Departamento de Justiça dos EUA abre processo antitruste contra o Google


O caso representa o maior desafio legal dos EUA contra uma companhia dominante do mercado de tecnologia em duas décadas e tem potencial de abalar o Vale do Silício, abrindo uma sequência de processos contra as gigantes do setor

Por Bruno Capelas e Giovanna Wolf
O Google argumenta que o processo do Departamento de Justiça é falho Foto: Mike Blake/Reuters

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou nesta terça-feira, 20, um processo contra o Google por concorrência desleal. O caso representa o maior desafio legal dos EUA contra uma companhia dominante do setor de tecnologia em duas décadas e tem potencial de abalar o Vale do Silício, abrindo uma sequência de casos judiciais contra as gigantes do setor. A notícia foi revelada inicialmente pelo Wall Street Journal.

O processo questiona a dominância do buscador do Google no mercado. O Departamento de Justiça alega que o Google mantém condutas anticompetitivas para preservar o monopólio de seus sistemas de busca e anúncios em pesquisas, que constituem a base dos serviços da companhia. Aderiram à ação 11 estados americanos — todos têm procuradores-gerais republicanos.

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O governo americano argumenta também que o Google está mantendo sua posição de domínio do mercado por meio de uma rede ilegal de acordos comerciais exclusivos que excluem os concorrentes. O Departamento de Justiça afirma que a companhia usa bilhões de dólares coletados de anúncios em sua plataforma para pagar fabricantes de celulares, operadoras e navegadores, com o objetivo de manter o Google como seu mecanismo de busca padrão predefinido.

Dentro disso, há a acusação de que o Google proíbe que sistemas de busca concorrentes sejam pré-instalados nos aparelhos com sistema operacional Android. Segundo o processo, a companhia controla atualmente cerca de 80% das buscas nos Estados Unidos. 

"A posição do Google é tão dominante que o nome da empresa não identifica apenas a companhia e seu motor de buscas, mas virou um verbo que significa 'buscar na internet'", diz o DoJ, no texto do processo. O relatório aponta também que "os funcionários do Google foram instruídos nos últimos anos a evitar termos como 'amarrar', 'empacotar', 'esmagar', 'matar', 'afetar' ou 'bloquear' competidores, evitando observar também que o Google tem 'poder de mercado' em qualquer setor".

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Na prática, o processo pode resultar em mudanças obrigatórias nos negócios do Google, a fim de abrir espaço para empresas rivais. O Departamento de Justiça ainda não detalhou quais medidas exatamente estão em jogo.

Empresa alega que processo é 'falho'

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Em resposta, o Google afirmou que o processo do Departamento de Justiça é falho. “As pessoas usam o Google porque querem, não porque são forçadas ou porque não conseguem encontrar alternativas”, disse Kent Walker, vice-presidente sênior de assuntos globais do Google, em publicação no site da empresa nesta terça. “Um processo como esses não ajudaria os consumidores. Pelo contrário, aumentaria artificialmente alternativas de pesquisa de qualidade inferior, aumentaria os preços dos celulares e tornaria mais difícil para as pessoas obterem os serviços de pesquisa que desejam usar”. 

A empresa afirma que seus acordos com fabricantes e operadoras de dispositivos não são diferentes dos acordos que outras empresas usam para distribuir software. “Sim, como inúmeras outras empresas, pagamos para promover nossos serviços, assim como uma marca de cereal pode pagar um supermercado para estocar seus produtos no final de uma fileira ou em uma prateleira no nível dos olhos”, disse Walker. “Negociamos acordos com muitas dessas empresas (Apple, AT&T, Verizon, Samsung e LG) para espaço nas prateleiras ao nível dos olhos. Mas sejamos claros: nossos concorrentes também estão disponíveis, se você quiser usá-los”.

A investigação contra o Google ocorre há mais de um ano dentro do Departamento de Justiça, além de investigações em conjunto com os 50 Estados norte-americanos e o Congresso do país. Além disso, a empresa também foi alvo de uma investigação de 15 meses realizada pela Câmara dos Deputados dos EUA, cujos resultados foram apresentados há duas semanas – no relatório, os deputados afirmam que as gigantes (Google, Apple, Amazon e Facebook) abusam de monopólios e tem uma concentração de poder só vista antes na época dos barões do petróleo, fazendo referências a casos clássicos de antitruste como a Standard Oil de Rockfeller. 

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Com a notícia da investigação, as ações da Alphabet, holding que controla o Google, operam com ligeira queda na bolsa de valores Nasdaq, em baixa de 0,16% às 12h31 (horário de Brasília). Antes da publicação da matéria do Wall Street Journal, as ações estavam com alta de 1%. Hoje, a Alphabet está avaliada em US$ 1,04 trilhão, sendo a quarta maior empresa americana em valor de mercado. 

O presidente executivo do Google,Sundar Pichai, participou de uma sessão no Congresso dos EUA em julho sobre concorrência desleal, ao lado de outras gigantes de tecnologia Foto: Mandel Ngan/The New York Times

Exemplo na União Europeia 

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Algumas das acusações apresentadas pelo governo americano refletem casos que o Google está enfrentando na União Europeia. Em 2018, a companhia foi multada em € 4,3 bilhões na região por práticas anticompetitivas relacionadas ao sistema Android. O Google foi acusado de alavancar seu poder de mercado para encorajar as fabricantes de smartphones a já instalarem previamente aplicativos e serviços da empresa em seus dispositivos, como o serviço de e-mail Gmail e a loja de aplicativos Play Store.

Em 2019, a União Europeia multou o Google em € 1,5 bilhão, desta vez por monopólio em publicidade. A autoridade concluiu que a companhia abusou de sua posição dominante no mercado para forçar sites de terceiros a usarem seu serviço de publicidade Google AdSense, que coloca e administra anúncios em páginas na web. 

A empresa também foi punida em 2017 devido ao serviço de comparação de preços Google Shopping – a União Europeia acusou a empresa de abusar de sua posição dominante no mercado para favorecer sua ferramenta de compras online. 

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As três multas, que lideram o ranking das maiores ações antitruste já impostas pela União Europeia, somam o valor de € 8,2 bilhões. O Google está recorrendo das punições. 

O Google argumenta que o processo do Departamento de Justiça é falho Foto: Mike Blake/Reuters

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou nesta terça-feira, 20, um processo contra o Google por concorrência desleal. O caso representa o maior desafio legal dos EUA contra uma companhia dominante do setor de tecnologia em duas décadas e tem potencial de abalar o Vale do Silício, abrindo uma sequência de casos judiciais contra as gigantes do setor. A notícia foi revelada inicialmente pelo Wall Street Journal.

O processo questiona a dominância do buscador do Google no mercado. O Departamento de Justiça alega que o Google mantém condutas anticompetitivas para preservar o monopólio de seus sistemas de busca e anúncios em pesquisas, que constituem a base dos serviços da companhia. Aderiram à ação 11 estados americanos — todos têm procuradores-gerais republicanos.

O governo americano argumenta também que o Google está mantendo sua posição de domínio do mercado por meio de uma rede ilegal de acordos comerciais exclusivos que excluem os concorrentes. O Departamento de Justiça afirma que a companhia usa bilhões de dólares coletados de anúncios em sua plataforma para pagar fabricantes de celulares, operadoras e navegadores, com o objetivo de manter o Google como seu mecanismo de busca padrão predefinido.

Dentro disso, há a acusação de que o Google proíbe que sistemas de busca concorrentes sejam pré-instalados nos aparelhos com sistema operacional Android. Segundo o processo, a companhia controla atualmente cerca de 80% das buscas nos Estados Unidos. 

"A posição do Google é tão dominante que o nome da empresa não identifica apenas a companhia e seu motor de buscas, mas virou um verbo que significa 'buscar na internet'", diz o DoJ, no texto do processo. O relatório aponta também que "os funcionários do Google foram instruídos nos últimos anos a evitar termos como 'amarrar', 'empacotar', 'esmagar', 'matar', 'afetar' ou 'bloquear' competidores, evitando observar também que o Google tem 'poder de mercado' em qualquer setor".

Na prática, o processo pode resultar em mudanças obrigatórias nos negócios do Google, a fim de abrir espaço para empresas rivais. O Departamento de Justiça ainda não detalhou quais medidas exatamente estão em jogo.

Empresa alega que processo é 'falho'

Em resposta, o Google afirmou que o processo do Departamento de Justiça é falho. “As pessoas usam o Google porque querem, não porque são forçadas ou porque não conseguem encontrar alternativas”, disse Kent Walker, vice-presidente sênior de assuntos globais do Google, em publicação no site da empresa nesta terça. “Um processo como esses não ajudaria os consumidores. Pelo contrário, aumentaria artificialmente alternativas de pesquisa de qualidade inferior, aumentaria os preços dos celulares e tornaria mais difícil para as pessoas obterem os serviços de pesquisa que desejam usar”. 

A empresa afirma que seus acordos com fabricantes e operadoras de dispositivos não são diferentes dos acordos que outras empresas usam para distribuir software. “Sim, como inúmeras outras empresas, pagamos para promover nossos serviços, assim como uma marca de cereal pode pagar um supermercado para estocar seus produtos no final de uma fileira ou em uma prateleira no nível dos olhos”, disse Walker. “Negociamos acordos com muitas dessas empresas (Apple, AT&T, Verizon, Samsung e LG) para espaço nas prateleiras ao nível dos olhos. Mas sejamos claros: nossos concorrentes também estão disponíveis, se você quiser usá-los”.

A investigação contra o Google ocorre há mais de um ano dentro do Departamento de Justiça, além de investigações em conjunto com os 50 Estados norte-americanos e o Congresso do país. Além disso, a empresa também foi alvo de uma investigação de 15 meses realizada pela Câmara dos Deputados dos EUA, cujos resultados foram apresentados há duas semanas – no relatório, os deputados afirmam que as gigantes (Google, Apple, Amazon e Facebook) abusam de monopólios e tem uma concentração de poder só vista antes na época dos barões do petróleo, fazendo referências a casos clássicos de antitruste como a Standard Oil de Rockfeller. 

Com a notícia da investigação, as ações da Alphabet, holding que controla o Google, operam com ligeira queda na bolsa de valores Nasdaq, em baixa de 0,16% às 12h31 (horário de Brasília). Antes da publicação da matéria do Wall Street Journal, as ações estavam com alta de 1%. Hoje, a Alphabet está avaliada em US$ 1,04 trilhão, sendo a quarta maior empresa americana em valor de mercado. 

O presidente executivo do Google,Sundar Pichai, participou de uma sessão no Congresso dos EUA em julho sobre concorrência desleal, ao lado de outras gigantes de tecnologia Foto: Mandel Ngan/The New York Times

Exemplo na União Europeia 

Algumas das acusações apresentadas pelo governo americano refletem casos que o Google está enfrentando na União Europeia. Em 2018, a companhia foi multada em € 4,3 bilhões na região por práticas anticompetitivas relacionadas ao sistema Android. O Google foi acusado de alavancar seu poder de mercado para encorajar as fabricantes de smartphones a já instalarem previamente aplicativos e serviços da empresa em seus dispositivos, como o serviço de e-mail Gmail e a loja de aplicativos Play Store.

Em 2019, a União Europeia multou o Google em € 1,5 bilhão, desta vez por monopólio em publicidade. A autoridade concluiu que a companhia abusou de sua posição dominante no mercado para forçar sites de terceiros a usarem seu serviço de publicidade Google AdSense, que coloca e administra anúncios em páginas na web. 

A empresa também foi punida em 2017 devido ao serviço de comparação de preços Google Shopping – a União Europeia acusou a empresa de abusar de sua posição dominante no mercado para favorecer sua ferramenta de compras online. 

As três multas, que lideram o ranking das maiores ações antitruste já impostas pela União Europeia, somam o valor de € 8,2 bilhões. O Google está recorrendo das punições. 

O Google argumenta que o processo do Departamento de Justiça é falho Foto: Mike Blake/Reuters

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos apresentou nesta terça-feira, 20, um processo contra o Google por concorrência desleal. O caso representa o maior desafio legal dos EUA contra uma companhia dominante do setor de tecnologia em duas décadas e tem potencial de abalar o Vale do Silício, abrindo uma sequência de casos judiciais contra as gigantes do setor. A notícia foi revelada inicialmente pelo Wall Street Journal.

O processo questiona a dominância do buscador do Google no mercado. O Departamento de Justiça alega que o Google mantém condutas anticompetitivas para preservar o monopólio de seus sistemas de busca e anúncios em pesquisas, que constituem a base dos serviços da companhia. Aderiram à ação 11 estados americanos — todos têm procuradores-gerais republicanos.

O governo americano argumenta também que o Google está mantendo sua posição de domínio do mercado por meio de uma rede ilegal de acordos comerciais exclusivos que excluem os concorrentes. O Departamento de Justiça afirma que a companhia usa bilhões de dólares coletados de anúncios em sua plataforma para pagar fabricantes de celulares, operadoras e navegadores, com o objetivo de manter o Google como seu mecanismo de busca padrão predefinido.

Dentro disso, há a acusação de que o Google proíbe que sistemas de busca concorrentes sejam pré-instalados nos aparelhos com sistema operacional Android. Segundo o processo, a companhia controla atualmente cerca de 80% das buscas nos Estados Unidos. 

"A posição do Google é tão dominante que o nome da empresa não identifica apenas a companhia e seu motor de buscas, mas virou um verbo que significa 'buscar na internet'", diz o DoJ, no texto do processo. O relatório aponta também que "os funcionários do Google foram instruídos nos últimos anos a evitar termos como 'amarrar', 'empacotar', 'esmagar', 'matar', 'afetar' ou 'bloquear' competidores, evitando observar também que o Google tem 'poder de mercado' em qualquer setor".

Na prática, o processo pode resultar em mudanças obrigatórias nos negócios do Google, a fim de abrir espaço para empresas rivais. O Departamento de Justiça ainda não detalhou quais medidas exatamente estão em jogo.

Empresa alega que processo é 'falho'

Em resposta, o Google afirmou que o processo do Departamento de Justiça é falho. “As pessoas usam o Google porque querem, não porque são forçadas ou porque não conseguem encontrar alternativas”, disse Kent Walker, vice-presidente sênior de assuntos globais do Google, em publicação no site da empresa nesta terça. “Um processo como esses não ajudaria os consumidores. Pelo contrário, aumentaria artificialmente alternativas de pesquisa de qualidade inferior, aumentaria os preços dos celulares e tornaria mais difícil para as pessoas obterem os serviços de pesquisa que desejam usar”. 

A empresa afirma que seus acordos com fabricantes e operadoras de dispositivos não são diferentes dos acordos que outras empresas usam para distribuir software. “Sim, como inúmeras outras empresas, pagamos para promover nossos serviços, assim como uma marca de cereal pode pagar um supermercado para estocar seus produtos no final de uma fileira ou em uma prateleira no nível dos olhos”, disse Walker. “Negociamos acordos com muitas dessas empresas (Apple, AT&T, Verizon, Samsung e LG) para espaço nas prateleiras ao nível dos olhos. Mas sejamos claros: nossos concorrentes também estão disponíveis, se você quiser usá-los”.

A investigação contra o Google ocorre há mais de um ano dentro do Departamento de Justiça, além de investigações em conjunto com os 50 Estados norte-americanos e o Congresso do país. Além disso, a empresa também foi alvo de uma investigação de 15 meses realizada pela Câmara dos Deputados dos EUA, cujos resultados foram apresentados há duas semanas – no relatório, os deputados afirmam que as gigantes (Google, Apple, Amazon e Facebook) abusam de monopólios e tem uma concentração de poder só vista antes na época dos barões do petróleo, fazendo referências a casos clássicos de antitruste como a Standard Oil de Rockfeller. 

Com a notícia da investigação, as ações da Alphabet, holding que controla o Google, operam com ligeira queda na bolsa de valores Nasdaq, em baixa de 0,16% às 12h31 (horário de Brasília). Antes da publicação da matéria do Wall Street Journal, as ações estavam com alta de 1%. Hoje, a Alphabet está avaliada em US$ 1,04 trilhão, sendo a quarta maior empresa americana em valor de mercado. 

O presidente executivo do Google,Sundar Pichai, participou de uma sessão no Congresso dos EUA em julho sobre concorrência desleal, ao lado de outras gigantes de tecnologia Foto: Mandel Ngan/The New York Times

Exemplo na União Europeia 

Algumas das acusações apresentadas pelo governo americano refletem casos que o Google está enfrentando na União Europeia. Em 2018, a companhia foi multada em € 4,3 bilhões na região por práticas anticompetitivas relacionadas ao sistema Android. O Google foi acusado de alavancar seu poder de mercado para encorajar as fabricantes de smartphones a já instalarem previamente aplicativos e serviços da empresa em seus dispositivos, como o serviço de e-mail Gmail e a loja de aplicativos Play Store.

Em 2019, a União Europeia multou o Google em € 1,5 bilhão, desta vez por monopólio em publicidade. A autoridade concluiu que a companhia abusou de sua posição dominante no mercado para forçar sites de terceiros a usarem seu serviço de publicidade Google AdSense, que coloca e administra anúncios em páginas na web. 

A empresa também foi punida em 2017 devido ao serviço de comparação de preços Google Shopping – a União Europeia acusou a empresa de abusar de sua posição dominante no mercado para favorecer sua ferramenta de compras online. 

As três multas, que lideram o ranking das maiores ações antitruste já impostas pela União Europeia, somam o valor de € 8,2 bilhões. O Google está recorrendo das punições. 

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