Facebook perde US$ 119 bilhões e tem maior queda diária da história de Wall Street


Após balanço com projeções pessimistas, ações tiveram queda de 19% na bolsa de valores Nasdaq

Por Bruno Capelas
Fortuna de Mark Zuckerberg diminuiu com a queda das ações do Facebook Foto: Jim Wilson/ The New York Times

Nos últimos anos, as empresas de tecnologia se tornaram uma espécie de dogma em Wall Street: a despeito das crises na economia, elas pareciam ser capazes de atrair novos usuários, aumentar seus faturamentos e gerar mais valor para seus acionistas. Nesta quinta-feira, 26, essa fé foi posta à prova pelo Facebook: no pregão da Nasdaq, a empresa viu suas ações caírem 19% e perdeu US$ 119 bilhões em valor de mercado. É a maior perda diária de valor da história de uma empresa de capital aberto nos Estados Unidos. 

É como se, de um dia para o outro, desaparecesse o valor de uma Nike (US$ 125 bilhões), um McDonald’s (US$ 122,6 bilhões) ou uma General Electric (US$ 114 bilhões). 

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O resultado reflete o pessimismo dos investidores após a divulgação de projeções da empresa para os próximos trimestres: na quarta-feira, o Facebook anunciou que prevê queda em seu ritmo de crescimento de receita e de usuários para os próximos anos, bem como uma redução de suas margens de lucro – haverá mais gastos para proteger os dados dos usuários, o que também pode levar a perdas nas receitas com anúncios. 

Ainda na véspera, em negociações após o fechamento do mercado, a empresa já operava com queda de 20%, perdendo US$ 128 bilhões. O resultado de ontem só consolidou o movimento: ao fim do pregão regular, o Facebook registrou valor de mercado de US$ 510 bilhões, contra US$ 629 bilhões no fechamento anterior. 

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As projeções ruins são uma resposta da empresa para tempos delicados, após o escândalo com a consultoria política Cambridge Analytica colocar em xeque sua política de privacidade e segurança de 2,23 bilhões de usuários da rede social. Além disso, a empresa continua tendo a conduta criticada por permitir a propagação de notícias falsas durante as eleições americanas de 2016. 

O aumento dos gastos para resolver o problema de privacidade reduziu as projeções de crescimento e frustrou as expectativas dos investidores. Segundo analistas, é uma narrativa que pode contaminar outras empresas de tecnologia, que têm respondido pela maior parte do desempenho das bolsas americanas. Até a queda do Facebook nesta semana, mais da metade dos ganhos em 2018 do S&P 500 (índice calculado pela Standard & Poor’s que reúne as 500 companhias mais representativas da economia americana) se concentrava em empresas de tecnologia, apontou Savita Subramanian, do Bank of America Merrill Lynch, ao New York Times

O setor teve alguns dos maiores crescimentos do ano: a Apple viu suas ações subirem 15%. A Alphabet, holding que controla o Google, 20%. A Amazon já ultrapassou a marca de 50% de valorização, e o serviço de streaming Netflix subiu 90% desde 1.º de janeiro.  Além da polêmica sobre privacidade, os analistas apontam o risco de que o Facebook possa estar próximo de um ponto de saturação: hoje, a rede social atinge dois terços de toda a população online do mundo. 

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Diante disso, a tarefa da companhia se tornou mais difícil: à exceção do Instagram, que já tem 1 bilhão de usuários e muitos anunciantes, todas as apostas da empresa, como o WhatsApp, a realidade virtual e a área de vídeos, ainda estão longe de ter a tração necessária para fazer a empresa seguir crescendo. 

Há, no entanto, quem aposte que o Facebook esteja sendo extremamente cauteloso para depois surpreender os investidores. Para Michael Nathanson, analista da MoffettNathanson, a empresa pode reduzir seu potencial “para escapar de pressão regulatória” – afinal, se seus resultados forem piores, haverá menos pressão política para que a empresa sofra restrições, especialmente depois dos escândalos de privacidade. 

No Reino Unido, a rede social já foi multada em US$ 665 mil. Nos EUA, passa por inquéritos de três agências federais, incluindo o FBI. No Brasil, o Ministério Público abriu um processo que investiga a Cambridge Analytica e envolve indiretamente a empresa. 

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A história do Facebook em 30 fotos

1 | 22

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Foto: Reprodução
2 | 22

Início

Foto: Divulgação
3 | 22

Investimentos

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Plágio

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1 milhão de amigos

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Feed de Notícias

Foto: Reuters

Gigante. Só o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, perdeu US$ 15,4 bilhões, tendo agora fortuna avaliada em US$ 67,1 bilhões. Ele caiu duas posições no ranking dos mais ricos do mundo da revista Forbes – agora, está em sexto, depois de ser ultrapassado pelo megainvestidor Warren Buffett (US$ 82,6 bilhões) e pelo dono da Zara, Amancio Ortega (US$ 72,3 bilhões). O mais rico continua sendo Jeff Bezos, da Amazon. 

Além disso, a perda de valor do Facebook supera de longe os US$ 95 bilhões de desvalorização que a empresa teve no auge do caso Cambridge Analytica, em março. Mas o valor foi recuperado nos meses seguintes. Para alguns analistas, a conta dos escândalos chegou e gera dúvidas sobre o futuro da empresa. “Ainda temos ações deles por sua liderança na indústria”, disse Jake Dollarhide, executivo da Longbow Asset Management, à Reuters. “Mas quem pode dizer se o Facebook estará aqui em dez anos?”. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Fortuna de Mark Zuckerberg diminuiu com a queda das ações do Facebook Foto: Jim Wilson/ The New York Times

Nos últimos anos, as empresas de tecnologia se tornaram uma espécie de dogma em Wall Street: a despeito das crises na economia, elas pareciam ser capazes de atrair novos usuários, aumentar seus faturamentos e gerar mais valor para seus acionistas. Nesta quinta-feira, 26, essa fé foi posta à prova pelo Facebook: no pregão da Nasdaq, a empresa viu suas ações caírem 19% e perdeu US$ 119 bilhões em valor de mercado. É a maior perda diária de valor da história de uma empresa de capital aberto nos Estados Unidos. 

É como se, de um dia para o outro, desaparecesse o valor de uma Nike (US$ 125 bilhões), um McDonald’s (US$ 122,6 bilhões) ou uma General Electric (US$ 114 bilhões). 

O resultado reflete o pessimismo dos investidores após a divulgação de projeções da empresa para os próximos trimestres: na quarta-feira, o Facebook anunciou que prevê queda em seu ritmo de crescimento de receita e de usuários para os próximos anos, bem como uma redução de suas margens de lucro – haverá mais gastos para proteger os dados dos usuários, o que também pode levar a perdas nas receitas com anúncios. 

Ainda na véspera, em negociações após o fechamento do mercado, a empresa já operava com queda de 20%, perdendo US$ 128 bilhões. O resultado de ontem só consolidou o movimento: ao fim do pregão regular, o Facebook registrou valor de mercado de US$ 510 bilhões, contra US$ 629 bilhões no fechamento anterior. 

As projeções ruins são uma resposta da empresa para tempos delicados, após o escândalo com a consultoria política Cambridge Analytica colocar em xeque sua política de privacidade e segurança de 2,23 bilhões de usuários da rede social. Além disso, a empresa continua tendo a conduta criticada por permitir a propagação de notícias falsas durante as eleições americanas de 2016. 

O aumento dos gastos para resolver o problema de privacidade reduziu as projeções de crescimento e frustrou as expectativas dos investidores. Segundo analistas, é uma narrativa que pode contaminar outras empresas de tecnologia, que têm respondido pela maior parte do desempenho das bolsas americanas. Até a queda do Facebook nesta semana, mais da metade dos ganhos em 2018 do S&P 500 (índice calculado pela Standard & Poor’s que reúne as 500 companhias mais representativas da economia americana) se concentrava em empresas de tecnologia, apontou Savita Subramanian, do Bank of America Merrill Lynch, ao New York Times

O setor teve alguns dos maiores crescimentos do ano: a Apple viu suas ações subirem 15%. A Alphabet, holding que controla o Google, 20%. A Amazon já ultrapassou a marca de 50% de valorização, e o serviço de streaming Netflix subiu 90% desde 1.º de janeiro.  Além da polêmica sobre privacidade, os analistas apontam o risco de que o Facebook possa estar próximo de um ponto de saturação: hoje, a rede social atinge dois terços de toda a população online do mundo. 

Diante disso, a tarefa da companhia se tornou mais difícil: à exceção do Instagram, que já tem 1 bilhão de usuários e muitos anunciantes, todas as apostas da empresa, como o WhatsApp, a realidade virtual e a área de vídeos, ainda estão longe de ter a tração necessária para fazer a empresa seguir crescendo. 

Há, no entanto, quem aposte que o Facebook esteja sendo extremamente cauteloso para depois surpreender os investidores. Para Michael Nathanson, analista da MoffettNathanson, a empresa pode reduzir seu potencial “para escapar de pressão regulatória” – afinal, se seus resultados forem piores, haverá menos pressão política para que a empresa sofra restrições, especialmente depois dos escândalos de privacidade. 

No Reino Unido, a rede social já foi multada em US$ 665 mil. Nos EUA, passa por inquéritos de três agências federais, incluindo o FBI. No Brasil, o Ministério Público abriu um processo que investiga a Cambridge Analytica e envolve indiretamente a empresa. 

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Gigante. Só o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, perdeu US$ 15,4 bilhões, tendo agora fortuna avaliada em US$ 67,1 bilhões. Ele caiu duas posições no ranking dos mais ricos do mundo da revista Forbes – agora, está em sexto, depois de ser ultrapassado pelo megainvestidor Warren Buffett (US$ 82,6 bilhões) e pelo dono da Zara, Amancio Ortega (US$ 72,3 bilhões). O mais rico continua sendo Jeff Bezos, da Amazon. 

Além disso, a perda de valor do Facebook supera de longe os US$ 95 bilhões de desvalorização que a empresa teve no auge do caso Cambridge Analytica, em março. Mas o valor foi recuperado nos meses seguintes. Para alguns analistas, a conta dos escândalos chegou e gera dúvidas sobre o futuro da empresa. “Ainda temos ações deles por sua liderança na indústria”, disse Jake Dollarhide, executivo da Longbow Asset Management, à Reuters. “Mas quem pode dizer se o Facebook estará aqui em dez anos?”. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Fortuna de Mark Zuckerberg diminuiu com a queda das ações do Facebook Foto: Jim Wilson/ The New York Times

Nos últimos anos, as empresas de tecnologia se tornaram uma espécie de dogma em Wall Street: a despeito das crises na economia, elas pareciam ser capazes de atrair novos usuários, aumentar seus faturamentos e gerar mais valor para seus acionistas. Nesta quinta-feira, 26, essa fé foi posta à prova pelo Facebook: no pregão da Nasdaq, a empresa viu suas ações caírem 19% e perdeu US$ 119 bilhões em valor de mercado. É a maior perda diária de valor da história de uma empresa de capital aberto nos Estados Unidos. 

É como se, de um dia para o outro, desaparecesse o valor de uma Nike (US$ 125 bilhões), um McDonald’s (US$ 122,6 bilhões) ou uma General Electric (US$ 114 bilhões). 

O resultado reflete o pessimismo dos investidores após a divulgação de projeções da empresa para os próximos trimestres: na quarta-feira, o Facebook anunciou que prevê queda em seu ritmo de crescimento de receita e de usuários para os próximos anos, bem como uma redução de suas margens de lucro – haverá mais gastos para proteger os dados dos usuários, o que também pode levar a perdas nas receitas com anúncios. 

Ainda na véspera, em negociações após o fechamento do mercado, a empresa já operava com queda de 20%, perdendo US$ 128 bilhões. O resultado de ontem só consolidou o movimento: ao fim do pregão regular, o Facebook registrou valor de mercado de US$ 510 bilhões, contra US$ 629 bilhões no fechamento anterior. 

As projeções ruins são uma resposta da empresa para tempos delicados, após o escândalo com a consultoria política Cambridge Analytica colocar em xeque sua política de privacidade e segurança de 2,23 bilhões de usuários da rede social. Além disso, a empresa continua tendo a conduta criticada por permitir a propagação de notícias falsas durante as eleições americanas de 2016. 

O aumento dos gastos para resolver o problema de privacidade reduziu as projeções de crescimento e frustrou as expectativas dos investidores. Segundo analistas, é uma narrativa que pode contaminar outras empresas de tecnologia, que têm respondido pela maior parte do desempenho das bolsas americanas. Até a queda do Facebook nesta semana, mais da metade dos ganhos em 2018 do S&P 500 (índice calculado pela Standard & Poor’s que reúne as 500 companhias mais representativas da economia americana) se concentrava em empresas de tecnologia, apontou Savita Subramanian, do Bank of America Merrill Lynch, ao New York Times

O setor teve alguns dos maiores crescimentos do ano: a Apple viu suas ações subirem 15%. A Alphabet, holding que controla o Google, 20%. A Amazon já ultrapassou a marca de 50% de valorização, e o serviço de streaming Netflix subiu 90% desde 1.º de janeiro.  Além da polêmica sobre privacidade, os analistas apontam o risco de que o Facebook possa estar próximo de um ponto de saturação: hoje, a rede social atinge dois terços de toda a população online do mundo. 

Diante disso, a tarefa da companhia se tornou mais difícil: à exceção do Instagram, que já tem 1 bilhão de usuários e muitos anunciantes, todas as apostas da empresa, como o WhatsApp, a realidade virtual e a área de vídeos, ainda estão longe de ter a tração necessária para fazer a empresa seguir crescendo. 

Há, no entanto, quem aposte que o Facebook esteja sendo extremamente cauteloso para depois surpreender os investidores. Para Michael Nathanson, analista da MoffettNathanson, a empresa pode reduzir seu potencial “para escapar de pressão regulatória” – afinal, se seus resultados forem piores, haverá menos pressão política para que a empresa sofra restrições, especialmente depois dos escândalos de privacidade. 

No Reino Unido, a rede social já foi multada em US$ 665 mil. Nos EUA, passa por inquéritos de três agências federais, incluindo o FBI. No Brasil, o Ministério Público abriu um processo que investiga a Cambridge Analytica e envolve indiretamente a empresa. 

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Gigante. Só o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, perdeu US$ 15,4 bilhões, tendo agora fortuna avaliada em US$ 67,1 bilhões. Ele caiu duas posições no ranking dos mais ricos do mundo da revista Forbes – agora, está em sexto, depois de ser ultrapassado pelo megainvestidor Warren Buffett (US$ 82,6 bilhões) e pelo dono da Zara, Amancio Ortega (US$ 72,3 bilhões). O mais rico continua sendo Jeff Bezos, da Amazon. 

Além disso, a perda de valor do Facebook supera de longe os US$ 95 bilhões de desvalorização que a empresa teve no auge do caso Cambridge Analytica, em março. Mas o valor foi recuperado nos meses seguintes. Para alguns analistas, a conta dos escândalos chegou e gera dúvidas sobre o futuro da empresa. “Ainda temos ações deles por sua liderança na indústria”, disse Jake Dollarhide, executivo da Longbow Asset Management, à Reuters. “Mas quem pode dizer se o Facebook estará aqui em dez anos?”. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Fortuna de Mark Zuckerberg diminuiu com a queda das ações do Facebook Foto: Jim Wilson/ The New York Times

Nos últimos anos, as empresas de tecnologia se tornaram uma espécie de dogma em Wall Street: a despeito das crises na economia, elas pareciam ser capazes de atrair novos usuários, aumentar seus faturamentos e gerar mais valor para seus acionistas. Nesta quinta-feira, 26, essa fé foi posta à prova pelo Facebook: no pregão da Nasdaq, a empresa viu suas ações caírem 19% e perdeu US$ 119 bilhões em valor de mercado. É a maior perda diária de valor da história de uma empresa de capital aberto nos Estados Unidos. 

É como se, de um dia para o outro, desaparecesse o valor de uma Nike (US$ 125 bilhões), um McDonald’s (US$ 122,6 bilhões) ou uma General Electric (US$ 114 bilhões). 

O resultado reflete o pessimismo dos investidores após a divulgação de projeções da empresa para os próximos trimestres: na quarta-feira, o Facebook anunciou que prevê queda em seu ritmo de crescimento de receita e de usuários para os próximos anos, bem como uma redução de suas margens de lucro – haverá mais gastos para proteger os dados dos usuários, o que também pode levar a perdas nas receitas com anúncios. 

Ainda na véspera, em negociações após o fechamento do mercado, a empresa já operava com queda de 20%, perdendo US$ 128 bilhões. O resultado de ontem só consolidou o movimento: ao fim do pregão regular, o Facebook registrou valor de mercado de US$ 510 bilhões, contra US$ 629 bilhões no fechamento anterior. 

As projeções ruins são uma resposta da empresa para tempos delicados, após o escândalo com a consultoria política Cambridge Analytica colocar em xeque sua política de privacidade e segurança de 2,23 bilhões de usuários da rede social. Além disso, a empresa continua tendo a conduta criticada por permitir a propagação de notícias falsas durante as eleições americanas de 2016. 

O aumento dos gastos para resolver o problema de privacidade reduziu as projeções de crescimento e frustrou as expectativas dos investidores. Segundo analistas, é uma narrativa que pode contaminar outras empresas de tecnologia, que têm respondido pela maior parte do desempenho das bolsas americanas. Até a queda do Facebook nesta semana, mais da metade dos ganhos em 2018 do S&P 500 (índice calculado pela Standard & Poor’s que reúne as 500 companhias mais representativas da economia americana) se concentrava em empresas de tecnologia, apontou Savita Subramanian, do Bank of America Merrill Lynch, ao New York Times

O setor teve alguns dos maiores crescimentos do ano: a Apple viu suas ações subirem 15%. A Alphabet, holding que controla o Google, 20%. A Amazon já ultrapassou a marca de 50% de valorização, e o serviço de streaming Netflix subiu 90% desde 1.º de janeiro.  Além da polêmica sobre privacidade, os analistas apontam o risco de que o Facebook possa estar próximo de um ponto de saturação: hoje, a rede social atinge dois terços de toda a população online do mundo. 

Diante disso, a tarefa da companhia se tornou mais difícil: à exceção do Instagram, que já tem 1 bilhão de usuários e muitos anunciantes, todas as apostas da empresa, como o WhatsApp, a realidade virtual e a área de vídeos, ainda estão longe de ter a tração necessária para fazer a empresa seguir crescendo. 

Há, no entanto, quem aposte que o Facebook esteja sendo extremamente cauteloso para depois surpreender os investidores. Para Michael Nathanson, analista da MoffettNathanson, a empresa pode reduzir seu potencial “para escapar de pressão regulatória” – afinal, se seus resultados forem piores, haverá menos pressão política para que a empresa sofra restrições, especialmente depois dos escândalos de privacidade. 

No Reino Unido, a rede social já foi multada em US$ 665 mil. Nos EUA, passa por inquéritos de três agências federais, incluindo o FBI. No Brasil, o Ministério Público abriu um processo que investiga a Cambridge Analytica e envolve indiretamente a empresa. 

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Além disso, a perda de valor do Facebook supera de longe os US$ 95 bilhões de desvalorização que a empresa teve no auge do caso Cambridge Analytica, em março. Mas o valor foi recuperado nos meses seguintes. Para alguns analistas, a conta dos escândalos chegou e gera dúvidas sobre o futuro da empresa. “Ainda temos ações deles por sua liderança na indústria”, disse Jake Dollarhide, executivo da Longbow Asset Management, à Reuters. “Mas quem pode dizer se o Facebook estará aqui em dez anos?”. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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