Elon Musk apoia líderes mundiais de direita e depois tentar obter vantagens em seus negócios


Empresário tem promovido autoridades nas redes sociais para conseguir impor mudanças em legislações, impulsionar a sua própria política e expandir os seus negócios; procurado, Musk não comentou

Por Ryan Mac, Alex Travelli e Jack Nicas
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - Minutos depois de ficar claro que Javier Milei havia sido eleito presidente da Argentina, o segundo maior país da América do Sul em novembro, Elon Musk postou no X (antigo Twitter) : “A prosperidade está à frente da Argentina”.

Desde então, Musk usa a sua conta no X, a rede social de sua propriedade, para impulsionar Milei. O bilionário compartilhou vídeos do presidente argentino atacando a “justiça social” para os seus 182 milhões de seguidores. Uma imagem adulterada, que sugere que assistir a um discurso de Milei era melhor do que fazer sexo, está entre as postagens mais vistas de Musk de todos os tempos.

Musk ajudou a transformar o combativo libertário numa das novas faces da direita moderna. Mas offline ele usou o relacionamento com o atual presidente para pressionar por benefícios e impulsionar os seus outros negócios, a montadora de carros elétricos Tesla e a empresa de foguetes SpaceX.

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“Elon Musk me ligou”, disse Milei em entrevista à televisão semanas depois de assumir o cargo. “Ele está extremamente interessado no lítio.”

Musk declarou o lítio – principal componente das baterias dos carros elétricos – “o novo petróleo”. A Tesla há muito tempo compra lítio da Argentina, que possui a segunda maior reserva do mundo . Agora Milei está pressionando por grandes benefícios para os mineiros internacionais de lítio, o que provavelmente daria à Tesla um fluxo mais estável – e potencialmente mais barato – de um dos seus recursos mais críticos.

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O relacionamento com o atual presidente argentino faz parte de um padrão de Musk, que busca promover relacionamentos com uma rede de chefes de Estado de direita - com benefícios claros: suas empresas e ele próprio.

Elon Musk construiu uma rede de contatos com chefes de estado. Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Musk, 52 anos, usou repetidamente uma parte de seu império empresarial, principalmente a rede X, para apoiar abertamente políticos como Milei, Jair Bolsonaro do Brasil e Narendra Modi da Índia. Na plataforma, Musk apoiou as suas opiniões sobre gênero, festejou a sua oposição ao socialismo e confrontou agressivamente os seus inimigos . Musk até interveio pessoalmente nas políticas de conteúdo do X para ajudar Bolsonaro, disseram dois ex-funcionários da empresa.

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Musk, por sua vez, pressionou e conquistou vantagens corporativas para seus negócios mais lucrativos, a Tesla e a SpaceX, de acordo com uma análise do The New York Times. Na Índia, ele garantiu tarifas de importação mais baixas para os veículos da Tesla. No Brasil, ele abriu um novo mercado importante para o Starlink, serviço de internet via satélite da SpaceX . Na Argentina, ele solidificou o acesso ao mineral mais importante para as baterias da Tesla, o lítio.

O apoio de Musk deu a muitos chefes de estado nacionalistas e de direita mais prestígio internacional, que eles promoveram avidamente como uma validação das suas políticas e popularidade. No mês passado, quando a Índia começou a realizar eleições, Modi preparou-se para receber Musk em Nova Deli, considerando a visita do bilionário um testemunho da sua liderança.

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“As pessoas estão vindo e confiam em mim”, disse o primeiro-ministro indiano numa entrevista televisiva antes de Musk adiar a sua viagem.

Musk, Tesla, SpaceX e X não responderam aos pedidos de comentários.

FILE — President Xi Jinping of China at the Asia-Pacific Economic Cooperation (APEC) summit in San Francisco, Nov, 17, 2023. Elon Musk has built a constellation of like-minded heads of state — including Argentina’s Javier Milei and India’s Narendra Modi — to push his own politics and expand his business empire. (Doug Mills/The New York Times) Foto: DOUG MILLS
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Índia: um longo jogo

Em setembro de 2015, Musk deu as boas-vindas a Modi na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia. Modi, um político nacionalista hindu, havia sido eleito primeiro-ministro da Índia um ano antes, quando seu partido Bharatiya Janata chegou ao poder, e estava visitando os Estados Unidos para se encontrar com líderes empresariais.

Sob as bandeiras da Índia e dos EUA na fábrica, Musk e Modi posaram para fotos perto de um carro Model S vermelho. Eles discutiram como “painéis solares e baterias” poderiam abastecer regiões rurais da Índia sem linhas elétricas, disse Musk na época. “Eu entendi a visão dele”, disse Modi mais tarde.

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Foi um dos primeiros casos em que Musk se encontrou publicamente com um líder nacionalista. E foi o início de um longo jogo entre ele e Modi, um relacionamento que levou anos para se desenvolver – e que começou a dar frutos para Musk depois que ele comprou o X.

A Índia é um mercado potencialmente enorme para a Tesla, que precisa se expandir para novas regiões para crescer. Mas o país praticamente proibiu veículos elétricos construídos por fabricantes estrangeiros. Nos últimos anos, a tarifa que a Índia impõe aos veículos elétricos importados aumentou até 100%.

Musk inicialmente usou a diplomacia pessoal tradicional, reunindo-se com Modi e ordenando que sua equipe na Tesla se aproximasse das autoridades. Em 2017, a Tesla enviou uma carta ao governo da Índia para iniciar as negociações sobre a operação no país. Outra abertura ao governo de Modi em 2019 foi rejeitada, disseram três pessoas com conhecimento da empresa.

Depois que Musk comprou o Twitter em 2022, ele teve uma nova alavanca. A plataforma, rebatizada de X, é amplamente utilizada na Índia – inclusive por Modi, que tem quase 98 milhões de seguidores – e é um importante fórum de discussão política.

FILE — O primeiro-ministro Narendra Modi da Índia fala para uma grande multidão durante uma viagem à Austrália, na Qudos Bank Arena em Sydney, 23 de maio de 2023. Foto: MATTHEW ABBOTT

Musk encontrou-se pessoalmente com Modi novamente em junho passado, quando o primeiro-ministro visitou Nova York. Ele se autodenomina um “fã de Modi” e disse que Modi estava “nos incentivando a fazer investimentos significativos na Índia, que é algo que pretendemos fazer”.

A essa altura, os funcionários da Tesla estavam novamente conversando com os conselheiros de Modi sobre uma redução nas tarifas e investimentos na Índia, disseram duas pessoas familiarizadas com as conversas. Rohan Patel, vice-presidente de políticas públicas e desenvolvimento de negócios da Tesla, viajou várias vezes à Índia, e Piyush Goyal, ministro do comércio da Índia, visitou a fábrica de Fremont em novembro.

Em janeiro, Musk postou no X que a Índia deveria receber um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que ampliaria a influência internacional da Índia. “A Índia não ter um assento permanente no Conselho de Segurança, apesar de ser o país mais populoso do planeta, é um absurdo”, escreveu ele.

Dois meses depois, a Índia anunciou que estava reduzindo alguns impostos de importação para os fabricantes de automóveis elétricos que se comprometerem a produzir veículos elétricos no país. Isso reduziu as tarifas de 100% para 15% do preço de um carro, especificamente para veículos elétricos vendidos por mais de US$ 35 mil.

A alteração ajudava a Tesla e o seu Model 3, que custa US$ 38.990. A BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos em rápido crescimento, está impedida de investir na Índia por motivos de segurança nacional.

No mês passado, a Tesla explorou potenciais locais de fábrica em três estados indianos, disseram três pessoas familiarizadas com o processo. Musk também disse que visitaria Modi em Nova Délhi durante as eleições gerais de várias semanas no país, antes de adiar a viagem, citando obrigações com a Tesla.

Musk prometeu não ficar longe por muito tempo. “Estou muito ansioso para visitar ainda neste ano”, escreveu ele no X.

Brasil: mito da liberdade

Em 2021, Musk estava utilizando uma estratégia parecida para levar seu serviço de internet via satélite Starlink para o Brasil, que era então presidido por Bolsonaro, o presidente populista de direita eleito três anos antes. Na época, a Starlink estava engatinhando, com menos de 150 mil usuários em 25 países.

Em outubro de 2021, Fábio Faria, ex-ministro das Comunicações do Brasil e organizador da campanha de reeleição de Bolsonaro, enviou uma carta a Musk, dizendo que “Starlink e Brasil podem se tornar grandes parceiros”, de acordo com correspondência obtida por meio da Lei de Acesso à Informação.

Semanas depois, Faria visitou Musk no Texas. Depois de retornar ao Brasil, Faria pressionou os reguladores a aprovarem a Starlink, a certa altura instando a agência espacial brasileira a ficar fora de qualquer debate sobre os satélites da SpaceX no país.

Os reguladores do Brasil aprovaram o Starlink para operar em dezembro de 2021, sete meses após a inauguração do serviço. Foi a mais rápida das cinco aprovações concedidas pelos reguladores aos provedores de Internet via satélite.

Mais tarde, Musk ajudou Bolsonaro, que enfrentou uma batalha difícil em sua campanha à reeleição de 2022.

Em 20 de maio daquele ano, Musk fez uma viagem surpresa ao Brasil para um grande anúncio ao lado do presidente. A Starlink estava chegando ao país e forneceria acesso à internet para 19 mil escolas rurais, além de monitoramento ambiental da Amazônia, disseram em evento em um resort próximo a São Paulo. Bolsonaro deu uma medalha a Musk e o chamou de “ mito da liberdade” por sua tentativa naquele ano de comprar o Twitter.

Havia apenas um problema: o plano para conectar escolas nunca se concretizou, disse Carlos Baigorri, principal regulador de telecomunicações do Brasil, que ajudou a aprovar a entrada da Starlink no país. “Eu realmente não acho que isso existisse”, disse ele sobre o plano.

Autoridades brasileiras disseram não ter registro de conexão gratuita de escolas brasileiras pela Starlink ou de realização de monitoramento ambiental.

Musk e Bolsonaro se beneficiaram de qualquer maneira. No entanto, o favor de Musk não impediu que Bolsonaro perdesse a Presidência.

Mas, dentro de poucas semanas, Musk, que acabara de concluir seu acordo pelo Twitter, tentou ajudar Bolsonaro novamente. Os apoiadores de Bolsonaro começaram a levantar acusações no Twitter de que os juízes brasileiros haviam inclinado a eleição ao ordenar que redes sociais removessem posts e contas de direita.

Enquanto eles acampavam na frente de bases militares exigindo que a eleição fosse anulada, Musk alimentou suas suspeitas sugerindo que os antigos chefes do Twitter haviam contribuído para a derrota de Bolsonaro.

“É possível que o pessoal do Twitter tenha dado preferência a candidatos de esquerda”, ele postou em dezembro de 2022, sem citar nenhuma prova. Mais tarde, ele escreveu que a empresa “pode ter pessoas na equipe do Brasil que são fortemente tendenciosas politicamente.”.

Bolsonaro e Elon Musk se encontraram em São Paulo. Foto: Reprodução/Twitter/Jair Bolsonaro

Musk se envolveu na decisão de quais postagens sobre os resultados das eleições no Brasil deveriam permanecer no ar ou ser removidas, disseram dois ex-funcionários do Twitter.

Mesmo depois de Musk ter sido informado sobre o risco de violência no Brasil naquele período, ele ordenou que os funcionários parassem de aplicar as regras eleitorais do Twitter no país, incluindo uma política que proíbe os usuários de espalhar alegações enganosas sobre os resultados eleitorais, disseram.

Ele disse-lhes para removerem apenas postagens que incitassem diretamente à violência ou estivessem sujeitas a uma ordem judicial.

Desde então, Musk usou o X para atacar um dos principais oponentes de Bolsonaro, Alexandre de Moraes , um juiz da Suprema Corte brasileira que supervisionou as investigações sobre o ex-presidente e seus apoiadores. O X bloqueou mais de 100 contas por ordem do ministro Moraes, que disse que muitas delas ameaçavam a democracia brasileira.

“Este juiz traiu descaradamente e repetidamente a constituição e o povo do Brasil”, postou Musk no X em abril. “Ele deveria renunciar ou sofrer impeachment.”

Em um ato convocado por Bolsonaro no Rio de Janeiro no mês passado, seus apoiadores seguraram cartazes agradecendo a Musk. Quando Bolsonaro se dirigiu à multidão, saudou o bilionário como “o homem que realmente preserva a verdadeira liberdade para todos nós”.

Apoiadores de Bolsonaro agradecem Elon Musk em ato no Rio de Janeiro.  Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Argentina: um encontro de mentes

Em 2022, um dos fornecedores de lítio da Tesla anunciou um investimento de US$ 1,1 bilhão para expansão na Argentina. Desde então, Musk demonstrou grande interesse pela política argentina – e particularmente por Milei – levando a um dos “bromances” mais populares entre as relações políticas de Musk.

Milei “seria uma grande mudança”, escreveu Musk no X em setembro, em resposta a uma postagem do ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson, que chamou o então candidato de “o próximo presidente da Argentina”.

Milei, um economista libertário e comentarista de TV, fez campanha para dolarizar a Argentina e ampliar as relações com os Estados Unidos. Tal como Musk, ele insulta frequentemente os críticos, tem participação intensa nas redes sociais e está profundamente preocupado com a “agenda woke”.

Dias antes da posse de Milei, em dezembro, eles conversaram diretamente pela primeira vez, e Musk perguntou sobre o lítio da Argentina. Nos meses seguintes, Milei tem defendido uma legislação que tornaria a extração de lítio muito mais atraente para os investidores estrangeiros.

O seu abrangente projeto de lei, que lhe concederia amplos poderes de emergência sobre a economia e a energia da Argentina para o próximo ano, inclui um grande benefício para a Tesla: incentivos significativos para investidores estrangeiros em grandes projetos, especialmente na mineração.

Essas empresas receberiam reduções fiscais substanciais, isenções aduaneiras e benefícios cambiais, bem como segurança fiscal e regulamentar durante os próximos 30 anos. O fornecedor de lítio da Tesla provavelmente se qualificará. Nesse caso, o plano de Milei daria à Tesla uma estabilidade e previsibilidade incomuns no seu acesso ao lítio na Argentina até pelo menos 2054.

A proposta foi aprovada no Congresso da Argentina em 30 de abril.

Musk já recebeu outros “presentes” de Milei. Em um de seus primeiros atos como presidente, Milei aprovou uma ordem executiva com 366 disposições. Ao resumir os destaques do pedido em um discurso na televisão, Milei mencionou apenas uma marca corporativa pelo nome: Starlink.

A SpaceX pressionava pela aprovação do Starlink na Argentina desde 2022, mas enfrentava um congestionamento burocrático. Milei rapidamente cortou as regulamentações sobre internet via satélite, e a Starlink começou a operar no país em março deste ano.

O presidente da Argentina, Javier Milei, e o empresário Elon Musk na fábrica da Tesla.  Foto: Reprodução/Redes sociais

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

THE NEW YORK TIMES - Minutos depois de ficar claro que Javier Milei havia sido eleito presidente da Argentina, o segundo maior país da América do Sul em novembro, Elon Musk postou no X (antigo Twitter) : “A prosperidade está à frente da Argentina”.

Desde então, Musk usa a sua conta no X, a rede social de sua propriedade, para impulsionar Milei. O bilionário compartilhou vídeos do presidente argentino atacando a “justiça social” para os seus 182 milhões de seguidores. Uma imagem adulterada, que sugere que assistir a um discurso de Milei era melhor do que fazer sexo, está entre as postagens mais vistas de Musk de todos os tempos.

Musk ajudou a transformar o combativo libertário numa das novas faces da direita moderna. Mas offline ele usou o relacionamento com o atual presidente para pressionar por benefícios e impulsionar os seus outros negócios, a montadora de carros elétricos Tesla e a empresa de foguetes SpaceX.

“Elon Musk me ligou”, disse Milei em entrevista à televisão semanas depois de assumir o cargo. “Ele está extremamente interessado no lítio.”

Musk declarou o lítio – principal componente das baterias dos carros elétricos – “o novo petróleo”. A Tesla há muito tempo compra lítio da Argentina, que possui a segunda maior reserva do mundo . Agora Milei está pressionando por grandes benefícios para os mineiros internacionais de lítio, o que provavelmente daria à Tesla um fluxo mais estável – e potencialmente mais barato – de um dos seus recursos mais críticos.

O relacionamento com o atual presidente argentino faz parte de um padrão de Musk, que busca promover relacionamentos com uma rede de chefes de Estado de direita - com benefícios claros: suas empresas e ele próprio.

Elon Musk construiu uma rede de contatos com chefes de estado. Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Musk, 52 anos, usou repetidamente uma parte de seu império empresarial, principalmente a rede X, para apoiar abertamente políticos como Milei, Jair Bolsonaro do Brasil e Narendra Modi da Índia. Na plataforma, Musk apoiou as suas opiniões sobre gênero, festejou a sua oposição ao socialismo e confrontou agressivamente os seus inimigos . Musk até interveio pessoalmente nas políticas de conteúdo do X para ajudar Bolsonaro, disseram dois ex-funcionários da empresa.

Musk, por sua vez, pressionou e conquistou vantagens corporativas para seus negócios mais lucrativos, a Tesla e a SpaceX, de acordo com uma análise do The New York Times. Na Índia, ele garantiu tarifas de importação mais baixas para os veículos da Tesla. No Brasil, ele abriu um novo mercado importante para o Starlink, serviço de internet via satélite da SpaceX . Na Argentina, ele solidificou o acesso ao mineral mais importante para as baterias da Tesla, o lítio.

O apoio de Musk deu a muitos chefes de estado nacionalistas e de direita mais prestígio internacional, que eles promoveram avidamente como uma validação das suas políticas e popularidade. No mês passado, quando a Índia começou a realizar eleições, Modi preparou-se para receber Musk em Nova Deli, considerando a visita do bilionário um testemunho da sua liderança.

“As pessoas estão vindo e confiam em mim”, disse o primeiro-ministro indiano numa entrevista televisiva antes de Musk adiar a sua viagem.

Musk, Tesla, SpaceX e X não responderam aos pedidos de comentários.

FILE — President Xi Jinping of China at the Asia-Pacific Economic Cooperation (APEC) summit in San Francisco, Nov, 17, 2023. Elon Musk has built a constellation of like-minded heads of state — including Argentina’s Javier Milei and India’s Narendra Modi — to push his own politics and expand his business empire. (Doug Mills/The New York Times) Foto: DOUG MILLS

Índia: um longo jogo

Em setembro de 2015, Musk deu as boas-vindas a Modi na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia. Modi, um político nacionalista hindu, havia sido eleito primeiro-ministro da Índia um ano antes, quando seu partido Bharatiya Janata chegou ao poder, e estava visitando os Estados Unidos para se encontrar com líderes empresariais.

Sob as bandeiras da Índia e dos EUA na fábrica, Musk e Modi posaram para fotos perto de um carro Model S vermelho. Eles discutiram como “painéis solares e baterias” poderiam abastecer regiões rurais da Índia sem linhas elétricas, disse Musk na época. “Eu entendi a visão dele”, disse Modi mais tarde.

Foi um dos primeiros casos em que Musk se encontrou publicamente com um líder nacionalista. E foi o início de um longo jogo entre ele e Modi, um relacionamento que levou anos para se desenvolver – e que começou a dar frutos para Musk depois que ele comprou o X.

A Índia é um mercado potencialmente enorme para a Tesla, que precisa se expandir para novas regiões para crescer. Mas o país praticamente proibiu veículos elétricos construídos por fabricantes estrangeiros. Nos últimos anos, a tarifa que a Índia impõe aos veículos elétricos importados aumentou até 100%.

Musk inicialmente usou a diplomacia pessoal tradicional, reunindo-se com Modi e ordenando que sua equipe na Tesla se aproximasse das autoridades. Em 2017, a Tesla enviou uma carta ao governo da Índia para iniciar as negociações sobre a operação no país. Outra abertura ao governo de Modi em 2019 foi rejeitada, disseram três pessoas com conhecimento da empresa.

Depois que Musk comprou o Twitter em 2022, ele teve uma nova alavanca. A plataforma, rebatizada de X, é amplamente utilizada na Índia – inclusive por Modi, que tem quase 98 milhões de seguidores – e é um importante fórum de discussão política.

FILE — O primeiro-ministro Narendra Modi da Índia fala para uma grande multidão durante uma viagem à Austrália, na Qudos Bank Arena em Sydney, 23 de maio de 2023. Foto: MATTHEW ABBOTT

Musk encontrou-se pessoalmente com Modi novamente em junho passado, quando o primeiro-ministro visitou Nova York. Ele se autodenomina um “fã de Modi” e disse que Modi estava “nos incentivando a fazer investimentos significativos na Índia, que é algo que pretendemos fazer”.

A essa altura, os funcionários da Tesla estavam novamente conversando com os conselheiros de Modi sobre uma redução nas tarifas e investimentos na Índia, disseram duas pessoas familiarizadas com as conversas. Rohan Patel, vice-presidente de políticas públicas e desenvolvimento de negócios da Tesla, viajou várias vezes à Índia, e Piyush Goyal, ministro do comércio da Índia, visitou a fábrica de Fremont em novembro.

Em janeiro, Musk postou no X que a Índia deveria receber um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que ampliaria a influência internacional da Índia. “A Índia não ter um assento permanente no Conselho de Segurança, apesar de ser o país mais populoso do planeta, é um absurdo”, escreveu ele.

Dois meses depois, a Índia anunciou que estava reduzindo alguns impostos de importação para os fabricantes de automóveis elétricos que se comprometerem a produzir veículos elétricos no país. Isso reduziu as tarifas de 100% para 15% do preço de um carro, especificamente para veículos elétricos vendidos por mais de US$ 35 mil.

A alteração ajudava a Tesla e o seu Model 3, que custa US$ 38.990. A BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos em rápido crescimento, está impedida de investir na Índia por motivos de segurança nacional.

No mês passado, a Tesla explorou potenciais locais de fábrica em três estados indianos, disseram três pessoas familiarizadas com o processo. Musk também disse que visitaria Modi em Nova Délhi durante as eleições gerais de várias semanas no país, antes de adiar a viagem, citando obrigações com a Tesla.

Musk prometeu não ficar longe por muito tempo. “Estou muito ansioso para visitar ainda neste ano”, escreveu ele no X.

Brasil: mito da liberdade

Em 2021, Musk estava utilizando uma estratégia parecida para levar seu serviço de internet via satélite Starlink para o Brasil, que era então presidido por Bolsonaro, o presidente populista de direita eleito três anos antes. Na época, a Starlink estava engatinhando, com menos de 150 mil usuários em 25 países.

Em outubro de 2021, Fábio Faria, ex-ministro das Comunicações do Brasil e organizador da campanha de reeleição de Bolsonaro, enviou uma carta a Musk, dizendo que “Starlink e Brasil podem se tornar grandes parceiros”, de acordo com correspondência obtida por meio da Lei de Acesso à Informação.

Semanas depois, Faria visitou Musk no Texas. Depois de retornar ao Brasil, Faria pressionou os reguladores a aprovarem a Starlink, a certa altura instando a agência espacial brasileira a ficar fora de qualquer debate sobre os satélites da SpaceX no país.

Os reguladores do Brasil aprovaram o Starlink para operar em dezembro de 2021, sete meses após a inauguração do serviço. Foi a mais rápida das cinco aprovações concedidas pelos reguladores aos provedores de Internet via satélite.

Mais tarde, Musk ajudou Bolsonaro, que enfrentou uma batalha difícil em sua campanha à reeleição de 2022.

Em 20 de maio daquele ano, Musk fez uma viagem surpresa ao Brasil para um grande anúncio ao lado do presidente. A Starlink estava chegando ao país e forneceria acesso à internet para 19 mil escolas rurais, além de monitoramento ambiental da Amazônia, disseram em evento em um resort próximo a São Paulo. Bolsonaro deu uma medalha a Musk e o chamou de “ mito da liberdade” por sua tentativa naquele ano de comprar o Twitter.

Havia apenas um problema: o plano para conectar escolas nunca se concretizou, disse Carlos Baigorri, principal regulador de telecomunicações do Brasil, que ajudou a aprovar a entrada da Starlink no país. “Eu realmente não acho que isso existisse”, disse ele sobre o plano.

Autoridades brasileiras disseram não ter registro de conexão gratuita de escolas brasileiras pela Starlink ou de realização de monitoramento ambiental.

Musk e Bolsonaro se beneficiaram de qualquer maneira. No entanto, o favor de Musk não impediu que Bolsonaro perdesse a Presidência.

Mas, dentro de poucas semanas, Musk, que acabara de concluir seu acordo pelo Twitter, tentou ajudar Bolsonaro novamente. Os apoiadores de Bolsonaro começaram a levantar acusações no Twitter de que os juízes brasileiros haviam inclinado a eleição ao ordenar que redes sociais removessem posts e contas de direita.

Enquanto eles acampavam na frente de bases militares exigindo que a eleição fosse anulada, Musk alimentou suas suspeitas sugerindo que os antigos chefes do Twitter haviam contribuído para a derrota de Bolsonaro.

“É possível que o pessoal do Twitter tenha dado preferência a candidatos de esquerda”, ele postou em dezembro de 2022, sem citar nenhuma prova. Mais tarde, ele escreveu que a empresa “pode ter pessoas na equipe do Brasil que são fortemente tendenciosas politicamente.”.

Bolsonaro e Elon Musk se encontraram em São Paulo. Foto: Reprodução/Twitter/Jair Bolsonaro

Musk se envolveu na decisão de quais postagens sobre os resultados das eleições no Brasil deveriam permanecer no ar ou ser removidas, disseram dois ex-funcionários do Twitter.

Mesmo depois de Musk ter sido informado sobre o risco de violência no Brasil naquele período, ele ordenou que os funcionários parassem de aplicar as regras eleitorais do Twitter no país, incluindo uma política que proíbe os usuários de espalhar alegações enganosas sobre os resultados eleitorais, disseram.

Ele disse-lhes para removerem apenas postagens que incitassem diretamente à violência ou estivessem sujeitas a uma ordem judicial.

Desde então, Musk usou o X para atacar um dos principais oponentes de Bolsonaro, Alexandre de Moraes , um juiz da Suprema Corte brasileira que supervisionou as investigações sobre o ex-presidente e seus apoiadores. O X bloqueou mais de 100 contas por ordem do ministro Moraes, que disse que muitas delas ameaçavam a democracia brasileira.

“Este juiz traiu descaradamente e repetidamente a constituição e o povo do Brasil”, postou Musk no X em abril. “Ele deveria renunciar ou sofrer impeachment.”

Em um ato convocado por Bolsonaro no Rio de Janeiro no mês passado, seus apoiadores seguraram cartazes agradecendo a Musk. Quando Bolsonaro se dirigiu à multidão, saudou o bilionário como “o homem que realmente preserva a verdadeira liberdade para todos nós”.

Apoiadores de Bolsonaro agradecem Elon Musk em ato no Rio de Janeiro.  Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Argentina: um encontro de mentes

Em 2022, um dos fornecedores de lítio da Tesla anunciou um investimento de US$ 1,1 bilhão para expansão na Argentina. Desde então, Musk demonstrou grande interesse pela política argentina – e particularmente por Milei – levando a um dos “bromances” mais populares entre as relações políticas de Musk.

Milei “seria uma grande mudança”, escreveu Musk no X em setembro, em resposta a uma postagem do ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson, que chamou o então candidato de “o próximo presidente da Argentina”.

Milei, um economista libertário e comentarista de TV, fez campanha para dolarizar a Argentina e ampliar as relações com os Estados Unidos. Tal como Musk, ele insulta frequentemente os críticos, tem participação intensa nas redes sociais e está profundamente preocupado com a “agenda woke”.

Dias antes da posse de Milei, em dezembro, eles conversaram diretamente pela primeira vez, e Musk perguntou sobre o lítio da Argentina. Nos meses seguintes, Milei tem defendido uma legislação que tornaria a extração de lítio muito mais atraente para os investidores estrangeiros.

O seu abrangente projeto de lei, que lhe concederia amplos poderes de emergência sobre a economia e a energia da Argentina para o próximo ano, inclui um grande benefício para a Tesla: incentivos significativos para investidores estrangeiros em grandes projetos, especialmente na mineração.

Essas empresas receberiam reduções fiscais substanciais, isenções aduaneiras e benefícios cambiais, bem como segurança fiscal e regulamentar durante os próximos 30 anos. O fornecedor de lítio da Tesla provavelmente se qualificará. Nesse caso, o plano de Milei daria à Tesla uma estabilidade e previsibilidade incomuns no seu acesso ao lítio na Argentina até pelo menos 2054.

A proposta foi aprovada no Congresso da Argentina em 30 de abril.

Musk já recebeu outros “presentes” de Milei. Em um de seus primeiros atos como presidente, Milei aprovou uma ordem executiva com 366 disposições. Ao resumir os destaques do pedido em um discurso na televisão, Milei mencionou apenas uma marca corporativa pelo nome: Starlink.

A SpaceX pressionava pela aprovação do Starlink na Argentina desde 2022, mas enfrentava um congestionamento burocrático. Milei rapidamente cortou as regulamentações sobre internet via satélite, e a Starlink começou a operar no país em março deste ano.

O presidente da Argentina, Javier Milei, e o empresário Elon Musk na fábrica da Tesla.  Foto: Reprodução/Redes sociais

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

THE NEW YORK TIMES - Minutos depois de ficar claro que Javier Milei havia sido eleito presidente da Argentina, o segundo maior país da América do Sul em novembro, Elon Musk postou no X (antigo Twitter) : “A prosperidade está à frente da Argentina”.

Desde então, Musk usa a sua conta no X, a rede social de sua propriedade, para impulsionar Milei. O bilionário compartilhou vídeos do presidente argentino atacando a “justiça social” para os seus 182 milhões de seguidores. Uma imagem adulterada, que sugere que assistir a um discurso de Milei era melhor do que fazer sexo, está entre as postagens mais vistas de Musk de todos os tempos.

Musk ajudou a transformar o combativo libertário numa das novas faces da direita moderna. Mas offline ele usou o relacionamento com o atual presidente para pressionar por benefícios e impulsionar os seus outros negócios, a montadora de carros elétricos Tesla e a empresa de foguetes SpaceX.

“Elon Musk me ligou”, disse Milei em entrevista à televisão semanas depois de assumir o cargo. “Ele está extremamente interessado no lítio.”

Musk declarou o lítio – principal componente das baterias dos carros elétricos – “o novo petróleo”. A Tesla há muito tempo compra lítio da Argentina, que possui a segunda maior reserva do mundo . Agora Milei está pressionando por grandes benefícios para os mineiros internacionais de lítio, o que provavelmente daria à Tesla um fluxo mais estável – e potencialmente mais barato – de um dos seus recursos mais críticos.

O relacionamento com o atual presidente argentino faz parte de um padrão de Musk, que busca promover relacionamentos com uma rede de chefes de Estado de direita - com benefícios claros: suas empresas e ele próprio.

Elon Musk construiu uma rede de contatos com chefes de estado. Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Musk, 52 anos, usou repetidamente uma parte de seu império empresarial, principalmente a rede X, para apoiar abertamente políticos como Milei, Jair Bolsonaro do Brasil e Narendra Modi da Índia. Na plataforma, Musk apoiou as suas opiniões sobre gênero, festejou a sua oposição ao socialismo e confrontou agressivamente os seus inimigos . Musk até interveio pessoalmente nas políticas de conteúdo do X para ajudar Bolsonaro, disseram dois ex-funcionários da empresa.

Musk, por sua vez, pressionou e conquistou vantagens corporativas para seus negócios mais lucrativos, a Tesla e a SpaceX, de acordo com uma análise do The New York Times. Na Índia, ele garantiu tarifas de importação mais baixas para os veículos da Tesla. No Brasil, ele abriu um novo mercado importante para o Starlink, serviço de internet via satélite da SpaceX . Na Argentina, ele solidificou o acesso ao mineral mais importante para as baterias da Tesla, o lítio.

O apoio de Musk deu a muitos chefes de estado nacionalistas e de direita mais prestígio internacional, que eles promoveram avidamente como uma validação das suas políticas e popularidade. No mês passado, quando a Índia começou a realizar eleições, Modi preparou-se para receber Musk em Nova Deli, considerando a visita do bilionário um testemunho da sua liderança.

“As pessoas estão vindo e confiam em mim”, disse o primeiro-ministro indiano numa entrevista televisiva antes de Musk adiar a sua viagem.

Musk, Tesla, SpaceX e X não responderam aos pedidos de comentários.

FILE — President Xi Jinping of China at the Asia-Pacific Economic Cooperation (APEC) summit in San Francisco, Nov, 17, 2023. Elon Musk has built a constellation of like-minded heads of state — including Argentina’s Javier Milei and India’s Narendra Modi — to push his own politics and expand his business empire. (Doug Mills/The New York Times) Foto: DOUG MILLS

Índia: um longo jogo

Em setembro de 2015, Musk deu as boas-vindas a Modi na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia. Modi, um político nacionalista hindu, havia sido eleito primeiro-ministro da Índia um ano antes, quando seu partido Bharatiya Janata chegou ao poder, e estava visitando os Estados Unidos para se encontrar com líderes empresariais.

Sob as bandeiras da Índia e dos EUA na fábrica, Musk e Modi posaram para fotos perto de um carro Model S vermelho. Eles discutiram como “painéis solares e baterias” poderiam abastecer regiões rurais da Índia sem linhas elétricas, disse Musk na época. “Eu entendi a visão dele”, disse Modi mais tarde.

Foi um dos primeiros casos em que Musk se encontrou publicamente com um líder nacionalista. E foi o início de um longo jogo entre ele e Modi, um relacionamento que levou anos para se desenvolver – e que começou a dar frutos para Musk depois que ele comprou o X.

A Índia é um mercado potencialmente enorme para a Tesla, que precisa se expandir para novas regiões para crescer. Mas o país praticamente proibiu veículos elétricos construídos por fabricantes estrangeiros. Nos últimos anos, a tarifa que a Índia impõe aos veículos elétricos importados aumentou até 100%.

Musk inicialmente usou a diplomacia pessoal tradicional, reunindo-se com Modi e ordenando que sua equipe na Tesla se aproximasse das autoridades. Em 2017, a Tesla enviou uma carta ao governo da Índia para iniciar as negociações sobre a operação no país. Outra abertura ao governo de Modi em 2019 foi rejeitada, disseram três pessoas com conhecimento da empresa.

Depois que Musk comprou o Twitter em 2022, ele teve uma nova alavanca. A plataforma, rebatizada de X, é amplamente utilizada na Índia – inclusive por Modi, que tem quase 98 milhões de seguidores – e é um importante fórum de discussão política.

FILE — O primeiro-ministro Narendra Modi da Índia fala para uma grande multidão durante uma viagem à Austrália, na Qudos Bank Arena em Sydney, 23 de maio de 2023. Foto: MATTHEW ABBOTT

Musk encontrou-se pessoalmente com Modi novamente em junho passado, quando o primeiro-ministro visitou Nova York. Ele se autodenomina um “fã de Modi” e disse que Modi estava “nos incentivando a fazer investimentos significativos na Índia, que é algo que pretendemos fazer”.

A essa altura, os funcionários da Tesla estavam novamente conversando com os conselheiros de Modi sobre uma redução nas tarifas e investimentos na Índia, disseram duas pessoas familiarizadas com as conversas. Rohan Patel, vice-presidente de políticas públicas e desenvolvimento de negócios da Tesla, viajou várias vezes à Índia, e Piyush Goyal, ministro do comércio da Índia, visitou a fábrica de Fremont em novembro.

Em janeiro, Musk postou no X que a Índia deveria receber um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que ampliaria a influência internacional da Índia. “A Índia não ter um assento permanente no Conselho de Segurança, apesar de ser o país mais populoso do planeta, é um absurdo”, escreveu ele.

Dois meses depois, a Índia anunciou que estava reduzindo alguns impostos de importação para os fabricantes de automóveis elétricos que se comprometerem a produzir veículos elétricos no país. Isso reduziu as tarifas de 100% para 15% do preço de um carro, especificamente para veículos elétricos vendidos por mais de US$ 35 mil.

A alteração ajudava a Tesla e o seu Model 3, que custa US$ 38.990. A BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos em rápido crescimento, está impedida de investir na Índia por motivos de segurança nacional.

No mês passado, a Tesla explorou potenciais locais de fábrica em três estados indianos, disseram três pessoas familiarizadas com o processo. Musk também disse que visitaria Modi em Nova Délhi durante as eleições gerais de várias semanas no país, antes de adiar a viagem, citando obrigações com a Tesla.

Musk prometeu não ficar longe por muito tempo. “Estou muito ansioso para visitar ainda neste ano”, escreveu ele no X.

Brasil: mito da liberdade

Em 2021, Musk estava utilizando uma estratégia parecida para levar seu serviço de internet via satélite Starlink para o Brasil, que era então presidido por Bolsonaro, o presidente populista de direita eleito três anos antes. Na época, a Starlink estava engatinhando, com menos de 150 mil usuários em 25 países.

Em outubro de 2021, Fábio Faria, ex-ministro das Comunicações do Brasil e organizador da campanha de reeleição de Bolsonaro, enviou uma carta a Musk, dizendo que “Starlink e Brasil podem se tornar grandes parceiros”, de acordo com correspondência obtida por meio da Lei de Acesso à Informação.

Semanas depois, Faria visitou Musk no Texas. Depois de retornar ao Brasil, Faria pressionou os reguladores a aprovarem a Starlink, a certa altura instando a agência espacial brasileira a ficar fora de qualquer debate sobre os satélites da SpaceX no país.

Os reguladores do Brasil aprovaram o Starlink para operar em dezembro de 2021, sete meses após a inauguração do serviço. Foi a mais rápida das cinco aprovações concedidas pelos reguladores aos provedores de Internet via satélite.

Mais tarde, Musk ajudou Bolsonaro, que enfrentou uma batalha difícil em sua campanha à reeleição de 2022.

Em 20 de maio daquele ano, Musk fez uma viagem surpresa ao Brasil para um grande anúncio ao lado do presidente. A Starlink estava chegando ao país e forneceria acesso à internet para 19 mil escolas rurais, além de monitoramento ambiental da Amazônia, disseram em evento em um resort próximo a São Paulo. Bolsonaro deu uma medalha a Musk e o chamou de “ mito da liberdade” por sua tentativa naquele ano de comprar o Twitter.

Havia apenas um problema: o plano para conectar escolas nunca se concretizou, disse Carlos Baigorri, principal regulador de telecomunicações do Brasil, que ajudou a aprovar a entrada da Starlink no país. “Eu realmente não acho que isso existisse”, disse ele sobre o plano.

Autoridades brasileiras disseram não ter registro de conexão gratuita de escolas brasileiras pela Starlink ou de realização de monitoramento ambiental.

Musk e Bolsonaro se beneficiaram de qualquer maneira. No entanto, o favor de Musk não impediu que Bolsonaro perdesse a Presidência.

Mas, dentro de poucas semanas, Musk, que acabara de concluir seu acordo pelo Twitter, tentou ajudar Bolsonaro novamente. Os apoiadores de Bolsonaro começaram a levantar acusações no Twitter de que os juízes brasileiros haviam inclinado a eleição ao ordenar que redes sociais removessem posts e contas de direita.

Enquanto eles acampavam na frente de bases militares exigindo que a eleição fosse anulada, Musk alimentou suas suspeitas sugerindo que os antigos chefes do Twitter haviam contribuído para a derrota de Bolsonaro.

“É possível que o pessoal do Twitter tenha dado preferência a candidatos de esquerda”, ele postou em dezembro de 2022, sem citar nenhuma prova. Mais tarde, ele escreveu que a empresa “pode ter pessoas na equipe do Brasil que são fortemente tendenciosas politicamente.”.

Bolsonaro e Elon Musk se encontraram em São Paulo. Foto: Reprodução/Twitter/Jair Bolsonaro

Musk se envolveu na decisão de quais postagens sobre os resultados das eleições no Brasil deveriam permanecer no ar ou ser removidas, disseram dois ex-funcionários do Twitter.

Mesmo depois de Musk ter sido informado sobre o risco de violência no Brasil naquele período, ele ordenou que os funcionários parassem de aplicar as regras eleitorais do Twitter no país, incluindo uma política que proíbe os usuários de espalhar alegações enganosas sobre os resultados eleitorais, disseram.

Ele disse-lhes para removerem apenas postagens que incitassem diretamente à violência ou estivessem sujeitas a uma ordem judicial.

Desde então, Musk usou o X para atacar um dos principais oponentes de Bolsonaro, Alexandre de Moraes , um juiz da Suprema Corte brasileira que supervisionou as investigações sobre o ex-presidente e seus apoiadores. O X bloqueou mais de 100 contas por ordem do ministro Moraes, que disse que muitas delas ameaçavam a democracia brasileira.

“Este juiz traiu descaradamente e repetidamente a constituição e o povo do Brasil”, postou Musk no X em abril. “Ele deveria renunciar ou sofrer impeachment.”

Em um ato convocado por Bolsonaro no Rio de Janeiro no mês passado, seus apoiadores seguraram cartazes agradecendo a Musk. Quando Bolsonaro se dirigiu à multidão, saudou o bilionário como “o homem que realmente preserva a verdadeira liberdade para todos nós”.

Apoiadores de Bolsonaro agradecem Elon Musk em ato no Rio de Janeiro.  Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Argentina: um encontro de mentes

Em 2022, um dos fornecedores de lítio da Tesla anunciou um investimento de US$ 1,1 bilhão para expansão na Argentina. Desde então, Musk demonstrou grande interesse pela política argentina – e particularmente por Milei – levando a um dos “bromances” mais populares entre as relações políticas de Musk.

Milei “seria uma grande mudança”, escreveu Musk no X em setembro, em resposta a uma postagem do ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson, que chamou o então candidato de “o próximo presidente da Argentina”.

Milei, um economista libertário e comentarista de TV, fez campanha para dolarizar a Argentina e ampliar as relações com os Estados Unidos. Tal como Musk, ele insulta frequentemente os críticos, tem participação intensa nas redes sociais e está profundamente preocupado com a “agenda woke”.

Dias antes da posse de Milei, em dezembro, eles conversaram diretamente pela primeira vez, e Musk perguntou sobre o lítio da Argentina. Nos meses seguintes, Milei tem defendido uma legislação que tornaria a extração de lítio muito mais atraente para os investidores estrangeiros.

O seu abrangente projeto de lei, que lhe concederia amplos poderes de emergência sobre a economia e a energia da Argentina para o próximo ano, inclui um grande benefício para a Tesla: incentivos significativos para investidores estrangeiros em grandes projetos, especialmente na mineração.

Essas empresas receberiam reduções fiscais substanciais, isenções aduaneiras e benefícios cambiais, bem como segurança fiscal e regulamentar durante os próximos 30 anos. O fornecedor de lítio da Tesla provavelmente se qualificará. Nesse caso, o plano de Milei daria à Tesla uma estabilidade e previsibilidade incomuns no seu acesso ao lítio na Argentina até pelo menos 2054.

A proposta foi aprovada no Congresso da Argentina em 30 de abril.

Musk já recebeu outros “presentes” de Milei. Em um de seus primeiros atos como presidente, Milei aprovou uma ordem executiva com 366 disposições. Ao resumir os destaques do pedido em um discurso na televisão, Milei mencionou apenas uma marca corporativa pelo nome: Starlink.

A SpaceX pressionava pela aprovação do Starlink na Argentina desde 2022, mas enfrentava um congestionamento burocrático. Milei rapidamente cortou as regulamentações sobre internet via satélite, e a Starlink começou a operar no país em março deste ano.

O presidente da Argentina, Javier Milei, e o empresário Elon Musk na fábrica da Tesla.  Foto: Reprodução/Redes sociais

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

THE NEW YORK TIMES - Minutos depois de ficar claro que Javier Milei havia sido eleito presidente da Argentina, o segundo maior país da América do Sul em novembro, Elon Musk postou no X (antigo Twitter) : “A prosperidade está à frente da Argentina”.

Desde então, Musk usa a sua conta no X, a rede social de sua propriedade, para impulsionar Milei. O bilionário compartilhou vídeos do presidente argentino atacando a “justiça social” para os seus 182 milhões de seguidores. Uma imagem adulterada, que sugere que assistir a um discurso de Milei era melhor do que fazer sexo, está entre as postagens mais vistas de Musk de todos os tempos.

Musk ajudou a transformar o combativo libertário numa das novas faces da direita moderna. Mas offline ele usou o relacionamento com o atual presidente para pressionar por benefícios e impulsionar os seus outros negócios, a montadora de carros elétricos Tesla e a empresa de foguetes SpaceX.

“Elon Musk me ligou”, disse Milei em entrevista à televisão semanas depois de assumir o cargo. “Ele está extremamente interessado no lítio.”

Musk declarou o lítio – principal componente das baterias dos carros elétricos – “o novo petróleo”. A Tesla há muito tempo compra lítio da Argentina, que possui a segunda maior reserva do mundo . Agora Milei está pressionando por grandes benefícios para os mineiros internacionais de lítio, o que provavelmente daria à Tesla um fluxo mais estável – e potencialmente mais barato – de um dos seus recursos mais críticos.

O relacionamento com o atual presidente argentino faz parte de um padrão de Musk, que busca promover relacionamentos com uma rede de chefes de Estado de direita - com benefícios claros: suas empresas e ele próprio.

Elon Musk construiu uma rede de contatos com chefes de estado. Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Musk, 52 anos, usou repetidamente uma parte de seu império empresarial, principalmente a rede X, para apoiar abertamente políticos como Milei, Jair Bolsonaro do Brasil e Narendra Modi da Índia. Na plataforma, Musk apoiou as suas opiniões sobre gênero, festejou a sua oposição ao socialismo e confrontou agressivamente os seus inimigos . Musk até interveio pessoalmente nas políticas de conteúdo do X para ajudar Bolsonaro, disseram dois ex-funcionários da empresa.

Musk, por sua vez, pressionou e conquistou vantagens corporativas para seus negócios mais lucrativos, a Tesla e a SpaceX, de acordo com uma análise do The New York Times. Na Índia, ele garantiu tarifas de importação mais baixas para os veículos da Tesla. No Brasil, ele abriu um novo mercado importante para o Starlink, serviço de internet via satélite da SpaceX . Na Argentina, ele solidificou o acesso ao mineral mais importante para as baterias da Tesla, o lítio.

O apoio de Musk deu a muitos chefes de estado nacionalistas e de direita mais prestígio internacional, que eles promoveram avidamente como uma validação das suas políticas e popularidade. No mês passado, quando a Índia começou a realizar eleições, Modi preparou-se para receber Musk em Nova Deli, considerando a visita do bilionário um testemunho da sua liderança.

“As pessoas estão vindo e confiam em mim”, disse o primeiro-ministro indiano numa entrevista televisiva antes de Musk adiar a sua viagem.

Musk, Tesla, SpaceX e X não responderam aos pedidos de comentários.

FILE — President Xi Jinping of China at the Asia-Pacific Economic Cooperation (APEC) summit in San Francisco, Nov, 17, 2023. Elon Musk has built a constellation of like-minded heads of state — including Argentina’s Javier Milei and India’s Narendra Modi — to push his own politics and expand his business empire. (Doug Mills/The New York Times) Foto: DOUG MILLS

Índia: um longo jogo

Em setembro de 2015, Musk deu as boas-vindas a Modi na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia. Modi, um político nacionalista hindu, havia sido eleito primeiro-ministro da Índia um ano antes, quando seu partido Bharatiya Janata chegou ao poder, e estava visitando os Estados Unidos para se encontrar com líderes empresariais.

Sob as bandeiras da Índia e dos EUA na fábrica, Musk e Modi posaram para fotos perto de um carro Model S vermelho. Eles discutiram como “painéis solares e baterias” poderiam abastecer regiões rurais da Índia sem linhas elétricas, disse Musk na época. “Eu entendi a visão dele”, disse Modi mais tarde.

Foi um dos primeiros casos em que Musk se encontrou publicamente com um líder nacionalista. E foi o início de um longo jogo entre ele e Modi, um relacionamento que levou anos para se desenvolver – e que começou a dar frutos para Musk depois que ele comprou o X.

A Índia é um mercado potencialmente enorme para a Tesla, que precisa se expandir para novas regiões para crescer. Mas o país praticamente proibiu veículos elétricos construídos por fabricantes estrangeiros. Nos últimos anos, a tarifa que a Índia impõe aos veículos elétricos importados aumentou até 100%.

Musk inicialmente usou a diplomacia pessoal tradicional, reunindo-se com Modi e ordenando que sua equipe na Tesla se aproximasse das autoridades. Em 2017, a Tesla enviou uma carta ao governo da Índia para iniciar as negociações sobre a operação no país. Outra abertura ao governo de Modi em 2019 foi rejeitada, disseram três pessoas com conhecimento da empresa.

Depois que Musk comprou o Twitter em 2022, ele teve uma nova alavanca. A plataforma, rebatizada de X, é amplamente utilizada na Índia – inclusive por Modi, que tem quase 98 milhões de seguidores – e é um importante fórum de discussão política.

FILE — O primeiro-ministro Narendra Modi da Índia fala para uma grande multidão durante uma viagem à Austrália, na Qudos Bank Arena em Sydney, 23 de maio de 2023. Foto: MATTHEW ABBOTT

Musk encontrou-se pessoalmente com Modi novamente em junho passado, quando o primeiro-ministro visitou Nova York. Ele se autodenomina um “fã de Modi” e disse que Modi estava “nos incentivando a fazer investimentos significativos na Índia, que é algo que pretendemos fazer”.

A essa altura, os funcionários da Tesla estavam novamente conversando com os conselheiros de Modi sobre uma redução nas tarifas e investimentos na Índia, disseram duas pessoas familiarizadas com as conversas. Rohan Patel, vice-presidente de políticas públicas e desenvolvimento de negócios da Tesla, viajou várias vezes à Índia, e Piyush Goyal, ministro do comércio da Índia, visitou a fábrica de Fremont em novembro.

Em janeiro, Musk postou no X que a Índia deveria receber um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que ampliaria a influência internacional da Índia. “A Índia não ter um assento permanente no Conselho de Segurança, apesar de ser o país mais populoso do planeta, é um absurdo”, escreveu ele.

Dois meses depois, a Índia anunciou que estava reduzindo alguns impostos de importação para os fabricantes de automóveis elétricos que se comprometerem a produzir veículos elétricos no país. Isso reduziu as tarifas de 100% para 15% do preço de um carro, especificamente para veículos elétricos vendidos por mais de US$ 35 mil.

A alteração ajudava a Tesla e o seu Model 3, que custa US$ 38.990. A BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos em rápido crescimento, está impedida de investir na Índia por motivos de segurança nacional.

No mês passado, a Tesla explorou potenciais locais de fábrica em três estados indianos, disseram três pessoas familiarizadas com o processo. Musk também disse que visitaria Modi em Nova Délhi durante as eleições gerais de várias semanas no país, antes de adiar a viagem, citando obrigações com a Tesla.

Musk prometeu não ficar longe por muito tempo. “Estou muito ansioso para visitar ainda neste ano”, escreveu ele no X.

Brasil: mito da liberdade

Em 2021, Musk estava utilizando uma estratégia parecida para levar seu serviço de internet via satélite Starlink para o Brasil, que era então presidido por Bolsonaro, o presidente populista de direita eleito três anos antes. Na época, a Starlink estava engatinhando, com menos de 150 mil usuários em 25 países.

Em outubro de 2021, Fábio Faria, ex-ministro das Comunicações do Brasil e organizador da campanha de reeleição de Bolsonaro, enviou uma carta a Musk, dizendo que “Starlink e Brasil podem se tornar grandes parceiros”, de acordo com correspondência obtida por meio da Lei de Acesso à Informação.

Semanas depois, Faria visitou Musk no Texas. Depois de retornar ao Brasil, Faria pressionou os reguladores a aprovarem a Starlink, a certa altura instando a agência espacial brasileira a ficar fora de qualquer debate sobre os satélites da SpaceX no país.

Os reguladores do Brasil aprovaram o Starlink para operar em dezembro de 2021, sete meses após a inauguração do serviço. Foi a mais rápida das cinco aprovações concedidas pelos reguladores aos provedores de Internet via satélite.

Mais tarde, Musk ajudou Bolsonaro, que enfrentou uma batalha difícil em sua campanha à reeleição de 2022.

Em 20 de maio daquele ano, Musk fez uma viagem surpresa ao Brasil para um grande anúncio ao lado do presidente. A Starlink estava chegando ao país e forneceria acesso à internet para 19 mil escolas rurais, além de monitoramento ambiental da Amazônia, disseram em evento em um resort próximo a São Paulo. Bolsonaro deu uma medalha a Musk e o chamou de “ mito da liberdade” por sua tentativa naquele ano de comprar o Twitter.

Havia apenas um problema: o plano para conectar escolas nunca se concretizou, disse Carlos Baigorri, principal regulador de telecomunicações do Brasil, que ajudou a aprovar a entrada da Starlink no país. “Eu realmente não acho que isso existisse”, disse ele sobre o plano.

Autoridades brasileiras disseram não ter registro de conexão gratuita de escolas brasileiras pela Starlink ou de realização de monitoramento ambiental.

Musk e Bolsonaro se beneficiaram de qualquer maneira. No entanto, o favor de Musk não impediu que Bolsonaro perdesse a Presidência.

Mas, dentro de poucas semanas, Musk, que acabara de concluir seu acordo pelo Twitter, tentou ajudar Bolsonaro novamente. Os apoiadores de Bolsonaro começaram a levantar acusações no Twitter de que os juízes brasileiros haviam inclinado a eleição ao ordenar que redes sociais removessem posts e contas de direita.

Enquanto eles acampavam na frente de bases militares exigindo que a eleição fosse anulada, Musk alimentou suas suspeitas sugerindo que os antigos chefes do Twitter haviam contribuído para a derrota de Bolsonaro.

“É possível que o pessoal do Twitter tenha dado preferência a candidatos de esquerda”, ele postou em dezembro de 2022, sem citar nenhuma prova. Mais tarde, ele escreveu que a empresa “pode ter pessoas na equipe do Brasil que são fortemente tendenciosas politicamente.”.

Bolsonaro e Elon Musk se encontraram em São Paulo. Foto: Reprodução/Twitter/Jair Bolsonaro

Musk se envolveu na decisão de quais postagens sobre os resultados das eleições no Brasil deveriam permanecer no ar ou ser removidas, disseram dois ex-funcionários do Twitter.

Mesmo depois de Musk ter sido informado sobre o risco de violência no Brasil naquele período, ele ordenou que os funcionários parassem de aplicar as regras eleitorais do Twitter no país, incluindo uma política que proíbe os usuários de espalhar alegações enganosas sobre os resultados eleitorais, disseram.

Ele disse-lhes para removerem apenas postagens que incitassem diretamente à violência ou estivessem sujeitas a uma ordem judicial.

Desde então, Musk usou o X para atacar um dos principais oponentes de Bolsonaro, Alexandre de Moraes , um juiz da Suprema Corte brasileira que supervisionou as investigações sobre o ex-presidente e seus apoiadores. O X bloqueou mais de 100 contas por ordem do ministro Moraes, que disse que muitas delas ameaçavam a democracia brasileira.

“Este juiz traiu descaradamente e repetidamente a constituição e o povo do Brasil”, postou Musk no X em abril. “Ele deveria renunciar ou sofrer impeachment.”

Em um ato convocado por Bolsonaro no Rio de Janeiro no mês passado, seus apoiadores seguraram cartazes agradecendo a Musk. Quando Bolsonaro se dirigiu à multidão, saudou o bilionário como “o homem que realmente preserva a verdadeira liberdade para todos nós”.

Apoiadores de Bolsonaro agradecem Elon Musk em ato no Rio de Janeiro.  Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Argentina: um encontro de mentes

Em 2022, um dos fornecedores de lítio da Tesla anunciou um investimento de US$ 1,1 bilhão para expansão na Argentina. Desde então, Musk demonstrou grande interesse pela política argentina – e particularmente por Milei – levando a um dos “bromances” mais populares entre as relações políticas de Musk.

Milei “seria uma grande mudança”, escreveu Musk no X em setembro, em resposta a uma postagem do ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson, que chamou o então candidato de “o próximo presidente da Argentina”.

Milei, um economista libertário e comentarista de TV, fez campanha para dolarizar a Argentina e ampliar as relações com os Estados Unidos. Tal como Musk, ele insulta frequentemente os críticos, tem participação intensa nas redes sociais e está profundamente preocupado com a “agenda woke”.

Dias antes da posse de Milei, em dezembro, eles conversaram diretamente pela primeira vez, e Musk perguntou sobre o lítio da Argentina. Nos meses seguintes, Milei tem defendido uma legislação que tornaria a extração de lítio muito mais atraente para os investidores estrangeiros.

O seu abrangente projeto de lei, que lhe concederia amplos poderes de emergência sobre a economia e a energia da Argentina para o próximo ano, inclui um grande benefício para a Tesla: incentivos significativos para investidores estrangeiros em grandes projetos, especialmente na mineração.

Essas empresas receberiam reduções fiscais substanciais, isenções aduaneiras e benefícios cambiais, bem como segurança fiscal e regulamentar durante os próximos 30 anos. O fornecedor de lítio da Tesla provavelmente se qualificará. Nesse caso, o plano de Milei daria à Tesla uma estabilidade e previsibilidade incomuns no seu acesso ao lítio na Argentina até pelo menos 2054.

A proposta foi aprovada no Congresso da Argentina em 30 de abril.

Musk já recebeu outros “presentes” de Milei. Em um de seus primeiros atos como presidente, Milei aprovou uma ordem executiva com 366 disposições. Ao resumir os destaques do pedido em um discurso na televisão, Milei mencionou apenas uma marca corporativa pelo nome: Starlink.

A SpaceX pressionava pela aprovação do Starlink na Argentina desde 2022, mas enfrentava um congestionamento burocrático. Milei rapidamente cortou as regulamentações sobre internet via satélite, e a Starlink começou a operar no país em março deste ano.

O presidente da Argentina, Javier Milei, e o empresário Elon Musk na fábrica da Tesla.  Foto: Reprodução/Redes sociais

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

THE NEW YORK TIMES - Minutos depois de ficar claro que Javier Milei havia sido eleito presidente da Argentina, o segundo maior país da América do Sul em novembro, Elon Musk postou no X (antigo Twitter) : “A prosperidade está à frente da Argentina”.

Desde então, Musk usa a sua conta no X, a rede social de sua propriedade, para impulsionar Milei. O bilionário compartilhou vídeos do presidente argentino atacando a “justiça social” para os seus 182 milhões de seguidores. Uma imagem adulterada, que sugere que assistir a um discurso de Milei era melhor do que fazer sexo, está entre as postagens mais vistas de Musk de todos os tempos.

Musk ajudou a transformar o combativo libertário numa das novas faces da direita moderna. Mas offline ele usou o relacionamento com o atual presidente para pressionar por benefícios e impulsionar os seus outros negócios, a montadora de carros elétricos Tesla e a empresa de foguetes SpaceX.

“Elon Musk me ligou”, disse Milei em entrevista à televisão semanas depois de assumir o cargo. “Ele está extremamente interessado no lítio.”

Musk declarou o lítio – principal componente das baterias dos carros elétricos – “o novo petróleo”. A Tesla há muito tempo compra lítio da Argentina, que possui a segunda maior reserva do mundo . Agora Milei está pressionando por grandes benefícios para os mineiros internacionais de lítio, o que provavelmente daria à Tesla um fluxo mais estável – e potencialmente mais barato – de um dos seus recursos mais críticos.

O relacionamento com o atual presidente argentino faz parte de um padrão de Musk, que busca promover relacionamentos com uma rede de chefes de Estado de direita - com benefícios claros: suas empresas e ele próprio.

Elon Musk construiu uma rede de contatos com chefes de estado. Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

Musk, 52 anos, usou repetidamente uma parte de seu império empresarial, principalmente a rede X, para apoiar abertamente políticos como Milei, Jair Bolsonaro do Brasil e Narendra Modi da Índia. Na plataforma, Musk apoiou as suas opiniões sobre gênero, festejou a sua oposição ao socialismo e confrontou agressivamente os seus inimigos . Musk até interveio pessoalmente nas políticas de conteúdo do X para ajudar Bolsonaro, disseram dois ex-funcionários da empresa.

Musk, por sua vez, pressionou e conquistou vantagens corporativas para seus negócios mais lucrativos, a Tesla e a SpaceX, de acordo com uma análise do The New York Times. Na Índia, ele garantiu tarifas de importação mais baixas para os veículos da Tesla. No Brasil, ele abriu um novo mercado importante para o Starlink, serviço de internet via satélite da SpaceX . Na Argentina, ele solidificou o acesso ao mineral mais importante para as baterias da Tesla, o lítio.

O apoio de Musk deu a muitos chefes de estado nacionalistas e de direita mais prestígio internacional, que eles promoveram avidamente como uma validação das suas políticas e popularidade. No mês passado, quando a Índia começou a realizar eleições, Modi preparou-se para receber Musk em Nova Deli, considerando a visita do bilionário um testemunho da sua liderança.

“As pessoas estão vindo e confiam em mim”, disse o primeiro-ministro indiano numa entrevista televisiva antes de Musk adiar a sua viagem.

Musk, Tesla, SpaceX e X não responderam aos pedidos de comentários.

FILE — President Xi Jinping of China at the Asia-Pacific Economic Cooperation (APEC) summit in San Francisco, Nov, 17, 2023. Elon Musk has built a constellation of like-minded heads of state — including Argentina’s Javier Milei and India’s Narendra Modi — to push his own politics and expand his business empire. (Doug Mills/The New York Times) Foto: DOUG MILLS

Índia: um longo jogo

Em setembro de 2015, Musk deu as boas-vindas a Modi na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia. Modi, um político nacionalista hindu, havia sido eleito primeiro-ministro da Índia um ano antes, quando seu partido Bharatiya Janata chegou ao poder, e estava visitando os Estados Unidos para se encontrar com líderes empresariais.

Sob as bandeiras da Índia e dos EUA na fábrica, Musk e Modi posaram para fotos perto de um carro Model S vermelho. Eles discutiram como “painéis solares e baterias” poderiam abastecer regiões rurais da Índia sem linhas elétricas, disse Musk na época. “Eu entendi a visão dele”, disse Modi mais tarde.

Foi um dos primeiros casos em que Musk se encontrou publicamente com um líder nacionalista. E foi o início de um longo jogo entre ele e Modi, um relacionamento que levou anos para se desenvolver – e que começou a dar frutos para Musk depois que ele comprou o X.

A Índia é um mercado potencialmente enorme para a Tesla, que precisa se expandir para novas regiões para crescer. Mas o país praticamente proibiu veículos elétricos construídos por fabricantes estrangeiros. Nos últimos anos, a tarifa que a Índia impõe aos veículos elétricos importados aumentou até 100%.

Musk inicialmente usou a diplomacia pessoal tradicional, reunindo-se com Modi e ordenando que sua equipe na Tesla se aproximasse das autoridades. Em 2017, a Tesla enviou uma carta ao governo da Índia para iniciar as negociações sobre a operação no país. Outra abertura ao governo de Modi em 2019 foi rejeitada, disseram três pessoas com conhecimento da empresa.

Depois que Musk comprou o Twitter em 2022, ele teve uma nova alavanca. A plataforma, rebatizada de X, é amplamente utilizada na Índia – inclusive por Modi, que tem quase 98 milhões de seguidores – e é um importante fórum de discussão política.

FILE — O primeiro-ministro Narendra Modi da Índia fala para uma grande multidão durante uma viagem à Austrália, na Qudos Bank Arena em Sydney, 23 de maio de 2023. Foto: MATTHEW ABBOTT

Musk encontrou-se pessoalmente com Modi novamente em junho passado, quando o primeiro-ministro visitou Nova York. Ele se autodenomina um “fã de Modi” e disse que Modi estava “nos incentivando a fazer investimentos significativos na Índia, que é algo que pretendemos fazer”.

A essa altura, os funcionários da Tesla estavam novamente conversando com os conselheiros de Modi sobre uma redução nas tarifas e investimentos na Índia, disseram duas pessoas familiarizadas com as conversas. Rohan Patel, vice-presidente de políticas públicas e desenvolvimento de negócios da Tesla, viajou várias vezes à Índia, e Piyush Goyal, ministro do comércio da Índia, visitou a fábrica de Fremont em novembro.

Em janeiro, Musk postou no X que a Índia deveria receber um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que ampliaria a influência internacional da Índia. “A Índia não ter um assento permanente no Conselho de Segurança, apesar de ser o país mais populoso do planeta, é um absurdo”, escreveu ele.

Dois meses depois, a Índia anunciou que estava reduzindo alguns impostos de importação para os fabricantes de automóveis elétricos que se comprometerem a produzir veículos elétricos no país. Isso reduziu as tarifas de 100% para 15% do preço de um carro, especificamente para veículos elétricos vendidos por mais de US$ 35 mil.

A alteração ajudava a Tesla e o seu Model 3, que custa US$ 38.990. A BYD, fabricante chinesa de veículos elétricos em rápido crescimento, está impedida de investir na Índia por motivos de segurança nacional.

No mês passado, a Tesla explorou potenciais locais de fábrica em três estados indianos, disseram três pessoas familiarizadas com o processo. Musk também disse que visitaria Modi em Nova Délhi durante as eleições gerais de várias semanas no país, antes de adiar a viagem, citando obrigações com a Tesla.

Musk prometeu não ficar longe por muito tempo. “Estou muito ansioso para visitar ainda neste ano”, escreveu ele no X.

Brasil: mito da liberdade

Em 2021, Musk estava utilizando uma estratégia parecida para levar seu serviço de internet via satélite Starlink para o Brasil, que era então presidido por Bolsonaro, o presidente populista de direita eleito três anos antes. Na época, a Starlink estava engatinhando, com menos de 150 mil usuários em 25 países.

Em outubro de 2021, Fábio Faria, ex-ministro das Comunicações do Brasil e organizador da campanha de reeleição de Bolsonaro, enviou uma carta a Musk, dizendo que “Starlink e Brasil podem se tornar grandes parceiros”, de acordo com correspondência obtida por meio da Lei de Acesso à Informação.

Semanas depois, Faria visitou Musk no Texas. Depois de retornar ao Brasil, Faria pressionou os reguladores a aprovarem a Starlink, a certa altura instando a agência espacial brasileira a ficar fora de qualquer debate sobre os satélites da SpaceX no país.

Os reguladores do Brasil aprovaram o Starlink para operar em dezembro de 2021, sete meses após a inauguração do serviço. Foi a mais rápida das cinco aprovações concedidas pelos reguladores aos provedores de Internet via satélite.

Mais tarde, Musk ajudou Bolsonaro, que enfrentou uma batalha difícil em sua campanha à reeleição de 2022.

Em 20 de maio daquele ano, Musk fez uma viagem surpresa ao Brasil para um grande anúncio ao lado do presidente. A Starlink estava chegando ao país e forneceria acesso à internet para 19 mil escolas rurais, além de monitoramento ambiental da Amazônia, disseram em evento em um resort próximo a São Paulo. Bolsonaro deu uma medalha a Musk e o chamou de “ mito da liberdade” por sua tentativa naquele ano de comprar o Twitter.

Havia apenas um problema: o plano para conectar escolas nunca se concretizou, disse Carlos Baigorri, principal regulador de telecomunicações do Brasil, que ajudou a aprovar a entrada da Starlink no país. “Eu realmente não acho que isso existisse”, disse ele sobre o plano.

Autoridades brasileiras disseram não ter registro de conexão gratuita de escolas brasileiras pela Starlink ou de realização de monitoramento ambiental.

Musk e Bolsonaro se beneficiaram de qualquer maneira. No entanto, o favor de Musk não impediu que Bolsonaro perdesse a Presidência.

Mas, dentro de poucas semanas, Musk, que acabara de concluir seu acordo pelo Twitter, tentou ajudar Bolsonaro novamente. Os apoiadores de Bolsonaro começaram a levantar acusações no Twitter de que os juízes brasileiros haviam inclinado a eleição ao ordenar que redes sociais removessem posts e contas de direita.

Enquanto eles acampavam na frente de bases militares exigindo que a eleição fosse anulada, Musk alimentou suas suspeitas sugerindo que os antigos chefes do Twitter haviam contribuído para a derrota de Bolsonaro.

“É possível que o pessoal do Twitter tenha dado preferência a candidatos de esquerda”, ele postou em dezembro de 2022, sem citar nenhuma prova. Mais tarde, ele escreveu que a empresa “pode ter pessoas na equipe do Brasil que são fortemente tendenciosas politicamente.”.

Bolsonaro e Elon Musk se encontraram em São Paulo. Foto: Reprodução/Twitter/Jair Bolsonaro

Musk se envolveu na decisão de quais postagens sobre os resultados das eleições no Brasil deveriam permanecer no ar ou ser removidas, disseram dois ex-funcionários do Twitter.

Mesmo depois de Musk ter sido informado sobre o risco de violência no Brasil naquele período, ele ordenou que os funcionários parassem de aplicar as regras eleitorais do Twitter no país, incluindo uma política que proíbe os usuários de espalhar alegações enganosas sobre os resultados eleitorais, disseram.

Ele disse-lhes para removerem apenas postagens que incitassem diretamente à violência ou estivessem sujeitas a uma ordem judicial.

Desde então, Musk usou o X para atacar um dos principais oponentes de Bolsonaro, Alexandre de Moraes , um juiz da Suprema Corte brasileira que supervisionou as investigações sobre o ex-presidente e seus apoiadores. O X bloqueou mais de 100 contas por ordem do ministro Moraes, que disse que muitas delas ameaçavam a democracia brasileira.

“Este juiz traiu descaradamente e repetidamente a constituição e o povo do Brasil”, postou Musk no X em abril. “Ele deveria renunciar ou sofrer impeachment.”

Em um ato convocado por Bolsonaro no Rio de Janeiro no mês passado, seus apoiadores seguraram cartazes agradecendo a Musk. Quando Bolsonaro se dirigiu à multidão, saudou o bilionário como “o homem que realmente preserva a verdadeira liberdade para todos nós”.

Apoiadores de Bolsonaro agradecem Elon Musk em ato no Rio de Janeiro.  Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Argentina: um encontro de mentes

Em 2022, um dos fornecedores de lítio da Tesla anunciou um investimento de US$ 1,1 bilhão para expansão na Argentina. Desde então, Musk demonstrou grande interesse pela política argentina – e particularmente por Milei – levando a um dos “bromances” mais populares entre as relações políticas de Musk.

Milei “seria uma grande mudança”, escreveu Musk no X em setembro, em resposta a uma postagem do ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson, que chamou o então candidato de “o próximo presidente da Argentina”.

Milei, um economista libertário e comentarista de TV, fez campanha para dolarizar a Argentina e ampliar as relações com os Estados Unidos. Tal como Musk, ele insulta frequentemente os críticos, tem participação intensa nas redes sociais e está profundamente preocupado com a “agenda woke”.

Dias antes da posse de Milei, em dezembro, eles conversaram diretamente pela primeira vez, e Musk perguntou sobre o lítio da Argentina. Nos meses seguintes, Milei tem defendido uma legislação que tornaria a extração de lítio muito mais atraente para os investidores estrangeiros.

O seu abrangente projeto de lei, que lhe concederia amplos poderes de emergência sobre a economia e a energia da Argentina para o próximo ano, inclui um grande benefício para a Tesla: incentivos significativos para investidores estrangeiros em grandes projetos, especialmente na mineração.

Essas empresas receberiam reduções fiscais substanciais, isenções aduaneiras e benefícios cambiais, bem como segurança fiscal e regulamentar durante os próximos 30 anos. O fornecedor de lítio da Tesla provavelmente se qualificará. Nesse caso, o plano de Milei daria à Tesla uma estabilidade e previsibilidade incomuns no seu acesso ao lítio na Argentina até pelo menos 2054.

A proposta foi aprovada no Congresso da Argentina em 30 de abril.

Musk já recebeu outros “presentes” de Milei. Em um de seus primeiros atos como presidente, Milei aprovou uma ordem executiva com 366 disposições. Ao resumir os destaques do pedido em um discurso na televisão, Milei mencionou apenas uma marca corporativa pelo nome: Starlink.

A SpaceX pressionava pela aprovação do Starlink na Argentina desde 2022, mas enfrentava um congestionamento burocrático. Milei rapidamente cortou as regulamentações sobre internet via satélite, e a Starlink começou a operar no país em março deste ano.

O presidente da Argentina, Javier Milei, e o empresário Elon Musk na fábrica da Tesla.  Foto: Reprodução/Redes sociais

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