Não é só trabalho: Como o LinkedIn se tornou a rede social mais legal do momento


Serviço deixou de ser visto apenas como repositório de vagas e virou espaço de conversa; civilidade do ambiente vira trunfo para atrair usuários

Por Guilherme Guerra

Em meio ao que parece ser o fim das redes sociais, um nome improvável navega contra a maré. Não, não é o TikTok, o Instagram ou o Snapchat. O candidato a rede social mais legal do momento é o LinkedIn, serviço da Microsoft que fez fama como ferramenta do mundo profissional.

O serviço tem algumas características peculiares: não tem tantos memes, exibe menos vídeos e o seu algoritmo não penaliza os “textões” dos usuários. Pode parecer pouco atraente para quem se acostumou com o ritmo da concorrência nos últimos anos, mas, para muitos, isso é um ponto positivo.

Além disso, lá tem também poucos “trolls” (pessoas que se escondem atrás de perfis anônimos para ofender e brigar) e robôs (contas automatizadas com intuito de espalhar mensagens de ódio ou notícias falsas), dois problemas que persistem no X (ex-Twitter), de Elon Musk.

continua após a publicidade

Assim, a plataforma, que completou 20 anos em 2023, atrai cada vez mais pessoas em busca de um ambiente menos polarizado, sem desinformação e onde a boa educação ainda é a lei máxima.

“Nos últimos anos, as pessoas começaram a entender que o LinkedIn não precisa ser só uma ferramenta pra conseguir um novo emprego”, aponta Bell Lopes, líder de produto no iFood e uma das criadoras de conteúdo da plataforma, com 37 mil seguidores. “Antigamente, era bem comum entrar no LinkedIn só pra se conectar com os colegas de trabalho, pedir recomendação no perfil, se aplicar pra vaga e fazer um post comemorando conquistas profissionais. Ou se você for um vendedor ou recrutador, entrar só para prospectar novos clientes e profissionais.”

Bell Lopes é criadora de conteúdo no LinkedIn e fala sobre bem-estar e saúde mental no mundo corporativo Foto: Bell Lopes/Arquivo pessoal
continua após a publicidade

Aos poucos, a pecha de “plataforma de recrutamento” está sendo deixado de lado, e a rede vem investindo em ser um local onde as pessoas não falam apenas sobre cultura corporativa, mercado de trabalho, saúde mental, finanças e marketing. Há posts mais pessoais, debate filosóficos e debates aos moldes dos antigos fóruns de internet — até piadas e conteúdos mais leves estão aparecendo.

Com isso, começaram a surgir criadores de conteúdo e influenciadores de nichos da rede, atraindo mais audiência e retendo as pessoas na plataforma.

Bell relata que vê cada vez mais discussões na rede social, além das tradicionais publicações parabenizando novas contratações e promoções ou lamentando demissões. “É legal ver as pessoas comemorando uma promoção ou um emprego novo, mas é muito mais útil e produtivo ver as pessoas construindo juntas um futuro melhor para o trabalho, mesmo que nem sempre essa intenção fique clara ou que o conteúdo publicado seja apenas um desabafo torto”, diz ela, que costuma falar de saúde mental na plataforma.

continua após a publicidade
Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim

Eduardo Alves, professor na Faculdade Cásper Líbero

Essa mudança de perfil veio com a pandemia de covid-19. Usuário assíduo da rede desde 2017, o professor Eduardo Alves, que leciona marketing e comunicação digital na Faculdade Cásper Líbero (FCL), aponta que a empresa vem fazendo um trabalho em fomentar criadores de conteúdo (por meio do LinkedIn Top Voices, levantamento com as pessoas mais influentes em diversos nichos), em selecionar notícias de interesse do público e em ensinar a usar a plataforma para buscar emprego. Ao mesmo tempo, o isolamento social nesse período incentivou o uso de serviços digitais. Essa foi a fórmula que levou a rede da Microsoft se tornar o que é hoje.

“Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim”, diz ele.

continua após a publicidade

Sem tanto conteúdo ‘tóxico’

Os números provam esse bom momento do LinkedIn. Entre 2022 e 2023, a rede recebeu 80 milhões de usuários, chegando a 950 milhões, de acordo com dados de julho passado. O Brasil é o terceiro maior mercado mundial da empresa, com 67 milhões de usuários (o primeiro colocado são os Estados Unidos, com 206 milhões, e em seguida vem a Índia, com 110 milhões).

O professor Alves atribui o bom momento a um motivo muito simples: a aura profissional da rede, mesmo quando os temas tratados sejam pessoais. “Muitas pautas extremistas que vemos em outras redes ficam de fora do LinkedIn, porque é um lugar profissional, então as pessoas tomam mais cuidado com alguns temas”, aponta. “Isso deixa o ambiente mais limpo em relação a alguns assuntos.”

continua após a publicidade
LinkedIn é a rede social corporativa da Microsoft Foto: Robert Galbraith/Reuters

O ar de civilidade passou a gerar projetos que nascessem especificamente para o LinkedIn. Um exemplo é o podcast semanal Product Guru’s, dedicado a falar da área de produtos, que possui uma página com 81 mil seguidores, de onde consegue sua maior audiência de ouvintes. “As pessoas entenderam que é possível fazer e consumir conteúdo interessante na plataforma”, diz o coordenador de produtos Paulo Chiodi, administrador da página.

Para ele, ao contrário do que fazem o YouTube, TikTok e o X, que remuneram criadores a partir da quantidade de visualizações, a rede da Microsoft tornou-se menos “tóxica” que os rivais, com debates mais saudáveis. “Isso não significa que não tenha alguns conteúdos, comentários ou mensagens tóxicas na rede. Mas com certeza, na minha percepção, é menor.”

continua após a publicidade

LinkedIn atrai negócios

Claro, o bom momento também vem gerando novos negócios para as empresas. Se antes o foco era ter uma página para anunciar vagas, hoje as companhias também aproveitam o espaço para divulgar produtos e serviços e, quem sabe, conquistar novos mercados.

“Nós aconselhamos nossos clientes a estar no LinkedIn. Não existe mais a percepção de que é um canal simplesmente para se promover como marca empregadora. Essa é uma visão que ficou para trás”, aponta Paula Ponzi, sócia-fundadora da agência de comunicação Ovo, que faz trabalhos de planejamento de conteúdo para a rede, manual de boas práticas para funcionários e ghost-writing na plataforma.

Paula Ponzi é sócia-fundadora da agência Ovo Foto: Olivia Rios

Paula diz que percebeu um aumento na procura por serviços dedicados à plataforma, que se tornou um meio de exibir portfólio ou para entrar em contato com outros executivos, agências de publicidade, startups e até investidores. “Nele, é possível levar uma mensagem mais assertiva para o mercado”, aponta, citando que há uma audiência mais qualificada e disposta a fazer conexões.

A executiva Jennifer Queen, cofundadora da agência de comunicação Pina, concorda. “É preciso estar no LinkedIn de forma ativa”, diz, citando o uso mais focado e intencional no viés corporativo como uma vantagem ao promover clientes. “Com ele, podemos garantir que aquele conteúdo chegará a quem interessa para a empresa. É uma excelente ferramenta de distribuição.”

Em meio ao que parece ser o fim das redes sociais, um nome improvável navega contra a maré. Não, não é o TikTok, o Instagram ou o Snapchat. O candidato a rede social mais legal do momento é o LinkedIn, serviço da Microsoft que fez fama como ferramenta do mundo profissional.

O serviço tem algumas características peculiares: não tem tantos memes, exibe menos vídeos e o seu algoritmo não penaliza os “textões” dos usuários. Pode parecer pouco atraente para quem se acostumou com o ritmo da concorrência nos últimos anos, mas, para muitos, isso é um ponto positivo.

Além disso, lá tem também poucos “trolls” (pessoas que se escondem atrás de perfis anônimos para ofender e brigar) e robôs (contas automatizadas com intuito de espalhar mensagens de ódio ou notícias falsas), dois problemas que persistem no X (ex-Twitter), de Elon Musk.

Assim, a plataforma, que completou 20 anos em 2023, atrai cada vez mais pessoas em busca de um ambiente menos polarizado, sem desinformação e onde a boa educação ainda é a lei máxima.

“Nos últimos anos, as pessoas começaram a entender que o LinkedIn não precisa ser só uma ferramenta pra conseguir um novo emprego”, aponta Bell Lopes, líder de produto no iFood e uma das criadoras de conteúdo da plataforma, com 37 mil seguidores. “Antigamente, era bem comum entrar no LinkedIn só pra se conectar com os colegas de trabalho, pedir recomendação no perfil, se aplicar pra vaga e fazer um post comemorando conquistas profissionais. Ou se você for um vendedor ou recrutador, entrar só para prospectar novos clientes e profissionais.”

Bell Lopes é criadora de conteúdo no LinkedIn e fala sobre bem-estar e saúde mental no mundo corporativo Foto: Bell Lopes/Arquivo pessoal

Aos poucos, a pecha de “plataforma de recrutamento” está sendo deixado de lado, e a rede vem investindo em ser um local onde as pessoas não falam apenas sobre cultura corporativa, mercado de trabalho, saúde mental, finanças e marketing. Há posts mais pessoais, debate filosóficos e debates aos moldes dos antigos fóruns de internet — até piadas e conteúdos mais leves estão aparecendo.

Com isso, começaram a surgir criadores de conteúdo e influenciadores de nichos da rede, atraindo mais audiência e retendo as pessoas na plataforma.

Bell relata que vê cada vez mais discussões na rede social, além das tradicionais publicações parabenizando novas contratações e promoções ou lamentando demissões. “É legal ver as pessoas comemorando uma promoção ou um emprego novo, mas é muito mais útil e produtivo ver as pessoas construindo juntas um futuro melhor para o trabalho, mesmo que nem sempre essa intenção fique clara ou que o conteúdo publicado seja apenas um desabafo torto”, diz ela, que costuma falar de saúde mental na plataforma.

Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim

Eduardo Alves, professor na Faculdade Cásper Líbero

Essa mudança de perfil veio com a pandemia de covid-19. Usuário assíduo da rede desde 2017, o professor Eduardo Alves, que leciona marketing e comunicação digital na Faculdade Cásper Líbero (FCL), aponta que a empresa vem fazendo um trabalho em fomentar criadores de conteúdo (por meio do LinkedIn Top Voices, levantamento com as pessoas mais influentes em diversos nichos), em selecionar notícias de interesse do público e em ensinar a usar a plataforma para buscar emprego. Ao mesmo tempo, o isolamento social nesse período incentivou o uso de serviços digitais. Essa foi a fórmula que levou a rede da Microsoft se tornar o que é hoje.

“Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim”, diz ele.

Sem tanto conteúdo ‘tóxico’

Os números provam esse bom momento do LinkedIn. Entre 2022 e 2023, a rede recebeu 80 milhões de usuários, chegando a 950 milhões, de acordo com dados de julho passado. O Brasil é o terceiro maior mercado mundial da empresa, com 67 milhões de usuários (o primeiro colocado são os Estados Unidos, com 206 milhões, e em seguida vem a Índia, com 110 milhões).

O professor Alves atribui o bom momento a um motivo muito simples: a aura profissional da rede, mesmo quando os temas tratados sejam pessoais. “Muitas pautas extremistas que vemos em outras redes ficam de fora do LinkedIn, porque é um lugar profissional, então as pessoas tomam mais cuidado com alguns temas”, aponta. “Isso deixa o ambiente mais limpo em relação a alguns assuntos.”

LinkedIn é a rede social corporativa da Microsoft Foto: Robert Galbraith/Reuters

O ar de civilidade passou a gerar projetos que nascessem especificamente para o LinkedIn. Um exemplo é o podcast semanal Product Guru’s, dedicado a falar da área de produtos, que possui uma página com 81 mil seguidores, de onde consegue sua maior audiência de ouvintes. “As pessoas entenderam que é possível fazer e consumir conteúdo interessante na plataforma”, diz o coordenador de produtos Paulo Chiodi, administrador da página.

Para ele, ao contrário do que fazem o YouTube, TikTok e o X, que remuneram criadores a partir da quantidade de visualizações, a rede da Microsoft tornou-se menos “tóxica” que os rivais, com debates mais saudáveis. “Isso não significa que não tenha alguns conteúdos, comentários ou mensagens tóxicas na rede. Mas com certeza, na minha percepção, é menor.”

LinkedIn atrai negócios

Claro, o bom momento também vem gerando novos negócios para as empresas. Se antes o foco era ter uma página para anunciar vagas, hoje as companhias também aproveitam o espaço para divulgar produtos e serviços e, quem sabe, conquistar novos mercados.

“Nós aconselhamos nossos clientes a estar no LinkedIn. Não existe mais a percepção de que é um canal simplesmente para se promover como marca empregadora. Essa é uma visão que ficou para trás”, aponta Paula Ponzi, sócia-fundadora da agência de comunicação Ovo, que faz trabalhos de planejamento de conteúdo para a rede, manual de boas práticas para funcionários e ghost-writing na plataforma.

Paula Ponzi é sócia-fundadora da agência Ovo Foto: Olivia Rios

Paula diz que percebeu um aumento na procura por serviços dedicados à plataforma, que se tornou um meio de exibir portfólio ou para entrar em contato com outros executivos, agências de publicidade, startups e até investidores. “Nele, é possível levar uma mensagem mais assertiva para o mercado”, aponta, citando que há uma audiência mais qualificada e disposta a fazer conexões.

A executiva Jennifer Queen, cofundadora da agência de comunicação Pina, concorda. “É preciso estar no LinkedIn de forma ativa”, diz, citando o uso mais focado e intencional no viés corporativo como uma vantagem ao promover clientes. “Com ele, podemos garantir que aquele conteúdo chegará a quem interessa para a empresa. É uma excelente ferramenta de distribuição.”

Em meio ao que parece ser o fim das redes sociais, um nome improvável navega contra a maré. Não, não é o TikTok, o Instagram ou o Snapchat. O candidato a rede social mais legal do momento é o LinkedIn, serviço da Microsoft que fez fama como ferramenta do mundo profissional.

O serviço tem algumas características peculiares: não tem tantos memes, exibe menos vídeos e o seu algoritmo não penaliza os “textões” dos usuários. Pode parecer pouco atraente para quem se acostumou com o ritmo da concorrência nos últimos anos, mas, para muitos, isso é um ponto positivo.

Além disso, lá tem também poucos “trolls” (pessoas que se escondem atrás de perfis anônimos para ofender e brigar) e robôs (contas automatizadas com intuito de espalhar mensagens de ódio ou notícias falsas), dois problemas que persistem no X (ex-Twitter), de Elon Musk.

Assim, a plataforma, que completou 20 anos em 2023, atrai cada vez mais pessoas em busca de um ambiente menos polarizado, sem desinformação e onde a boa educação ainda é a lei máxima.

“Nos últimos anos, as pessoas começaram a entender que o LinkedIn não precisa ser só uma ferramenta pra conseguir um novo emprego”, aponta Bell Lopes, líder de produto no iFood e uma das criadoras de conteúdo da plataforma, com 37 mil seguidores. “Antigamente, era bem comum entrar no LinkedIn só pra se conectar com os colegas de trabalho, pedir recomendação no perfil, se aplicar pra vaga e fazer um post comemorando conquistas profissionais. Ou se você for um vendedor ou recrutador, entrar só para prospectar novos clientes e profissionais.”

Bell Lopes é criadora de conteúdo no LinkedIn e fala sobre bem-estar e saúde mental no mundo corporativo Foto: Bell Lopes/Arquivo pessoal

Aos poucos, a pecha de “plataforma de recrutamento” está sendo deixado de lado, e a rede vem investindo em ser um local onde as pessoas não falam apenas sobre cultura corporativa, mercado de trabalho, saúde mental, finanças e marketing. Há posts mais pessoais, debate filosóficos e debates aos moldes dos antigos fóruns de internet — até piadas e conteúdos mais leves estão aparecendo.

Com isso, começaram a surgir criadores de conteúdo e influenciadores de nichos da rede, atraindo mais audiência e retendo as pessoas na plataforma.

Bell relata que vê cada vez mais discussões na rede social, além das tradicionais publicações parabenizando novas contratações e promoções ou lamentando demissões. “É legal ver as pessoas comemorando uma promoção ou um emprego novo, mas é muito mais útil e produtivo ver as pessoas construindo juntas um futuro melhor para o trabalho, mesmo que nem sempre essa intenção fique clara ou que o conteúdo publicado seja apenas um desabafo torto”, diz ela, que costuma falar de saúde mental na plataforma.

Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim

Eduardo Alves, professor na Faculdade Cásper Líbero

Essa mudança de perfil veio com a pandemia de covid-19. Usuário assíduo da rede desde 2017, o professor Eduardo Alves, que leciona marketing e comunicação digital na Faculdade Cásper Líbero (FCL), aponta que a empresa vem fazendo um trabalho em fomentar criadores de conteúdo (por meio do LinkedIn Top Voices, levantamento com as pessoas mais influentes em diversos nichos), em selecionar notícias de interesse do público e em ensinar a usar a plataforma para buscar emprego. Ao mesmo tempo, o isolamento social nesse período incentivou o uso de serviços digitais. Essa foi a fórmula que levou a rede da Microsoft se tornar o que é hoje.

“Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim”, diz ele.

Sem tanto conteúdo ‘tóxico’

Os números provam esse bom momento do LinkedIn. Entre 2022 e 2023, a rede recebeu 80 milhões de usuários, chegando a 950 milhões, de acordo com dados de julho passado. O Brasil é o terceiro maior mercado mundial da empresa, com 67 milhões de usuários (o primeiro colocado são os Estados Unidos, com 206 milhões, e em seguida vem a Índia, com 110 milhões).

O professor Alves atribui o bom momento a um motivo muito simples: a aura profissional da rede, mesmo quando os temas tratados sejam pessoais. “Muitas pautas extremistas que vemos em outras redes ficam de fora do LinkedIn, porque é um lugar profissional, então as pessoas tomam mais cuidado com alguns temas”, aponta. “Isso deixa o ambiente mais limpo em relação a alguns assuntos.”

LinkedIn é a rede social corporativa da Microsoft Foto: Robert Galbraith/Reuters

O ar de civilidade passou a gerar projetos que nascessem especificamente para o LinkedIn. Um exemplo é o podcast semanal Product Guru’s, dedicado a falar da área de produtos, que possui uma página com 81 mil seguidores, de onde consegue sua maior audiência de ouvintes. “As pessoas entenderam que é possível fazer e consumir conteúdo interessante na plataforma”, diz o coordenador de produtos Paulo Chiodi, administrador da página.

Para ele, ao contrário do que fazem o YouTube, TikTok e o X, que remuneram criadores a partir da quantidade de visualizações, a rede da Microsoft tornou-se menos “tóxica” que os rivais, com debates mais saudáveis. “Isso não significa que não tenha alguns conteúdos, comentários ou mensagens tóxicas na rede. Mas com certeza, na minha percepção, é menor.”

LinkedIn atrai negócios

Claro, o bom momento também vem gerando novos negócios para as empresas. Se antes o foco era ter uma página para anunciar vagas, hoje as companhias também aproveitam o espaço para divulgar produtos e serviços e, quem sabe, conquistar novos mercados.

“Nós aconselhamos nossos clientes a estar no LinkedIn. Não existe mais a percepção de que é um canal simplesmente para se promover como marca empregadora. Essa é uma visão que ficou para trás”, aponta Paula Ponzi, sócia-fundadora da agência de comunicação Ovo, que faz trabalhos de planejamento de conteúdo para a rede, manual de boas práticas para funcionários e ghost-writing na plataforma.

Paula Ponzi é sócia-fundadora da agência Ovo Foto: Olivia Rios

Paula diz que percebeu um aumento na procura por serviços dedicados à plataforma, que se tornou um meio de exibir portfólio ou para entrar em contato com outros executivos, agências de publicidade, startups e até investidores. “Nele, é possível levar uma mensagem mais assertiva para o mercado”, aponta, citando que há uma audiência mais qualificada e disposta a fazer conexões.

A executiva Jennifer Queen, cofundadora da agência de comunicação Pina, concorda. “É preciso estar no LinkedIn de forma ativa”, diz, citando o uso mais focado e intencional no viés corporativo como uma vantagem ao promover clientes. “Com ele, podemos garantir que aquele conteúdo chegará a quem interessa para a empresa. É uma excelente ferramenta de distribuição.”

Em meio ao que parece ser o fim das redes sociais, um nome improvável navega contra a maré. Não, não é o TikTok, o Instagram ou o Snapchat. O candidato a rede social mais legal do momento é o LinkedIn, serviço da Microsoft que fez fama como ferramenta do mundo profissional.

O serviço tem algumas características peculiares: não tem tantos memes, exibe menos vídeos e o seu algoritmo não penaliza os “textões” dos usuários. Pode parecer pouco atraente para quem se acostumou com o ritmo da concorrência nos últimos anos, mas, para muitos, isso é um ponto positivo.

Além disso, lá tem também poucos “trolls” (pessoas que se escondem atrás de perfis anônimos para ofender e brigar) e robôs (contas automatizadas com intuito de espalhar mensagens de ódio ou notícias falsas), dois problemas que persistem no X (ex-Twitter), de Elon Musk.

Assim, a plataforma, que completou 20 anos em 2023, atrai cada vez mais pessoas em busca de um ambiente menos polarizado, sem desinformação e onde a boa educação ainda é a lei máxima.

“Nos últimos anos, as pessoas começaram a entender que o LinkedIn não precisa ser só uma ferramenta pra conseguir um novo emprego”, aponta Bell Lopes, líder de produto no iFood e uma das criadoras de conteúdo da plataforma, com 37 mil seguidores. “Antigamente, era bem comum entrar no LinkedIn só pra se conectar com os colegas de trabalho, pedir recomendação no perfil, se aplicar pra vaga e fazer um post comemorando conquistas profissionais. Ou se você for um vendedor ou recrutador, entrar só para prospectar novos clientes e profissionais.”

Bell Lopes é criadora de conteúdo no LinkedIn e fala sobre bem-estar e saúde mental no mundo corporativo Foto: Bell Lopes/Arquivo pessoal

Aos poucos, a pecha de “plataforma de recrutamento” está sendo deixado de lado, e a rede vem investindo em ser um local onde as pessoas não falam apenas sobre cultura corporativa, mercado de trabalho, saúde mental, finanças e marketing. Há posts mais pessoais, debate filosóficos e debates aos moldes dos antigos fóruns de internet — até piadas e conteúdos mais leves estão aparecendo.

Com isso, começaram a surgir criadores de conteúdo e influenciadores de nichos da rede, atraindo mais audiência e retendo as pessoas na plataforma.

Bell relata que vê cada vez mais discussões na rede social, além das tradicionais publicações parabenizando novas contratações e promoções ou lamentando demissões. “É legal ver as pessoas comemorando uma promoção ou um emprego novo, mas é muito mais útil e produtivo ver as pessoas construindo juntas um futuro melhor para o trabalho, mesmo que nem sempre essa intenção fique clara ou que o conteúdo publicado seja apenas um desabafo torto”, diz ela, que costuma falar de saúde mental na plataforma.

Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim

Eduardo Alves, professor na Faculdade Cásper Líbero

Essa mudança de perfil veio com a pandemia de covid-19. Usuário assíduo da rede desde 2017, o professor Eduardo Alves, que leciona marketing e comunicação digital na Faculdade Cásper Líbero (FCL), aponta que a empresa vem fazendo um trabalho em fomentar criadores de conteúdo (por meio do LinkedIn Top Voices, levantamento com as pessoas mais influentes em diversos nichos), em selecionar notícias de interesse do público e em ensinar a usar a plataforma para buscar emprego. Ao mesmo tempo, o isolamento social nesse período incentivou o uso de serviços digitais. Essa foi a fórmula que levou a rede da Microsoft se tornar o que é hoje.

“Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim”, diz ele.

Sem tanto conteúdo ‘tóxico’

Os números provam esse bom momento do LinkedIn. Entre 2022 e 2023, a rede recebeu 80 milhões de usuários, chegando a 950 milhões, de acordo com dados de julho passado. O Brasil é o terceiro maior mercado mundial da empresa, com 67 milhões de usuários (o primeiro colocado são os Estados Unidos, com 206 milhões, e em seguida vem a Índia, com 110 milhões).

O professor Alves atribui o bom momento a um motivo muito simples: a aura profissional da rede, mesmo quando os temas tratados sejam pessoais. “Muitas pautas extremistas que vemos em outras redes ficam de fora do LinkedIn, porque é um lugar profissional, então as pessoas tomam mais cuidado com alguns temas”, aponta. “Isso deixa o ambiente mais limpo em relação a alguns assuntos.”

LinkedIn é a rede social corporativa da Microsoft Foto: Robert Galbraith/Reuters

O ar de civilidade passou a gerar projetos que nascessem especificamente para o LinkedIn. Um exemplo é o podcast semanal Product Guru’s, dedicado a falar da área de produtos, que possui uma página com 81 mil seguidores, de onde consegue sua maior audiência de ouvintes. “As pessoas entenderam que é possível fazer e consumir conteúdo interessante na plataforma”, diz o coordenador de produtos Paulo Chiodi, administrador da página.

Para ele, ao contrário do que fazem o YouTube, TikTok e o X, que remuneram criadores a partir da quantidade de visualizações, a rede da Microsoft tornou-se menos “tóxica” que os rivais, com debates mais saudáveis. “Isso não significa que não tenha alguns conteúdos, comentários ou mensagens tóxicas na rede. Mas com certeza, na minha percepção, é menor.”

LinkedIn atrai negócios

Claro, o bom momento também vem gerando novos negócios para as empresas. Se antes o foco era ter uma página para anunciar vagas, hoje as companhias também aproveitam o espaço para divulgar produtos e serviços e, quem sabe, conquistar novos mercados.

“Nós aconselhamos nossos clientes a estar no LinkedIn. Não existe mais a percepção de que é um canal simplesmente para se promover como marca empregadora. Essa é uma visão que ficou para trás”, aponta Paula Ponzi, sócia-fundadora da agência de comunicação Ovo, que faz trabalhos de planejamento de conteúdo para a rede, manual de boas práticas para funcionários e ghost-writing na plataforma.

Paula Ponzi é sócia-fundadora da agência Ovo Foto: Olivia Rios

Paula diz que percebeu um aumento na procura por serviços dedicados à plataforma, que se tornou um meio de exibir portfólio ou para entrar em contato com outros executivos, agências de publicidade, startups e até investidores. “Nele, é possível levar uma mensagem mais assertiva para o mercado”, aponta, citando que há uma audiência mais qualificada e disposta a fazer conexões.

A executiva Jennifer Queen, cofundadora da agência de comunicação Pina, concorda. “É preciso estar no LinkedIn de forma ativa”, diz, citando o uso mais focado e intencional no viés corporativo como uma vantagem ao promover clientes. “Com ele, podemos garantir que aquele conteúdo chegará a quem interessa para a empresa. É uma excelente ferramenta de distribuição.”

Em meio ao que parece ser o fim das redes sociais, um nome improvável navega contra a maré. Não, não é o TikTok, o Instagram ou o Snapchat. O candidato a rede social mais legal do momento é o LinkedIn, serviço da Microsoft que fez fama como ferramenta do mundo profissional.

O serviço tem algumas características peculiares: não tem tantos memes, exibe menos vídeos e o seu algoritmo não penaliza os “textões” dos usuários. Pode parecer pouco atraente para quem se acostumou com o ritmo da concorrência nos últimos anos, mas, para muitos, isso é um ponto positivo.

Além disso, lá tem também poucos “trolls” (pessoas que se escondem atrás de perfis anônimos para ofender e brigar) e robôs (contas automatizadas com intuito de espalhar mensagens de ódio ou notícias falsas), dois problemas que persistem no X (ex-Twitter), de Elon Musk.

Assim, a plataforma, que completou 20 anos em 2023, atrai cada vez mais pessoas em busca de um ambiente menos polarizado, sem desinformação e onde a boa educação ainda é a lei máxima.

“Nos últimos anos, as pessoas começaram a entender que o LinkedIn não precisa ser só uma ferramenta pra conseguir um novo emprego”, aponta Bell Lopes, líder de produto no iFood e uma das criadoras de conteúdo da plataforma, com 37 mil seguidores. “Antigamente, era bem comum entrar no LinkedIn só pra se conectar com os colegas de trabalho, pedir recomendação no perfil, se aplicar pra vaga e fazer um post comemorando conquistas profissionais. Ou se você for um vendedor ou recrutador, entrar só para prospectar novos clientes e profissionais.”

Bell Lopes é criadora de conteúdo no LinkedIn e fala sobre bem-estar e saúde mental no mundo corporativo Foto: Bell Lopes/Arquivo pessoal

Aos poucos, a pecha de “plataforma de recrutamento” está sendo deixado de lado, e a rede vem investindo em ser um local onde as pessoas não falam apenas sobre cultura corporativa, mercado de trabalho, saúde mental, finanças e marketing. Há posts mais pessoais, debate filosóficos e debates aos moldes dos antigos fóruns de internet — até piadas e conteúdos mais leves estão aparecendo.

Com isso, começaram a surgir criadores de conteúdo e influenciadores de nichos da rede, atraindo mais audiência e retendo as pessoas na plataforma.

Bell relata que vê cada vez mais discussões na rede social, além das tradicionais publicações parabenizando novas contratações e promoções ou lamentando demissões. “É legal ver as pessoas comemorando uma promoção ou um emprego novo, mas é muito mais útil e produtivo ver as pessoas construindo juntas um futuro melhor para o trabalho, mesmo que nem sempre essa intenção fique clara ou que o conteúdo publicado seja apenas um desabafo torto”, diz ela, que costuma falar de saúde mental na plataforma.

Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim

Eduardo Alves, professor na Faculdade Cásper Líbero

Essa mudança de perfil veio com a pandemia de covid-19. Usuário assíduo da rede desde 2017, o professor Eduardo Alves, que leciona marketing e comunicação digital na Faculdade Cásper Líbero (FCL), aponta que a empresa vem fazendo um trabalho em fomentar criadores de conteúdo (por meio do LinkedIn Top Voices, levantamento com as pessoas mais influentes em diversos nichos), em selecionar notícias de interesse do público e em ensinar a usar a plataforma para buscar emprego. Ao mesmo tempo, o isolamento social nesse período incentivou o uso de serviços digitais. Essa foi a fórmula que levou a rede da Microsoft se tornar o que é hoje.

“Antigamente, estar no LinkedIn significava estar procurando emprego. Hoje, não é mais assim”, diz ele.

Sem tanto conteúdo ‘tóxico’

Os números provam esse bom momento do LinkedIn. Entre 2022 e 2023, a rede recebeu 80 milhões de usuários, chegando a 950 milhões, de acordo com dados de julho passado. O Brasil é o terceiro maior mercado mundial da empresa, com 67 milhões de usuários (o primeiro colocado são os Estados Unidos, com 206 milhões, e em seguida vem a Índia, com 110 milhões).

O professor Alves atribui o bom momento a um motivo muito simples: a aura profissional da rede, mesmo quando os temas tratados sejam pessoais. “Muitas pautas extremistas que vemos em outras redes ficam de fora do LinkedIn, porque é um lugar profissional, então as pessoas tomam mais cuidado com alguns temas”, aponta. “Isso deixa o ambiente mais limpo em relação a alguns assuntos.”

LinkedIn é a rede social corporativa da Microsoft Foto: Robert Galbraith/Reuters

O ar de civilidade passou a gerar projetos que nascessem especificamente para o LinkedIn. Um exemplo é o podcast semanal Product Guru’s, dedicado a falar da área de produtos, que possui uma página com 81 mil seguidores, de onde consegue sua maior audiência de ouvintes. “As pessoas entenderam que é possível fazer e consumir conteúdo interessante na plataforma”, diz o coordenador de produtos Paulo Chiodi, administrador da página.

Para ele, ao contrário do que fazem o YouTube, TikTok e o X, que remuneram criadores a partir da quantidade de visualizações, a rede da Microsoft tornou-se menos “tóxica” que os rivais, com debates mais saudáveis. “Isso não significa que não tenha alguns conteúdos, comentários ou mensagens tóxicas na rede. Mas com certeza, na minha percepção, é menor.”

LinkedIn atrai negócios

Claro, o bom momento também vem gerando novos negócios para as empresas. Se antes o foco era ter uma página para anunciar vagas, hoje as companhias também aproveitam o espaço para divulgar produtos e serviços e, quem sabe, conquistar novos mercados.

“Nós aconselhamos nossos clientes a estar no LinkedIn. Não existe mais a percepção de que é um canal simplesmente para se promover como marca empregadora. Essa é uma visão que ficou para trás”, aponta Paula Ponzi, sócia-fundadora da agência de comunicação Ovo, que faz trabalhos de planejamento de conteúdo para a rede, manual de boas práticas para funcionários e ghost-writing na plataforma.

Paula Ponzi é sócia-fundadora da agência Ovo Foto: Olivia Rios

Paula diz que percebeu um aumento na procura por serviços dedicados à plataforma, que se tornou um meio de exibir portfólio ou para entrar em contato com outros executivos, agências de publicidade, startups e até investidores. “Nele, é possível levar uma mensagem mais assertiva para o mercado”, aponta, citando que há uma audiência mais qualificada e disposta a fazer conexões.

A executiva Jennifer Queen, cofundadora da agência de comunicação Pina, concorda. “É preciso estar no LinkedIn de forma ativa”, diz, citando o uso mais focado e intencional no viés corporativo como uma vantagem ao promover clientes. “Com ele, podemos garantir que aquele conteúdo chegará a quem interessa para a empresa. É uma excelente ferramenta de distribuição.”

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.