O Facebook anunciou, na manhã desta terça-feira, 1, uma nova ferramenta que permitirá aos usuários da rede social apagar os registros de navegação coletados pela empresa -- isto é, as informações sobre sites e aplicativos utilizados pelas pessoas mesmo quando não estão utilizando diretamente o Facebook.
O anúncio foi feito durante a F8, conferência anual de desenvolvedores do Facebook realizada esta semana em San José, e é mais uma medida tomada pela empresa para conter o escândalo de privacidade em que se envolveu há cerca de um mês e meio, quando jornais revelaram o uso ilícito de dados de 87 milhões de pessoas pela consultoria Cambridge Analytica.
Segundo o presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, a ferramenta, chamada pela empresa de Clear History, estará disponível para as pessoas "nos próximos meses" e será simples como as que hoje já existem em navegadores como o Google Chrome e o Mozilla Firefox. Para limpar o histórico de navegação e atividades realizadas pelos usuários, bastarão apenas alguns cliques.
A prática de coleta de atividades de navegação é algo comum na internet -- um recurso chamado de "cookies", utilizado por grandes empresas para, ao menos a princípio, otimizar a experiência dos usuários. No caso do Facebook, as informações de navegação coletadas são utilizadas, por exemplo, para mostrar às pessoas anúncios mais relevantes ou armazenar senhas de serviços cujas contas estejam integradas à da rede social.
"Quando você limpa cookies hoje em seu navegador, você pode piorar sua experiência, como ter de cadastrar todas as suas senhas que estavam salvas no navegador. Com o Facebook, será parecido", disse Mark Zuckerberg. "No entanto, sentimos que é importante para as pessoas poderem escolher se devemos guardar suas atividades ou não."
O anúncio da ferramenta de limpeza de histórico de navegação foi o principal feito por Mark Zuckerberg relativo à área de privacidade durante a abertura da F8, que acontece até quarta-feira, 2, em San José. Em sua fala, que durou pouco mais de trinta minutos, o executivo se mostrou à vontade e tentou incentivar a comunidade de desenvolvedores de aplicativos presentes. "Precisamos fazer mais para manter as pessoas seguras, mas também precisamos construir coisas novas para seguir em frente", disse Zuckerberg.
Ao longo de seu discurso, o executivo também se mostrou bem-humorado e à vontade, como não acontecia há algum tempo, e de forma bem diferente da imagem que mostrou, por exemplo, nas dez horas em que depôs no Congresso americano, no início de abril. Ele foi até capaz de fazer piada com a situação. "Meus amigos se juntaram em uma sessão de vídeo pelo Facebook para assistir meu depoimento. Por favor, não vamos repetir isso", brincou.
*O repórter viajou a convite do Facebook