Limite de tuítes é mais um erro de Musk no Twitter, dizem especialistas


Usuários que não assinam o serviço da empresa só poderão ver mil publicações por dia

Por Bruna Arimathea
Atualização:

Neste final de semana, Elon Musk anunciou pelo Twitter que os usuários da rede terão um limite diário de publicações para ler, em uma tentativa de impulsionar o serviço de assinatura pago da plataforma, que custa entre R$ 42 e R$ 60 por mês. A novidade gerou uma tentativa de debandada para outros serviços e expôs mais um capítulo polêmico da rede do passarinho. Para especialistas ouvidos pela reportagem, o bilionário cometeu mais um erro na gestão do serviço.

Na primeira publicação sobre o assunto no sábado, 1º., o bilionário afirmou que, para evitar ações de scrapping na rede (coleta de dados massiva por parte de empresas), cada usuário “comum” poderia acessar apenas 600 tuítes por dia e, para quem fosse assinante do Twitter Blue, o limite seria 6 mil. Ao longo do dia, porém, Musk estabeleceu que o limite diário seria 1 mil e 10 mil, para não assinantes e assinantes do serviço da empresa, respectivamente. Além disso, o chefe do Twitter também limitou a visualização de publicações apenas para pessoas que possuem conta na rede social.

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Desde que comprou ações pela primeira vez na rede social, Musk afirma querer construir uma plataforma própria, chamada “X”, para ser uma espécie de superapp. Isso tornaria o site em uma espécie de WeChat, app popular na China que une ferramentas de mensagens, pagamentos e redes sociais.

Para isso, o bilionário tem cometido uma sequência de erros ao tentar concentrar a rede social cada vez mais em sua própria pessoa, afirma o especialista em redes sociais e doutorando em Direito, Estado e Constituição na Universidade de Brasília Paulo Rená. Para ele, as decisões repentinas são mal explicadas e não fazem parte de uma estruturação coerente quando o assunto é rede social.

“Elon Musk tem se comportado como um soberano absolutista. As decisões são impostas sem avisos, sem as pessoas de fato entenderem o porquê. Não existem muitas outras redes com a abertura que o Twitter tem, mas desde que ele assumiu, tem feito a rede ser cada vez mais centrada na pessoa dele”, explica Rená.

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Mau negócio

Do ponto de vista comercial, as últimas investidas de Musk também não parecem ser as mais acertadas para o negócio. Enquanto empresas como TikTok e Meta, dona do Facebook e Instagram, apostam em algoritmos para que seus usuários fiquem o maior tempo possível em suas plataformas, o Twitter parece espantar os usuários ainda fiéis da rede do passarinho nas tentativas de privilegiar seu serviço pago.

“Os limites são notavelmente ruins para usuários e anunciantes já abalados pelo ‘caos’ que Musk trouxe para a plataforma”, disse Mike Proulx, diretor de pesquisa da Forrester, à agência de notícias Reuters, após o episódio.

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Entre as medidas que causaram barulho estão o fim do selo azul de verificação para usuários não assinantes do Twitter Blue, a introdução de um feed que mostra as publicações mais populares, nos moldes do “For You” do TikTok, a possibilidade e editar tuítes e o afrouxamento da política contra desinformação na plataforma.

Bluesky, rede criada por Jack Dorsey, vê o crescimento de usuários, mas ainda não consegue competir com Twitter Foto: AP Photo/Richard Drew

Em partes, a estratégia ainda funciona porque ainda não existe uma rede bem estabelecida para substituir o Twitter. Nomes como Mastodon, Koo e Bluesky — fundada por Jack Dorsey, criador do Twitter — ainda estão relativamente desertas de usuários e de interações. Na Bluesky, por exemplo, a forma mais fácil de criar uma conta é a partir de um convite de um outro usuário já inserido na plataforma, ou esperar meses para ser aceito sem indicação.

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“O Twitter sempre foi uma promessa, mas nunca teve resultados financeiros, produção de lucro de fato. Sempre teve um potencial, mas nunca foi completamente realizado do ponto de vista econômico. Porém, sempre foi um sucesso social e comunicacional”, aponta Rená.

A gestão de Musk também tem minado a força de trabalho da plataforma nos últimos meses — já foram mais de 80% de funcionários demitidos, muitos em áreas cruciais, como operação de sistemas e engenharia. Entre os problemas de infraestrutura listados com a evacuação da empresa, a falta de pagamento de aluguéis e de recursos entraram para a lista.

Em meados de junho, o site americano Platformer divulgou que o Twitter estava se recusando a pagar pelo serviço de nuvem do Google que estava utilizando. O prazo para o pagamento era no início de julho e coincidia com a medida de limitação de tuítes visualizados. Sem serviço de nuvem, a plataforma teria dificuldade de operar com servidores e manter a rede social em funcionamento.

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“Ainda acho que é possível recuperar o valor social da rede, mas com Musk não há transparência. É uma decisão errada atrás da outra”, afirma Rená.

Insubstituível?

A dificuldade em substituir o Twitter pode ser uma das justificativas para que a rede social continue de pé. De acordo com Alexandre Inagaki, consultor de redes sociais, muitos usuários ainda não vão abrir mão de rolar o feed, mesmo que seja para ver “apenas” mil tuítes.

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“O Twitter continua gerando memes e os posts têm muito mais engajamento. Para o bem e para o mal, ainda é uma rede social mais relevante. Reclamar do Twitter é um clichê dos seus usuários. São problematizados, sujeitos permanentemente a cancelamentos, mas continuam lá”, explica Inagaki.

Neste final de semana, Elon Musk anunciou pelo Twitter que os usuários da rede terão um limite diário de publicações para ler, em uma tentativa de impulsionar o serviço de assinatura pago da plataforma, que custa entre R$ 42 e R$ 60 por mês. A novidade gerou uma tentativa de debandada para outros serviços e expôs mais um capítulo polêmico da rede do passarinho. Para especialistas ouvidos pela reportagem, o bilionário cometeu mais um erro na gestão do serviço.

Na primeira publicação sobre o assunto no sábado, 1º., o bilionário afirmou que, para evitar ações de scrapping na rede (coleta de dados massiva por parte de empresas), cada usuário “comum” poderia acessar apenas 600 tuítes por dia e, para quem fosse assinante do Twitter Blue, o limite seria 6 mil. Ao longo do dia, porém, Musk estabeleceu que o limite diário seria 1 mil e 10 mil, para não assinantes e assinantes do serviço da empresa, respectivamente. Além disso, o chefe do Twitter também limitou a visualização de publicações apenas para pessoas que possuem conta na rede social.

Desde que comprou ações pela primeira vez na rede social, Musk afirma querer construir uma plataforma própria, chamada “X”, para ser uma espécie de superapp. Isso tornaria o site em uma espécie de WeChat, app popular na China que une ferramentas de mensagens, pagamentos e redes sociais.

Para isso, o bilionário tem cometido uma sequência de erros ao tentar concentrar a rede social cada vez mais em sua própria pessoa, afirma o especialista em redes sociais e doutorando em Direito, Estado e Constituição na Universidade de Brasília Paulo Rená. Para ele, as decisões repentinas são mal explicadas e não fazem parte de uma estruturação coerente quando o assunto é rede social.

“Elon Musk tem se comportado como um soberano absolutista. As decisões são impostas sem avisos, sem as pessoas de fato entenderem o porquê. Não existem muitas outras redes com a abertura que o Twitter tem, mas desde que ele assumiu, tem feito a rede ser cada vez mais centrada na pessoa dele”, explica Rená.

Mau negócio

Do ponto de vista comercial, as últimas investidas de Musk também não parecem ser as mais acertadas para o negócio. Enquanto empresas como TikTok e Meta, dona do Facebook e Instagram, apostam em algoritmos para que seus usuários fiquem o maior tempo possível em suas plataformas, o Twitter parece espantar os usuários ainda fiéis da rede do passarinho nas tentativas de privilegiar seu serviço pago.

“Os limites são notavelmente ruins para usuários e anunciantes já abalados pelo ‘caos’ que Musk trouxe para a plataforma”, disse Mike Proulx, diretor de pesquisa da Forrester, à agência de notícias Reuters, após o episódio.

Entre as medidas que causaram barulho estão o fim do selo azul de verificação para usuários não assinantes do Twitter Blue, a introdução de um feed que mostra as publicações mais populares, nos moldes do “For You” do TikTok, a possibilidade e editar tuítes e o afrouxamento da política contra desinformação na plataforma.

Bluesky, rede criada por Jack Dorsey, vê o crescimento de usuários, mas ainda não consegue competir com Twitter Foto: AP Photo/Richard Drew

Em partes, a estratégia ainda funciona porque ainda não existe uma rede bem estabelecida para substituir o Twitter. Nomes como Mastodon, Koo e Bluesky — fundada por Jack Dorsey, criador do Twitter — ainda estão relativamente desertas de usuários e de interações. Na Bluesky, por exemplo, a forma mais fácil de criar uma conta é a partir de um convite de um outro usuário já inserido na plataforma, ou esperar meses para ser aceito sem indicação.

“O Twitter sempre foi uma promessa, mas nunca teve resultados financeiros, produção de lucro de fato. Sempre teve um potencial, mas nunca foi completamente realizado do ponto de vista econômico. Porém, sempre foi um sucesso social e comunicacional”, aponta Rená.

A gestão de Musk também tem minado a força de trabalho da plataforma nos últimos meses — já foram mais de 80% de funcionários demitidos, muitos em áreas cruciais, como operação de sistemas e engenharia. Entre os problemas de infraestrutura listados com a evacuação da empresa, a falta de pagamento de aluguéis e de recursos entraram para a lista.

Em meados de junho, o site americano Platformer divulgou que o Twitter estava se recusando a pagar pelo serviço de nuvem do Google que estava utilizando. O prazo para o pagamento era no início de julho e coincidia com a medida de limitação de tuítes visualizados. Sem serviço de nuvem, a plataforma teria dificuldade de operar com servidores e manter a rede social em funcionamento.

“Ainda acho que é possível recuperar o valor social da rede, mas com Musk não há transparência. É uma decisão errada atrás da outra”, afirma Rená.

Insubstituível?

A dificuldade em substituir o Twitter pode ser uma das justificativas para que a rede social continue de pé. De acordo com Alexandre Inagaki, consultor de redes sociais, muitos usuários ainda não vão abrir mão de rolar o feed, mesmo que seja para ver “apenas” mil tuítes.

“O Twitter continua gerando memes e os posts têm muito mais engajamento. Para o bem e para o mal, ainda é uma rede social mais relevante. Reclamar do Twitter é um clichê dos seus usuários. São problematizados, sujeitos permanentemente a cancelamentos, mas continuam lá”, explica Inagaki.

Neste final de semana, Elon Musk anunciou pelo Twitter que os usuários da rede terão um limite diário de publicações para ler, em uma tentativa de impulsionar o serviço de assinatura pago da plataforma, que custa entre R$ 42 e R$ 60 por mês. A novidade gerou uma tentativa de debandada para outros serviços e expôs mais um capítulo polêmico da rede do passarinho. Para especialistas ouvidos pela reportagem, o bilionário cometeu mais um erro na gestão do serviço.

Na primeira publicação sobre o assunto no sábado, 1º., o bilionário afirmou que, para evitar ações de scrapping na rede (coleta de dados massiva por parte de empresas), cada usuário “comum” poderia acessar apenas 600 tuítes por dia e, para quem fosse assinante do Twitter Blue, o limite seria 6 mil. Ao longo do dia, porém, Musk estabeleceu que o limite diário seria 1 mil e 10 mil, para não assinantes e assinantes do serviço da empresa, respectivamente. Além disso, o chefe do Twitter também limitou a visualização de publicações apenas para pessoas que possuem conta na rede social.

Desde que comprou ações pela primeira vez na rede social, Musk afirma querer construir uma plataforma própria, chamada “X”, para ser uma espécie de superapp. Isso tornaria o site em uma espécie de WeChat, app popular na China que une ferramentas de mensagens, pagamentos e redes sociais.

Para isso, o bilionário tem cometido uma sequência de erros ao tentar concentrar a rede social cada vez mais em sua própria pessoa, afirma o especialista em redes sociais e doutorando em Direito, Estado e Constituição na Universidade de Brasília Paulo Rená. Para ele, as decisões repentinas são mal explicadas e não fazem parte de uma estruturação coerente quando o assunto é rede social.

“Elon Musk tem se comportado como um soberano absolutista. As decisões são impostas sem avisos, sem as pessoas de fato entenderem o porquê. Não existem muitas outras redes com a abertura que o Twitter tem, mas desde que ele assumiu, tem feito a rede ser cada vez mais centrada na pessoa dele”, explica Rená.

Mau negócio

Do ponto de vista comercial, as últimas investidas de Musk também não parecem ser as mais acertadas para o negócio. Enquanto empresas como TikTok e Meta, dona do Facebook e Instagram, apostam em algoritmos para que seus usuários fiquem o maior tempo possível em suas plataformas, o Twitter parece espantar os usuários ainda fiéis da rede do passarinho nas tentativas de privilegiar seu serviço pago.

“Os limites são notavelmente ruins para usuários e anunciantes já abalados pelo ‘caos’ que Musk trouxe para a plataforma”, disse Mike Proulx, diretor de pesquisa da Forrester, à agência de notícias Reuters, após o episódio.

Entre as medidas que causaram barulho estão o fim do selo azul de verificação para usuários não assinantes do Twitter Blue, a introdução de um feed que mostra as publicações mais populares, nos moldes do “For You” do TikTok, a possibilidade e editar tuítes e o afrouxamento da política contra desinformação na plataforma.

Bluesky, rede criada por Jack Dorsey, vê o crescimento de usuários, mas ainda não consegue competir com Twitter Foto: AP Photo/Richard Drew

Em partes, a estratégia ainda funciona porque ainda não existe uma rede bem estabelecida para substituir o Twitter. Nomes como Mastodon, Koo e Bluesky — fundada por Jack Dorsey, criador do Twitter — ainda estão relativamente desertas de usuários e de interações. Na Bluesky, por exemplo, a forma mais fácil de criar uma conta é a partir de um convite de um outro usuário já inserido na plataforma, ou esperar meses para ser aceito sem indicação.

“O Twitter sempre foi uma promessa, mas nunca teve resultados financeiros, produção de lucro de fato. Sempre teve um potencial, mas nunca foi completamente realizado do ponto de vista econômico. Porém, sempre foi um sucesso social e comunicacional”, aponta Rená.

A gestão de Musk também tem minado a força de trabalho da plataforma nos últimos meses — já foram mais de 80% de funcionários demitidos, muitos em áreas cruciais, como operação de sistemas e engenharia. Entre os problemas de infraestrutura listados com a evacuação da empresa, a falta de pagamento de aluguéis e de recursos entraram para a lista.

Em meados de junho, o site americano Platformer divulgou que o Twitter estava se recusando a pagar pelo serviço de nuvem do Google que estava utilizando. O prazo para o pagamento era no início de julho e coincidia com a medida de limitação de tuítes visualizados. Sem serviço de nuvem, a plataforma teria dificuldade de operar com servidores e manter a rede social em funcionamento.

“Ainda acho que é possível recuperar o valor social da rede, mas com Musk não há transparência. É uma decisão errada atrás da outra”, afirma Rená.

Insubstituível?

A dificuldade em substituir o Twitter pode ser uma das justificativas para que a rede social continue de pé. De acordo com Alexandre Inagaki, consultor de redes sociais, muitos usuários ainda não vão abrir mão de rolar o feed, mesmo que seja para ver “apenas” mil tuítes.

“O Twitter continua gerando memes e os posts têm muito mais engajamento. Para o bem e para o mal, ainda é uma rede social mais relevante. Reclamar do Twitter é um clichê dos seus usuários. São problematizados, sujeitos permanentemente a cancelamentos, mas continuam lá”, explica Inagaki.

Neste final de semana, Elon Musk anunciou pelo Twitter que os usuários da rede terão um limite diário de publicações para ler, em uma tentativa de impulsionar o serviço de assinatura pago da plataforma, que custa entre R$ 42 e R$ 60 por mês. A novidade gerou uma tentativa de debandada para outros serviços e expôs mais um capítulo polêmico da rede do passarinho. Para especialistas ouvidos pela reportagem, o bilionário cometeu mais um erro na gestão do serviço.

Na primeira publicação sobre o assunto no sábado, 1º., o bilionário afirmou que, para evitar ações de scrapping na rede (coleta de dados massiva por parte de empresas), cada usuário “comum” poderia acessar apenas 600 tuítes por dia e, para quem fosse assinante do Twitter Blue, o limite seria 6 mil. Ao longo do dia, porém, Musk estabeleceu que o limite diário seria 1 mil e 10 mil, para não assinantes e assinantes do serviço da empresa, respectivamente. Além disso, o chefe do Twitter também limitou a visualização de publicações apenas para pessoas que possuem conta na rede social.

Desde que comprou ações pela primeira vez na rede social, Musk afirma querer construir uma plataforma própria, chamada “X”, para ser uma espécie de superapp. Isso tornaria o site em uma espécie de WeChat, app popular na China que une ferramentas de mensagens, pagamentos e redes sociais.

Para isso, o bilionário tem cometido uma sequência de erros ao tentar concentrar a rede social cada vez mais em sua própria pessoa, afirma o especialista em redes sociais e doutorando em Direito, Estado e Constituição na Universidade de Brasília Paulo Rená. Para ele, as decisões repentinas são mal explicadas e não fazem parte de uma estruturação coerente quando o assunto é rede social.

“Elon Musk tem se comportado como um soberano absolutista. As decisões são impostas sem avisos, sem as pessoas de fato entenderem o porquê. Não existem muitas outras redes com a abertura que o Twitter tem, mas desde que ele assumiu, tem feito a rede ser cada vez mais centrada na pessoa dele”, explica Rená.

Mau negócio

Do ponto de vista comercial, as últimas investidas de Musk também não parecem ser as mais acertadas para o negócio. Enquanto empresas como TikTok e Meta, dona do Facebook e Instagram, apostam em algoritmos para que seus usuários fiquem o maior tempo possível em suas plataformas, o Twitter parece espantar os usuários ainda fiéis da rede do passarinho nas tentativas de privilegiar seu serviço pago.

“Os limites são notavelmente ruins para usuários e anunciantes já abalados pelo ‘caos’ que Musk trouxe para a plataforma”, disse Mike Proulx, diretor de pesquisa da Forrester, à agência de notícias Reuters, após o episódio.

Entre as medidas que causaram barulho estão o fim do selo azul de verificação para usuários não assinantes do Twitter Blue, a introdução de um feed que mostra as publicações mais populares, nos moldes do “For You” do TikTok, a possibilidade e editar tuítes e o afrouxamento da política contra desinformação na plataforma.

Bluesky, rede criada por Jack Dorsey, vê o crescimento de usuários, mas ainda não consegue competir com Twitter Foto: AP Photo/Richard Drew

Em partes, a estratégia ainda funciona porque ainda não existe uma rede bem estabelecida para substituir o Twitter. Nomes como Mastodon, Koo e Bluesky — fundada por Jack Dorsey, criador do Twitter — ainda estão relativamente desertas de usuários e de interações. Na Bluesky, por exemplo, a forma mais fácil de criar uma conta é a partir de um convite de um outro usuário já inserido na plataforma, ou esperar meses para ser aceito sem indicação.

“O Twitter sempre foi uma promessa, mas nunca teve resultados financeiros, produção de lucro de fato. Sempre teve um potencial, mas nunca foi completamente realizado do ponto de vista econômico. Porém, sempre foi um sucesso social e comunicacional”, aponta Rená.

A gestão de Musk também tem minado a força de trabalho da plataforma nos últimos meses — já foram mais de 80% de funcionários demitidos, muitos em áreas cruciais, como operação de sistemas e engenharia. Entre os problemas de infraestrutura listados com a evacuação da empresa, a falta de pagamento de aluguéis e de recursos entraram para a lista.

Em meados de junho, o site americano Platformer divulgou que o Twitter estava se recusando a pagar pelo serviço de nuvem do Google que estava utilizando. O prazo para o pagamento era no início de julho e coincidia com a medida de limitação de tuítes visualizados. Sem serviço de nuvem, a plataforma teria dificuldade de operar com servidores e manter a rede social em funcionamento.

“Ainda acho que é possível recuperar o valor social da rede, mas com Musk não há transparência. É uma decisão errada atrás da outra”, afirma Rená.

Insubstituível?

A dificuldade em substituir o Twitter pode ser uma das justificativas para que a rede social continue de pé. De acordo com Alexandre Inagaki, consultor de redes sociais, muitos usuários ainda não vão abrir mão de rolar o feed, mesmo que seja para ver “apenas” mil tuítes.

“O Twitter continua gerando memes e os posts têm muito mais engajamento. Para o bem e para o mal, ainda é uma rede social mais relevante. Reclamar do Twitter é um clichê dos seus usuários. São problematizados, sujeitos permanentemente a cancelamentos, mas continuam lá”, explica Inagaki.

Neste final de semana, Elon Musk anunciou pelo Twitter que os usuários da rede terão um limite diário de publicações para ler, em uma tentativa de impulsionar o serviço de assinatura pago da plataforma, que custa entre R$ 42 e R$ 60 por mês. A novidade gerou uma tentativa de debandada para outros serviços e expôs mais um capítulo polêmico da rede do passarinho. Para especialistas ouvidos pela reportagem, o bilionário cometeu mais um erro na gestão do serviço.

Na primeira publicação sobre o assunto no sábado, 1º., o bilionário afirmou que, para evitar ações de scrapping na rede (coleta de dados massiva por parte de empresas), cada usuário “comum” poderia acessar apenas 600 tuítes por dia e, para quem fosse assinante do Twitter Blue, o limite seria 6 mil. Ao longo do dia, porém, Musk estabeleceu que o limite diário seria 1 mil e 10 mil, para não assinantes e assinantes do serviço da empresa, respectivamente. Além disso, o chefe do Twitter também limitou a visualização de publicações apenas para pessoas que possuem conta na rede social.

Desde que comprou ações pela primeira vez na rede social, Musk afirma querer construir uma plataforma própria, chamada “X”, para ser uma espécie de superapp. Isso tornaria o site em uma espécie de WeChat, app popular na China que une ferramentas de mensagens, pagamentos e redes sociais.

Para isso, o bilionário tem cometido uma sequência de erros ao tentar concentrar a rede social cada vez mais em sua própria pessoa, afirma o especialista em redes sociais e doutorando em Direito, Estado e Constituição na Universidade de Brasília Paulo Rená. Para ele, as decisões repentinas são mal explicadas e não fazem parte de uma estruturação coerente quando o assunto é rede social.

“Elon Musk tem se comportado como um soberano absolutista. As decisões são impostas sem avisos, sem as pessoas de fato entenderem o porquê. Não existem muitas outras redes com a abertura que o Twitter tem, mas desde que ele assumiu, tem feito a rede ser cada vez mais centrada na pessoa dele”, explica Rená.

Mau negócio

Do ponto de vista comercial, as últimas investidas de Musk também não parecem ser as mais acertadas para o negócio. Enquanto empresas como TikTok e Meta, dona do Facebook e Instagram, apostam em algoritmos para que seus usuários fiquem o maior tempo possível em suas plataformas, o Twitter parece espantar os usuários ainda fiéis da rede do passarinho nas tentativas de privilegiar seu serviço pago.

“Os limites são notavelmente ruins para usuários e anunciantes já abalados pelo ‘caos’ que Musk trouxe para a plataforma”, disse Mike Proulx, diretor de pesquisa da Forrester, à agência de notícias Reuters, após o episódio.

Entre as medidas que causaram barulho estão o fim do selo azul de verificação para usuários não assinantes do Twitter Blue, a introdução de um feed que mostra as publicações mais populares, nos moldes do “For You” do TikTok, a possibilidade e editar tuítes e o afrouxamento da política contra desinformação na plataforma.

Bluesky, rede criada por Jack Dorsey, vê o crescimento de usuários, mas ainda não consegue competir com Twitter Foto: AP Photo/Richard Drew

Em partes, a estratégia ainda funciona porque ainda não existe uma rede bem estabelecida para substituir o Twitter. Nomes como Mastodon, Koo e Bluesky — fundada por Jack Dorsey, criador do Twitter — ainda estão relativamente desertas de usuários e de interações. Na Bluesky, por exemplo, a forma mais fácil de criar uma conta é a partir de um convite de um outro usuário já inserido na plataforma, ou esperar meses para ser aceito sem indicação.

“O Twitter sempre foi uma promessa, mas nunca teve resultados financeiros, produção de lucro de fato. Sempre teve um potencial, mas nunca foi completamente realizado do ponto de vista econômico. Porém, sempre foi um sucesso social e comunicacional”, aponta Rená.

A gestão de Musk também tem minado a força de trabalho da plataforma nos últimos meses — já foram mais de 80% de funcionários demitidos, muitos em áreas cruciais, como operação de sistemas e engenharia. Entre os problemas de infraestrutura listados com a evacuação da empresa, a falta de pagamento de aluguéis e de recursos entraram para a lista.

Em meados de junho, o site americano Platformer divulgou que o Twitter estava se recusando a pagar pelo serviço de nuvem do Google que estava utilizando. O prazo para o pagamento era no início de julho e coincidia com a medida de limitação de tuítes visualizados. Sem serviço de nuvem, a plataforma teria dificuldade de operar com servidores e manter a rede social em funcionamento.

“Ainda acho que é possível recuperar o valor social da rede, mas com Musk não há transparência. É uma decisão errada atrás da outra”, afirma Rená.

Insubstituível?

A dificuldade em substituir o Twitter pode ser uma das justificativas para que a rede social continue de pé. De acordo com Alexandre Inagaki, consultor de redes sociais, muitos usuários ainda não vão abrir mão de rolar o feed, mesmo que seja para ver “apenas” mil tuítes.

“O Twitter continua gerando memes e os posts têm muito mais engajamento. Para o bem e para o mal, ainda é uma rede social mais relevante. Reclamar do Twitter é um clichê dos seus usuários. São problematizados, sujeitos permanentemente a cancelamentos, mas continuam lá”, explica Inagaki.

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