Entenda o problema das contas falsas que fez Musk cancelar compra do Twitter


O acordo proposto pelo homem mais rico do mundo previa o pagamento de US$ 192 por usuário da rede social, mas estimativa eleva o valor que seria pago em 5%

Por Lucas Agrela
Atualização:
Elon Musk anunciou a compra do Twitter por US$ 44 bilhões, mas agora busca pechinchar o valor devido ao número de contas falsas e bots da rede social Foto: Mike Blake/Reuters - 13/6/2019

Atualizado em 8 de julho às 19h50

Elon Musk cancelou o acordo de US$ 44 bilhões proposto para a aquisição do Twitter por causa de divergências com relação ao número de usuários, impactado pela quantidade de contas falsas, automatizadas ou duplicadas.

continua após a publicidade

Segundo o último balanço financeiro divulgado, o Twitter tem 229 milhões de usuários ativos diariamente. Com isso, cada usuário custaria para Musk 192 dólares, algo em torno de 1.010 reais. Se o número de contas falsas for mesmo de 5%, e a rede social tiver de fato 217 milhões e meio de usuários, cada um custará 202 dólares, ou seja, 1.060 reais.

Em resposta ao recado publicado por Musk no Twitter logo que as divergências começaram, o fundador do extinto Megaupload e líder da companhia de armazenamento em nuvem Mega, Kim Dotcom, disse que o número de contas falsas rentabilizadas na rede social chegam a, ao menos, 30% do total. Ou seja, quase um terço do capital investido por Musk na aquisição iria pelo ralo. 

No entanto, não há confirmação de que o número de contas falsas ou duplicadas seja maior do que os informados 5%, conforme consta no relatório financeiro da companhia, divulgado no começo deste ano. 

continua após a publicidade

Musk solicitou uma investigação para averiguar os números da plataforma, afirmando que poderiam chegar a 20% do total de contas da plataforma, mas não foram publicados resultados conclusivos. Se esse percentual estiver correto, Musk perderia cerca de US$ 9 bilhões na aquisição da rede social, em um acordo no qual cada usuário custaria ao bilionário US$ 240 (R$1.260).

“No entanto, essa estimativa de 5% é baseada em uma revisão interna de uma amostra de contas e aplicamos um julgamento significativo ao fazer essa determinação. Como tal, nossa estimativa de contas falsas ou de spam pode não representar com precisão o número real de tais contas, e o número real de contas falsas ou de spam pode ser maior do que estimamos atualmente”, de acordo com o Twitter, em explicação publicada no balanço do ano de 2021.

A média de usuários ativos por dia no Twitter anda de lado e ainda não atingiu a casa dos bilhões, como em outras redes sociais. Se 5% desse montante é de contas falsas, então, o número de usuários aos quais a rede pode exibir publicidade, principal fonte de receita da companhia, passa para 217,5 milhões. Porém, isso não significa necessariamente que o faturamento caia na mesma proporção, devido às variações de valores de diferentes campanhas de anúncios. 

continua após a publicidade

Com o cancelamento do acordo, Musk está sujeito ao pagamento de multa de US$ 1 bilhão, segundo a consultoria americana Wedbush Securities. 

Papel dos bots e contas falsas

Os bots são contas do Twitter que foram programadas para executar tarefas específicas, como retuitar publicações com determinadas hashtags ou palavras-chave, ou mesmo de algum usuário específico. Esses são bots que fazem spam, e podem ser usados com a finalidade de propagar informações falsas ou dar uma falsa relevância “orgânica” a um determinado assunto. Esses bots podem, ainda, espalhar links de páginas maliciosas para aplicar golpes de roubo de dados de internautas.

continua após a publicidade

No entanto, nem todos os bots são passíveis de bloqueio pela rede social, uma vez que podem realizar tarefas mais nobres, como o tinycarebot, que publica automaticamente dicas de autocuidado para seus seguidores. O cancelamento desse tipo de conta precisa violar as diretrizes da política de uso do Twitter.

Uma das soluções que foram propostas por Musk era verificar todas as contas de usuários humanos na rede social. Outra medida seria tornar o código do Twitter aberto para dar mais transparência e credibilidade para o site.

O número impreciso de contas falsas pode significar, no fim das contas, que as finanças da empresa não têm números tão realistas quanto os balanços patrimoniais podem fazer parecer. Com isso, Musk pediu mais informações a respeito do problema e acabou cancelando o acordo de aquisição do Twitter.

Elon Musk anunciou a compra do Twitter por US$ 44 bilhões, mas agora busca pechinchar o valor devido ao número de contas falsas e bots da rede social Foto: Mike Blake/Reuters - 13/6/2019

Atualizado em 8 de julho às 19h50

Elon Musk cancelou o acordo de US$ 44 bilhões proposto para a aquisição do Twitter por causa de divergências com relação ao número de usuários, impactado pela quantidade de contas falsas, automatizadas ou duplicadas.

Segundo o último balanço financeiro divulgado, o Twitter tem 229 milhões de usuários ativos diariamente. Com isso, cada usuário custaria para Musk 192 dólares, algo em torno de 1.010 reais. Se o número de contas falsas for mesmo de 5%, e a rede social tiver de fato 217 milhões e meio de usuários, cada um custará 202 dólares, ou seja, 1.060 reais.

Em resposta ao recado publicado por Musk no Twitter logo que as divergências começaram, o fundador do extinto Megaupload e líder da companhia de armazenamento em nuvem Mega, Kim Dotcom, disse que o número de contas falsas rentabilizadas na rede social chegam a, ao menos, 30% do total. Ou seja, quase um terço do capital investido por Musk na aquisição iria pelo ralo. 

No entanto, não há confirmação de que o número de contas falsas ou duplicadas seja maior do que os informados 5%, conforme consta no relatório financeiro da companhia, divulgado no começo deste ano. 

Musk solicitou uma investigação para averiguar os números da plataforma, afirmando que poderiam chegar a 20% do total de contas da plataforma, mas não foram publicados resultados conclusivos. Se esse percentual estiver correto, Musk perderia cerca de US$ 9 bilhões na aquisição da rede social, em um acordo no qual cada usuário custaria ao bilionário US$ 240 (R$1.260).

“No entanto, essa estimativa de 5% é baseada em uma revisão interna de uma amostra de contas e aplicamos um julgamento significativo ao fazer essa determinação. Como tal, nossa estimativa de contas falsas ou de spam pode não representar com precisão o número real de tais contas, e o número real de contas falsas ou de spam pode ser maior do que estimamos atualmente”, de acordo com o Twitter, em explicação publicada no balanço do ano de 2021.

A média de usuários ativos por dia no Twitter anda de lado e ainda não atingiu a casa dos bilhões, como em outras redes sociais. Se 5% desse montante é de contas falsas, então, o número de usuários aos quais a rede pode exibir publicidade, principal fonte de receita da companhia, passa para 217,5 milhões. Porém, isso não significa necessariamente que o faturamento caia na mesma proporção, devido às variações de valores de diferentes campanhas de anúncios. 

Com o cancelamento do acordo, Musk está sujeito ao pagamento de multa de US$ 1 bilhão, segundo a consultoria americana Wedbush Securities. 

Papel dos bots e contas falsas

Os bots são contas do Twitter que foram programadas para executar tarefas específicas, como retuitar publicações com determinadas hashtags ou palavras-chave, ou mesmo de algum usuário específico. Esses são bots que fazem spam, e podem ser usados com a finalidade de propagar informações falsas ou dar uma falsa relevância “orgânica” a um determinado assunto. Esses bots podem, ainda, espalhar links de páginas maliciosas para aplicar golpes de roubo de dados de internautas.

No entanto, nem todos os bots são passíveis de bloqueio pela rede social, uma vez que podem realizar tarefas mais nobres, como o tinycarebot, que publica automaticamente dicas de autocuidado para seus seguidores. O cancelamento desse tipo de conta precisa violar as diretrizes da política de uso do Twitter.

Uma das soluções que foram propostas por Musk era verificar todas as contas de usuários humanos na rede social. Outra medida seria tornar o código do Twitter aberto para dar mais transparência e credibilidade para o site.

O número impreciso de contas falsas pode significar, no fim das contas, que as finanças da empresa não têm números tão realistas quanto os balanços patrimoniais podem fazer parecer. Com isso, Musk pediu mais informações a respeito do problema e acabou cancelando o acordo de aquisição do Twitter.

Elon Musk anunciou a compra do Twitter por US$ 44 bilhões, mas agora busca pechinchar o valor devido ao número de contas falsas e bots da rede social Foto: Mike Blake/Reuters - 13/6/2019

Atualizado em 8 de julho às 19h50

Elon Musk cancelou o acordo de US$ 44 bilhões proposto para a aquisição do Twitter por causa de divergências com relação ao número de usuários, impactado pela quantidade de contas falsas, automatizadas ou duplicadas.

Segundo o último balanço financeiro divulgado, o Twitter tem 229 milhões de usuários ativos diariamente. Com isso, cada usuário custaria para Musk 192 dólares, algo em torno de 1.010 reais. Se o número de contas falsas for mesmo de 5%, e a rede social tiver de fato 217 milhões e meio de usuários, cada um custará 202 dólares, ou seja, 1.060 reais.

Em resposta ao recado publicado por Musk no Twitter logo que as divergências começaram, o fundador do extinto Megaupload e líder da companhia de armazenamento em nuvem Mega, Kim Dotcom, disse que o número de contas falsas rentabilizadas na rede social chegam a, ao menos, 30% do total. Ou seja, quase um terço do capital investido por Musk na aquisição iria pelo ralo. 

No entanto, não há confirmação de que o número de contas falsas ou duplicadas seja maior do que os informados 5%, conforme consta no relatório financeiro da companhia, divulgado no começo deste ano. 

Musk solicitou uma investigação para averiguar os números da plataforma, afirmando que poderiam chegar a 20% do total de contas da plataforma, mas não foram publicados resultados conclusivos. Se esse percentual estiver correto, Musk perderia cerca de US$ 9 bilhões na aquisição da rede social, em um acordo no qual cada usuário custaria ao bilionário US$ 240 (R$1.260).

“No entanto, essa estimativa de 5% é baseada em uma revisão interna de uma amostra de contas e aplicamos um julgamento significativo ao fazer essa determinação. Como tal, nossa estimativa de contas falsas ou de spam pode não representar com precisão o número real de tais contas, e o número real de contas falsas ou de spam pode ser maior do que estimamos atualmente”, de acordo com o Twitter, em explicação publicada no balanço do ano de 2021.

A média de usuários ativos por dia no Twitter anda de lado e ainda não atingiu a casa dos bilhões, como em outras redes sociais. Se 5% desse montante é de contas falsas, então, o número de usuários aos quais a rede pode exibir publicidade, principal fonte de receita da companhia, passa para 217,5 milhões. Porém, isso não significa necessariamente que o faturamento caia na mesma proporção, devido às variações de valores de diferentes campanhas de anúncios. 

Com o cancelamento do acordo, Musk está sujeito ao pagamento de multa de US$ 1 bilhão, segundo a consultoria americana Wedbush Securities. 

Papel dos bots e contas falsas

Os bots são contas do Twitter que foram programadas para executar tarefas específicas, como retuitar publicações com determinadas hashtags ou palavras-chave, ou mesmo de algum usuário específico. Esses são bots que fazem spam, e podem ser usados com a finalidade de propagar informações falsas ou dar uma falsa relevância “orgânica” a um determinado assunto. Esses bots podem, ainda, espalhar links de páginas maliciosas para aplicar golpes de roubo de dados de internautas.

No entanto, nem todos os bots são passíveis de bloqueio pela rede social, uma vez que podem realizar tarefas mais nobres, como o tinycarebot, que publica automaticamente dicas de autocuidado para seus seguidores. O cancelamento desse tipo de conta precisa violar as diretrizes da política de uso do Twitter.

Uma das soluções que foram propostas por Musk era verificar todas as contas de usuários humanos na rede social. Outra medida seria tornar o código do Twitter aberto para dar mais transparência e credibilidade para o site.

O número impreciso de contas falsas pode significar, no fim das contas, que as finanças da empresa não têm números tão realistas quanto os balanços patrimoniais podem fazer parecer. Com isso, Musk pediu mais informações a respeito do problema e acabou cancelando o acordo de aquisição do Twitter.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.