Um documento interno do Google, vazado nesta semana, revelou que a empresa está preocupada com a relevância dos produtos de inteligência artificial (IA) que está desenvolvendo, afirmou a agência de notícias Bloomberg nesta quinta-feira, 4. De acordo com o relatório, feito por Luke Sernau, um engenheiro sênior da companhia, a companhia está perdendo território para iniciativas de código aberto, que fornecem softwares gratuitamente na internet.
O arquivo foi divulgado no final de abril para fóruns internos do Google, mas chegou ao público nesta semana, publicado pela empresa de pesquisa SemiAnalysis, que verificou a integridade do documento.
Em uma das análises, o engenheiro afirma que Google e OpenAI, empresa responsável pelo desenvolvimento do ChatGPT, possuem vantagem competitiva para brigar com as iniciativas de código aberto.
“Nós olhamos muito por cima dos ombros para a OpenAI. Quem cruzará o próximo marco? Qual será o próximo passo?”, afirma Sernau no relatório, sobre a disputa entre as duas empresas. “A verdade desconfortável é que não estamos posicionados para vencer esta corrida e nem a OpenAI. Enquanto brigávamos, uma terceira facção comia, silenciosamente, nosso almoço”.
Para Sernau, a principal questão é que enquanto o Google tenta desenvolver grandes projetos de IA, buscando liderar a tecnologia, pequenas ferramentas e softwares disponibilizados por diversas iniciativas conquistam programadores e, por consequência, ganham espaço mais rápido entre os adeptos — além de não precisarem estar vinculados com planos de assinatura, por exemplo.
“Não temos molho secreto”, escreveu Sernau. “Nossa maior esperança é aprender e colaborar com o que os outros estão fazendo fora do Google”.
Após a divulgação, a Bloomberg tentou contato com Sernau, mas não obteve respostas do engenheiro.
Pressionado pelo sucesso do ChatGPT, o Google anunciou em fevereiro o lançamento do seu chatbot inteligente, batizado de Bard. O serviço, porém, ainda não está disponível globalmente para os usuários.
O Bard é alimentado pelo LaMDA (Language Model for Dialogue Applications), chatbot do Google que fez barulho no ano passado quando um engenheiro da companhia afirmou que o sistema tinha desenvolvido consciência, algo refutado tanto pela empresa quanto por especialistas.