Mark Zuckerberg planeja integrar WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger


Serviços de mensagem controlados pelo Facebook terão infraestrutura unificada e criptografia de fim-a-fim, mas manterão autonomia; usuário do WhatsApp poderá mandar mensagem para contato que tem apenas conta no Instagram

Por Mike Isaac
Ideia de unificar sistema de mensagem entre aplicativos seria de Mark Zuckerberg, diz jornal Foto: Marcio Jose Sanchez/AP

Mark Zuckerberg, o presidente executivo do Facebook, está planejando a integração dos três serviços de mensagem de sua empresa – o WhatsApp, o Instagram e o Facebook Messenger. O projeto, descrito ao New York Times por quatro pessoas envolvidas no assunto, vai requerer que milhares de empregados do Facebook reconstruam as funções dos três aplicativos desde suas bases. Segundo as fontes, o Facebook ainda está nos estágios iniciais do projeto, que deve ser finalizado até o início de 2020. 

A meta é de que os serviços sigam funcionando como aplicativos separados, mas tenham a mesma infraestrutura de mensagens, incluindo o uso de criptografia de fim-a-fim, hoje presente apenas no WhatsApp. É um recurso importante: com ele, apenas os dois participantes da conversa podem ver as mensagens e ninguém mais – incluindo o próprio Facebook. Com as mudanças, a expectativa da empresa é de que, por exemplo, um usuário do Facebook possa enviar uma mensagem criptografada a alguém que só tem uma conta do WhatsApp, por exemplo. Hoje, isso não é possível porque os aplicativos são separados. 

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Ao unir a infraestrutura dos seus aplicativos, Zuckerberg planeja aumentar a utilidade de sua rede social, mantendo bilhões de pessoas em seu ecossistema. A ideia é simples: com maior integração entre os aplicativos da empresa, menos pessoas usarão os rivais da companhia para se comunicarem – como os serviços de Apple e Google. Além disso, com maior interação pelos aplicativos do Facebook, a empresa também pode aumentar sua receita com publicidade, bem como adicionar novas fontes de faturamento aos apps. 

Outra utilidade da integração seria a de reforçar o papel do Facebook como uma ferramenta de comunicação global – hoje, o WhatsApp é popular na América do Sul e na Índia, mas se vê preterido pelo WeChat, na China, e até mesmo por mensagens SMS nos Estados Unidos. Além disso, as mudanças fornecem à Zuckerberg uma chance maior de fazer dinheiro com o Instagram e o WhatsApp. Hoje, os aplicativos geram pouca receita, apesar de terem, respectivamente, 1 bilhão e 1,5 bilhão de usuários mensalmente ativos. 

Procurado pelo New York Times, o Facebook disse que pretende “construir as melhores experiências de mensagens possíveis, com comunicação rápida, simples, confiável e privada. Estamos trabalhando em fazer todos nossos serviços criptografados e considerando jeitos para que seja mais fácil encontrar amigos e familiares pela rede.” 

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Momento. A estratégia de Zuckerberg para ter mais controle sobre os diferentes aplicativos de sua empresa se segue a dois anos de escrutínio da rede social que criou há quinze anos. O Facebook segue sendo criticado por afetar as eleições e auxiliar na desinformação, além de escândalos de privacidade como o caso da consultoria Cambridge Analytica. São questões que diminuíram o crescimento da empresa nos últimos tempos e afetaram sua reputação, colocando-a na rota de parlamentares e reguladores. 

Costurar os aplicativos da empresa também é uma inversão da postura que o Facebook tomou com o Instagram e o WhatsApp, comprados pela empresa por bilhões de dólares nos últimos anos. Os dois aplicativos, ao serem adquiridos, contaram com a promessa de serem autônomos do comando central da empresa. (Já o Facebook Messenger foi feito “em casa” e se separou do aplicativo principal do Facebook em 2014). Quando o Facebook comprou o WhatsApp, em 2014, Jan Koum, fundador do app de mensagens, se manifestou em favor da privacidade dos usuários. “Se nossa união ao Facebook significasse que tivéssemos que mudar nossos valores, não teríamos aceitado.” 

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Hoje, no entanto, os fundadores de WhatsApp e Instagram já não trabalham mais para o Facebook – todos eles deixaram a empresa nos últimos tempos. Segundo fontes, a causa para as saídas é justamente a queda-de-braço promovida por Zuckerberg para ter mais controle pelos outros aplicativos. Além disso, em dezembro de 2018, dúzias de funcionários do WhatsApp entraram em conflito direto com o fundador do Facebook por conta do plano de integração. 

As mudanças também levantam dúvidas no que diz respeito à privacidade dos dados – ainda não se sabe como a informação dos usuários será compartilhada entre os serviços. Isso porque hoje o WhatsApp pede apenas um número de telefone para o cadastro, enquanto o Facebook Messenger pede ao usuário que ele utilize sua identidade real. Unificar as bases de dados pode afetar quem prefere manter o uso de cada aplicativo compartimentalizado – como manter o Instagram apenas para relações pessoais, por exemplo. 

Além disso, será um processo tecnicamente desafiador: hoje, o WhatsApp não armazena mensagens de seus usuários e mantém poucos dados deles; é o único dos três aplicativos que utiliza a criptografia de fim a fim. É uma função apoiada por ativistas de privacidade, que temem a intrusão de governos e hackers em comunicações privadas. Por outro lado, a criptografia também tem sido questionada – em especial, por tornar mais difícil o combate à desinformação. 

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No ano passado, por exemplo, pesquisadores mostraram ter problemas ao rastrear desinformação no WhatsApp, antes da eleição presidencial brasileira. O máximo que a empresa fez recentemente para reduzir esse problema foi limitar a quantidade de vezes que uma mensagem pode ser compartilhada para cinco encaminhamentos. Para analistas, é pouco. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

Ideia de unificar sistema de mensagem entre aplicativos seria de Mark Zuckerberg, diz jornal Foto: Marcio Jose Sanchez/AP

Mark Zuckerberg, o presidente executivo do Facebook, está planejando a integração dos três serviços de mensagem de sua empresa – o WhatsApp, o Instagram e o Facebook Messenger. O projeto, descrito ao New York Times por quatro pessoas envolvidas no assunto, vai requerer que milhares de empregados do Facebook reconstruam as funções dos três aplicativos desde suas bases. Segundo as fontes, o Facebook ainda está nos estágios iniciais do projeto, que deve ser finalizado até o início de 2020. 

A meta é de que os serviços sigam funcionando como aplicativos separados, mas tenham a mesma infraestrutura de mensagens, incluindo o uso de criptografia de fim-a-fim, hoje presente apenas no WhatsApp. É um recurso importante: com ele, apenas os dois participantes da conversa podem ver as mensagens e ninguém mais – incluindo o próprio Facebook. Com as mudanças, a expectativa da empresa é de que, por exemplo, um usuário do Facebook possa enviar uma mensagem criptografada a alguém que só tem uma conta do WhatsApp, por exemplo. Hoje, isso não é possível porque os aplicativos são separados. 

Ao unir a infraestrutura dos seus aplicativos, Zuckerberg planeja aumentar a utilidade de sua rede social, mantendo bilhões de pessoas em seu ecossistema. A ideia é simples: com maior integração entre os aplicativos da empresa, menos pessoas usarão os rivais da companhia para se comunicarem – como os serviços de Apple e Google. Além disso, com maior interação pelos aplicativos do Facebook, a empresa também pode aumentar sua receita com publicidade, bem como adicionar novas fontes de faturamento aos apps. 

Outra utilidade da integração seria a de reforçar o papel do Facebook como uma ferramenta de comunicação global – hoje, o WhatsApp é popular na América do Sul e na Índia, mas se vê preterido pelo WeChat, na China, e até mesmo por mensagens SMS nos Estados Unidos. Além disso, as mudanças fornecem à Zuckerberg uma chance maior de fazer dinheiro com o Instagram e o WhatsApp. Hoje, os aplicativos geram pouca receita, apesar de terem, respectivamente, 1 bilhão e 1,5 bilhão de usuários mensalmente ativos. 

Procurado pelo New York Times, o Facebook disse que pretende “construir as melhores experiências de mensagens possíveis, com comunicação rápida, simples, confiável e privada. Estamos trabalhando em fazer todos nossos serviços criptografados e considerando jeitos para que seja mais fácil encontrar amigos e familiares pela rede.” 

Momento. A estratégia de Zuckerberg para ter mais controle sobre os diferentes aplicativos de sua empresa se segue a dois anos de escrutínio da rede social que criou há quinze anos. O Facebook segue sendo criticado por afetar as eleições e auxiliar na desinformação, além de escândalos de privacidade como o caso da consultoria Cambridge Analytica. São questões que diminuíram o crescimento da empresa nos últimos tempos e afetaram sua reputação, colocando-a na rota de parlamentares e reguladores. 

Costurar os aplicativos da empresa também é uma inversão da postura que o Facebook tomou com o Instagram e o WhatsApp, comprados pela empresa por bilhões de dólares nos últimos anos. Os dois aplicativos, ao serem adquiridos, contaram com a promessa de serem autônomos do comando central da empresa. (Já o Facebook Messenger foi feito “em casa” e se separou do aplicativo principal do Facebook em 2014). Quando o Facebook comprou o WhatsApp, em 2014, Jan Koum, fundador do app de mensagens, se manifestou em favor da privacidade dos usuários. “Se nossa união ao Facebook significasse que tivéssemos que mudar nossos valores, não teríamos aceitado.” 

Hoje, no entanto, os fundadores de WhatsApp e Instagram já não trabalham mais para o Facebook – todos eles deixaram a empresa nos últimos tempos. Segundo fontes, a causa para as saídas é justamente a queda-de-braço promovida por Zuckerberg para ter mais controle pelos outros aplicativos. Além disso, em dezembro de 2018, dúzias de funcionários do WhatsApp entraram em conflito direto com o fundador do Facebook por conta do plano de integração. 

As mudanças também levantam dúvidas no que diz respeito à privacidade dos dados – ainda não se sabe como a informação dos usuários será compartilhada entre os serviços. Isso porque hoje o WhatsApp pede apenas um número de telefone para o cadastro, enquanto o Facebook Messenger pede ao usuário que ele utilize sua identidade real. Unificar as bases de dados pode afetar quem prefere manter o uso de cada aplicativo compartimentalizado – como manter o Instagram apenas para relações pessoais, por exemplo. 

Além disso, será um processo tecnicamente desafiador: hoje, o WhatsApp não armazena mensagens de seus usuários e mantém poucos dados deles; é o único dos três aplicativos que utiliza a criptografia de fim a fim. É uma função apoiada por ativistas de privacidade, que temem a intrusão de governos e hackers em comunicações privadas. Por outro lado, a criptografia também tem sido questionada – em especial, por tornar mais difícil o combate à desinformação. 

No ano passado, por exemplo, pesquisadores mostraram ter problemas ao rastrear desinformação no WhatsApp, antes da eleição presidencial brasileira. O máximo que a empresa fez recentemente para reduzir esse problema foi limitar a quantidade de vezes que uma mensagem pode ser compartilhada para cinco encaminhamentos. Para analistas, é pouco. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

Ideia de unificar sistema de mensagem entre aplicativos seria de Mark Zuckerberg, diz jornal Foto: Marcio Jose Sanchez/AP

Mark Zuckerberg, o presidente executivo do Facebook, está planejando a integração dos três serviços de mensagem de sua empresa – o WhatsApp, o Instagram e o Facebook Messenger. O projeto, descrito ao New York Times por quatro pessoas envolvidas no assunto, vai requerer que milhares de empregados do Facebook reconstruam as funções dos três aplicativos desde suas bases. Segundo as fontes, o Facebook ainda está nos estágios iniciais do projeto, que deve ser finalizado até o início de 2020. 

A meta é de que os serviços sigam funcionando como aplicativos separados, mas tenham a mesma infraestrutura de mensagens, incluindo o uso de criptografia de fim-a-fim, hoje presente apenas no WhatsApp. É um recurso importante: com ele, apenas os dois participantes da conversa podem ver as mensagens e ninguém mais – incluindo o próprio Facebook. Com as mudanças, a expectativa da empresa é de que, por exemplo, um usuário do Facebook possa enviar uma mensagem criptografada a alguém que só tem uma conta do WhatsApp, por exemplo. Hoje, isso não é possível porque os aplicativos são separados. 

Ao unir a infraestrutura dos seus aplicativos, Zuckerberg planeja aumentar a utilidade de sua rede social, mantendo bilhões de pessoas em seu ecossistema. A ideia é simples: com maior integração entre os aplicativos da empresa, menos pessoas usarão os rivais da companhia para se comunicarem – como os serviços de Apple e Google. Além disso, com maior interação pelos aplicativos do Facebook, a empresa também pode aumentar sua receita com publicidade, bem como adicionar novas fontes de faturamento aos apps. 

Outra utilidade da integração seria a de reforçar o papel do Facebook como uma ferramenta de comunicação global – hoje, o WhatsApp é popular na América do Sul e na Índia, mas se vê preterido pelo WeChat, na China, e até mesmo por mensagens SMS nos Estados Unidos. Além disso, as mudanças fornecem à Zuckerberg uma chance maior de fazer dinheiro com o Instagram e o WhatsApp. Hoje, os aplicativos geram pouca receita, apesar de terem, respectivamente, 1 bilhão e 1,5 bilhão de usuários mensalmente ativos. 

Procurado pelo New York Times, o Facebook disse que pretende “construir as melhores experiências de mensagens possíveis, com comunicação rápida, simples, confiável e privada. Estamos trabalhando em fazer todos nossos serviços criptografados e considerando jeitos para que seja mais fácil encontrar amigos e familiares pela rede.” 

Momento. A estratégia de Zuckerberg para ter mais controle sobre os diferentes aplicativos de sua empresa se segue a dois anos de escrutínio da rede social que criou há quinze anos. O Facebook segue sendo criticado por afetar as eleições e auxiliar na desinformação, além de escândalos de privacidade como o caso da consultoria Cambridge Analytica. São questões que diminuíram o crescimento da empresa nos últimos tempos e afetaram sua reputação, colocando-a na rota de parlamentares e reguladores. 

Costurar os aplicativos da empresa também é uma inversão da postura que o Facebook tomou com o Instagram e o WhatsApp, comprados pela empresa por bilhões de dólares nos últimos anos. Os dois aplicativos, ao serem adquiridos, contaram com a promessa de serem autônomos do comando central da empresa. (Já o Facebook Messenger foi feito “em casa” e se separou do aplicativo principal do Facebook em 2014). Quando o Facebook comprou o WhatsApp, em 2014, Jan Koum, fundador do app de mensagens, se manifestou em favor da privacidade dos usuários. “Se nossa união ao Facebook significasse que tivéssemos que mudar nossos valores, não teríamos aceitado.” 

Hoje, no entanto, os fundadores de WhatsApp e Instagram já não trabalham mais para o Facebook – todos eles deixaram a empresa nos últimos tempos. Segundo fontes, a causa para as saídas é justamente a queda-de-braço promovida por Zuckerberg para ter mais controle pelos outros aplicativos. Além disso, em dezembro de 2018, dúzias de funcionários do WhatsApp entraram em conflito direto com o fundador do Facebook por conta do plano de integração. 

As mudanças também levantam dúvidas no que diz respeito à privacidade dos dados – ainda não se sabe como a informação dos usuários será compartilhada entre os serviços. Isso porque hoje o WhatsApp pede apenas um número de telefone para o cadastro, enquanto o Facebook Messenger pede ao usuário que ele utilize sua identidade real. Unificar as bases de dados pode afetar quem prefere manter o uso de cada aplicativo compartimentalizado – como manter o Instagram apenas para relações pessoais, por exemplo. 

Além disso, será um processo tecnicamente desafiador: hoje, o WhatsApp não armazena mensagens de seus usuários e mantém poucos dados deles; é o único dos três aplicativos que utiliza a criptografia de fim a fim. É uma função apoiada por ativistas de privacidade, que temem a intrusão de governos e hackers em comunicações privadas. Por outro lado, a criptografia também tem sido questionada – em especial, por tornar mais difícil o combate à desinformação. 

No ano passado, por exemplo, pesquisadores mostraram ter problemas ao rastrear desinformação no WhatsApp, antes da eleição presidencial brasileira. O máximo que a empresa fez recentemente para reduzir esse problema foi limitar a quantidade de vezes que uma mensagem pode ser compartilhada para cinco encaminhamentos. Para analistas, é pouco. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

Ideia de unificar sistema de mensagem entre aplicativos seria de Mark Zuckerberg, diz jornal Foto: Marcio Jose Sanchez/AP

Mark Zuckerberg, o presidente executivo do Facebook, está planejando a integração dos três serviços de mensagem de sua empresa – o WhatsApp, o Instagram e o Facebook Messenger. O projeto, descrito ao New York Times por quatro pessoas envolvidas no assunto, vai requerer que milhares de empregados do Facebook reconstruam as funções dos três aplicativos desde suas bases. Segundo as fontes, o Facebook ainda está nos estágios iniciais do projeto, que deve ser finalizado até o início de 2020. 

A meta é de que os serviços sigam funcionando como aplicativos separados, mas tenham a mesma infraestrutura de mensagens, incluindo o uso de criptografia de fim-a-fim, hoje presente apenas no WhatsApp. É um recurso importante: com ele, apenas os dois participantes da conversa podem ver as mensagens e ninguém mais – incluindo o próprio Facebook. Com as mudanças, a expectativa da empresa é de que, por exemplo, um usuário do Facebook possa enviar uma mensagem criptografada a alguém que só tem uma conta do WhatsApp, por exemplo. Hoje, isso não é possível porque os aplicativos são separados. 

Ao unir a infraestrutura dos seus aplicativos, Zuckerberg planeja aumentar a utilidade de sua rede social, mantendo bilhões de pessoas em seu ecossistema. A ideia é simples: com maior integração entre os aplicativos da empresa, menos pessoas usarão os rivais da companhia para se comunicarem – como os serviços de Apple e Google. Além disso, com maior interação pelos aplicativos do Facebook, a empresa também pode aumentar sua receita com publicidade, bem como adicionar novas fontes de faturamento aos apps. 

Outra utilidade da integração seria a de reforçar o papel do Facebook como uma ferramenta de comunicação global – hoje, o WhatsApp é popular na América do Sul e na Índia, mas se vê preterido pelo WeChat, na China, e até mesmo por mensagens SMS nos Estados Unidos. Além disso, as mudanças fornecem à Zuckerberg uma chance maior de fazer dinheiro com o Instagram e o WhatsApp. Hoje, os aplicativos geram pouca receita, apesar de terem, respectivamente, 1 bilhão e 1,5 bilhão de usuários mensalmente ativos. 

Procurado pelo New York Times, o Facebook disse que pretende “construir as melhores experiências de mensagens possíveis, com comunicação rápida, simples, confiável e privada. Estamos trabalhando em fazer todos nossos serviços criptografados e considerando jeitos para que seja mais fácil encontrar amigos e familiares pela rede.” 

Momento. A estratégia de Zuckerberg para ter mais controle sobre os diferentes aplicativos de sua empresa se segue a dois anos de escrutínio da rede social que criou há quinze anos. O Facebook segue sendo criticado por afetar as eleições e auxiliar na desinformação, além de escândalos de privacidade como o caso da consultoria Cambridge Analytica. São questões que diminuíram o crescimento da empresa nos últimos tempos e afetaram sua reputação, colocando-a na rota de parlamentares e reguladores. 

Costurar os aplicativos da empresa também é uma inversão da postura que o Facebook tomou com o Instagram e o WhatsApp, comprados pela empresa por bilhões de dólares nos últimos anos. Os dois aplicativos, ao serem adquiridos, contaram com a promessa de serem autônomos do comando central da empresa. (Já o Facebook Messenger foi feito “em casa” e se separou do aplicativo principal do Facebook em 2014). Quando o Facebook comprou o WhatsApp, em 2014, Jan Koum, fundador do app de mensagens, se manifestou em favor da privacidade dos usuários. “Se nossa união ao Facebook significasse que tivéssemos que mudar nossos valores, não teríamos aceitado.” 

Hoje, no entanto, os fundadores de WhatsApp e Instagram já não trabalham mais para o Facebook – todos eles deixaram a empresa nos últimos tempos. Segundo fontes, a causa para as saídas é justamente a queda-de-braço promovida por Zuckerberg para ter mais controle pelos outros aplicativos. Além disso, em dezembro de 2018, dúzias de funcionários do WhatsApp entraram em conflito direto com o fundador do Facebook por conta do plano de integração. 

As mudanças também levantam dúvidas no que diz respeito à privacidade dos dados – ainda não se sabe como a informação dos usuários será compartilhada entre os serviços. Isso porque hoje o WhatsApp pede apenas um número de telefone para o cadastro, enquanto o Facebook Messenger pede ao usuário que ele utilize sua identidade real. Unificar as bases de dados pode afetar quem prefere manter o uso de cada aplicativo compartimentalizado – como manter o Instagram apenas para relações pessoais, por exemplo. 

Além disso, será um processo tecnicamente desafiador: hoje, o WhatsApp não armazena mensagens de seus usuários e mantém poucos dados deles; é o único dos três aplicativos que utiliza a criptografia de fim a fim. É uma função apoiada por ativistas de privacidade, que temem a intrusão de governos e hackers em comunicações privadas. Por outro lado, a criptografia também tem sido questionada – em especial, por tornar mais difícil o combate à desinformação. 

No ano passado, por exemplo, pesquisadores mostraram ter problemas ao rastrear desinformação no WhatsApp, antes da eleição presidencial brasileira. O máximo que a empresa fez recentemente para reduzir esse problema foi limitar a quantidade de vezes que uma mensagem pode ser compartilhada para cinco encaminhamentos. Para analistas, é pouco. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

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