Facebook Papers: Brasil é considerado 'país de risco'


Estudo analisou como usuários são impactados por conteúdos com discursos de ódio

Por Bruna Arimathea, Bruno Romani e Giovanna Wolf
Mark Zuckerberg, fundador e presidente executivo do Facebook Foto: Erin Scott/Reuters

O Facebook considera internamente o Brasil um “país de risco” para a propagação de conteúdos tóxicos. A informação aparece em documentos internos da empresa, obtidos pelo Estadão

Os dados estão nos “Facebook Papers”, um pacote de documentos da empresa vazados para um consórcio internacional de veículos de imprensa, incluindo Estadão,  New York Times, Washington Post, Guardian e Le Monde. As revelações fazem parte de divulgações feitas à Securities and Exchange Commission (SEC, na sigla em inglês), órgão regulador das empresas listadas em bolsa nos Estados Unidos. As informações foram fornecidas ao Congresso de forma editada pelo consultor jurídico de Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook que coletou pesquisas internas da rede social após pedir demissão em maio deste ano por discordar das atitudes da companhia.

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Publicado em 14 de maio de 2020 e atualizado em 5 de junho de 2020, o estudo analisou como usuários dos chamados “países de risco” são impactados por conteúdos com discursos de ódio, organizações perigosas e incitação à violência. Nessa pesquisa, são citados como países de risco: Índia, Egito, Turquia, Brasil e Filipinas. São considerados países fora de risco: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França. 

Os entrevistados tiveram de responder como eles se sentiam perante determinadas situações no Facebook como, por exemplo, um convite para um grupo com incitação de ódio, uma publicação com plano de matar várias pessoas ou uma postagem sugerindo vender crianças. A pesquisa teve como objetivo avaliar o quanto esses conteúdos atingiram os usuários em cada país.

O estudo conclui que esse tipo de material tóxico tem efeito mais forte em usuários dos países de risco – a partir disso, os pesquisadores da empresa recomendaram que fossem tomadas ações de integridade “mais agressivas” contra os danos nessas regiões. Não é possível saber o que foi implementado. 

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Além dessa pesquisa, o Brasil também é citado em outro documento como um país a ser monitorado com prioridade, ao lado de Estados Unidos e Índia. No estudo, o Facebook classifica as eleições municipais brasileiras como um ponto de atenção, juntamente com as eleições americanas, ambas no fim de 2020. 

Alemanha, Indonésia, Irã, Israel e Itália estão em segundo lugar na lista de prioridades. Em terceiro, está um grupo de 22 países, incluindo Azerbaijão, Chile, Egito, França e Venezuela. Na quarta camada, estão todos os outros países. O tópico aparece no documento como uma contraprova a um argumento apresentado pela empresa sobre o gerenciamento de conteúdo nos países – o documento também foi analisado pelo Estadão

Segundo o site americano The Verge, o Facebook turbinou esforços nos países considerados como prioridade máxima. Dentro disso, estariamum sistema de inteligência artificial para detectar discurso de ódio e desinformação nas línguas em questão e equipes de funcionários para analisar o conteúdo viral – o plano é construir um esquema para responder rapidamente a boatos e incitação à violência, com funcionamento durante 24 horas por dia e 7 dias por semana. O The Verge teve acesso ao documento completo apresentado à comissão. 

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O que diz o Facebook 

Sobre os vazamentos, o Facebook diz ao Estadão em nota: “A premissa central nestas histórias é falsa. Sim, somos um negócio e temos lucro. Mas a ideia de que lucramos às custas do bem-estar e da segurança das pessoas não compreende onde residem nossos próprios interesses comerciais.” 

A companhia afirma que tem mais de 40 mil pessoas na equipe de integridade. “Apenas em 2021, devemos investir mais de US$ 5 bilhões em segurança e integridade, mais do que qualquer outra empresa do setor de tecnologia”, diz. 

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A reportagem apurou que parte dos funcionários da empresa considera que os estudos estão sendo apresentados fora de contexto – e que parte da percepção ruim em relação aos serviços foi construída sobre os “ataques recebidos nos últimos anos”. 

Oficialmente, a empresa diz também: "Bilhões de pessoas no mundo, inclusive no Brasil, usam nossos serviços porque veem utilidade neles e têm boas experiências. Já investimos US$ 13 bilhões em segurança globalmente desde 2016 - estamos a caminho de investir US$5 bilhões só neste ano."

A empresa relembra ações que considera importante para melhorar a experiência dos usuários: "Investimos em pesquisas internas para ajudar a identificar de forma proativa onde podemos melhorar nossos produtos e políticas. Como parte de nossos esforços de integridade no Brasil, trabalhamos para proteger as eleições de 2020 e estabelecemos uma parceria com o Tribunal Superior Eleitoral em iniciativas de combate à desinformação e na criação de um canal para que pudessem denunciar contas do WhatsApp potencialmente envolvidas em disparos em massa."

Mark Zuckerberg, fundador e presidente executivo do Facebook Foto: Erin Scott/Reuters

O Facebook considera internamente o Brasil um “país de risco” para a propagação de conteúdos tóxicos. A informação aparece em documentos internos da empresa, obtidos pelo Estadão

Os dados estão nos “Facebook Papers”, um pacote de documentos da empresa vazados para um consórcio internacional de veículos de imprensa, incluindo Estadão,  New York Times, Washington Post, Guardian e Le Monde. As revelações fazem parte de divulgações feitas à Securities and Exchange Commission (SEC, na sigla em inglês), órgão regulador das empresas listadas em bolsa nos Estados Unidos. As informações foram fornecidas ao Congresso de forma editada pelo consultor jurídico de Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook que coletou pesquisas internas da rede social após pedir demissão em maio deste ano por discordar das atitudes da companhia.

Publicado em 14 de maio de 2020 e atualizado em 5 de junho de 2020, o estudo analisou como usuários dos chamados “países de risco” são impactados por conteúdos com discursos de ódio, organizações perigosas e incitação à violência. Nessa pesquisa, são citados como países de risco: Índia, Egito, Turquia, Brasil e Filipinas. São considerados países fora de risco: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França. 

Os entrevistados tiveram de responder como eles se sentiam perante determinadas situações no Facebook como, por exemplo, um convite para um grupo com incitação de ódio, uma publicação com plano de matar várias pessoas ou uma postagem sugerindo vender crianças. A pesquisa teve como objetivo avaliar o quanto esses conteúdos atingiram os usuários em cada país.

O estudo conclui que esse tipo de material tóxico tem efeito mais forte em usuários dos países de risco – a partir disso, os pesquisadores da empresa recomendaram que fossem tomadas ações de integridade “mais agressivas” contra os danos nessas regiões. Não é possível saber o que foi implementado. 

Além dessa pesquisa, o Brasil também é citado em outro documento como um país a ser monitorado com prioridade, ao lado de Estados Unidos e Índia. No estudo, o Facebook classifica as eleições municipais brasileiras como um ponto de atenção, juntamente com as eleições americanas, ambas no fim de 2020. 

Alemanha, Indonésia, Irã, Israel e Itália estão em segundo lugar na lista de prioridades. Em terceiro, está um grupo de 22 países, incluindo Azerbaijão, Chile, Egito, França e Venezuela. Na quarta camada, estão todos os outros países. O tópico aparece no documento como uma contraprova a um argumento apresentado pela empresa sobre o gerenciamento de conteúdo nos países – o documento também foi analisado pelo Estadão

Segundo o site americano The Verge, o Facebook turbinou esforços nos países considerados como prioridade máxima. Dentro disso, estariamum sistema de inteligência artificial para detectar discurso de ódio e desinformação nas línguas em questão e equipes de funcionários para analisar o conteúdo viral – o plano é construir um esquema para responder rapidamente a boatos e incitação à violência, com funcionamento durante 24 horas por dia e 7 dias por semana. O The Verge teve acesso ao documento completo apresentado à comissão. 

O que diz o Facebook 

Sobre os vazamentos, o Facebook diz ao Estadão em nota: “A premissa central nestas histórias é falsa. Sim, somos um negócio e temos lucro. Mas a ideia de que lucramos às custas do bem-estar e da segurança das pessoas não compreende onde residem nossos próprios interesses comerciais.” 

A companhia afirma que tem mais de 40 mil pessoas na equipe de integridade. “Apenas em 2021, devemos investir mais de US$ 5 bilhões em segurança e integridade, mais do que qualquer outra empresa do setor de tecnologia”, diz. 

A reportagem apurou que parte dos funcionários da empresa considera que os estudos estão sendo apresentados fora de contexto – e que parte da percepção ruim em relação aos serviços foi construída sobre os “ataques recebidos nos últimos anos”. 

Oficialmente, a empresa diz também: "Bilhões de pessoas no mundo, inclusive no Brasil, usam nossos serviços porque veem utilidade neles e têm boas experiências. Já investimos US$ 13 bilhões em segurança globalmente desde 2016 - estamos a caminho de investir US$5 bilhões só neste ano."

A empresa relembra ações que considera importante para melhorar a experiência dos usuários: "Investimos em pesquisas internas para ajudar a identificar de forma proativa onde podemos melhorar nossos produtos e políticas. Como parte de nossos esforços de integridade no Brasil, trabalhamos para proteger as eleições de 2020 e estabelecemos uma parceria com o Tribunal Superior Eleitoral em iniciativas de combate à desinformação e na criação de um canal para que pudessem denunciar contas do WhatsApp potencialmente envolvidas em disparos em massa."

Mark Zuckerberg, fundador e presidente executivo do Facebook Foto: Erin Scott/Reuters

O Facebook considera internamente o Brasil um “país de risco” para a propagação de conteúdos tóxicos. A informação aparece em documentos internos da empresa, obtidos pelo Estadão

Os dados estão nos “Facebook Papers”, um pacote de documentos da empresa vazados para um consórcio internacional de veículos de imprensa, incluindo Estadão,  New York Times, Washington Post, Guardian e Le Monde. As revelações fazem parte de divulgações feitas à Securities and Exchange Commission (SEC, na sigla em inglês), órgão regulador das empresas listadas em bolsa nos Estados Unidos. As informações foram fornecidas ao Congresso de forma editada pelo consultor jurídico de Frances Haugen, ex-funcionária do Facebook que coletou pesquisas internas da rede social após pedir demissão em maio deste ano por discordar das atitudes da companhia.

Publicado em 14 de maio de 2020 e atualizado em 5 de junho de 2020, o estudo analisou como usuários dos chamados “países de risco” são impactados por conteúdos com discursos de ódio, organizações perigosas e incitação à violência. Nessa pesquisa, são citados como países de risco: Índia, Egito, Turquia, Brasil e Filipinas. São considerados países fora de risco: Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França. 

Os entrevistados tiveram de responder como eles se sentiam perante determinadas situações no Facebook como, por exemplo, um convite para um grupo com incitação de ódio, uma publicação com plano de matar várias pessoas ou uma postagem sugerindo vender crianças. A pesquisa teve como objetivo avaliar o quanto esses conteúdos atingiram os usuários em cada país.

O estudo conclui que esse tipo de material tóxico tem efeito mais forte em usuários dos países de risco – a partir disso, os pesquisadores da empresa recomendaram que fossem tomadas ações de integridade “mais agressivas” contra os danos nessas regiões. Não é possível saber o que foi implementado. 

Além dessa pesquisa, o Brasil também é citado em outro documento como um país a ser monitorado com prioridade, ao lado de Estados Unidos e Índia. No estudo, o Facebook classifica as eleições municipais brasileiras como um ponto de atenção, juntamente com as eleições americanas, ambas no fim de 2020. 

Alemanha, Indonésia, Irã, Israel e Itália estão em segundo lugar na lista de prioridades. Em terceiro, está um grupo de 22 países, incluindo Azerbaijão, Chile, Egito, França e Venezuela. Na quarta camada, estão todos os outros países. O tópico aparece no documento como uma contraprova a um argumento apresentado pela empresa sobre o gerenciamento de conteúdo nos países – o documento também foi analisado pelo Estadão

Segundo o site americano The Verge, o Facebook turbinou esforços nos países considerados como prioridade máxima. Dentro disso, estariamum sistema de inteligência artificial para detectar discurso de ódio e desinformação nas línguas em questão e equipes de funcionários para analisar o conteúdo viral – o plano é construir um esquema para responder rapidamente a boatos e incitação à violência, com funcionamento durante 24 horas por dia e 7 dias por semana. O The Verge teve acesso ao documento completo apresentado à comissão. 

O que diz o Facebook 

Sobre os vazamentos, o Facebook diz ao Estadão em nota: “A premissa central nestas histórias é falsa. Sim, somos um negócio e temos lucro. Mas a ideia de que lucramos às custas do bem-estar e da segurança das pessoas não compreende onde residem nossos próprios interesses comerciais.” 

A companhia afirma que tem mais de 40 mil pessoas na equipe de integridade. “Apenas em 2021, devemos investir mais de US$ 5 bilhões em segurança e integridade, mais do que qualquer outra empresa do setor de tecnologia”, diz. 

A reportagem apurou que parte dos funcionários da empresa considera que os estudos estão sendo apresentados fora de contexto – e que parte da percepção ruim em relação aos serviços foi construída sobre os “ataques recebidos nos últimos anos”. 

Oficialmente, a empresa diz também: "Bilhões de pessoas no mundo, inclusive no Brasil, usam nossos serviços porque veem utilidade neles e têm boas experiências. Já investimos US$ 13 bilhões em segurança globalmente desde 2016 - estamos a caminho de investir US$5 bilhões só neste ano."

A empresa relembra ações que considera importante para melhorar a experiência dos usuários: "Investimos em pesquisas internas para ajudar a identificar de forma proativa onde podemos melhorar nossos produtos e políticas. Como parte de nossos esforços de integridade no Brasil, trabalhamos para proteger as eleições de 2020 e estabelecemos uma parceria com o Tribunal Superior Eleitoral em iniciativas de combate à desinformação e na criação de um canal para que pudessem denunciar contas do WhatsApp potencialmente envolvidas em disparos em massa."

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