O Google ameaçou nesta sexta-feira, 22, proibir os usuários de internet da Austrália de usar seu mecanismo de busca se o país não modificar a lei que pretende forçar a gigante de tecnologia a pagar à mídia por seu conteúdo.
O governo australiano está trabalhando em um "código de conduta vinculante" que deve governar as relações entre a mídia e os gigantes que dominam a internet, entre os quais se destacam Google e Facebook, que captam grande parte da receita publicitária.
Este projeto, um dos mais restritivos do mundo, prevê penalidades de milhões de dólares em caso de infração e é direcionado para o "tópico atual" do Facebook e para pesquisas do Google.
Mas a diretora-geral do Google Austrália, Mel Silva, declarou nesta sexta-feira diante de uma comissão do Senado que o "pior cenário" seria que o rascunho da lei fosse aprovado como está e que, se necessário, seu grupo seria forçado a suspender seus serviços de pesquisa na Austrália.
“Se esta versão do código se tornar lei, nós não teremos escolha a não ser suspender a Pesquisa do Google na Austrália”, disse Silva.
Uma ameaça à qual respondeu o primeiro-ministro australiano Scott Morrison.
“A Austrália é quem estabelece as regras do que pode ser feito na Austrália. É o nosso Parlamento que decide”, disse ele. "Pessoas que desejam trabalhar dentro dessa estrutura na Austrália são bem-vindas. Mas não cedemos às ameaças."
A iniciativa australiana está sendo acompanhada de perto em todo o mundo em um momento em que a mídia está sofrendo em uma economia digital, onde Facebook, Google e outras grandes empresas de tecnologia estão captando cada vez mais receita de publicidade.
A crise da mídia foi exacerbada pelo colapso econômico causado pelo coronavírus. Na Austrália, dezenas de jornais foram fechados e centenas de jornalistas estão desempregados.
O projeto de lei exige que o Google e o Facebook paguem à mídia australiana, seja o grupo ABC público ou os jornais do grupo News Corp de Rupert Murdoch, para usar seu conteúdo.
O governo visa apenas Facebook e Google, mas não outras plataformas muito populares como Instagram ou YouTube.
Silva insistiu que o Google queria apoiar a mídia e sugeriu modificar o projeto de lei que deve entrar em vigor este ano.
“Há um caminho claro para uma lei justa com a qual podemos trabalhar, com apenas algumas pequenas emendas”, disse./AFP