Comportamento nocivo de Elon Musk é oportunidade para nós, diz cofundador do Koo


Brasil foi primeiro país a adotar o aplicativo indiano que quer substituir Twitter, afirma executivo da plataforma em entrevista ao ‘Estadão’

Por Guilherme Guerra
Atualização:
Foto: Divulgação/Koo
Entrevista comMayank BidawatkaCEO e cofundador do Koo

Da noite para o dia, o aplicativo indiano Koo recebeu milhões de brasileiros em busca de alternativas ao Twitter, que vem passando por grandes mudanças após a aquisição de Elon Musk por US$ 44 bilhões, concluída em outubro passado. Com as controversas decisões do bilionário, a rede social americana pode apresentar falhas e deixar muitos usuários órfãos do microblog — daí a ascensão do Koo, cujo nome excêntrico no português chamou atenção.

“O nome ajudou o boca a boca, mas existe um sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter”, conta o indiano Mayank Bidawatka, cofundador do Koo junto de Aprameya Radhakrishna. “O Brasil foi extremamente solidário enquanto ria do nome da rede social e quando percebeu que somos capazes de rir de nós mesmos como marca”, completa o executivo.

A brincadeira, porém, transformou-se em negócio sério. O Koo diz possuir 2,5 milhões de pessoas conectadas pelo aplicativo para iOS e Android, além dos usuários indianos. Ao contrário de redes sociais como Facebook e Twitter, a companhia não revela os números de usuários diários ativos na plataforma (DAUs, na sigla em inglês), métrica para avaliar o tamanho da rede.

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Agora, o objetivo de Bidawatka e Radhakrishna é transformar o Koo no maior microblog do Planeta, superando o Twitter, hoje com 250 milhões de usuários ativos diariamente. A plataforma indiana divide com o rival americano não só a inspiração do logotipo (que também é um passarinho), mas diversas funcionalidades, como possibilidade de republicar conteúdo, dar “koortidas” e ver assuntos do momento.

Como diferencial, o Koo promete não cobrar usuários (uma das promessas de Musk para o Twitter, tentando diversificar a receita da empresa para além da publicidade) e moderar conteúdo, forçando um ambiente “alegre e própspero” para os usuários, diz Bidawatka.

“O comportamento nocivo de Elon Musk é uma oportunidade para nós, com certeza. Sempre gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor”, diz o CEO. “Temos propósito diferente, que é conectar o mundo.”

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Abaixo, leia trechos da entrevista.

Aprameya Radhakrishna (esq.) e Mayank Bidawatka (dir.) são os fundadores do Koo, app indiano que quer substituir o Twitter Foto: Divulgação/Koo

Como vocês descobriram que o Brasil adotou o Koo? Foi rápido?

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De repente, vimos um monte de gente entrar no Koo e começar a falar em português. Estávamos nos perguntando o que estava acontecendo. Então pensamos que tínhamos muita gente de Portugal. Mas quando vimos os dados, percebemos que a localização de todos esses usuários era do Brasil. Isso foi na época em que Elon Musk disse aos funcionários que eles deveriam decidir se queriam ficar ou sair do Twitter. Em todo o mundo, havia muita dissidência e muita preocupação, e isso se acelerou no Brasil.

Como você descobriu como soa o Koo em português?

Foi quando entramos no Twitter e começamos a traduzir o que as pessoas falavam. Os brasileiros estavam rindo muito disso. O bom é que muita gente saiu para experimentar o produto. E o Koo tem muitas diferenças em relação ao Twitter.

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Você acha que ter esse nome ajudou o Koo no Brasil?

Inicialmente, o nome ajudou o boca a boca. Mas acho que existia um sentimento de preocupação entre os brasileiros, o sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter. Obviamente, o nome nos ajudou no Brasil, virou uma coisa que todo mundo brincava com os memes. Mas o que realmente nos ajudou quando estávamos nos conectando com o Brasil como marca foi que os brasileiros perceberam que somos muito humanos. Somos muito diferentes do Twitter em termos de atitude e personalidade. Ouviríamos cada usuário e suas reclamações. O Twitter nunca fez isso. Isso foi como uma lufada de ar fresco para muitos usuários naquela época.

Essa ‘onda brasileira’ assustou o Koo no começo?

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Não. Ficamos empolgados desde o início porque o povo brasileiro parece muito divertido. Eles foram extremamente solidários enquanto riam do nome. E perceberam que somos capazes de rir de nós mesmos como marca. Não levamos nada a sério e rimos junto com eles. Eu me diverti muito nos últimos dias. Toda a nossa equipe estava muito animada para continuar criando recursos, mesmo que os funcionários não dormissem juntos por muitas noites. Então, sim, isso nos assustou. O Koo foi construído para ter escala, mas havia certas coisas em nossa tecnologia que não deveriam ter sido lançadas porque não esperávamos um aumento repentino. Mas conseguimos nos estabilizar em poucos dias muito rapidamente.

No dia seguinte a tudo isso, o Koo foi traduzido para o português e o aplicativo tinha uma conta no Twitter que escrevia em português brasileiro. Como vocês conseguiram fazer essa resposta rápida?

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Como equipe, nós nos movemos muito rápido e temos alguns dos melhores engenheiros da Índia. Traduzir as coisas não é difícil, porque trabalhamos com alguns brasileiros que nos escreveram tentando traduzir tudo para o português brasileiro. Trabalhamos com algumas dessas pessoas em um dia. Somos uma equipe que se move muito rápido e, assim que identificamos uma oportunidade, não demoramos muito para avançar nessa direção.

Foi importante para vocês esse tipo de resposta rápida?

É importante que, culturalmente, sejamos muito focados no usuário. E levamos muito a sério todas as reclamações dos usuários. Nossa definição de mídia social é que a mídia social é sobre as pessoas. É sobre todos nós interagindo juntos. Funciona como uma democracia. Sem as pessoas, não há mídia social. Portanto, realmente respeitamos nossos usuários e queremos garantir que nossa plataforma funcione como um serviço público. Temos que agir como se o Koo não pertencesse a você, mas sim ao povo. Essa é a grande diferença entre o Koo e o Twitter. Somos extremamente humildes, mas muito, muito focados no usuário. Nós nos preocupamos com o que cada usuário diz. No Brasil, fizemos uma pesquisa em que perguntamos se os usuários desejam que mudemos nosso nome se for culturalmente insensível. Mas 80% das respostas disseram não.

Até agora, qual é a resposta dos brasileiros ao app?

É inacreditável. Os números estão nas alturas.

Quantos usuários brasileiros há agora?

Não tenho os números mais recentes, mas está na casa dos milhões. Alguns dias atrás, eram cerca de 2,5 milhões de usuários. Isso é apenas sobre usuários de aplicativos. Os usuários da web têm mais alguns outros milhões.

Você tem medo de que as pessoas saiam do aplicativo tão rapidamente quanto entraram? Que o Koo seja apenas uma ‘coisa de uma noite’.

Influenciadores digitais como Felipe Neto estão postando coisas no Koo que não postam no Twitter. Eles estão recebendo muito mais interações aqui conosco. E as pessoas estão extremamente felizes porque este não é um lugar tóxico. Ninguém está abusando de ninguém. Ninguém está dizendo nada desagradável. Todos estão muito felizes. Falei com algumas dessas pessoas e elas estão extremamente satisfeitas com a plataforma.

Mayank Bidawatka (foto) é cofundador do Koo ao lado de Aprameya Radhakrishna Foto: Divulgação/Koo

Como você planeja convencer as pessoas a deixar o Twitter e ir para Koo?

Acho que não precisamos convencê-las, e sim que elas já querem fazer isso. As pessoas querem ir para um lugar onde não seja perigoso, onde seja seguro, onde possam interagir umas com as outras, onde se sintam em casa, onde não se trate apenas das celebridades.

Esses influenciadores se juntaram ao Koo organicamente ou a empresa os procurou?

Organicamente. Eles estão conseguindo com o Koo o tipo de interação que nem mesmo conseguem no Twitter. A única razão pela qual alguém não sai de um aplicativo é porque encontrou uma nova comunidade, um novo grupo de pessoas com quem nunca interagiu antes. Isso é o que realmente importa, e foi isso que começou com Koo. Eu não acho que eles estão gostando tanto do Mastodon ou de qualquer outro produto, porque não está na língua deles. Temos material no idioma deles, vamos verificar contas e será de graça. Somos mais felizes aqui no Koo. Não vejo motivo para as pessoas começarem a sair do aplicativo. As pessoas estarão pelo menos em ambas plataformas, por isso estamos criando a capacidade de muitas contas verificadas começarem a postar no Twitter também, vinculando as contas e postando no Koo e Twitter ao mesmo tempo.

Qual é a estratégia para o Brasil daqui para frente?

Acho importante lançar alguns recursos. E isso acontecerá nos próximos dias. Alguns desses recursos estão ajudando as pessoas a encontrar seus seguidores do Twitter no Koo e ajudando-as a migrar seu histórico de tweets com uma API. Não precisa pagar nada por isso. São muitas funcionalidades que os brasileiros pediram e que fazem sentido para o resto do mundo. Vamos implementar esses recursos e seremos uma empresa global, porque já estamos sendo usados em vários países. Somos o segundo maior microblog do mundo, temos muito mais escala do que qualquer outra plataforma de microblog que não seja o Twitter. Esta não é uma corrida de 100 metros, e sim uma maratona em que a missão é maior do que o Brasil ou a Índia. A missão é unir o mundo em vários idiomas.

O Brasil pressionou o Koo a se tornar global?

O Brasil começou a usar o aplicativo na sexta-feira 18, mas estou aqui em San Francisco desde a quarta-feira anterior para conversar com a mídia internacional. O Brasil não nos pressionou, mas foi o primeiro a entrar na casa. Portanto, todos vocês sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo.

Os brasileiros sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo lida com a moderação de conteúdo na rede social?

Não damos espaço para discurso de ódio ou desinformação. Na sociedade, não pode existir, portanto não deveria existir em nossa plataforma. Não vamos tolerar isso. Excluiremos esse tipo de conteúdo imediatamente. Acreditamos na liberdade de expressão, mas também acreditamos que isso vem com um senso de responsabilidade. Se você se tornar um infrator reincidente, teremos que bloquear sua capacidade de criar. Você ainda pode consumir o aplicativo, essa é sua liberdade de acesso. Mas o Koo vai acabar com sua liberdade de se expressar.

Mas como o Koo planeja moderar esse tipo de conteúdo? O Facebook e o Instagram usam inteligência artificial (IA), por exemplo.

Somos mais como o Facebook e o Instagram, em que usamos muita tecnologia para descobrir essas coisas. Trabalhamos com dicionários (banco de palavras guardadas pelas IAs), onde as pessoas usam certos tipos de palavras e conseguimos descobrir padrões. Não importa quantas pessoas você contrate, porque é muito ineficiente usar pessoas para moderar conteúdo. É preciso usar a comunidade e a tecnologia para resolver esses problemas. Não é sustentável ter pessoas moderando todo esse conteúdo, porque não é possível. É mais fácil para a comunidade ter ferramentas com que possam identificar e destacar o conteúdo que acreditam ser informações incorretas para que possamos verificar com nossos verificadores de fatos.

Mas as ferramentas de IA funcionam melhor em inglês do que em português. A Koo já tem ferramentas de IA que funcionam em português?

O mundo inteiro está acordando para o fato de que precisamos construir ferramentas em vários idiomas globais. No que nos diz respeito, trabalhamos muito com dicionários. Por exemplo, todas as postagens relatadas são adicionadas a um algoritmo de aprendizado de máquina, e o modelo começa a identificar padrões comuns. Você também precisa de pessoas para revisá-lo, mas serão pessoas vendo isso a cada 10 milhões de postagens. E acreditamos fortemente que devemos trabalhar com pessoas locais, porque elas entendem as nuances culturais regionais muito melhor do que nós.

Você pretende contratar brasileiros para o Koo?

Sim.

Em que tipo de áreas?

Moderação de conteúdo e algo em mídias sociais. Haverá coisas como relacionamentos com usuários importantes, com celebridades e personalidades eminentes em geral.

Quem está financiando o Koo? Existem fundos de capital de risco por trás da empresa?

Temos uma rodada em andamento na qual acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás. Isso faz parte de uma rodada maior, então estamos bem financiados.

Acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo planeja monetizar os usuários?

Queremos tornar este negócio muito sustentável, por isso vamos analisar várias formas de rentabilizar a plataforma sem ter de cobrar os usuários. Não acredito que eles precisem pagar US$ 8 por mês para obter um botão de edição. Publicidade é definitivamente uma maneira muito clara de ganhar dinheiro em grande escala. Usuários, criadores, pessoas VIP, mídia e marcas são monetizáveis. Por exemplo, os usuários ficarão felizes em pagar uma pequena quantia aos criadores para que possam se tornar “superfãs”. Ou as marcas podem aumentar sua visibilidade na plataforma. Existem várias maneiras de ganhar dinheiro em uma plataforma, uma vez que você tenha um grande número de usuários que estão se beneficiando dela.

Você acha que o Twitter vai prosperar com Elon Musk?

Se você é um líder mundial, quero aprender com você. Eu quero saber o que você está pensando. Se você é um dos caras mais ricos do mundo, como Elon Musk, Mark Zuckerberg, Bill Gates ou Larry Page, o que você diz serve de exemplo para milhões de outras pessoas. Se você mostra que tem uma arma ao lado da cama, está enviando uma mensagem para milhões de pessoas dizendo que está tudo bem. Até então, tínhamos uma percepção muito diferente de Elon Musk, em que dizíamos que ele é um dos caras mais ricos e que é um superempreendedor fazendo coisas pela sustentabilidade, enviando pessoas para Marte, tendo carros elétricos. Olhávamos para Musk como um salvador. E agora veja a imagem que vemos com frequência: “Estou demitindo pessoas só porque discordam de mim. Estou demitindo sem aviso prévio. Estou apenas dizendo qualquer coisa que me vem à cabeça, estou tomando decisões e voltando atrás”. Há danos no mundo real que estão acontecendo por causa da maneira como a empresa dele está sendo administrada. Algumas semanas atrás, ele disse: “Bem, se você não sabe em quem votar, vote nos republicanos”. As pessoas não têm inteligência para diferenciar entre o que o dono de uma empresa diz e o que a empresa acredita.

Esse tipo de comportamento é nocivo para o Twitter?

Já é nocivo. E vai continuar piorando. Você tem milhões de usuários que estão dizendo que querem deixar a plataforma. Criar um produto é um processo democrático, principalmente um produto e uma plataforma como o Twitter, como o Koo. Portanto, estou preocupado. É uma oportunidade para nós com certeza. Mas, se eu deixar isso de lado, se eu esquecer o fato de que estamos competindo com o Twitter e que temos a ganhar com isso em particular... Gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor. Acredito que temos um propósito diferente, que é conectar o mundo.

Da noite para o dia, o aplicativo indiano Koo recebeu milhões de brasileiros em busca de alternativas ao Twitter, que vem passando por grandes mudanças após a aquisição de Elon Musk por US$ 44 bilhões, concluída em outubro passado. Com as controversas decisões do bilionário, a rede social americana pode apresentar falhas e deixar muitos usuários órfãos do microblog — daí a ascensão do Koo, cujo nome excêntrico no português chamou atenção.

“O nome ajudou o boca a boca, mas existe um sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter”, conta o indiano Mayank Bidawatka, cofundador do Koo junto de Aprameya Radhakrishna. “O Brasil foi extremamente solidário enquanto ria do nome da rede social e quando percebeu que somos capazes de rir de nós mesmos como marca”, completa o executivo.

A brincadeira, porém, transformou-se em negócio sério. O Koo diz possuir 2,5 milhões de pessoas conectadas pelo aplicativo para iOS e Android, além dos usuários indianos. Ao contrário de redes sociais como Facebook e Twitter, a companhia não revela os números de usuários diários ativos na plataforma (DAUs, na sigla em inglês), métrica para avaliar o tamanho da rede.

Agora, o objetivo de Bidawatka e Radhakrishna é transformar o Koo no maior microblog do Planeta, superando o Twitter, hoje com 250 milhões de usuários ativos diariamente. A plataforma indiana divide com o rival americano não só a inspiração do logotipo (que também é um passarinho), mas diversas funcionalidades, como possibilidade de republicar conteúdo, dar “koortidas” e ver assuntos do momento.

Como diferencial, o Koo promete não cobrar usuários (uma das promessas de Musk para o Twitter, tentando diversificar a receita da empresa para além da publicidade) e moderar conteúdo, forçando um ambiente “alegre e própspero” para os usuários, diz Bidawatka.

“O comportamento nocivo de Elon Musk é uma oportunidade para nós, com certeza. Sempre gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor”, diz o CEO. “Temos propósito diferente, que é conectar o mundo.”

Abaixo, leia trechos da entrevista.

Aprameya Radhakrishna (esq.) e Mayank Bidawatka (dir.) são os fundadores do Koo, app indiano que quer substituir o Twitter Foto: Divulgação/Koo

Como vocês descobriram que o Brasil adotou o Koo? Foi rápido?

De repente, vimos um monte de gente entrar no Koo e começar a falar em português. Estávamos nos perguntando o que estava acontecendo. Então pensamos que tínhamos muita gente de Portugal. Mas quando vimos os dados, percebemos que a localização de todos esses usuários era do Brasil. Isso foi na época em que Elon Musk disse aos funcionários que eles deveriam decidir se queriam ficar ou sair do Twitter. Em todo o mundo, havia muita dissidência e muita preocupação, e isso se acelerou no Brasil.

Como você descobriu como soa o Koo em português?

Foi quando entramos no Twitter e começamos a traduzir o que as pessoas falavam. Os brasileiros estavam rindo muito disso. O bom é que muita gente saiu para experimentar o produto. E o Koo tem muitas diferenças em relação ao Twitter.

Você acha que ter esse nome ajudou o Koo no Brasil?

Inicialmente, o nome ajudou o boca a boca. Mas acho que existia um sentimento de preocupação entre os brasileiros, o sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter. Obviamente, o nome nos ajudou no Brasil, virou uma coisa que todo mundo brincava com os memes. Mas o que realmente nos ajudou quando estávamos nos conectando com o Brasil como marca foi que os brasileiros perceberam que somos muito humanos. Somos muito diferentes do Twitter em termos de atitude e personalidade. Ouviríamos cada usuário e suas reclamações. O Twitter nunca fez isso. Isso foi como uma lufada de ar fresco para muitos usuários naquela época.

Essa ‘onda brasileira’ assustou o Koo no começo?

Não. Ficamos empolgados desde o início porque o povo brasileiro parece muito divertido. Eles foram extremamente solidários enquanto riam do nome. E perceberam que somos capazes de rir de nós mesmos como marca. Não levamos nada a sério e rimos junto com eles. Eu me diverti muito nos últimos dias. Toda a nossa equipe estava muito animada para continuar criando recursos, mesmo que os funcionários não dormissem juntos por muitas noites. Então, sim, isso nos assustou. O Koo foi construído para ter escala, mas havia certas coisas em nossa tecnologia que não deveriam ter sido lançadas porque não esperávamos um aumento repentino. Mas conseguimos nos estabilizar em poucos dias muito rapidamente.

No dia seguinte a tudo isso, o Koo foi traduzido para o português e o aplicativo tinha uma conta no Twitter que escrevia em português brasileiro. Como vocês conseguiram fazer essa resposta rápida?

Como equipe, nós nos movemos muito rápido e temos alguns dos melhores engenheiros da Índia. Traduzir as coisas não é difícil, porque trabalhamos com alguns brasileiros que nos escreveram tentando traduzir tudo para o português brasileiro. Trabalhamos com algumas dessas pessoas em um dia. Somos uma equipe que se move muito rápido e, assim que identificamos uma oportunidade, não demoramos muito para avançar nessa direção.

Foi importante para vocês esse tipo de resposta rápida?

É importante que, culturalmente, sejamos muito focados no usuário. E levamos muito a sério todas as reclamações dos usuários. Nossa definição de mídia social é que a mídia social é sobre as pessoas. É sobre todos nós interagindo juntos. Funciona como uma democracia. Sem as pessoas, não há mídia social. Portanto, realmente respeitamos nossos usuários e queremos garantir que nossa plataforma funcione como um serviço público. Temos que agir como se o Koo não pertencesse a você, mas sim ao povo. Essa é a grande diferença entre o Koo e o Twitter. Somos extremamente humildes, mas muito, muito focados no usuário. Nós nos preocupamos com o que cada usuário diz. No Brasil, fizemos uma pesquisa em que perguntamos se os usuários desejam que mudemos nosso nome se for culturalmente insensível. Mas 80% das respostas disseram não.

Até agora, qual é a resposta dos brasileiros ao app?

É inacreditável. Os números estão nas alturas.

Quantos usuários brasileiros há agora?

Não tenho os números mais recentes, mas está na casa dos milhões. Alguns dias atrás, eram cerca de 2,5 milhões de usuários. Isso é apenas sobre usuários de aplicativos. Os usuários da web têm mais alguns outros milhões.

Você tem medo de que as pessoas saiam do aplicativo tão rapidamente quanto entraram? Que o Koo seja apenas uma ‘coisa de uma noite’.

Influenciadores digitais como Felipe Neto estão postando coisas no Koo que não postam no Twitter. Eles estão recebendo muito mais interações aqui conosco. E as pessoas estão extremamente felizes porque este não é um lugar tóxico. Ninguém está abusando de ninguém. Ninguém está dizendo nada desagradável. Todos estão muito felizes. Falei com algumas dessas pessoas e elas estão extremamente satisfeitas com a plataforma.

Mayank Bidawatka (foto) é cofundador do Koo ao lado de Aprameya Radhakrishna Foto: Divulgação/Koo

Como você planeja convencer as pessoas a deixar o Twitter e ir para Koo?

Acho que não precisamos convencê-las, e sim que elas já querem fazer isso. As pessoas querem ir para um lugar onde não seja perigoso, onde seja seguro, onde possam interagir umas com as outras, onde se sintam em casa, onde não se trate apenas das celebridades.

Esses influenciadores se juntaram ao Koo organicamente ou a empresa os procurou?

Organicamente. Eles estão conseguindo com o Koo o tipo de interação que nem mesmo conseguem no Twitter. A única razão pela qual alguém não sai de um aplicativo é porque encontrou uma nova comunidade, um novo grupo de pessoas com quem nunca interagiu antes. Isso é o que realmente importa, e foi isso que começou com Koo. Eu não acho que eles estão gostando tanto do Mastodon ou de qualquer outro produto, porque não está na língua deles. Temos material no idioma deles, vamos verificar contas e será de graça. Somos mais felizes aqui no Koo. Não vejo motivo para as pessoas começarem a sair do aplicativo. As pessoas estarão pelo menos em ambas plataformas, por isso estamos criando a capacidade de muitas contas verificadas começarem a postar no Twitter também, vinculando as contas e postando no Koo e Twitter ao mesmo tempo.

Qual é a estratégia para o Brasil daqui para frente?

Acho importante lançar alguns recursos. E isso acontecerá nos próximos dias. Alguns desses recursos estão ajudando as pessoas a encontrar seus seguidores do Twitter no Koo e ajudando-as a migrar seu histórico de tweets com uma API. Não precisa pagar nada por isso. São muitas funcionalidades que os brasileiros pediram e que fazem sentido para o resto do mundo. Vamos implementar esses recursos e seremos uma empresa global, porque já estamos sendo usados em vários países. Somos o segundo maior microblog do mundo, temos muito mais escala do que qualquer outra plataforma de microblog que não seja o Twitter. Esta não é uma corrida de 100 metros, e sim uma maratona em que a missão é maior do que o Brasil ou a Índia. A missão é unir o mundo em vários idiomas.

O Brasil pressionou o Koo a se tornar global?

O Brasil começou a usar o aplicativo na sexta-feira 18, mas estou aqui em San Francisco desde a quarta-feira anterior para conversar com a mídia internacional. O Brasil não nos pressionou, mas foi o primeiro a entrar na casa. Portanto, todos vocês sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo.

Os brasileiros sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo lida com a moderação de conteúdo na rede social?

Não damos espaço para discurso de ódio ou desinformação. Na sociedade, não pode existir, portanto não deveria existir em nossa plataforma. Não vamos tolerar isso. Excluiremos esse tipo de conteúdo imediatamente. Acreditamos na liberdade de expressão, mas também acreditamos que isso vem com um senso de responsabilidade. Se você se tornar um infrator reincidente, teremos que bloquear sua capacidade de criar. Você ainda pode consumir o aplicativo, essa é sua liberdade de acesso. Mas o Koo vai acabar com sua liberdade de se expressar.

Mas como o Koo planeja moderar esse tipo de conteúdo? O Facebook e o Instagram usam inteligência artificial (IA), por exemplo.

Somos mais como o Facebook e o Instagram, em que usamos muita tecnologia para descobrir essas coisas. Trabalhamos com dicionários (banco de palavras guardadas pelas IAs), onde as pessoas usam certos tipos de palavras e conseguimos descobrir padrões. Não importa quantas pessoas você contrate, porque é muito ineficiente usar pessoas para moderar conteúdo. É preciso usar a comunidade e a tecnologia para resolver esses problemas. Não é sustentável ter pessoas moderando todo esse conteúdo, porque não é possível. É mais fácil para a comunidade ter ferramentas com que possam identificar e destacar o conteúdo que acreditam ser informações incorretas para que possamos verificar com nossos verificadores de fatos.

Mas as ferramentas de IA funcionam melhor em inglês do que em português. A Koo já tem ferramentas de IA que funcionam em português?

O mundo inteiro está acordando para o fato de que precisamos construir ferramentas em vários idiomas globais. No que nos diz respeito, trabalhamos muito com dicionários. Por exemplo, todas as postagens relatadas são adicionadas a um algoritmo de aprendizado de máquina, e o modelo começa a identificar padrões comuns. Você também precisa de pessoas para revisá-lo, mas serão pessoas vendo isso a cada 10 milhões de postagens. E acreditamos fortemente que devemos trabalhar com pessoas locais, porque elas entendem as nuances culturais regionais muito melhor do que nós.

Você pretende contratar brasileiros para o Koo?

Sim.

Em que tipo de áreas?

Moderação de conteúdo e algo em mídias sociais. Haverá coisas como relacionamentos com usuários importantes, com celebridades e personalidades eminentes em geral.

Quem está financiando o Koo? Existem fundos de capital de risco por trás da empresa?

Temos uma rodada em andamento na qual acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás. Isso faz parte de uma rodada maior, então estamos bem financiados.

Acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo planeja monetizar os usuários?

Queremos tornar este negócio muito sustentável, por isso vamos analisar várias formas de rentabilizar a plataforma sem ter de cobrar os usuários. Não acredito que eles precisem pagar US$ 8 por mês para obter um botão de edição. Publicidade é definitivamente uma maneira muito clara de ganhar dinheiro em grande escala. Usuários, criadores, pessoas VIP, mídia e marcas são monetizáveis. Por exemplo, os usuários ficarão felizes em pagar uma pequena quantia aos criadores para que possam se tornar “superfãs”. Ou as marcas podem aumentar sua visibilidade na plataforma. Existem várias maneiras de ganhar dinheiro em uma plataforma, uma vez que você tenha um grande número de usuários que estão se beneficiando dela.

Você acha que o Twitter vai prosperar com Elon Musk?

Se você é um líder mundial, quero aprender com você. Eu quero saber o que você está pensando. Se você é um dos caras mais ricos do mundo, como Elon Musk, Mark Zuckerberg, Bill Gates ou Larry Page, o que você diz serve de exemplo para milhões de outras pessoas. Se você mostra que tem uma arma ao lado da cama, está enviando uma mensagem para milhões de pessoas dizendo que está tudo bem. Até então, tínhamos uma percepção muito diferente de Elon Musk, em que dizíamos que ele é um dos caras mais ricos e que é um superempreendedor fazendo coisas pela sustentabilidade, enviando pessoas para Marte, tendo carros elétricos. Olhávamos para Musk como um salvador. E agora veja a imagem que vemos com frequência: “Estou demitindo pessoas só porque discordam de mim. Estou demitindo sem aviso prévio. Estou apenas dizendo qualquer coisa que me vem à cabeça, estou tomando decisões e voltando atrás”. Há danos no mundo real que estão acontecendo por causa da maneira como a empresa dele está sendo administrada. Algumas semanas atrás, ele disse: “Bem, se você não sabe em quem votar, vote nos republicanos”. As pessoas não têm inteligência para diferenciar entre o que o dono de uma empresa diz e o que a empresa acredita.

Esse tipo de comportamento é nocivo para o Twitter?

Já é nocivo. E vai continuar piorando. Você tem milhões de usuários que estão dizendo que querem deixar a plataforma. Criar um produto é um processo democrático, principalmente um produto e uma plataforma como o Twitter, como o Koo. Portanto, estou preocupado. É uma oportunidade para nós com certeza. Mas, se eu deixar isso de lado, se eu esquecer o fato de que estamos competindo com o Twitter e que temos a ganhar com isso em particular... Gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor. Acredito que temos um propósito diferente, que é conectar o mundo.

Da noite para o dia, o aplicativo indiano Koo recebeu milhões de brasileiros em busca de alternativas ao Twitter, que vem passando por grandes mudanças após a aquisição de Elon Musk por US$ 44 bilhões, concluída em outubro passado. Com as controversas decisões do bilionário, a rede social americana pode apresentar falhas e deixar muitos usuários órfãos do microblog — daí a ascensão do Koo, cujo nome excêntrico no português chamou atenção.

“O nome ajudou o boca a boca, mas existe um sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter”, conta o indiano Mayank Bidawatka, cofundador do Koo junto de Aprameya Radhakrishna. “O Brasil foi extremamente solidário enquanto ria do nome da rede social e quando percebeu que somos capazes de rir de nós mesmos como marca”, completa o executivo.

A brincadeira, porém, transformou-se em negócio sério. O Koo diz possuir 2,5 milhões de pessoas conectadas pelo aplicativo para iOS e Android, além dos usuários indianos. Ao contrário de redes sociais como Facebook e Twitter, a companhia não revela os números de usuários diários ativos na plataforma (DAUs, na sigla em inglês), métrica para avaliar o tamanho da rede.

Agora, o objetivo de Bidawatka e Radhakrishna é transformar o Koo no maior microblog do Planeta, superando o Twitter, hoje com 250 milhões de usuários ativos diariamente. A plataforma indiana divide com o rival americano não só a inspiração do logotipo (que também é um passarinho), mas diversas funcionalidades, como possibilidade de republicar conteúdo, dar “koortidas” e ver assuntos do momento.

Como diferencial, o Koo promete não cobrar usuários (uma das promessas de Musk para o Twitter, tentando diversificar a receita da empresa para além da publicidade) e moderar conteúdo, forçando um ambiente “alegre e própspero” para os usuários, diz Bidawatka.

“O comportamento nocivo de Elon Musk é uma oportunidade para nós, com certeza. Sempre gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor”, diz o CEO. “Temos propósito diferente, que é conectar o mundo.”

Abaixo, leia trechos da entrevista.

Aprameya Radhakrishna (esq.) e Mayank Bidawatka (dir.) são os fundadores do Koo, app indiano que quer substituir o Twitter Foto: Divulgação/Koo

Como vocês descobriram que o Brasil adotou o Koo? Foi rápido?

De repente, vimos um monte de gente entrar no Koo e começar a falar em português. Estávamos nos perguntando o que estava acontecendo. Então pensamos que tínhamos muita gente de Portugal. Mas quando vimos os dados, percebemos que a localização de todos esses usuários era do Brasil. Isso foi na época em que Elon Musk disse aos funcionários que eles deveriam decidir se queriam ficar ou sair do Twitter. Em todo o mundo, havia muita dissidência e muita preocupação, e isso se acelerou no Brasil.

Como você descobriu como soa o Koo em português?

Foi quando entramos no Twitter e começamos a traduzir o que as pessoas falavam. Os brasileiros estavam rindo muito disso. O bom é que muita gente saiu para experimentar o produto. E o Koo tem muitas diferenças em relação ao Twitter.

Você acha que ter esse nome ajudou o Koo no Brasil?

Inicialmente, o nome ajudou o boca a boca. Mas acho que existia um sentimento de preocupação entre os brasileiros, o sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter. Obviamente, o nome nos ajudou no Brasil, virou uma coisa que todo mundo brincava com os memes. Mas o que realmente nos ajudou quando estávamos nos conectando com o Brasil como marca foi que os brasileiros perceberam que somos muito humanos. Somos muito diferentes do Twitter em termos de atitude e personalidade. Ouviríamos cada usuário e suas reclamações. O Twitter nunca fez isso. Isso foi como uma lufada de ar fresco para muitos usuários naquela época.

Essa ‘onda brasileira’ assustou o Koo no começo?

Não. Ficamos empolgados desde o início porque o povo brasileiro parece muito divertido. Eles foram extremamente solidários enquanto riam do nome. E perceberam que somos capazes de rir de nós mesmos como marca. Não levamos nada a sério e rimos junto com eles. Eu me diverti muito nos últimos dias. Toda a nossa equipe estava muito animada para continuar criando recursos, mesmo que os funcionários não dormissem juntos por muitas noites. Então, sim, isso nos assustou. O Koo foi construído para ter escala, mas havia certas coisas em nossa tecnologia que não deveriam ter sido lançadas porque não esperávamos um aumento repentino. Mas conseguimos nos estabilizar em poucos dias muito rapidamente.

No dia seguinte a tudo isso, o Koo foi traduzido para o português e o aplicativo tinha uma conta no Twitter que escrevia em português brasileiro. Como vocês conseguiram fazer essa resposta rápida?

Como equipe, nós nos movemos muito rápido e temos alguns dos melhores engenheiros da Índia. Traduzir as coisas não é difícil, porque trabalhamos com alguns brasileiros que nos escreveram tentando traduzir tudo para o português brasileiro. Trabalhamos com algumas dessas pessoas em um dia. Somos uma equipe que se move muito rápido e, assim que identificamos uma oportunidade, não demoramos muito para avançar nessa direção.

Foi importante para vocês esse tipo de resposta rápida?

É importante que, culturalmente, sejamos muito focados no usuário. E levamos muito a sério todas as reclamações dos usuários. Nossa definição de mídia social é que a mídia social é sobre as pessoas. É sobre todos nós interagindo juntos. Funciona como uma democracia. Sem as pessoas, não há mídia social. Portanto, realmente respeitamos nossos usuários e queremos garantir que nossa plataforma funcione como um serviço público. Temos que agir como se o Koo não pertencesse a você, mas sim ao povo. Essa é a grande diferença entre o Koo e o Twitter. Somos extremamente humildes, mas muito, muito focados no usuário. Nós nos preocupamos com o que cada usuário diz. No Brasil, fizemos uma pesquisa em que perguntamos se os usuários desejam que mudemos nosso nome se for culturalmente insensível. Mas 80% das respostas disseram não.

Até agora, qual é a resposta dos brasileiros ao app?

É inacreditável. Os números estão nas alturas.

Quantos usuários brasileiros há agora?

Não tenho os números mais recentes, mas está na casa dos milhões. Alguns dias atrás, eram cerca de 2,5 milhões de usuários. Isso é apenas sobre usuários de aplicativos. Os usuários da web têm mais alguns outros milhões.

Você tem medo de que as pessoas saiam do aplicativo tão rapidamente quanto entraram? Que o Koo seja apenas uma ‘coisa de uma noite’.

Influenciadores digitais como Felipe Neto estão postando coisas no Koo que não postam no Twitter. Eles estão recebendo muito mais interações aqui conosco. E as pessoas estão extremamente felizes porque este não é um lugar tóxico. Ninguém está abusando de ninguém. Ninguém está dizendo nada desagradável. Todos estão muito felizes. Falei com algumas dessas pessoas e elas estão extremamente satisfeitas com a plataforma.

Mayank Bidawatka (foto) é cofundador do Koo ao lado de Aprameya Radhakrishna Foto: Divulgação/Koo

Como você planeja convencer as pessoas a deixar o Twitter e ir para Koo?

Acho que não precisamos convencê-las, e sim que elas já querem fazer isso. As pessoas querem ir para um lugar onde não seja perigoso, onde seja seguro, onde possam interagir umas com as outras, onde se sintam em casa, onde não se trate apenas das celebridades.

Esses influenciadores se juntaram ao Koo organicamente ou a empresa os procurou?

Organicamente. Eles estão conseguindo com o Koo o tipo de interação que nem mesmo conseguem no Twitter. A única razão pela qual alguém não sai de um aplicativo é porque encontrou uma nova comunidade, um novo grupo de pessoas com quem nunca interagiu antes. Isso é o que realmente importa, e foi isso que começou com Koo. Eu não acho que eles estão gostando tanto do Mastodon ou de qualquer outro produto, porque não está na língua deles. Temos material no idioma deles, vamos verificar contas e será de graça. Somos mais felizes aqui no Koo. Não vejo motivo para as pessoas começarem a sair do aplicativo. As pessoas estarão pelo menos em ambas plataformas, por isso estamos criando a capacidade de muitas contas verificadas começarem a postar no Twitter também, vinculando as contas e postando no Koo e Twitter ao mesmo tempo.

Qual é a estratégia para o Brasil daqui para frente?

Acho importante lançar alguns recursos. E isso acontecerá nos próximos dias. Alguns desses recursos estão ajudando as pessoas a encontrar seus seguidores do Twitter no Koo e ajudando-as a migrar seu histórico de tweets com uma API. Não precisa pagar nada por isso. São muitas funcionalidades que os brasileiros pediram e que fazem sentido para o resto do mundo. Vamos implementar esses recursos e seremos uma empresa global, porque já estamos sendo usados em vários países. Somos o segundo maior microblog do mundo, temos muito mais escala do que qualquer outra plataforma de microblog que não seja o Twitter. Esta não é uma corrida de 100 metros, e sim uma maratona em que a missão é maior do que o Brasil ou a Índia. A missão é unir o mundo em vários idiomas.

O Brasil pressionou o Koo a se tornar global?

O Brasil começou a usar o aplicativo na sexta-feira 18, mas estou aqui em San Francisco desde a quarta-feira anterior para conversar com a mídia internacional. O Brasil não nos pressionou, mas foi o primeiro a entrar na casa. Portanto, todos vocês sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo.

Os brasileiros sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo lida com a moderação de conteúdo na rede social?

Não damos espaço para discurso de ódio ou desinformação. Na sociedade, não pode existir, portanto não deveria existir em nossa plataforma. Não vamos tolerar isso. Excluiremos esse tipo de conteúdo imediatamente. Acreditamos na liberdade de expressão, mas também acreditamos que isso vem com um senso de responsabilidade. Se você se tornar um infrator reincidente, teremos que bloquear sua capacidade de criar. Você ainda pode consumir o aplicativo, essa é sua liberdade de acesso. Mas o Koo vai acabar com sua liberdade de se expressar.

Mas como o Koo planeja moderar esse tipo de conteúdo? O Facebook e o Instagram usam inteligência artificial (IA), por exemplo.

Somos mais como o Facebook e o Instagram, em que usamos muita tecnologia para descobrir essas coisas. Trabalhamos com dicionários (banco de palavras guardadas pelas IAs), onde as pessoas usam certos tipos de palavras e conseguimos descobrir padrões. Não importa quantas pessoas você contrate, porque é muito ineficiente usar pessoas para moderar conteúdo. É preciso usar a comunidade e a tecnologia para resolver esses problemas. Não é sustentável ter pessoas moderando todo esse conteúdo, porque não é possível. É mais fácil para a comunidade ter ferramentas com que possam identificar e destacar o conteúdo que acreditam ser informações incorretas para que possamos verificar com nossos verificadores de fatos.

Mas as ferramentas de IA funcionam melhor em inglês do que em português. A Koo já tem ferramentas de IA que funcionam em português?

O mundo inteiro está acordando para o fato de que precisamos construir ferramentas em vários idiomas globais. No que nos diz respeito, trabalhamos muito com dicionários. Por exemplo, todas as postagens relatadas são adicionadas a um algoritmo de aprendizado de máquina, e o modelo começa a identificar padrões comuns. Você também precisa de pessoas para revisá-lo, mas serão pessoas vendo isso a cada 10 milhões de postagens. E acreditamos fortemente que devemos trabalhar com pessoas locais, porque elas entendem as nuances culturais regionais muito melhor do que nós.

Você pretende contratar brasileiros para o Koo?

Sim.

Em que tipo de áreas?

Moderação de conteúdo e algo em mídias sociais. Haverá coisas como relacionamentos com usuários importantes, com celebridades e personalidades eminentes em geral.

Quem está financiando o Koo? Existem fundos de capital de risco por trás da empresa?

Temos uma rodada em andamento na qual acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás. Isso faz parte de uma rodada maior, então estamos bem financiados.

Acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo planeja monetizar os usuários?

Queremos tornar este negócio muito sustentável, por isso vamos analisar várias formas de rentabilizar a plataforma sem ter de cobrar os usuários. Não acredito que eles precisem pagar US$ 8 por mês para obter um botão de edição. Publicidade é definitivamente uma maneira muito clara de ganhar dinheiro em grande escala. Usuários, criadores, pessoas VIP, mídia e marcas são monetizáveis. Por exemplo, os usuários ficarão felizes em pagar uma pequena quantia aos criadores para que possam se tornar “superfãs”. Ou as marcas podem aumentar sua visibilidade na plataforma. Existem várias maneiras de ganhar dinheiro em uma plataforma, uma vez que você tenha um grande número de usuários que estão se beneficiando dela.

Você acha que o Twitter vai prosperar com Elon Musk?

Se você é um líder mundial, quero aprender com você. Eu quero saber o que você está pensando. Se você é um dos caras mais ricos do mundo, como Elon Musk, Mark Zuckerberg, Bill Gates ou Larry Page, o que você diz serve de exemplo para milhões de outras pessoas. Se você mostra que tem uma arma ao lado da cama, está enviando uma mensagem para milhões de pessoas dizendo que está tudo bem. Até então, tínhamos uma percepção muito diferente de Elon Musk, em que dizíamos que ele é um dos caras mais ricos e que é um superempreendedor fazendo coisas pela sustentabilidade, enviando pessoas para Marte, tendo carros elétricos. Olhávamos para Musk como um salvador. E agora veja a imagem que vemos com frequência: “Estou demitindo pessoas só porque discordam de mim. Estou demitindo sem aviso prévio. Estou apenas dizendo qualquer coisa que me vem à cabeça, estou tomando decisões e voltando atrás”. Há danos no mundo real que estão acontecendo por causa da maneira como a empresa dele está sendo administrada. Algumas semanas atrás, ele disse: “Bem, se você não sabe em quem votar, vote nos republicanos”. As pessoas não têm inteligência para diferenciar entre o que o dono de uma empresa diz e o que a empresa acredita.

Esse tipo de comportamento é nocivo para o Twitter?

Já é nocivo. E vai continuar piorando. Você tem milhões de usuários que estão dizendo que querem deixar a plataforma. Criar um produto é um processo democrático, principalmente um produto e uma plataforma como o Twitter, como o Koo. Portanto, estou preocupado. É uma oportunidade para nós com certeza. Mas, se eu deixar isso de lado, se eu esquecer o fato de que estamos competindo com o Twitter e que temos a ganhar com isso em particular... Gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor. Acredito que temos um propósito diferente, que é conectar o mundo.

Da noite para o dia, o aplicativo indiano Koo recebeu milhões de brasileiros em busca de alternativas ao Twitter, que vem passando por grandes mudanças após a aquisição de Elon Musk por US$ 44 bilhões, concluída em outubro passado. Com as controversas decisões do bilionário, a rede social americana pode apresentar falhas e deixar muitos usuários órfãos do microblog — daí a ascensão do Koo, cujo nome excêntrico no português chamou atenção.

“O nome ajudou o boca a boca, mas existe um sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter”, conta o indiano Mayank Bidawatka, cofundador do Koo junto de Aprameya Radhakrishna. “O Brasil foi extremamente solidário enquanto ria do nome da rede social e quando percebeu que somos capazes de rir de nós mesmos como marca”, completa o executivo.

A brincadeira, porém, transformou-se em negócio sério. O Koo diz possuir 2,5 milhões de pessoas conectadas pelo aplicativo para iOS e Android, além dos usuários indianos. Ao contrário de redes sociais como Facebook e Twitter, a companhia não revela os números de usuários diários ativos na plataforma (DAUs, na sigla em inglês), métrica para avaliar o tamanho da rede.

Agora, o objetivo de Bidawatka e Radhakrishna é transformar o Koo no maior microblog do Planeta, superando o Twitter, hoje com 250 milhões de usuários ativos diariamente. A plataforma indiana divide com o rival americano não só a inspiração do logotipo (que também é um passarinho), mas diversas funcionalidades, como possibilidade de republicar conteúdo, dar “koortidas” e ver assuntos do momento.

Como diferencial, o Koo promete não cobrar usuários (uma das promessas de Musk para o Twitter, tentando diversificar a receita da empresa para além da publicidade) e moderar conteúdo, forçando um ambiente “alegre e própspero” para os usuários, diz Bidawatka.

“O comportamento nocivo de Elon Musk é uma oportunidade para nós, com certeza. Sempre gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor”, diz o CEO. “Temos propósito diferente, que é conectar o mundo.”

Abaixo, leia trechos da entrevista.

Aprameya Radhakrishna (esq.) e Mayank Bidawatka (dir.) são os fundadores do Koo, app indiano que quer substituir o Twitter Foto: Divulgação/Koo

Como vocês descobriram que o Brasil adotou o Koo? Foi rápido?

De repente, vimos um monte de gente entrar no Koo e começar a falar em português. Estávamos nos perguntando o que estava acontecendo. Então pensamos que tínhamos muita gente de Portugal. Mas quando vimos os dados, percebemos que a localização de todos esses usuários era do Brasil. Isso foi na época em que Elon Musk disse aos funcionários que eles deveriam decidir se queriam ficar ou sair do Twitter. Em todo o mundo, havia muita dissidência e muita preocupação, e isso se acelerou no Brasil.

Como você descobriu como soa o Koo em português?

Foi quando entramos no Twitter e começamos a traduzir o que as pessoas falavam. Os brasileiros estavam rindo muito disso. O bom é que muita gente saiu para experimentar o produto. E o Koo tem muitas diferenças em relação ao Twitter.

Você acha que ter esse nome ajudou o Koo no Brasil?

Inicialmente, o nome ajudou o boca a boca. Mas acho que existia um sentimento de preocupação entre os brasileiros, o sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter. Obviamente, o nome nos ajudou no Brasil, virou uma coisa que todo mundo brincava com os memes. Mas o que realmente nos ajudou quando estávamos nos conectando com o Brasil como marca foi que os brasileiros perceberam que somos muito humanos. Somos muito diferentes do Twitter em termos de atitude e personalidade. Ouviríamos cada usuário e suas reclamações. O Twitter nunca fez isso. Isso foi como uma lufada de ar fresco para muitos usuários naquela época.

Essa ‘onda brasileira’ assustou o Koo no começo?

Não. Ficamos empolgados desde o início porque o povo brasileiro parece muito divertido. Eles foram extremamente solidários enquanto riam do nome. E perceberam que somos capazes de rir de nós mesmos como marca. Não levamos nada a sério e rimos junto com eles. Eu me diverti muito nos últimos dias. Toda a nossa equipe estava muito animada para continuar criando recursos, mesmo que os funcionários não dormissem juntos por muitas noites. Então, sim, isso nos assustou. O Koo foi construído para ter escala, mas havia certas coisas em nossa tecnologia que não deveriam ter sido lançadas porque não esperávamos um aumento repentino. Mas conseguimos nos estabilizar em poucos dias muito rapidamente.

No dia seguinte a tudo isso, o Koo foi traduzido para o português e o aplicativo tinha uma conta no Twitter que escrevia em português brasileiro. Como vocês conseguiram fazer essa resposta rápida?

Como equipe, nós nos movemos muito rápido e temos alguns dos melhores engenheiros da Índia. Traduzir as coisas não é difícil, porque trabalhamos com alguns brasileiros que nos escreveram tentando traduzir tudo para o português brasileiro. Trabalhamos com algumas dessas pessoas em um dia. Somos uma equipe que se move muito rápido e, assim que identificamos uma oportunidade, não demoramos muito para avançar nessa direção.

Foi importante para vocês esse tipo de resposta rápida?

É importante que, culturalmente, sejamos muito focados no usuário. E levamos muito a sério todas as reclamações dos usuários. Nossa definição de mídia social é que a mídia social é sobre as pessoas. É sobre todos nós interagindo juntos. Funciona como uma democracia. Sem as pessoas, não há mídia social. Portanto, realmente respeitamos nossos usuários e queremos garantir que nossa plataforma funcione como um serviço público. Temos que agir como se o Koo não pertencesse a você, mas sim ao povo. Essa é a grande diferença entre o Koo e o Twitter. Somos extremamente humildes, mas muito, muito focados no usuário. Nós nos preocupamos com o que cada usuário diz. No Brasil, fizemos uma pesquisa em que perguntamos se os usuários desejam que mudemos nosso nome se for culturalmente insensível. Mas 80% das respostas disseram não.

Até agora, qual é a resposta dos brasileiros ao app?

É inacreditável. Os números estão nas alturas.

Quantos usuários brasileiros há agora?

Não tenho os números mais recentes, mas está na casa dos milhões. Alguns dias atrás, eram cerca de 2,5 milhões de usuários. Isso é apenas sobre usuários de aplicativos. Os usuários da web têm mais alguns outros milhões.

Você tem medo de que as pessoas saiam do aplicativo tão rapidamente quanto entraram? Que o Koo seja apenas uma ‘coisa de uma noite’.

Influenciadores digitais como Felipe Neto estão postando coisas no Koo que não postam no Twitter. Eles estão recebendo muito mais interações aqui conosco. E as pessoas estão extremamente felizes porque este não é um lugar tóxico. Ninguém está abusando de ninguém. Ninguém está dizendo nada desagradável. Todos estão muito felizes. Falei com algumas dessas pessoas e elas estão extremamente satisfeitas com a plataforma.

Mayank Bidawatka (foto) é cofundador do Koo ao lado de Aprameya Radhakrishna Foto: Divulgação/Koo

Como você planeja convencer as pessoas a deixar o Twitter e ir para Koo?

Acho que não precisamos convencê-las, e sim que elas já querem fazer isso. As pessoas querem ir para um lugar onde não seja perigoso, onde seja seguro, onde possam interagir umas com as outras, onde se sintam em casa, onde não se trate apenas das celebridades.

Esses influenciadores se juntaram ao Koo organicamente ou a empresa os procurou?

Organicamente. Eles estão conseguindo com o Koo o tipo de interação que nem mesmo conseguem no Twitter. A única razão pela qual alguém não sai de um aplicativo é porque encontrou uma nova comunidade, um novo grupo de pessoas com quem nunca interagiu antes. Isso é o que realmente importa, e foi isso que começou com Koo. Eu não acho que eles estão gostando tanto do Mastodon ou de qualquer outro produto, porque não está na língua deles. Temos material no idioma deles, vamos verificar contas e será de graça. Somos mais felizes aqui no Koo. Não vejo motivo para as pessoas começarem a sair do aplicativo. As pessoas estarão pelo menos em ambas plataformas, por isso estamos criando a capacidade de muitas contas verificadas começarem a postar no Twitter também, vinculando as contas e postando no Koo e Twitter ao mesmo tempo.

Qual é a estratégia para o Brasil daqui para frente?

Acho importante lançar alguns recursos. E isso acontecerá nos próximos dias. Alguns desses recursos estão ajudando as pessoas a encontrar seus seguidores do Twitter no Koo e ajudando-as a migrar seu histórico de tweets com uma API. Não precisa pagar nada por isso. São muitas funcionalidades que os brasileiros pediram e que fazem sentido para o resto do mundo. Vamos implementar esses recursos e seremos uma empresa global, porque já estamos sendo usados em vários países. Somos o segundo maior microblog do mundo, temos muito mais escala do que qualquer outra plataforma de microblog que não seja o Twitter. Esta não é uma corrida de 100 metros, e sim uma maratona em que a missão é maior do que o Brasil ou a Índia. A missão é unir o mundo em vários idiomas.

O Brasil pressionou o Koo a se tornar global?

O Brasil começou a usar o aplicativo na sexta-feira 18, mas estou aqui em San Francisco desde a quarta-feira anterior para conversar com a mídia internacional. O Brasil não nos pressionou, mas foi o primeiro a entrar na casa. Portanto, todos vocês sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo.

Os brasileiros sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo lida com a moderação de conteúdo na rede social?

Não damos espaço para discurso de ódio ou desinformação. Na sociedade, não pode existir, portanto não deveria existir em nossa plataforma. Não vamos tolerar isso. Excluiremos esse tipo de conteúdo imediatamente. Acreditamos na liberdade de expressão, mas também acreditamos que isso vem com um senso de responsabilidade. Se você se tornar um infrator reincidente, teremos que bloquear sua capacidade de criar. Você ainda pode consumir o aplicativo, essa é sua liberdade de acesso. Mas o Koo vai acabar com sua liberdade de se expressar.

Mas como o Koo planeja moderar esse tipo de conteúdo? O Facebook e o Instagram usam inteligência artificial (IA), por exemplo.

Somos mais como o Facebook e o Instagram, em que usamos muita tecnologia para descobrir essas coisas. Trabalhamos com dicionários (banco de palavras guardadas pelas IAs), onde as pessoas usam certos tipos de palavras e conseguimos descobrir padrões. Não importa quantas pessoas você contrate, porque é muito ineficiente usar pessoas para moderar conteúdo. É preciso usar a comunidade e a tecnologia para resolver esses problemas. Não é sustentável ter pessoas moderando todo esse conteúdo, porque não é possível. É mais fácil para a comunidade ter ferramentas com que possam identificar e destacar o conteúdo que acreditam ser informações incorretas para que possamos verificar com nossos verificadores de fatos.

Mas as ferramentas de IA funcionam melhor em inglês do que em português. A Koo já tem ferramentas de IA que funcionam em português?

O mundo inteiro está acordando para o fato de que precisamos construir ferramentas em vários idiomas globais. No que nos diz respeito, trabalhamos muito com dicionários. Por exemplo, todas as postagens relatadas são adicionadas a um algoritmo de aprendizado de máquina, e o modelo começa a identificar padrões comuns. Você também precisa de pessoas para revisá-lo, mas serão pessoas vendo isso a cada 10 milhões de postagens. E acreditamos fortemente que devemos trabalhar com pessoas locais, porque elas entendem as nuances culturais regionais muito melhor do que nós.

Você pretende contratar brasileiros para o Koo?

Sim.

Em que tipo de áreas?

Moderação de conteúdo e algo em mídias sociais. Haverá coisas como relacionamentos com usuários importantes, com celebridades e personalidades eminentes em geral.

Quem está financiando o Koo? Existem fundos de capital de risco por trás da empresa?

Temos uma rodada em andamento na qual acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás. Isso faz parte de uma rodada maior, então estamos bem financiados.

Acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo planeja monetizar os usuários?

Queremos tornar este negócio muito sustentável, por isso vamos analisar várias formas de rentabilizar a plataforma sem ter de cobrar os usuários. Não acredito que eles precisem pagar US$ 8 por mês para obter um botão de edição. Publicidade é definitivamente uma maneira muito clara de ganhar dinheiro em grande escala. Usuários, criadores, pessoas VIP, mídia e marcas são monetizáveis. Por exemplo, os usuários ficarão felizes em pagar uma pequena quantia aos criadores para que possam se tornar “superfãs”. Ou as marcas podem aumentar sua visibilidade na plataforma. Existem várias maneiras de ganhar dinheiro em uma plataforma, uma vez que você tenha um grande número de usuários que estão se beneficiando dela.

Você acha que o Twitter vai prosperar com Elon Musk?

Se você é um líder mundial, quero aprender com você. Eu quero saber o que você está pensando. Se você é um dos caras mais ricos do mundo, como Elon Musk, Mark Zuckerberg, Bill Gates ou Larry Page, o que você diz serve de exemplo para milhões de outras pessoas. Se você mostra que tem uma arma ao lado da cama, está enviando uma mensagem para milhões de pessoas dizendo que está tudo bem. Até então, tínhamos uma percepção muito diferente de Elon Musk, em que dizíamos que ele é um dos caras mais ricos e que é um superempreendedor fazendo coisas pela sustentabilidade, enviando pessoas para Marte, tendo carros elétricos. Olhávamos para Musk como um salvador. E agora veja a imagem que vemos com frequência: “Estou demitindo pessoas só porque discordam de mim. Estou demitindo sem aviso prévio. Estou apenas dizendo qualquer coisa que me vem à cabeça, estou tomando decisões e voltando atrás”. Há danos no mundo real que estão acontecendo por causa da maneira como a empresa dele está sendo administrada. Algumas semanas atrás, ele disse: “Bem, se você não sabe em quem votar, vote nos republicanos”. As pessoas não têm inteligência para diferenciar entre o que o dono de uma empresa diz e o que a empresa acredita.

Esse tipo de comportamento é nocivo para o Twitter?

Já é nocivo. E vai continuar piorando. Você tem milhões de usuários que estão dizendo que querem deixar a plataforma. Criar um produto é um processo democrático, principalmente um produto e uma plataforma como o Twitter, como o Koo. Portanto, estou preocupado. É uma oportunidade para nós com certeza. Mas, se eu deixar isso de lado, se eu esquecer o fato de que estamos competindo com o Twitter e que temos a ganhar com isso em particular... Gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor. Acredito que temos um propósito diferente, que é conectar o mundo.

Da noite para o dia, o aplicativo indiano Koo recebeu milhões de brasileiros em busca de alternativas ao Twitter, que vem passando por grandes mudanças após a aquisição de Elon Musk por US$ 44 bilhões, concluída em outubro passado. Com as controversas decisões do bilionário, a rede social americana pode apresentar falhas e deixar muitos usuários órfãos do microblog — daí a ascensão do Koo, cujo nome excêntrico no português chamou atenção.

“O nome ajudou o boca a boca, mas existe um sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter”, conta o indiano Mayank Bidawatka, cofundador do Koo junto de Aprameya Radhakrishna. “O Brasil foi extremamente solidário enquanto ria do nome da rede social e quando percebeu que somos capazes de rir de nós mesmos como marca”, completa o executivo.

A brincadeira, porém, transformou-se em negócio sério. O Koo diz possuir 2,5 milhões de pessoas conectadas pelo aplicativo para iOS e Android, além dos usuários indianos. Ao contrário de redes sociais como Facebook e Twitter, a companhia não revela os números de usuários diários ativos na plataforma (DAUs, na sigla em inglês), métrica para avaliar o tamanho da rede.

Agora, o objetivo de Bidawatka e Radhakrishna é transformar o Koo no maior microblog do Planeta, superando o Twitter, hoje com 250 milhões de usuários ativos diariamente. A plataforma indiana divide com o rival americano não só a inspiração do logotipo (que também é um passarinho), mas diversas funcionalidades, como possibilidade de republicar conteúdo, dar “koortidas” e ver assuntos do momento.

Como diferencial, o Koo promete não cobrar usuários (uma das promessas de Musk para o Twitter, tentando diversificar a receita da empresa para além da publicidade) e moderar conteúdo, forçando um ambiente “alegre e própspero” para os usuários, diz Bidawatka.

“O comportamento nocivo de Elon Musk é uma oportunidade para nós, com certeza. Sempre gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor”, diz o CEO. “Temos propósito diferente, que é conectar o mundo.”

Abaixo, leia trechos da entrevista.

Aprameya Radhakrishna (esq.) e Mayank Bidawatka (dir.) são os fundadores do Koo, app indiano que quer substituir o Twitter Foto: Divulgação/Koo

Como vocês descobriram que o Brasil adotou o Koo? Foi rápido?

De repente, vimos um monte de gente entrar no Koo e começar a falar em português. Estávamos nos perguntando o que estava acontecendo. Então pensamos que tínhamos muita gente de Portugal. Mas quando vimos os dados, percebemos que a localização de todos esses usuários era do Brasil. Isso foi na época em que Elon Musk disse aos funcionários que eles deveriam decidir se queriam ficar ou sair do Twitter. Em todo o mundo, havia muita dissidência e muita preocupação, e isso se acelerou no Brasil.

Como você descobriu como soa o Koo em português?

Foi quando entramos no Twitter e começamos a traduzir o que as pessoas falavam. Os brasileiros estavam rindo muito disso. O bom é que muita gente saiu para experimentar o produto. E o Koo tem muitas diferenças em relação ao Twitter.

Você acha que ter esse nome ajudou o Koo no Brasil?

Inicialmente, o nome ajudou o boca a boca. Mas acho que existia um sentimento de preocupação entre os brasileiros, o sentimento de que precisamos de uma alternativa caso algo aconteça com o Twitter. Obviamente, o nome nos ajudou no Brasil, virou uma coisa que todo mundo brincava com os memes. Mas o que realmente nos ajudou quando estávamos nos conectando com o Brasil como marca foi que os brasileiros perceberam que somos muito humanos. Somos muito diferentes do Twitter em termos de atitude e personalidade. Ouviríamos cada usuário e suas reclamações. O Twitter nunca fez isso. Isso foi como uma lufada de ar fresco para muitos usuários naquela época.

Essa ‘onda brasileira’ assustou o Koo no começo?

Não. Ficamos empolgados desde o início porque o povo brasileiro parece muito divertido. Eles foram extremamente solidários enquanto riam do nome. E perceberam que somos capazes de rir de nós mesmos como marca. Não levamos nada a sério e rimos junto com eles. Eu me diverti muito nos últimos dias. Toda a nossa equipe estava muito animada para continuar criando recursos, mesmo que os funcionários não dormissem juntos por muitas noites. Então, sim, isso nos assustou. O Koo foi construído para ter escala, mas havia certas coisas em nossa tecnologia que não deveriam ter sido lançadas porque não esperávamos um aumento repentino. Mas conseguimos nos estabilizar em poucos dias muito rapidamente.

No dia seguinte a tudo isso, o Koo foi traduzido para o português e o aplicativo tinha uma conta no Twitter que escrevia em português brasileiro. Como vocês conseguiram fazer essa resposta rápida?

Como equipe, nós nos movemos muito rápido e temos alguns dos melhores engenheiros da Índia. Traduzir as coisas não é difícil, porque trabalhamos com alguns brasileiros que nos escreveram tentando traduzir tudo para o português brasileiro. Trabalhamos com algumas dessas pessoas em um dia. Somos uma equipe que se move muito rápido e, assim que identificamos uma oportunidade, não demoramos muito para avançar nessa direção.

Foi importante para vocês esse tipo de resposta rápida?

É importante que, culturalmente, sejamos muito focados no usuário. E levamos muito a sério todas as reclamações dos usuários. Nossa definição de mídia social é que a mídia social é sobre as pessoas. É sobre todos nós interagindo juntos. Funciona como uma democracia. Sem as pessoas, não há mídia social. Portanto, realmente respeitamos nossos usuários e queremos garantir que nossa plataforma funcione como um serviço público. Temos que agir como se o Koo não pertencesse a você, mas sim ao povo. Essa é a grande diferença entre o Koo e o Twitter. Somos extremamente humildes, mas muito, muito focados no usuário. Nós nos preocupamos com o que cada usuário diz. No Brasil, fizemos uma pesquisa em que perguntamos se os usuários desejam que mudemos nosso nome se for culturalmente insensível. Mas 80% das respostas disseram não.

Até agora, qual é a resposta dos brasileiros ao app?

É inacreditável. Os números estão nas alturas.

Quantos usuários brasileiros há agora?

Não tenho os números mais recentes, mas está na casa dos milhões. Alguns dias atrás, eram cerca de 2,5 milhões de usuários. Isso é apenas sobre usuários de aplicativos. Os usuários da web têm mais alguns outros milhões.

Você tem medo de que as pessoas saiam do aplicativo tão rapidamente quanto entraram? Que o Koo seja apenas uma ‘coisa de uma noite’.

Influenciadores digitais como Felipe Neto estão postando coisas no Koo que não postam no Twitter. Eles estão recebendo muito mais interações aqui conosco. E as pessoas estão extremamente felizes porque este não é um lugar tóxico. Ninguém está abusando de ninguém. Ninguém está dizendo nada desagradável. Todos estão muito felizes. Falei com algumas dessas pessoas e elas estão extremamente satisfeitas com a plataforma.

Mayank Bidawatka (foto) é cofundador do Koo ao lado de Aprameya Radhakrishna Foto: Divulgação/Koo

Como você planeja convencer as pessoas a deixar o Twitter e ir para Koo?

Acho que não precisamos convencê-las, e sim que elas já querem fazer isso. As pessoas querem ir para um lugar onde não seja perigoso, onde seja seguro, onde possam interagir umas com as outras, onde se sintam em casa, onde não se trate apenas das celebridades.

Esses influenciadores se juntaram ao Koo organicamente ou a empresa os procurou?

Organicamente. Eles estão conseguindo com o Koo o tipo de interação que nem mesmo conseguem no Twitter. A única razão pela qual alguém não sai de um aplicativo é porque encontrou uma nova comunidade, um novo grupo de pessoas com quem nunca interagiu antes. Isso é o que realmente importa, e foi isso que começou com Koo. Eu não acho que eles estão gostando tanto do Mastodon ou de qualquer outro produto, porque não está na língua deles. Temos material no idioma deles, vamos verificar contas e será de graça. Somos mais felizes aqui no Koo. Não vejo motivo para as pessoas começarem a sair do aplicativo. As pessoas estarão pelo menos em ambas plataformas, por isso estamos criando a capacidade de muitas contas verificadas começarem a postar no Twitter também, vinculando as contas e postando no Koo e Twitter ao mesmo tempo.

Qual é a estratégia para o Brasil daqui para frente?

Acho importante lançar alguns recursos. E isso acontecerá nos próximos dias. Alguns desses recursos estão ajudando as pessoas a encontrar seus seguidores do Twitter no Koo e ajudando-as a migrar seu histórico de tweets com uma API. Não precisa pagar nada por isso. São muitas funcionalidades que os brasileiros pediram e que fazem sentido para o resto do mundo. Vamos implementar esses recursos e seremos uma empresa global, porque já estamos sendo usados em vários países. Somos o segundo maior microblog do mundo, temos muito mais escala do que qualquer outra plataforma de microblog que não seja o Twitter. Esta não é uma corrida de 100 metros, e sim uma maratona em que a missão é maior do que o Brasil ou a Índia. A missão é unir o mundo em vários idiomas.

O Brasil pressionou o Koo a se tornar global?

O Brasil começou a usar o aplicativo na sexta-feira 18, mas estou aqui em San Francisco desde a quarta-feira anterior para conversar com a mídia internacional. O Brasil não nos pressionou, mas foi o primeiro a entrar na casa. Portanto, todos vocês sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo.

Os brasileiros sempre serão conhecidos como os primeiros a adotar o Koo

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo lida com a moderação de conteúdo na rede social?

Não damos espaço para discurso de ódio ou desinformação. Na sociedade, não pode existir, portanto não deveria existir em nossa plataforma. Não vamos tolerar isso. Excluiremos esse tipo de conteúdo imediatamente. Acreditamos na liberdade de expressão, mas também acreditamos que isso vem com um senso de responsabilidade. Se você se tornar um infrator reincidente, teremos que bloquear sua capacidade de criar. Você ainda pode consumir o aplicativo, essa é sua liberdade de acesso. Mas o Koo vai acabar com sua liberdade de se expressar.

Mas como o Koo planeja moderar esse tipo de conteúdo? O Facebook e o Instagram usam inteligência artificial (IA), por exemplo.

Somos mais como o Facebook e o Instagram, em que usamos muita tecnologia para descobrir essas coisas. Trabalhamos com dicionários (banco de palavras guardadas pelas IAs), onde as pessoas usam certos tipos de palavras e conseguimos descobrir padrões. Não importa quantas pessoas você contrate, porque é muito ineficiente usar pessoas para moderar conteúdo. É preciso usar a comunidade e a tecnologia para resolver esses problemas. Não é sustentável ter pessoas moderando todo esse conteúdo, porque não é possível. É mais fácil para a comunidade ter ferramentas com que possam identificar e destacar o conteúdo que acreditam ser informações incorretas para que possamos verificar com nossos verificadores de fatos.

Mas as ferramentas de IA funcionam melhor em inglês do que em português. A Koo já tem ferramentas de IA que funcionam em português?

O mundo inteiro está acordando para o fato de que precisamos construir ferramentas em vários idiomas globais. No que nos diz respeito, trabalhamos muito com dicionários. Por exemplo, todas as postagens relatadas são adicionadas a um algoritmo de aprendizado de máquina, e o modelo começa a identificar padrões comuns. Você também precisa de pessoas para revisá-lo, mas serão pessoas vendo isso a cada 10 milhões de postagens. E acreditamos fortemente que devemos trabalhar com pessoas locais, porque elas entendem as nuances culturais regionais muito melhor do que nós.

Você pretende contratar brasileiros para o Koo?

Sim.

Em que tipo de áreas?

Moderação de conteúdo e algo em mídias sociais. Haverá coisas como relacionamentos com usuários importantes, com celebridades e personalidades eminentes em geral.

Quem está financiando o Koo? Existem fundos de capital de risco por trás da empresa?

Temos uma rodada em andamento na qual acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás. Isso faz parte de uma rodada maior, então estamos bem financiados.

Acabamos de fechar um financiamento de US$ 6 milhões alguns dias atrás

Mayank Bidawatka, cofundador do Koo

Como o Koo planeja monetizar os usuários?

Queremos tornar este negócio muito sustentável, por isso vamos analisar várias formas de rentabilizar a plataforma sem ter de cobrar os usuários. Não acredito que eles precisem pagar US$ 8 por mês para obter um botão de edição. Publicidade é definitivamente uma maneira muito clara de ganhar dinheiro em grande escala. Usuários, criadores, pessoas VIP, mídia e marcas são monetizáveis. Por exemplo, os usuários ficarão felizes em pagar uma pequena quantia aos criadores para que possam se tornar “superfãs”. Ou as marcas podem aumentar sua visibilidade na plataforma. Existem várias maneiras de ganhar dinheiro em uma plataforma, uma vez que você tenha um grande número de usuários que estão se beneficiando dela.

Você acha que o Twitter vai prosperar com Elon Musk?

Se você é um líder mundial, quero aprender com você. Eu quero saber o que você está pensando. Se você é um dos caras mais ricos do mundo, como Elon Musk, Mark Zuckerberg, Bill Gates ou Larry Page, o que você diz serve de exemplo para milhões de outras pessoas. Se você mostra que tem uma arma ao lado da cama, está enviando uma mensagem para milhões de pessoas dizendo que está tudo bem. Até então, tínhamos uma percepção muito diferente de Elon Musk, em que dizíamos que ele é um dos caras mais ricos e que é um superempreendedor fazendo coisas pela sustentabilidade, enviando pessoas para Marte, tendo carros elétricos. Olhávamos para Musk como um salvador. E agora veja a imagem que vemos com frequência: “Estou demitindo pessoas só porque discordam de mim. Estou demitindo sem aviso prévio. Estou apenas dizendo qualquer coisa que me vem à cabeça, estou tomando decisões e voltando atrás”. Há danos no mundo real que estão acontecendo por causa da maneira como a empresa dele está sendo administrada. Algumas semanas atrás, ele disse: “Bem, se você não sabe em quem votar, vote nos republicanos”. As pessoas não têm inteligência para diferenciar entre o que o dono de uma empresa diz e o que a empresa acredita.

Esse tipo de comportamento é nocivo para o Twitter?

Já é nocivo. E vai continuar piorando. Você tem milhões de usuários que estão dizendo que querem deixar a plataforma. Criar um produto é um processo democrático, principalmente um produto e uma plataforma como o Twitter, como o Koo. Portanto, estou preocupado. É uma oportunidade para nós com certeza. Mas, se eu deixar isso de lado, se eu esquecer o fato de que estamos competindo com o Twitter e que temos a ganhar com isso em particular... Gostei muito de usar o Twitter, mas acredito que temos uma solução melhor. Acredito que temos um propósito diferente, que é conectar o mundo.

Entrevista por Guilherme Guerra

Repórter do Estadão desde 2018, com passagem pelas coberturas de educação, internacional, economia e tecnologia. Formado em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e pós-graduado em Estudos Brasileiros pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

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