Desde que foi criado por um grupo de alunos de Harvard, o Facebook só viu sua operação crescer nos últimos 18 anos, chegando a quase todos os cantos do mundo. Porém, nesta quarta-feira, 2, a empresa deu sinais de estagnação. O relatório financeiro da companhia relativo ao trimestre encerrado em dezembro de 2021 mostra que a rede social perdeu usuários pela primeira vez em sua história, considerando a quantidade de acessos por dia.
Segundo o balanço, o Facebook perdeu cerca de 500 mil usuários diários globalmente nos últimos três meses do ano passado – o número passou de 1,930 bilhão para 1,929 bilhão. Após a divulgação dos resultados nesta quarta-feira, as ações da empresa caíram cerca de 20%, gerando uma perda de US$ 200 bilhões em valor de mercado.
A queda foi maior na África e na América Latina – houve perda de usuários também nos EUA e no Canadá. A rede social, porém, cresceu na Europa e na Ásia.
O declínio parece ser consequência da perda de relevância do Facebook entre jovens. É um problema reconhecido pelo fundador e presidente executivo da empresa, Mark Zuckerberg. “O TikTok já é um concorrente grande e também continua a crescer em um ritmo bastante rápido”, disse o executivo nesta quarta-feira, em conferência com investidores.
Tempos difíceis
Apesar da queda em usuários diários, o Facebook cresceu sua base de usuários mensais ativos nas plataformas do grupo (MAUs, na sigla em inglês), registrando 2,91 bilhões, alta de 4% na comparação com o mesmo período de 2020 – mas não o suficiente para agradar o mercado financeiro, que esperava o número de 2,95 bilhões.
Nem mesmo o metaverso, aposta de Mark Zuckerberg como futuro modelo de negócio da empresa, deu sinais positivos: a divisão, que estreou em destaque separado nos balanços da empresa, registrou prejuízo de US$ 3,3 bilhões nas operações no último trimestre de 2021. Na prática, isso significa que o que é faturado com produtos de realidades virtual e aumentada ainda não paga as contas da nova divisão.
Aumentando ainda mais a insatisfação com investidores, a Meta projeta que o ano de 2022 deve ser mais difícil, impactando negativamente o desempenho do grupo. Os fatores que devem frear o crescimento são a inflação, cuja alta nos preços é sentida em todo o mundo, e problemas de logística, ambos afetando a circulação de venda de anúncios nas plataformas.
Além disso, a empresa afirmou no balanço que espera ver mais ventos contrários “tanto pelo aumento da corrida pelo tempo das pessoas quanto pela mudança de engajamento em nossos aplicativos de vídeo, como Reels, que gera receitas mais baixas do que o feed de notícias e os Stories”.