Como o app de chamadas de vídeo Zoom cresceu 19 vezes em meio à quarentena


Lançada em 2013, ferramenta está surfando a onda do coronavírus e chegou a 200 milhões de usuários ativos diariamente, contra 10 milhões em dezembro; ações da empresa tiveram alta na bolsa, mas segurança e privacidade de dados preocupam

Por Bruno Capelas

Nem todo mundo está entrando na crise por conta da pandemia do coronavírus – e há até empresas que veem um crescimento inesperado em suas atividades. É o caso do aplicativo de videochamadas Zoom. Lançado em 2013, ele foi bastante popular no meio corporativo, mas pouco atingia as massas. Agora, com o distanciamento social como medida preventiva ao vírus e muita gente ficando em casa, o serviço está registrando uma alta na demanda nunca vista: na quarta-feira, 1, o presidente executivo da startup, Eric Yuan, afirmou que a empresa teve mais de 200 milhões de usuários diários em março. 

É um crescimento significativo: em dezembro, o Zoom conseguia atingir cerca de 10 milhões de usuários ativos todos os dias, entre pessoas que utilizam o app gratuitamente ou que pagam por ele. Ou seja, a demanda cresceu cerca de 19 vezes em três meses. Segundo Yuan, o serviço está sendo usado não só por pessoas comuns e empresas, mas também por escolas – mais de 90 mil colégios, em 20 países diferentes, estão utilizando a plataforma para realizar aulas pela internet. 

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Mais de 90 mil escolas, em 20 países diferentes, estão usando o Zoom para suas aulas Foto: Reuters/Albert Gea

A popularidade também se reverteu na bolsa: após ter aberto capital em abril de 2019 com ações a US$ 62, o Zoom viu seus papéis se valorizarem nas últimas semanas, por conta da alta na demanda. A cotação da empresa chegou a um pico de US$ 151,70 no último dia 23 de março, levando sua avaliação no mercado para US$ 44,5 bilhões. 

Outras empresas também se deram bem nessa crise – caso do software corporativo de mensagens Slack e da Microsoft, dona do Microsoft Teams, que permite que equipes colaborem à distância, e do Skype. O diferencial do Zoom, porém, é que sua estrutura fácil de usar caiu no gosto do público – uma das principais vantagens é que é possível fazer uma chamada pela plataforma sem nem instalar seu aplicativo, usando apenas um navegador comum de internet. 

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A empresa foi criada por Yuan em 2011, um chinês educado nos Estados Unidos e ex-funcionário da Cisco, tradicional empresa americana de tecnologia que também tem como um de seus principais produtos um serviço de teleconferências, o Webex. A ideia de Yuan, ao criar o Zoom, era fazer uma plataforma mais leve para o mundo corporativo. Quem faz chamadas com até 100 participantes, como limite de 40 minutos, pode usar o app de graça. Para maior capacidade ou tempo, é preciso pagar, em planos que começam em US$ 15 por mês. 

Problemas de privacidade e segurança

Nos últimos dias, porém, a empresa se desvalorizou, após relatos de problemas de privacidade e segurança surgirem – entre as questões mais graves, havia denúncias de que o app compartilha dados com o Facebook sem consentimento dos usuários, bem como falhas de segurança que permitiam invasões de hackers e roubo de dados pessoais. Nesta quinta-feira, 2, o Zoom tem seus papeis negociados na bolsa de valores Nasdaq em torno de US$ 120 – ainda assim, com uma alta de quase 100% desde a abertura de capital. 

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Eric Yuan, presidente executivo e fundador da Zoom, posa em frente à Nasdaq na abertura de capital da empresa Foto: Reuters/Carlo Allegri

Outra falha grave foi divulgada na segunda-feira, 30, pelo escritório do FBI em Boston: no início da semana, o órgão emitiu um aviso sobre o Zoom, dizendo aos usuários para não tornar públicas as reuniões na plataforma e não compartilhar links amplamente depois de receber dois relatos de indivíduos não identificados invadindo aulas digitais de escolas, um fenômeno conhecido como “zoombombing”.

Alguns dias depois, a empresa de foguetes SpaceX do bilionário Elon Musk proibiu seus funcionários de usar o aplicativo da Zoom em memorando visto pela Reuters, dizendo que o aplicativo tinha “preocupações significativas de privacidade e segurança”. O site americano The Intercept divulgou na terça-feira, 31, que os vídeos da Zoom não são criptografados de ponta a ponta entre os participantes da reunião e que a empresa pode visualizar as sessões.

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Os problemas chamaram a atenção de Eric Yuan, que admitiu as falhas. “Reconhecemos que não atingimos as expectativas de privacidade e segurança da comunidade – e a nossa própria“, disse Yuan. “Por isso, sinto muito.” Em carta aos usuários, ele disse que direcionará os esforços de sua equipe nos próximos 90 dias para resolver os problemas de segurança e privacidade, sem lançar nenhuma funcionalidade nova. 

Na carta aos usuários, ele também tentou fazer os usuários entenderem que a plataforma tinha sido idealizada de forma diferente. “Nós construímos um sistema para grandes empresas, que tem apoio de uma área de tecnologia, com capacidade de fazer análises de segurança”, escreveu. “Não criamos o produto pensando que todo o mundo usaria essa plataforma para realizar tarefas a partir de casa, de formas inesperadas, apresentando desafios que não antecipamos.” 

Entre as medidas que serão tomadas nos próximos 90 dias, Yuan se comprometeu a criar um relatório de transparência que detalha informações relacionadas a dados, gravações ou conteúdo dos usuários e melhorar seu programa de recompensas para caça de falhas no sistema. Ele também se prontificou a fazer sessões semanais para falar sobre atualizações em privacidade e segurança – transmitidas, é claro, pela plataforma do Zoom. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Nem todo mundo está entrando na crise por conta da pandemia do coronavírus – e há até empresas que veem um crescimento inesperado em suas atividades. É o caso do aplicativo de videochamadas Zoom. Lançado em 2013, ele foi bastante popular no meio corporativo, mas pouco atingia as massas. Agora, com o distanciamento social como medida preventiva ao vírus e muita gente ficando em casa, o serviço está registrando uma alta na demanda nunca vista: na quarta-feira, 1, o presidente executivo da startup, Eric Yuan, afirmou que a empresa teve mais de 200 milhões de usuários diários em março. 

É um crescimento significativo: em dezembro, o Zoom conseguia atingir cerca de 10 milhões de usuários ativos todos os dias, entre pessoas que utilizam o app gratuitamente ou que pagam por ele. Ou seja, a demanda cresceu cerca de 19 vezes em três meses. Segundo Yuan, o serviço está sendo usado não só por pessoas comuns e empresas, mas também por escolas – mais de 90 mil colégios, em 20 países diferentes, estão utilizando a plataforma para realizar aulas pela internet. 

Mais de 90 mil escolas, em 20 países diferentes, estão usando o Zoom para suas aulas Foto: Reuters/Albert Gea

A popularidade também se reverteu na bolsa: após ter aberto capital em abril de 2019 com ações a US$ 62, o Zoom viu seus papéis se valorizarem nas últimas semanas, por conta da alta na demanda. A cotação da empresa chegou a um pico de US$ 151,70 no último dia 23 de março, levando sua avaliação no mercado para US$ 44,5 bilhões. 

Outras empresas também se deram bem nessa crise – caso do software corporativo de mensagens Slack e da Microsoft, dona do Microsoft Teams, que permite que equipes colaborem à distância, e do Skype. O diferencial do Zoom, porém, é que sua estrutura fácil de usar caiu no gosto do público – uma das principais vantagens é que é possível fazer uma chamada pela plataforma sem nem instalar seu aplicativo, usando apenas um navegador comum de internet. 

A empresa foi criada por Yuan em 2011, um chinês educado nos Estados Unidos e ex-funcionário da Cisco, tradicional empresa americana de tecnologia que também tem como um de seus principais produtos um serviço de teleconferências, o Webex. A ideia de Yuan, ao criar o Zoom, era fazer uma plataforma mais leve para o mundo corporativo. Quem faz chamadas com até 100 participantes, como limite de 40 minutos, pode usar o app de graça. Para maior capacidade ou tempo, é preciso pagar, em planos que começam em US$ 15 por mês. 

Problemas de privacidade e segurança

Nos últimos dias, porém, a empresa se desvalorizou, após relatos de problemas de privacidade e segurança surgirem – entre as questões mais graves, havia denúncias de que o app compartilha dados com o Facebook sem consentimento dos usuários, bem como falhas de segurança que permitiam invasões de hackers e roubo de dados pessoais. Nesta quinta-feira, 2, o Zoom tem seus papeis negociados na bolsa de valores Nasdaq em torno de US$ 120 – ainda assim, com uma alta de quase 100% desde a abertura de capital. 

Eric Yuan, presidente executivo e fundador da Zoom, posa em frente à Nasdaq na abertura de capital da empresa Foto: Reuters/Carlo Allegri

Outra falha grave foi divulgada na segunda-feira, 30, pelo escritório do FBI em Boston: no início da semana, o órgão emitiu um aviso sobre o Zoom, dizendo aos usuários para não tornar públicas as reuniões na plataforma e não compartilhar links amplamente depois de receber dois relatos de indivíduos não identificados invadindo aulas digitais de escolas, um fenômeno conhecido como “zoombombing”.

Alguns dias depois, a empresa de foguetes SpaceX do bilionário Elon Musk proibiu seus funcionários de usar o aplicativo da Zoom em memorando visto pela Reuters, dizendo que o aplicativo tinha “preocupações significativas de privacidade e segurança”. O site americano The Intercept divulgou na terça-feira, 31, que os vídeos da Zoom não são criptografados de ponta a ponta entre os participantes da reunião e que a empresa pode visualizar as sessões.

Os problemas chamaram a atenção de Eric Yuan, que admitiu as falhas. “Reconhecemos que não atingimos as expectativas de privacidade e segurança da comunidade – e a nossa própria“, disse Yuan. “Por isso, sinto muito.” Em carta aos usuários, ele disse que direcionará os esforços de sua equipe nos próximos 90 dias para resolver os problemas de segurança e privacidade, sem lançar nenhuma funcionalidade nova. 

Na carta aos usuários, ele também tentou fazer os usuários entenderem que a plataforma tinha sido idealizada de forma diferente. “Nós construímos um sistema para grandes empresas, que tem apoio de uma área de tecnologia, com capacidade de fazer análises de segurança”, escreveu. “Não criamos o produto pensando que todo o mundo usaria essa plataforma para realizar tarefas a partir de casa, de formas inesperadas, apresentando desafios que não antecipamos.” 

Entre as medidas que serão tomadas nos próximos 90 dias, Yuan se comprometeu a criar um relatório de transparência que detalha informações relacionadas a dados, gravações ou conteúdo dos usuários e melhorar seu programa de recompensas para caça de falhas no sistema. Ele também se prontificou a fazer sessões semanais para falar sobre atualizações em privacidade e segurança – transmitidas, é claro, pela plataforma do Zoom. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Nem todo mundo está entrando na crise por conta da pandemia do coronavírus – e há até empresas que veem um crescimento inesperado em suas atividades. É o caso do aplicativo de videochamadas Zoom. Lançado em 2013, ele foi bastante popular no meio corporativo, mas pouco atingia as massas. Agora, com o distanciamento social como medida preventiva ao vírus e muita gente ficando em casa, o serviço está registrando uma alta na demanda nunca vista: na quarta-feira, 1, o presidente executivo da startup, Eric Yuan, afirmou que a empresa teve mais de 200 milhões de usuários diários em março. 

É um crescimento significativo: em dezembro, o Zoom conseguia atingir cerca de 10 milhões de usuários ativos todos os dias, entre pessoas que utilizam o app gratuitamente ou que pagam por ele. Ou seja, a demanda cresceu cerca de 19 vezes em três meses. Segundo Yuan, o serviço está sendo usado não só por pessoas comuns e empresas, mas também por escolas – mais de 90 mil colégios, em 20 países diferentes, estão utilizando a plataforma para realizar aulas pela internet. 

Mais de 90 mil escolas, em 20 países diferentes, estão usando o Zoom para suas aulas Foto: Reuters/Albert Gea

A popularidade também se reverteu na bolsa: após ter aberto capital em abril de 2019 com ações a US$ 62, o Zoom viu seus papéis se valorizarem nas últimas semanas, por conta da alta na demanda. A cotação da empresa chegou a um pico de US$ 151,70 no último dia 23 de março, levando sua avaliação no mercado para US$ 44,5 bilhões. 

Outras empresas também se deram bem nessa crise – caso do software corporativo de mensagens Slack e da Microsoft, dona do Microsoft Teams, que permite que equipes colaborem à distância, e do Skype. O diferencial do Zoom, porém, é que sua estrutura fácil de usar caiu no gosto do público – uma das principais vantagens é que é possível fazer uma chamada pela plataforma sem nem instalar seu aplicativo, usando apenas um navegador comum de internet. 

A empresa foi criada por Yuan em 2011, um chinês educado nos Estados Unidos e ex-funcionário da Cisco, tradicional empresa americana de tecnologia que também tem como um de seus principais produtos um serviço de teleconferências, o Webex. A ideia de Yuan, ao criar o Zoom, era fazer uma plataforma mais leve para o mundo corporativo. Quem faz chamadas com até 100 participantes, como limite de 40 minutos, pode usar o app de graça. Para maior capacidade ou tempo, é preciso pagar, em planos que começam em US$ 15 por mês. 

Problemas de privacidade e segurança

Nos últimos dias, porém, a empresa se desvalorizou, após relatos de problemas de privacidade e segurança surgirem – entre as questões mais graves, havia denúncias de que o app compartilha dados com o Facebook sem consentimento dos usuários, bem como falhas de segurança que permitiam invasões de hackers e roubo de dados pessoais. Nesta quinta-feira, 2, o Zoom tem seus papeis negociados na bolsa de valores Nasdaq em torno de US$ 120 – ainda assim, com uma alta de quase 100% desde a abertura de capital. 

Eric Yuan, presidente executivo e fundador da Zoom, posa em frente à Nasdaq na abertura de capital da empresa Foto: Reuters/Carlo Allegri

Outra falha grave foi divulgada na segunda-feira, 30, pelo escritório do FBI em Boston: no início da semana, o órgão emitiu um aviso sobre o Zoom, dizendo aos usuários para não tornar públicas as reuniões na plataforma e não compartilhar links amplamente depois de receber dois relatos de indivíduos não identificados invadindo aulas digitais de escolas, um fenômeno conhecido como “zoombombing”.

Alguns dias depois, a empresa de foguetes SpaceX do bilionário Elon Musk proibiu seus funcionários de usar o aplicativo da Zoom em memorando visto pela Reuters, dizendo que o aplicativo tinha “preocupações significativas de privacidade e segurança”. O site americano The Intercept divulgou na terça-feira, 31, que os vídeos da Zoom não são criptografados de ponta a ponta entre os participantes da reunião e que a empresa pode visualizar as sessões.

Os problemas chamaram a atenção de Eric Yuan, que admitiu as falhas. “Reconhecemos que não atingimos as expectativas de privacidade e segurança da comunidade – e a nossa própria“, disse Yuan. “Por isso, sinto muito.” Em carta aos usuários, ele disse que direcionará os esforços de sua equipe nos próximos 90 dias para resolver os problemas de segurança e privacidade, sem lançar nenhuma funcionalidade nova. 

Na carta aos usuários, ele também tentou fazer os usuários entenderem que a plataforma tinha sido idealizada de forma diferente. “Nós construímos um sistema para grandes empresas, que tem apoio de uma área de tecnologia, com capacidade de fazer análises de segurança”, escreveu. “Não criamos o produto pensando que todo o mundo usaria essa plataforma para realizar tarefas a partir de casa, de formas inesperadas, apresentando desafios que não antecipamos.” 

Entre as medidas que serão tomadas nos próximos 90 dias, Yuan se comprometeu a criar um relatório de transparência que detalha informações relacionadas a dados, gravações ou conteúdo dos usuários e melhorar seu programa de recompensas para caça de falhas no sistema. Ele também se prontificou a fazer sessões semanais para falar sobre atualizações em privacidade e segurança – transmitidas, é claro, pela plataforma do Zoom. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Nem todo mundo está entrando na crise por conta da pandemia do coronavírus – e há até empresas que veem um crescimento inesperado em suas atividades. É o caso do aplicativo de videochamadas Zoom. Lançado em 2013, ele foi bastante popular no meio corporativo, mas pouco atingia as massas. Agora, com o distanciamento social como medida preventiva ao vírus e muita gente ficando em casa, o serviço está registrando uma alta na demanda nunca vista: na quarta-feira, 1, o presidente executivo da startup, Eric Yuan, afirmou que a empresa teve mais de 200 milhões de usuários diários em março. 

É um crescimento significativo: em dezembro, o Zoom conseguia atingir cerca de 10 milhões de usuários ativos todos os dias, entre pessoas que utilizam o app gratuitamente ou que pagam por ele. Ou seja, a demanda cresceu cerca de 19 vezes em três meses. Segundo Yuan, o serviço está sendo usado não só por pessoas comuns e empresas, mas também por escolas – mais de 90 mil colégios, em 20 países diferentes, estão utilizando a plataforma para realizar aulas pela internet. 

Mais de 90 mil escolas, em 20 países diferentes, estão usando o Zoom para suas aulas Foto: Reuters/Albert Gea

A popularidade também se reverteu na bolsa: após ter aberto capital em abril de 2019 com ações a US$ 62, o Zoom viu seus papéis se valorizarem nas últimas semanas, por conta da alta na demanda. A cotação da empresa chegou a um pico de US$ 151,70 no último dia 23 de março, levando sua avaliação no mercado para US$ 44,5 bilhões. 

Outras empresas também se deram bem nessa crise – caso do software corporativo de mensagens Slack e da Microsoft, dona do Microsoft Teams, que permite que equipes colaborem à distância, e do Skype. O diferencial do Zoom, porém, é que sua estrutura fácil de usar caiu no gosto do público – uma das principais vantagens é que é possível fazer uma chamada pela plataforma sem nem instalar seu aplicativo, usando apenas um navegador comum de internet. 

A empresa foi criada por Yuan em 2011, um chinês educado nos Estados Unidos e ex-funcionário da Cisco, tradicional empresa americana de tecnologia que também tem como um de seus principais produtos um serviço de teleconferências, o Webex. A ideia de Yuan, ao criar o Zoom, era fazer uma plataforma mais leve para o mundo corporativo. Quem faz chamadas com até 100 participantes, como limite de 40 minutos, pode usar o app de graça. Para maior capacidade ou tempo, é preciso pagar, em planos que começam em US$ 15 por mês. 

Problemas de privacidade e segurança

Nos últimos dias, porém, a empresa se desvalorizou, após relatos de problemas de privacidade e segurança surgirem – entre as questões mais graves, havia denúncias de que o app compartilha dados com o Facebook sem consentimento dos usuários, bem como falhas de segurança que permitiam invasões de hackers e roubo de dados pessoais. Nesta quinta-feira, 2, o Zoom tem seus papeis negociados na bolsa de valores Nasdaq em torno de US$ 120 – ainda assim, com uma alta de quase 100% desde a abertura de capital. 

Eric Yuan, presidente executivo e fundador da Zoom, posa em frente à Nasdaq na abertura de capital da empresa Foto: Reuters/Carlo Allegri

Outra falha grave foi divulgada na segunda-feira, 30, pelo escritório do FBI em Boston: no início da semana, o órgão emitiu um aviso sobre o Zoom, dizendo aos usuários para não tornar públicas as reuniões na plataforma e não compartilhar links amplamente depois de receber dois relatos de indivíduos não identificados invadindo aulas digitais de escolas, um fenômeno conhecido como “zoombombing”.

Alguns dias depois, a empresa de foguetes SpaceX do bilionário Elon Musk proibiu seus funcionários de usar o aplicativo da Zoom em memorando visto pela Reuters, dizendo que o aplicativo tinha “preocupações significativas de privacidade e segurança”. O site americano The Intercept divulgou na terça-feira, 31, que os vídeos da Zoom não são criptografados de ponta a ponta entre os participantes da reunião e que a empresa pode visualizar as sessões.

Os problemas chamaram a atenção de Eric Yuan, que admitiu as falhas. “Reconhecemos que não atingimos as expectativas de privacidade e segurança da comunidade – e a nossa própria“, disse Yuan. “Por isso, sinto muito.” Em carta aos usuários, ele disse que direcionará os esforços de sua equipe nos próximos 90 dias para resolver os problemas de segurança e privacidade, sem lançar nenhuma funcionalidade nova. 

Na carta aos usuários, ele também tentou fazer os usuários entenderem que a plataforma tinha sido idealizada de forma diferente. “Nós construímos um sistema para grandes empresas, que tem apoio de uma área de tecnologia, com capacidade de fazer análises de segurança”, escreveu. “Não criamos o produto pensando que todo o mundo usaria essa plataforma para realizar tarefas a partir de casa, de formas inesperadas, apresentando desafios que não antecipamos.” 

Entre as medidas que serão tomadas nos próximos 90 dias, Yuan se comprometeu a criar um relatório de transparência que detalha informações relacionadas a dados, gravações ou conteúdo dos usuários e melhorar seu programa de recompensas para caça de falhas no sistema. Ele também se prontificou a fazer sessões semanais para falar sobre atualizações em privacidade e segurança – transmitidas, é claro, pela plataforma do Zoom. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Nem todo mundo está entrando na crise por conta da pandemia do coronavírus – e há até empresas que veem um crescimento inesperado em suas atividades. É o caso do aplicativo de videochamadas Zoom. Lançado em 2013, ele foi bastante popular no meio corporativo, mas pouco atingia as massas. Agora, com o distanciamento social como medida preventiva ao vírus e muita gente ficando em casa, o serviço está registrando uma alta na demanda nunca vista: na quarta-feira, 1, o presidente executivo da startup, Eric Yuan, afirmou que a empresa teve mais de 200 milhões de usuários diários em março. 

É um crescimento significativo: em dezembro, o Zoom conseguia atingir cerca de 10 milhões de usuários ativos todos os dias, entre pessoas que utilizam o app gratuitamente ou que pagam por ele. Ou seja, a demanda cresceu cerca de 19 vezes em três meses. Segundo Yuan, o serviço está sendo usado não só por pessoas comuns e empresas, mas também por escolas – mais de 90 mil colégios, em 20 países diferentes, estão utilizando a plataforma para realizar aulas pela internet. 

Mais de 90 mil escolas, em 20 países diferentes, estão usando o Zoom para suas aulas Foto: Reuters/Albert Gea

A popularidade também se reverteu na bolsa: após ter aberto capital em abril de 2019 com ações a US$ 62, o Zoom viu seus papéis se valorizarem nas últimas semanas, por conta da alta na demanda. A cotação da empresa chegou a um pico de US$ 151,70 no último dia 23 de março, levando sua avaliação no mercado para US$ 44,5 bilhões. 

Outras empresas também se deram bem nessa crise – caso do software corporativo de mensagens Slack e da Microsoft, dona do Microsoft Teams, que permite que equipes colaborem à distância, e do Skype. O diferencial do Zoom, porém, é que sua estrutura fácil de usar caiu no gosto do público – uma das principais vantagens é que é possível fazer uma chamada pela plataforma sem nem instalar seu aplicativo, usando apenas um navegador comum de internet. 

A empresa foi criada por Yuan em 2011, um chinês educado nos Estados Unidos e ex-funcionário da Cisco, tradicional empresa americana de tecnologia que também tem como um de seus principais produtos um serviço de teleconferências, o Webex. A ideia de Yuan, ao criar o Zoom, era fazer uma plataforma mais leve para o mundo corporativo. Quem faz chamadas com até 100 participantes, como limite de 40 minutos, pode usar o app de graça. Para maior capacidade ou tempo, é preciso pagar, em planos que começam em US$ 15 por mês. 

Problemas de privacidade e segurança

Nos últimos dias, porém, a empresa se desvalorizou, após relatos de problemas de privacidade e segurança surgirem – entre as questões mais graves, havia denúncias de que o app compartilha dados com o Facebook sem consentimento dos usuários, bem como falhas de segurança que permitiam invasões de hackers e roubo de dados pessoais. Nesta quinta-feira, 2, o Zoom tem seus papeis negociados na bolsa de valores Nasdaq em torno de US$ 120 – ainda assim, com uma alta de quase 100% desde a abertura de capital. 

Eric Yuan, presidente executivo e fundador da Zoom, posa em frente à Nasdaq na abertura de capital da empresa Foto: Reuters/Carlo Allegri

Outra falha grave foi divulgada na segunda-feira, 30, pelo escritório do FBI em Boston: no início da semana, o órgão emitiu um aviso sobre o Zoom, dizendo aos usuários para não tornar públicas as reuniões na plataforma e não compartilhar links amplamente depois de receber dois relatos de indivíduos não identificados invadindo aulas digitais de escolas, um fenômeno conhecido como “zoombombing”.

Alguns dias depois, a empresa de foguetes SpaceX do bilionário Elon Musk proibiu seus funcionários de usar o aplicativo da Zoom em memorando visto pela Reuters, dizendo que o aplicativo tinha “preocupações significativas de privacidade e segurança”. O site americano The Intercept divulgou na terça-feira, 31, que os vídeos da Zoom não são criptografados de ponta a ponta entre os participantes da reunião e que a empresa pode visualizar as sessões.

Os problemas chamaram a atenção de Eric Yuan, que admitiu as falhas. “Reconhecemos que não atingimos as expectativas de privacidade e segurança da comunidade – e a nossa própria“, disse Yuan. “Por isso, sinto muito.” Em carta aos usuários, ele disse que direcionará os esforços de sua equipe nos próximos 90 dias para resolver os problemas de segurança e privacidade, sem lançar nenhuma funcionalidade nova. 

Na carta aos usuários, ele também tentou fazer os usuários entenderem que a plataforma tinha sido idealizada de forma diferente. “Nós construímos um sistema para grandes empresas, que tem apoio de uma área de tecnologia, com capacidade de fazer análises de segurança”, escreveu. “Não criamos o produto pensando que todo o mundo usaria essa plataforma para realizar tarefas a partir de casa, de formas inesperadas, apresentando desafios que não antecipamos.” 

Entre as medidas que serão tomadas nos próximos 90 dias, Yuan se comprometeu a criar um relatório de transparência que detalha informações relacionadas a dados, gravações ou conteúdo dos usuários e melhorar seu programa de recompensas para caça de falhas no sistema. Ele também se prontificou a fazer sessões semanais para falar sobre atualizações em privacidade e segurança – transmitidas, é claro, pela plataforma do Zoom. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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