realmente compra. O que tem caído mais é a venda para lojistas do que a ativação dos aparelhos. Há um ajuste de inventários pela falta de produtos durante a pandemia e por causa do juro alto, que dificulta ter muito estoque. No segundo semestre do ano que vem, acreditamos que o mercado começará a se recuperar. O mercado deve andar de lado esse ano, com -3% no mundo. Na divisão de celulares, tivemos crescimento trimestral no primeiro trimestre em relação ao anterior. Crescemos 7 pontos percentuais acima do mercado. Na América Latina, no último trimestre, houve queda de 10% no mercado de celulares, então, tivemos desempenho 17 pontos acima do mercado.

Como atingir esse crescimento?

Um dos segmentos é no corporativo, com o Motorola for Business. Implantamos na Lenovo um ecossistema para empresas que inclui PC, tablet e celular. A gente cresce mais aceleradamente na Europa e na Ásia, de uma base menor, mais de 30 pontos acima do mercado. Além disso, também cresceremos no mercado premium de celulares, com a família Moto Edge. Na nossa retomada de lucro, reduzimos muito nossa participação nesse segmento, mas, de dois anos pra cá, voltamos a acelerar nosso crescimento. No ano passado, nossa venda para o mercado premium cresceu 40% e a nossa ativação de aparelhos dobrou de tamanho. Uma categoria que cresce muito no mundo é a de celulares dobráveis. Relançamos a marca Razr e agora lançamos dois novos aparelhos. Nossa meta é vender essa nova geração duas vezes mais do que vendemos nas outras duas gerações somadas. Essa categoria de dobráveis é a que mais tira usuários da concorrência, principalmente dos usuários de iOS (iPhone). Por fim, temos uma parceria com a pantone para cores dos celulares, que tem ajudado a atrair mais consumidores, como jovens e o público feminino.

Para roubar clientes da Apple, o plano é entregar recursos avançados com bom custo/benefício?

Sempre tivemos a visão de que as pessoas não precisam pagar mais para ter experiências incríveis. Na família Edge, todo o pacote é reciclável, ele tem uma fragrância, como a de um carro novo, e há novos materiais como couro vegano, que só estava em produtos de mais de R$ 7 mil. Com a Pantone, lançamos a cor do ano em dezembro. Outros produtos chegam só agora com ela. Todos esses elementos são trazidos para o ecossistema de aparelhos premium. Também estamos no início de uma parceria com a marca Bose, na parte de som e alto-falante.

Foi preciso tirar algum recurso dos smartphones para melhorar o preço dos produtos diante da inflação de preços de eletrônicos?

Não, acho que foi ao contrário. As telas Oled eram 5% do nosso portfólio e hoje são 60%. A maioria dos produtos têm internet 5G e alto-falantes estéreo. Pelo fato de ser uma empresa global, quando o mercado cai, o custo de alguns recursos também cai por questão de demanda. Ao longo do tempo, câmera, processador e bateria ficaram melhores e o custo dos aparelhos ficou mais acessível, isso vale tanto para as franquias Moto Edge quanto para Moto G e Moto E.

No cenário macroeconômico, há a questão do juro alto no mundo. O Brasil começou a subir o juro antes dos Estados Unidos e pode sair dessa tendência antes. Isso pode ser positivo para o mercado global da Motorola?

Nosso plano é de longo prazo. Se a gente tentar acertar o timing de mercado, vamos sair quando ele começa a crescer e entrar quando começa a cair. A expectativa é que o mercado, como um todo, cresça. Se o Brasil sair antes disso porque fez a lição de cada um pouco antes, esse será mais um fator que se somará positivamente para nós. Temos visão positiva em relação ao Brasil devido à importância do País para a Motorola. Nosso investimento em pesquisa e desenvolvimento tem crescido e temos trazido novas competências para o time brasileiro. Todo o trabalho com as operadoras americanas é feito no Brasil. Há um time global de câmera que está no Brasil há dois anos e tem crescido. Esperamos que o mercado cresça no semestre que vem. Mas ganharemos participação de mercado tanto aqui quanto no mundo.

O Brasil é o maior mercado para a Motorola no mundo?

Está entre os três maiores e tem crescido mais do que o mercado. Historicamente, o País sempre esteve entre os cinco maiores mercados. No ano passado, no mundo, a nossa venda caiu ano sobre ano, mas foi o segundo melhor ano desde que a Motorola passou a fazer parte da Lenovo.

Qual foi o impacto da chegada do 5G na venda de celulares?

Hoje, 60% dos nossos produtos têm 5G e isso deve subir até o final do ano, devido à demanda e à oferta de mercado. O 5G tem sido um dos desejos de consumo dos brasileiros.

A concorrência vinda da China diminuiu para a Motorola?

Sempre olhamos para os nossos produtos e clientes em vez de olhar para a concorrência, se não, estaremos sempre atrasados. Vamos manter nossos investimentos e inovações. Dobrar de tamanho em três anos em um mercado tão competitivo requer que façamos tudo direitinho. Sobre a concorrência, não sei o que será do amanhã, mas sei que não será o que planejei. Por isso, fazemos as coisas certas para ouvir e atender o consumidor. Vamos crescer por causa disso, e não porque os outros estão fazendo melhor ou pior do que nós.

O brasileiro Sergio Buniac, presidente global da Motorola, afirma que a empresa planeja dobrar a participação de mercado até 2026, tanto em volume de vendas quanto em faturamento. Para isso, a estratégia será apostar nos celulares da categoria premium da linha Moto Edge e nos aparelhos de telas dobráveis da linha Razr. Para Buniac, são esses os produtos que mais roubam clientes que hoje usam o iPhone.

Segunda colocada em vendas no País, a companhia é listada entre as dez maiores vendedoras do mundo, de acordo com a consultoria Counterpoint Research, atrás de Samsung e Apple e das chinesas Xiaomi, Oppo e Vivo.

Parte da Lenovo desde 2014, a empresa voltou a ser rentável há três anos. Para isso, reduziu drasticamente os lançamentos de smartphones avançados e apostou em aparelhos dos segmentos de entrada e intermediário, com os produtos Moto E e Moto G, bem como com a linha One. Agora, a estratégia é voltar a ser competitiva no segmento premium.

A empresa apresentou nesta quinta-feira, 1º, dois novos smartphones dobráveis da linha Razr, que devem chegar ao mercado brasileiro em breve.

Sergio Buniac, presidente global da Motorola, diz que empresa almeja dobrar de tamanho em três anos Foto: Divulgação/Fernando Cavalcanti/Motorola

A categoria de celulares dobráveis já existe há alguns anos. A maturidade desse formato de aparelho ajuda a conseguir acordos melhores com fornecedores para reduzir o preço para o consumidor?

Sim. Do lançamento do primeiro Razr para os novos, o custo caiu aproximadamente 30%. Também entendemos melhor a experiência do consumidor nesse período. Apesar de ser dobrável, ele é um smartphone em primeiro lugar. Evoluímos em tela, bateria e câmera. Resolvemos problemas que os consumidores tiveram com a categoria, como a bateria. Além disso, hoje, o nosso dobrável só precisa ser aberto se você quiser. 90% das atividades você faz com o telefone fechado. Quando você quiser uma experiência de tela maior, basta abri-lo.

A Motorola passou mais de um ano sem lançar celulares dobráveis depois do primeiro Razr. Por que chegou a hora de apostar novamente na categoria no Brasil?

A categoria está amadurecida no mercado. Dentro da nossa estratégia, vemos um caminho contínuo. São dois produtos com produção 100% local. Para o mercado brasileiro, essas coisas farão a categoria ter crescimento mais rápido. Não sentimos a necessidade de vender no País a segunda geração do aparelho, continuamos vendendo a primeira. Agora, vamos acelerar muito, a nível de campanha, produção local e posicionamento de preços.

Em qual momento de negócio a Motorola está hoje no mundo?

Hoje já são três anos de rentabilidade positiva, vindo em uma crescente. Agora, estamos com uma meta bem agressiva globalmente que é dobrar de tamanho nos próximos três anos. O mercado tem dois tamanhos, a venda para os pontos de venda, como varejistas, e a ativação dos celulares, que é quando o consumidor realmente compra. O que tem caído mais é a venda para lojistas do que a ativação dos aparelhos. Há um ajuste de inventários pela falta de produtos durante a pandemia e por causa do juro alto, que dificulta ter muito estoque. No segundo semestre do ano que vem, acreditamos que o mercado começará a se recuperar. O mercado deve andar de lado esse ano, com -3% no mundo. Na divisão de celulares, tivemos crescimento trimestral no primeiro trimestre em relação ao anterior. Crescemos 7 pontos percentuais acima do mercado. Na América Latina, no último trimestre, houve queda de 10% no mercado de celulares, então, tivemos desempenho 17 pontos acima do mercado.

Como atingir esse crescimento?

Um dos segmentos é no corporativo, com o Motorola for Business. Implantamos na Lenovo um ecossistema para empresas que inclui PC, tablet e celular. A gente cresce mais aceleradamente na Europa e na Ásia, de uma base menor, mais de 30 pontos acima do mercado. Além disso, também cresceremos no mercado premium de celulares, com a família Moto Edge. Na nossa retomada de lucro, reduzimos muito nossa participação nesse segmento, mas, de dois anos pra cá, voltamos a acelerar nosso crescimento. No ano passado, nossa venda para o mercado premium cresceu 40% e a nossa ativação de aparelhos dobrou de tamanho. Uma categoria que cresce muito no mundo é a de celulares dobráveis. Relançamos a marca Razr e agora lançamos dois novos aparelhos. Nossa meta é vender essa nova geração duas vezes mais do que vendemos nas outras duas gerações somadas. Essa categoria de dobráveis é a que mais tira usuários da concorrência, principalmente dos usuários de iOS (iPhone). Por fim, temos uma parceria com a pantone para cores dos celulares, que tem ajudado a atrair mais consumidores, como jovens e o público feminino.

Para roubar clientes da Apple, o plano é entregar recursos avançados com bom custo/benefício?

Sempre tivemos a visão de que as pessoas não precisam pagar mais para ter experiências incríveis. Na família Edge, todo o pacote é reciclável, ele tem uma fragrância, como a de um carro novo, e há novos materiais como couro vegano, que só estava em produtos de mais de R$ 7 mil. Com a Pantone, lançamos a cor do ano em dezembro. Outros produtos chegam só agora com ela. Todos esses elementos são trazidos para o ecossistema de aparelhos premium. Também estamos no início de uma parceria com a marca Bose, na parte de som e alto-falante.

Foi preciso tirar algum recurso dos smartphones para melhorar o preço dos produtos diante da inflação de preços de eletrônicos?

Não, acho que foi ao contrário. As telas Oled eram 5% do nosso portfólio e hoje são 60%. A maioria dos produtos têm internet 5G e alto-falantes estéreo. Pelo fato de ser uma empresa global, quando o mercado cai, o custo de alguns recursos também cai por questão de demanda. Ao longo do tempo, câmera, processador e bateria ficaram melhores e o custo dos aparelhos ficou mais acessível, isso vale tanto para as franquias Moto Edge quanto para Moto G e Moto E.

No cenário macroeconômico, há a questão do juro alto no mundo. O Brasil começou a subir o juro antes dos Estados Unidos e pode sair dessa tendência antes. Isso pode ser positivo para o mercado global da Motorola?

Nosso plano é de longo prazo. Se a gente tentar acertar o timing de mercado, vamos sair quando ele começa a crescer e entrar quando começa a cair. A expectativa é que o mercado, como um todo, cresça. Se o Brasil sair antes disso porque fez a lição de cada um pouco antes, esse será mais um fator que se somará positivamente para nós. Temos visão positiva em relação ao Brasil devido à importância do País para a Motorola. Nosso investimento em pesquisa e desenvolvimento tem crescido e temos trazido novas competências para o time brasileiro. Todo o trabalho com as operadoras americanas é feito no Brasil. Há um time global de câmera que está no Brasil há dois anos e tem crescido. Esperamos que o mercado cresça no semestre que vem. Mas ganharemos participação de mercado tanto aqui quanto no mundo.

O Brasil é o maior mercado para a Motorola no mundo?

Está entre os três maiores e tem crescido mais do que o mercado. Historicamente, o País sempre esteve entre os cinco maiores mercados. No ano passado, no mundo, a nossa venda caiu ano sobre ano, mas foi o segundo melhor ano desde que a Motorola passou a fazer parte da Lenovo.

Qual foi o impacto da chegada do 5G na venda de celulares?

Hoje, 60% dos nossos produtos têm 5G e isso deve subir até o final do ano, devido à demanda e à oferta de mercado. O 5G tem sido um dos desejos de consumo dos brasileiros.

A concorrência vinda da China diminuiu para a Motorola?

Sempre olhamos para os nossos produtos e clientes em vez de olhar para a concorrência, se não, estaremos sempre atrasados. Vamos manter nossos investimentos e inovações. Dobrar de tamanho em três anos em um mercado tão competitivo requer que façamos tudo direitinho. Sobre a concorrência, não sei o que será do amanhã, mas sei que não será o que planejei. Por isso, fazemos as coisas certas para ouvir e atender o consumidor. Vamos crescer por causa disso, e não porque os outros estão fazendo melhor ou pior do que nós.

Entrevista por Lucas Agrela

Repórter de economia & negócios, pós-graduado em administração e marketing e em mídias digitais.

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