Febre tecnológica: veja 4 gráficos que explicam a explosão da inteligência artificial


Empresas mais valiosas do mundo lucraram com o avanço da IA e já somam mais de US$ 12 trilhões de valor de mercado juntas

Por Bruna Arimathea
Atualização:

Desde o lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, a inteligência artificial (IA) se tornou o principal motor do mundo da tecnologia - um processo que encurtou a ressaca do setor após o fim da pandemia, que resultou em demissões e cortes de investimentos nas principais companhias do setor entre o final de 2022 e o começo de 2023.

A euforia com a IA generativa fortaleceu novamente as principais empresas de tecnologia do mundo e trouxe novos nomes para o pequeno seleto dos gigantes do setor. Juntas, as sete maiores empresas do mundo somam um valor de mercado de pouco mais de US$ 12 trilhões, um crescimento de mais de 70% nos últimos dois anos, de acordo com dados da gestora financeira Arbor Capital.

Um exemplo do sucesso no assunto é a Nvidia. No último dia 22, um dia após o seu balanço financeiro apresentar um lucro líquido de US$ 12,285 bilhões no quarto trimestre de 2023, o preço das ações da fabricante de chips subiu 16%, aumentando o valor de mercado da empresa em impressionantes US$ 273 bilhões em apenas um dia, um valor recorde - o que fez a empresa entrar de vez no clube das mais valiosas do mundo.

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Balanço financeiro apresentou um lucro líquido de US$ 12,285 bilhões no quarto trimestre de 2023  Foto: Brendan McDermid/Reuters

Mas o “G7″ não triunfa apenas com a fabricante de processadores. De chatbots de IA até softwares de carros autônomos, as outras seis empresas caminham a passos largos para alcançar as maiores avaliações de suas histórias. Veja abaixo quatro gráficos que ajudam a entender a explosão da IA no último ano.

“Magnificent Seven”

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O G7 da tecnologia, conhecido como Magnificent Seven, é responsável por 29% do valor de mercado do S&P 500, índice que abrange as 500 empresas mais valiosas do mundo - o grupo é composto por Apple, Amazon, Google, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla. Em janeiro de 2022, por exemplo, a Nvidia era a empresa com menor avaliação, valendo US$ 611,98 bilhões.

Em meio a demanda crescente por seus semicondutores, que são usados para alimentar aplicativos de IA, a companhia já ultrapassou o valor de mercado de Amazon, Google e Meta, estando perto de alcançar a avaliação de US$ 2 trilhões.

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“A empresa não focou em desenvolver memória RAM ou memória de processamento para laptop, mas em componentes de performance. Com isso, ela surfou muito bem a onda da IA para oferecer seus semicondutores”, explica William Castro Alves, estrategista-chefe da consultoria Avenue.

Para as veteranas do topo da lista, o movimento foi igualmente benéfico. Enquanto o ChatGPT, da OpenAI, lançado em novembro de 2022, fazia barulho, empresas como Google, Meta e Amazon, por exemplo, tiveram que apostar em seus departamentos de pesquisa para desenvolver ferramentas de IA que pudessem disputar a atenção do mercado.

A Microsoft, por exemplo, optou por fazer parceria com a própria OpenAI para alavancar seu site de busca Bing e é a empresa mais valiosa entre as gigantes de tecnologia. Já o Google lançou seu próprio chatbot de IA, o Gemini, e segue fazendo investimentos para integrar os recursos em seu site de buscas.

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Ainda assim, a percepção de que o Google largou atrasado em uma corrida na qual ele supostamente dominava fez a empresa se valorizar menos do que as rivais. É uma sensação parecida com a situação da Apple. Focada no lançamento dos óculos Vision Pro, as ações da companhia continuaram valorizadas graças aos resultados de venda do iPhone. Mas isso não ocorreu ao ponto dela se manter no topo da corrida, o que já força a gigante a prometer grandes avanços em IA para 2024.

Já a Meta, de Mark Zuckerberg, deixou de lado a conversa sobre metaverso, que parecia ser o seu maior foco para os próximos anos, e passou também a se aventurar nas IAs de geração de conteúdo.

A Tesla, única companhia do grupo que viu queda nas ações a longo prazo, tem tentado incluir programas que utilizam processamento de linguagem neural para equipar carros autônomos - mas dúvidas sobre o futuro do carro autônomo e dos carros elétricos esfriaram o valor da companhia.

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Ao todo, essas empresas somam US$ 12,7 trilhões dos US$ 42,2 trilhões que representam as 500 empresas da lista. Enquanto o crescimento das outras 493 empresas fica em torno de 25% nos últimos dois anos, as sete do topo registraram alta de, pelo menos, 73%.

Como as empresas já tinham grande avaliação e centenas de milhões de dólares para investir, foi possível correr para acompanhar o crescimento da IA. O resultado pode ser visto na euforia de investidores quando as ações começaram a se valorizar, principalmente no início de 2023.

E o cenário tende a melhorar no setor, de acordo com Alves, que compara o momento da IA com um outro grande período da tecnologia. “Tem um espaço muito grande de crescimento (para as empresas) numa linha quase do que foi a internet nos anos 2000″, explica.

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Intel vs Nvidia

Enquanto a Intel, um dos nomes mais tradicionais de chips no mercado, construiu um plano para equipar computadores com processadores de ponta, a Nvidia seguiu para o mercado de games e placas de vídeo. A decisão se mostrou altamente benéfica quando pesquisadores e cientistas perceberam que os chips gráficos da Nvidia (GPUs) poderiam ser otimizados para o processamento de IA.

Durante os últimos dois anos, quando o boom da inteligência artificial chamou a atenção para todas as áreas que envolvem a tecnologia - inclusive o processamento de LLMs que alimentam essas ferramentas - a Nvidia saltou no mercado como a empresa que, não apenas sabia como produzir esses componentes, mas tinha produtos a pronta entrega para quem estava desenvolvendo programas a curto prazo. Resultado, a Nvidia domina 70% desse mercado.

Assim, a vantagem que a Nvidia já mantinha em relação ao valor de mercado da Intel foi ampliado nos últimos meses. Para a Intel, há a sensação da reprise de um pesadelo. Depois de perder para a Arm e Qualcomm a corrida pelos chips de celulares e outros dispositivos móveis, a companhia ficou para trás na corrida dos processadores de IA.

Mas nem tudo está perdido para a Intel. Segundo Alves, da Avenue, o mercado pode ainda ser “bondoso” com a empresa. Com o crescimento rápido do setor, a demanda e o espaço de crescimento de ferramentas com IA pode trazer a Intel de volta para a briga com a Nvidia nos próximos anos se a empresa investir na área.

“Existe um mercado muito grande e que pode perdurar durante algum tempo. A Nvidia está muito à frente, está surfando melhor. Mas dado que o mercado é tão amplo e que vai demandar tantos semicondutores, a Intel pode ter espaço nesse mercado”, afirma Alves.

Para Matheus Popst, sócio da gestora Arbor Capital, o caminho para a Intel alcançar a relevância que a Nvidia ganhou é árduo e turbulento. O grande foco em CPUs, de capacidade de processamento para computadores, atrasou demais a empresa, de acordo com o especialista, mas a companhia ainda pode levar o crédito na iniciativa de abarcar chips de IA integrada diretamente nos computadores.

Enquanto isso, a Nvidia precisa continuar se certificando da posição que ocupa no mercado para manter o status. “Mais do que continuar crescendo, o importante é que as pessoas continuem comprando nesse ritmo alto. A Nvidia precisa continuar relevante porque é impossível crescer 400% todo o ano”, explica Popst.

Crescimento da OpenAI

O momento do G7, porém, não seria possível sem uma startup, que ainda não tem ações listadas em bolsa. A OpenAI, que criou o ChatGPT, viu a sua avaliação de mercado se valorizar 40 vezes desde que tornou o chatbot público.

Antes do ChatGPT, a companhia fundada por Sam Altman estava avaliada em US$ 2,9 bilhões - estava longe das startups mais valiosas do mundo, segundo o ranking da consultoria CB Insights.

Ao todo, porém, a OpenAI garantiu um investimento de US$ 13 bilhões da Microsoft - a maior parte feita no ano passado. Com a empolgação de investidores, a startup foi reavaliada em US$ 80 bilhões, quase 40 vezes mais valiosa do que quando lançou o chatbot. Assim, a empresa se tornou a terceira startup mais valiosa do mundo, segundo ranking da CB Insights. Ela está atrás apenas de ByteDance (dona do TikTok) e SpaceX.

“Acho que hoje existiria espaço para gerar valor para um possível acionista da OpenAI”, aponta Alves, da Avenue. “Se a empresa de fato abrisse capital, conseguiria alcançar um valor de mercado muito grande aproveitando esse frenesi e as expectativas que se tem”.

A startup também aproveita a onda que lhe rendeu o status de pioneira nos produtos de IA voltados para o público (e não apenas para sistemas internos de empresas, por exemplo). No portfólio, além do ChatGPT, de texto, a empresa tem o DALL-E, de imagens, e o Sora, que gera vídeos a partir de comandos escritos.

O próximo movimento da startup pode ser em direção ao que fez da Nvidia uma potência no setor. Altman indicou o desejo de levantar trilhões de dólares para entrar no setor de semicondutores, essenciais para o processamento de LLMs. O executivo já se reuniu com possíveis investidores, que inclui o governo dos Emirados Árabes, de acordo com informações do jornal americano Wall Street Journal.

Com o novo projeto, Altman quer transformar a OpenAI em uma fabricante de chips de IA, de olho na própria demanda da empresa e na escassez do mercado de componentes especializados. Se concretizado, o valor total do projeto de Altman pode chegar a US$ 7 trilhões.

Microsoft

Escanteada por muitos anos por rivais como Google, Meta e Amazon, a Microsoft teve um retorno glorioso com o empurrão da IA. Em 2019, a empresa foi a primeira a se interessar pela OpenAI. Desde então, a companhia fundada por Bill Gates investiu US$ 13 bilhões na startup e passou a integrar a tecnologia da parceira em seus produtos.

Ao embutir o ChatGPT ao Bing, seu site de pesquisas, a empresa deu um salto. Dentro de seus produtos mais clássicos, como o Windows e o Microsoft 365, a companhia habilitou sua IA, chamada Copilot, para ajudar usuários por meio da IA generativa - no Word, sugerindo temas de trabalho, no Outlook, automatizando respostas de e-mails, e até no Excel, gerando fórmulas e códigos específicos para planilhas.

“A Microsoft é, hoje, a empresa mais bem posicionada para se beneficiar do mercado de IA. Ela investe mais em IA do que qualquer outra empresa e esse é um mercado muito competitivo”, afirma Popst.

Além disso, a Microsoft conseguiu convencer fabricantes de computadores a adicionar um novo botão aos notebooks: a empresa anunciou, no início deste ano, que os próximos computadores com Windows terão uma tecla dedicada a acionar diretamente a IA do sistema operacional.

Assim, em setembro de 2022, a ação da Microsoft valia cerca de US$ 232. Neste ano, os papéis são negociados por cerca de US$ 415. O último balanço financeiro da empresa, divulgado em janeiro, também mostrou que a receita cresceu 18% em relação ao mesmo período do ano passado. Atualmente, a Microsoft ocupa o primeiro lugar da lista S&P 500. Em fevereiro deste ano, ela passour a valer US$ 3,03 trilhões, superando a rival histórica Apple, que valia US$ 2,7 trilhões.

Agora, a empresa de tecnologia mais valiosa do mundo também quer entrar na disputa dos semicondutores. A companhia lançou, recentemente, o Maia, chip com capacidade para rodar LLMs da base do serviço Azure, de nuvem. Encontrar um caminho para desenvolver bons processadores pode fazer a Microsoft se manter no topo por um bom tempo - e torná-la ainda mais rica do que é hoje.

Desde o lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, a inteligência artificial (IA) se tornou o principal motor do mundo da tecnologia - um processo que encurtou a ressaca do setor após o fim da pandemia, que resultou em demissões e cortes de investimentos nas principais companhias do setor entre o final de 2022 e o começo de 2023.

A euforia com a IA generativa fortaleceu novamente as principais empresas de tecnologia do mundo e trouxe novos nomes para o pequeno seleto dos gigantes do setor. Juntas, as sete maiores empresas do mundo somam um valor de mercado de pouco mais de US$ 12 trilhões, um crescimento de mais de 70% nos últimos dois anos, de acordo com dados da gestora financeira Arbor Capital.

Um exemplo do sucesso no assunto é a Nvidia. No último dia 22, um dia após o seu balanço financeiro apresentar um lucro líquido de US$ 12,285 bilhões no quarto trimestre de 2023, o preço das ações da fabricante de chips subiu 16%, aumentando o valor de mercado da empresa em impressionantes US$ 273 bilhões em apenas um dia, um valor recorde - o que fez a empresa entrar de vez no clube das mais valiosas do mundo.

Balanço financeiro apresentou um lucro líquido de US$ 12,285 bilhões no quarto trimestre de 2023  Foto: Brendan McDermid/Reuters

Mas o “G7″ não triunfa apenas com a fabricante de processadores. De chatbots de IA até softwares de carros autônomos, as outras seis empresas caminham a passos largos para alcançar as maiores avaliações de suas histórias. Veja abaixo quatro gráficos que ajudam a entender a explosão da IA no último ano.

“Magnificent Seven”

O G7 da tecnologia, conhecido como Magnificent Seven, é responsável por 29% do valor de mercado do S&P 500, índice que abrange as 500 empresas mais valiosas do mundo - o grupo é composto por Apple, Amazon, Google, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla. Em janeiro de 2022, por exemplo, a Nvidia era a empresa com menor avaliação, valendo US$ 611,98 bilhões.

Em meio a demanda crescente por seus semicondutores, que são usados para alimentar aplicativos de IA, a companhia já ultrapassou o valor de mercado de Amazon, Google e Meta, estando perto de alcançar a avaliação de US$ 2 trilhões.

“A empresa não focou em desenvolver memória RAM ou memória de processamento para laptop, mas em componentes de performance. Com isso, ela surfou muito bem a onda da IA para oferecer seus semicondutores”, explica William Castro Alves, estrategista-chefe da consultoria Avenue.

Para as veteranas do topo da lista, o movimento foi igualmente benéfico. Enquanto o ChatGPT, da OpenAI, lançado em novembro de 2022, fazia barulho, empresas como Google, Meta e Amazon, por exemplo, tiveram que apostar em seus departamentos de pesquisa para desenvolver ferramentas de IA que pudessem disputar a atenção do mercado.

A Microsoft, por exemplo, optou por fazer parceria com a própria OpenAI para alavancar seu site de busca Bing e é a empresa mais valiosa entre as gigantes de tecnologia. Já o Google lançou seu próprio chatbot de IA, o Gemini, e segue fazendo investimentos para integrar os recursos em seu site de buscas.

Ainda assim, a percepção de que o Google largou atrasado em uma corrida na qual ele supostamente dominava fez a empresa se valorizar menos do que as rivais. É uma sensação parecida com a situação da Apple. Focada no lançamento dos óculos Vision Pro, as ações da companhia continuaram valorizadas graças aos resultados de venda do iPhone. Mas isso não ocorreu ao ponto dela se manter no topo da corrida, o que já força a gigante a prometer grandes avanços em IA para 2024.

Já a Meta, de Mark Zuckerberg, deixou de lado a conversa sobre metaverso, que parecia ser o seu maior foco para os próximos anos, e passou também a se aventurar nas IAs de geração de conteúdo.

A Tesla, única companhia do grupo que viu queda nas ações a longo prazo, tem tentado incluir programas que utilizam processamento de linguagem neural para equipar carros autônomos - mas dúvidas sobre o futuro do carro autônomo e dos carros elétricos esfriaram o valor da companhia.

Ao todo, essas empresas somam US$ 12,7 trilhões dos US$ 42,2 trilhões que representam as 500 empresas da lista. Enquanto o crescimento das outras 493 empresas fica em torno de 25% nos últimos dois anos, as sete do topo registraram alta de, pelo menos, 73%.

Como as empresas já tinham grande avaliação e centenas de milhões de dólares para investir, foi possível correr para acompanhar o crescimento da IA. O resultado pode ser visto na euforia de investidores quando as ações começaram a se valorizar, principalmente no início de 2023.

E o cenário tende a melhorar no setor, de acordo com Alves, que compara o momento da IA com um outro grande período da tecnologia. “Tem um espaço muito grande de crescimento (para as empresas) numa linha quase do que foi a internet nos anos 2000″, explica.

Intel vs Nvidia

Enquanto a Intel, um dos nomes mais tradicionais de chips no mercado, construiu um plano para equipar computadores com processadores de ponta, a Nvidia seguiu para o mercado de games e placas de vídeo. A decisão se mostrou altamente benéfica quando pesquisadores e cientistas perceberam que os chips gráficos da Nvidia (GPUs) poderiam ser otimizados para o processamento de IA.

Durante os últimos dois anos, quando o boom da inteligência artificial chamou a atenção para todas as áreas que envolvem a tecnologia - inclusive o processamento de LLMs que alimentam essas ferramentas - a Nvidia saltou no mercado como a empresa que, não apenas sabia como produzir esses componentes, mas tinha produtos a pronta entrega para quem estava desenvolvendo programas a curto prazo. Resultado, a Nvidia domina 70% desse mercado.

Assim, a vantagem que a Nvidia já mantinha em relação ao valor de mercado da Intel foi ampliado nos últimos meses. Para a Intel, há a sensação da reprise de um pesadelo. Depois de perder para a Arm e Qualcomm a corrida pelos chips de celulares e outros dispositivos móveis, a companhia ficou para trás na corrida dos processadores de IA.

Mas nem tudo está perdido para a Intel. Segundo Alves, da Avenue, o mercado pode ainda ser “bondoso” com a empresa. Com o crescimento rápido do setor, a demanda e o espaço de crescimento de ferramentas com IA pode trazer a Intel de volta para a briga com a Nvidia nos próximos anos se a empresa investir na área.

“Existe um mercado muito grande e que pode perdurar durante algum tempo. A Nvidia está muito à frente, está surfando melhor. Mas dado que o mercado é tão amplo e que vai demandar tantos semicondutores, a Intel pode ter espaço nesse mercado”, afirma Alves.

Para Matheus Popst, sócio da gestora Arbor Capital, o caminho para a Intel alcançar a relevância que a Nvidia ganhou é árduo e turbulento. O grande foco em CPUs, de capacidade de processamento para computadores, atrasou demais a empresa, de acordo com o especialista, mas a companhia ainda pode levar o crédito na iniciativa de abarcar chips de IA integrada diretamente nos computadores.

Enquanto isso, a Nvidia precisa continuar se certificando da posição que ocupa no mercado para manter o status. “Mais do que continuar crescendo, o importante é que as pessoas continuem comprando nesse ritmo alto. A Nvidia precisa continuar relevante porque é impossível crescer 400% todo o ano”, explica Popst.

Crescimento da OpenAI

O momento do G7, porém, não seria possível sem uma startup, que ainda não tem ações listadas em bolsa. A OpenAI, que criou o ChatGPT, viu a sua avaliação de mercado se valorizar 40 vezes desde que tornou o chatbot público.

Antes do ChatGPT, a companhia fundada por Sam Altman estava avaliada em US$ 2,9 bilhões - estava longe das startups mais valiosas do mundo, segundo o ranking da consultoria CB Insights.

Ao todo, porém, a OpenAI garantiu um investimento de US$ 13 bilhões da Microsoft - a maior parte feita no ano passado. Com a empolgação de investidores, a startup foi reavaliada em US$ 80 bilhões, quase 40 vezes mais valiosa do que quando lançou o chatbot. Assim, a empresa se tornou a terceira startup mais valiosa do mundo, segundo ranking da CB Insights. Ela está atrás apenas de ByteDance (dona do TikTok) e SpaceX.

“Acho que hoje existiria espaço para gerar valor para um possível acionista da OpenAI”, aponta Alves, da Avenue. “Se a empresa de fato abrisse capital, conseguiria alcançar um valor de mercado muito grande aproveitando esse frenesi e as expectativas que se tem”.

A startup também aproveita a onda que lhe rendeu o status de pioneira nos produtos de IA voltados para o público (e não apenas para sistemas internos de empresas, por exemplo). No portfólio, além do ChatGPT, de texto, a empresa tem o DALL-E, de imagens, e o Sora, que gera vídeos a partir de comandos escritos.

O próximo movimento da startup pode ser em direção ao que fez da Nvidia uma potência no setor. Altman indicou o desejo de levantar trilhões de dólares para entrar no setor de semicondutores, essenciais para o processamento de LLMs. O executivo já se reuniu com possíveis investidores, que inclui o governo dos Emirados Árabes, de acordo com informações do jornal americano Wall Street Journal.

Com o novo projeto, Altman quer transformar a OpenAI em uma fabricante de chips de IA, de olho na própria demanda da empresa e na escassez do mercado de componentes especializados. Se concretizado, o valor total do projeto de Altman pode chegar a US$ 7 trilhões.

Microsoft

Escanteada por muitos anos por rivais como Google, Meta e Amazon, a Microsoft teve um retorno glorioso com o empurrão da IA. Em 2019, a empresa foi a primeira a se interessar pela OpenAI. Desde então, a companhia fundada por Bill Gates investiu US$ 13 bilhões na startup e passou a integrar a tecnologia da parceira em seus produtos.

Ao embutir o ChatGPT ao Bing, seu site de pesquisas, a empresa deu um salto. Dentro de seus produtos mais clássicos, como o Windows e o Microsoft 365, a companhia habilitou sua IA, chamada Copilot, para ajudar usuários por meio da IA generativa - no Word, sugerindo temas de trabalho, no Outlook, automatizando respostas de e-mails, e até no Excel, gerando fórmulas e códigos específicos para planilhas.

“A Microsoft é, hoje, a empresa mais bem posicionada para se beneficiar do mercado de IA. Ela investe mais em IA do que qualquer outra empresa e esse é um mercado muito competitivo”, afirma Popst.

Além disso, a Microsoft conseguiu convencer fabricantes de computadores a adicionar um novo botão aos notebooks: a empresa anunciou, no início deste ano, que os próximos computadores com Windows terão uma tecla dedicada a acionar diretamente a IA do sistema operacional.

Assim, em setembro de 2022, a ação da Microsoft valia cerca de US$ 232. Neste ano, os papéis são negociados por cerca de US$ 415. O último balanço financeiro da empresa, divulgado em janeiro, também mostrou que a receita cresceu 18% em relação ao mesmo período do ano passado. Atualmente, a Microsoft ocupa o primeiro lugar da lista S&P 500. Em fevereiro deste ano, ela passour a valer US$ 3,03 trilhões, superando a rival histórica Apple, que valia US$ 2,7 trilhões.

Agora, a empresa de tecnologia mais valiosa do mundo também quer entrar na disputa dos semicondutores. A companhia lançou, recentemente, o Maia, chip com capacidade para rodar LLMs da base do serviço Azure, de nuvem. Encontrar um caminho para desenvolver bons processadores pode fazer a Microsoft se manter no topo por um bom tempo - e torná-la ainda mais rica do que é hoje.

Desde o lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, a inteligência artificial (IA) se tornou o principal motor do mundo da tecnologia - um processo que encurtou a ressaca do setor após o fim da pandemia, que resultou em demissões e cortes de investimentos nas principais companhias do setor entre o final de 2022 e o começo de 2023.

A euforia com a IA generativa fortaleceu novamente as principais empresas de tecnologia do mundo e trouxe novos nomes para o pequeno seleto dos gigantes do setor. Juntas, as sete maiores empresas do mundo somam um valor de mercado de pouco mais de US$ 12 trilhões, um crescimento de mais de 70% nos últimos dois anos, de acordo com dados da gestora financeira Arbor Capital.

Um exemplo do sucesso no assunto é a Nvidia. No último dia 22, um dia após o seu balanço financeiro apresentar um lucro líquido de US$ 12,285 bilhões no quarto trimestre de 2023, o preço das ações da fabricante de chips subiu 16%, aumentando o valor de mercado da empresa em impressionantes US$ 273 bilhões em apenas um dia, um valor recorde - o que fez a empresa entrar de vez no clube das mais valiosas do mundo.

Balanço financeiro apresentou um lucro líquido de US$ 12,285 bilhões no quarto trimestre de 2023  Foto: Brendan McDermid/Reuters

Mas o “G7″ não triunfa apenas com a fabricante de processadores. De chatbots de IA até softwares de carros autônomos, as outras seis empresas caminham a passos largos para alcançar as maiores avaliações de suas histórias. Veja abaixo quatro gráficos que ajudam a entender a explosão da IA no último ano.

“Magnificent Seven”

O G7 da tecnologia, conhecido como Magnificent Seven, é responsável por 29% do valor de mercado do S&P 500, índice que abrange as 500 empresas mais valiosas do mundo - o grupo é composto por Apple, Amazon, Google, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla. Em janeiro de 2022, por exemplo, a Nvidia era a empresa com menor avaliação, valendo US$ 611,98 bilhões.

Em meio a demanda crescente por seus semicondutores, que são usados para alimentar aplicativos de IA, a companhia já ultrapassou o valor de mercado de Amazon, Google e Meta, estando perto de alcançar a avaliação de US$ 2 trilhões.

“A empresa não focou em desenvolver memória RAM ou memória de processamento para laptop, mas em componentes de performance. Com isso, ela surfou muito bem a onda da IA para oferecer seus semicondutores”, explica William Castro Alves, estrategista-chefe da consultoria Avenue.

Para as veteranas do topo da lista, o movimento foi igualmente benéfico. Enquanto o ChatGPT, da OpenAI, lançado em novembro de 2022, fazia barulho, empresas como Google, Meta e Amazon, por exemplo, tiveram que apostar em seus departamentos de pesquisa para desenvolver ferramentas de IA que pudessem disputar a atenção do mercado.

A Microsoft, por exemplo, optou por fazer parceria com a própria OpenAI para alavancar seu site de busca Bing e é a empresa mais valiosa entre as gigantes de tecnologia. Já o Google lançou seu próprio chatbot de IA, o Gemini, e segue fazendo investimentos para integrar os recursos em seu site de buscas.

Ainda assim, a percepção de que o Google largou atrasado em uma corrida na qual ele supostamente dominava fez a empresa se valorizar menos do que as rivais. É uma sensação parecida com a situação da Apple. Focada no lançamento dos óculos Vision Pro, as ações da companhia continuaram valorizadas graças aos resultados de venda do iPhone. Mas isso não ocorreu ao ponto dela se manter no topo da corrida, o que já força a gigante a prometer grandes avanços em IA para 2024.

Já a Meta, de Mark Zuckerberg, deixou de lado a conversa sobre metaverso, que parecia ser o seu maior foco para os próximos anos, e passou também a se aventurar nas IAs de geração de conteúdo.

A Tesla, única companhia do grupo que viu queda nas ações a longo prazo, tem tentado incluir programas que utilizam processamento de linguagem neural para equipar carros autônomos - mas dúvidas sobre o futuro do carro autônomo e dos carros elétricos esfriaram o valor da companhia.

Ao todo, essas empresas somam US$ 12,7 trilhões dos US$ 42,2 trilhões que representam as 500 empresas da lista. Enquanto o crescimento das outras 493 empresas fica em torno de 25% nos últimos dois anos, as sete do topo registraram alta de, pelo menos, 73%.

Como as empresas já tinham grande avaliação e centenas de milhões de dólares para investir, foi possível correr para acompanhar o crescimento da IA. O resultado pode ser visto na euforia de investidores quando as ações começaram a se valorizar, principalmente no início de 2023.

E o cenário tende a melhorar no setor, de acordo com Alves, que compara o momento da IA com um outro grande período da tecnologia. “Tem um espaço muito grande de crescimento (para as empresas) numa linha quase do que foi a internet nos anos 2000″, explica.

Intel vs Nvidia

Enquanto a Intel, um dos nomes mais tradicionais de chips no mercado, construiu um plano para equipar computadores com processadores de ponta, a Nvidia seguiu para o mercado de games e placas de vídeo. A decisão se mostrou altamente benéfica quando pesquisadores e cientistas perceberam que os chips gráficos da Nvidia (GPUs) poderiam ser otimizados para o processamento de IA.

Durante os últimos dois anos, quando o boom da inteligência artificial chamou a atenção para todas as áreas que envolvem a tecnologia - inclusive o processamento de LLMs que alimentam essas ferramentas - a Nvidia saltou no mercado como a empresa que, não apenas sabia como produzir esses componentes, mas tinha produtos a pronta entrega para quem estava desenvolvendo programas a curto prazo. Resultado, a Nvidia domina 70% desse mercado.

Assim, a vantagem que a Nvidia já mantinha em relação ao valor de mercado da Intel foi ampliado nos últimos meses. Para a Intel, há a sensação da reprise de um pesadelo. Depois de perder para a Arm e Qualcomm a corrida pelos chips de celulares e outros dispositivos móveis, a companhia ficou para trás na corrida dos processadores de IA.

Mas nem tudo está perdido para a Intel. Segundo Alves, da Avenue, o mercado pode ainda ser “bondoso” com a empresa. Com o crescimento rápido do setor, a demanda e o espaço de crescimento de ferramentas com IA pode trazer a Intel de volta para a briga com a Nvidia nos próximos anos se a empresa investir na área.

“Existe um mercado muito grande e que pode perdurar durante algum tempo. A Nvidia está muito à frente, está surfando melhor. Mas dado que o mercado é tão amplo e que vai demandar tantos semicondutores, a Intel pode ter espaço nesse mercado”, afirma Alves.

Para Matheus Popst, sócio da gestora Arbor Capital, o caminho para a Intel alcançar a relevância que a Nvidia ganhou é árduo e turbulento. O grande foco em CPUs, de capacidade de processamento para computadores, atrasou demais a empresa, de acordo com o especialista, mas a companhia ainda pode levar o crédito na iniciativa de abarcar chips de IA integrada diretamente nos computadores.

Enquanto isso, a Nvidia precisa continuar se certificando da posição que ocupa no mercado para manter o status. “Mais do que continuar crescendo, o importante é que as pessoas continuem comprando nesse ritmo alto. A Nvidia precisa continuar relevante porque é impossível crescer 400% todo o ano”, explica Popst.

Crescimento da OpenAI

O momento do G7, porém, não seria possível sem uma startup, que ainda não tem ações listadas em bolsa. A OpenAI, que criou o ChatGPT, viu a sua avaliação de mercado se valorizar 40 vezes desde que tornou o chatbot público.

Antes do ChatGPT, a companhia fundada por Sam Altman estava avaliada em US$ 2,9 bilhões - estava longe das startups mais valiosas do mundo, segundo o ranking da consultoria CB Insights.

Ao todo, porém, a OpenAI garantiu um investimento de US$ 13 bilhões da Microsoft - a maior parte feita no ano passado. Com a empolgação de investidores, a startup foi reavaliada em US$ 80 bilhões, quase 40 vezes mais valiosa do que quando lançou o chatbot. Assim, a empresa se tornou a terceira startup mais valiosa do mundo, segundo ranking da CB Insights. Ela está atrás apenas de ByteDance (dona do TikTok) e SpaceX.

“Acho que hoje existiria espaço para gerar valor para um possível acionista da OpenAI”, aponta Alves, da Avenue. “Se a empresa de fato abrisse capital, conseguiria alcançar um valor de mercado muito grande aproveitando esse frenesi e as expectativas que se tem”.

A startup também aproveita a onda que lhe rendeu o status de pioneira nos produtos de IA voltados para o público (e não apenas para sistemas internos de empresas, por exemplo). No portfólio, além do ChatGPT, de texto, a empresa tem o DALL-E, de imagens, e o Sora, que gera vídeos a partir de comandos escritos.

O próximo movimento da startup pode ser em direção ao que fez da Nvidia uma potência no setor. Altman indicou o desejo de levantar trilhões de dólares para entrar no setor de semicondutores, essenciais para o processamento de LLMs. O executivo já se reuniu com possíveis investidores, que inclui o governo dos Emirados Árabes, de acordo com informações do jornal americano Wall Street Journal.

Com o novo projeto, Altman quer transformar a OpenAI em uma fabricante de chips de IA, de olho na própria demanda da empresa e na escassez do mercado de componentes especializados. Se concretizado, o valor total do projeto de Altman pode chegar a US$ 7 trilhões.

Microsoft

Escanteada por muitos anos por rivais como Google, Meta e Amazon, a Microsoft teve um retorno glorioso com o empurrão da IA. Em 2019, a empresa foi a primeira a se interessar pela OpenAI. Desde então, a companhia fundada por Bill Gates investiu US$ 13 bilhões na startup e passou a integrar a tecnologia da parceira em seus produtos.

Ao embutir o ChatGPT ao Bing, seu site de pesquisas, a empresa deu um salto. Dentro de seus produtos mais clássicos, como o Windows e o Microsoft 365, a companhia habilitou sua IA, chamada Copilot, para ajudar usuários por meio da IA generativa - no Word, sugerindo temas de trabalho, no Outlook, automatizando respostas de e-mails, e até no Excel, gerando fórmulas e códigos específicos para planilhas.

“A Microsoft é, hoje, a empresa mais bem posicionada para se beneficiar do mercado de IA. Ela investe mais em IA do que qualquer outra empresa e esse é um mercado muito competitivo”, afirma Popst.

Além disso, a Microsoft conseguiu convencer fabricantes de computadores a adicionar um novo botão aos notebooks: a empresa anunciou, no início deste ano, que os próximos computadores com Windows terão uma tecla dedicada a acionar diretamente a IA do sistema operacional.

Assim, em setembro de 2022, a ação da Microsoft valia cerca de US$ 232. Neste ano, os papéis são negociados por cerca de US$ 415. O último balanço financeiro da empresa, divulgado em janeiro, também mostrou que a receita cresceu 18% em relação ao mesmo período do ano passado. Atualmente, a Microsoft ocupa o primeiro lugar da lista S&P 500. Em fevereiro deste ano, ela passour a valer US$ 3,03 trilhões, superando a rival histórica Apple, que valia US$ 2,7 trilhões.

Agora, a empresa de tecnologia mais valiosa do mundo também quer entrar na disputa dos semicondutores. A companhia lançou, recentemente, o Maia, chip com capacidade para rodar LLMs da base do serviço Azure, de nuvem. Encontrar um caminho para desenvolver bons processadores pode fazer a Microsoft se manter no topo por um bom tempo - e torná-la ainda mais rica do que é hoje.

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