A Alphabet, empresa controladora do Google, deve fazer mais demissões de funcionários neste ano, avisou o presidente executivo do grupo, Sundar Pichai, em comunicado interno a funcionários obtido pelo site The Verge, que publicou reportagem na noite de quarta-feira, 17. Até informações de 30 de setembro, a firma possuía cerca de 182 mil empregados pelo mundo.
Segundo Pichai, a companhia de tecnologia está fazendo “escolhas duras” para manter o ritmo de investimento e cumprir com as “metas ambiciosas” do Google para este ano. “A realidade é que, para criar a capacidade para esse investimento, temos que fazer escolhas difíceis”, escreveu o CEO.
O comunicado ocorre após uma nova onda de cortes na companhia. Na semana passada, o Google demitiu centenas de funcionários pelo mundo, afetando unidades responsáveis pelo assistente virtual da empresa, o celular Pixel, os relógios Fitbit e a caixa de som inteligente Nest. As demissões impactaram também o escritório no Brasil, que encolheu a área de publicidade.
Além do Google, outras companhias realizaram demissões neste ano, como a Amazon, que fez cortes na Twitch (plataforma de streaming de games para criadores de conteúdo), do Prime Video e do estúdio de Hollywood MGM. O Discord disse na semana passada que demitiria 17% de sua equipe, o que equivale a 170 pessoas. A Xerox disse este mês que cortaria 15% de sua equipe de 23 mil pessoas, e o fornecedor de software de videogame Unity Software disse que eliminaria 25% de sua força de trabalho.
“Essas eliminações de postos não estão na escala das reduções do ano passado e não vão afetar todas as equipes, mas sei que é muito difícil ver colegas e equipes afetados”, afirmou Pichai no memorando.
Em 2023, a Alphabet realizou o maior corte em massa de funcionários da história da companhia, afetando 12 mil pessoas em escritórios pelo mundo, cerca de 6%. O grupo também reduziu investimentos em áreas e decidiu focar em inteligência artificial (IA), área que tem alavancado diversas empresas de tecnologia, como a OpenAI, Microsoft, Amazon e Meta.
“Muitas dessas mudanças já foram anunciadas, mas, para sermos francos, algumas equipes continuarão a tomar decisões específicas de alocação de recursos ao longo do ano, quando necessário, e algumas funções poderão ser afetadas”, escreveu Pichai no comunicado.
A Alphabet recusou o pedido de comentário realizado pelo Verge na quarta-feira.
YouTube também faz cortes
O Google cortou 100 funcionários de sua plataforma de vídeo, o YouTube, na quarta-feira, dando continuidade às demissões fragmentadas depois de ter eliminado mais de mil postos na semana passada.
A gigante da tecnologia notificou os funcionários das equipes de operações e de gerenciamento de criadores do YouTube de que seus cargos haviam sido eliminados, de acordo com um e-mail analisado pelo The New York Times. O YouTube, o serviço de vídeo mais popular do mundo, empregava 7.173 pessoas na terça-feira, disse uma pessoa com conhecimento do número.
“Tomamos a decisão de eliminar algumas funções e dizer adeus a alguns de nossos colegas de equipe”, escreveu a diretora de negócios do YouTube, Mary Ellen Coe, em uma nota aos funcionários da organização. “Qualquer pessoa nas Américas” e na região da Ásia-Pacífico “que seja ou possa ser afetada será notificada até o final do dia de hoje (quarta-feira)”, disse a nota.
As demissões, que foram relatadas anteriormente pelo blog Tubefilter, afetam principalmente grupos de funcionários que oferecem suporte aos milhões de criadores de conteúdo do YouTube, disseram duas pessoas com conhecimento dos cortes.
O YouTube tem lutado para se recuperar totalmente de uma desaceleração da publicidade no ano passado e tem enfrentado uma forte concorrência do TikTok, o serviço de vídeos curtos popular entre os usuários mais jovens.
“Estamos investindo de forma responsável nas maiores prioridades da nossa empresa e nas oportunidades significativas que temos pela frente”, disse Andrea Faville, chefe de comunicações corporativas do YouTube, em um comunicado. Várias equipes do Google realizaram demissões e reorganizações no segundo semestre de 2023, e “algumas equipes continuam a fazer esses tipos de mudanças organizacionais, que incluem algumas eliminações de funções globalmente”.
O YouTube gera parte de sua receita com anúncios que são exibidos antes e durante os vídeos. Mas o crescimento confiável da plataforma foi interrompido por uma desaceleração dos anúncios que começou no final de 2022, quando o aumento da inflação e das taxas de juros fez com que os anunciantes reduzissem seus orçamentos. O YouTube registrou queda na receita por vários trimestres, interrompendo essa queda em junho. Mesmo agora, as vendas de anúncios ainda não ultrapassaram a taxa de crescimento anterior.
A plataforma tem se concentrado em vender mais assinaturas do YouTube TV, sua alternativa à programação a cabo, que agora está disponível com o Sunday Ticket da Liga Nacional de Futebol Americano, um pacote que dá acesso semanal a vários jogos. O YouTube também informou que tem mais de 80 milhões de assinantes de seus serviços que oferecem streaming de música e streaming de vídeo sem anúncios.
Os funcionários do YouTube que foram demitidos têm 60 dias para encontrar novas funções dentro da empresa antes que suas demissões entrem em vigor oficialmente.