Nubank: Por que o banco foi na contramão do mercado e adotou o home office?


Enquanto empresas chamam funcionários de volta para escritórios, fintech brasileira aposta em formato superflexível para funcionários

Por Guilherme Guerra
Atualização:

Quando adotou o modelo de trabalho remoto em 2020, no início da pandemia de covid-19, o Nubank era uma empresa de 2,7 mil funcionários e 23 milhões de clientes no Brasil. Hoje, são mais de 7 mil empregados e 100 milhões de usuários pelo mundo. Mas uma coisa continuou: o home office.

Desde 2022, a fintech brasileira adotou um modelo híbrido de trabalho pouco convencional, batizado de “Nu Way of Working” (“O jeito de trabalhar do Nu”, em tradução livre). A cada três meses, os funcionários devem comparecer ao escritório da companhia por uma semana. São cinco dias de trabalho para cada 90 dias em casa, com custos de deslocamento parcialmente cobertos pela empresa. Para quem quiser ir mais vezes ao presencial, basta agendar as salas e cadeiras pelo sistema interno do “roxinho”.

A decisão vai na contramão do mercado de tecnologia. Nos últimos anos, as gigantes do setor têm aumentado a obrigatoriedade de ida ao escritório. Nomes como Amazon, Apple, Google, Meta, TikTok, SpaceX, OpenAI, Dell e até o Zoom, cuja ferramenta de videoconferência foi essencial no mundo corporativo durante a pandemia de covid-19, têm pedido para seus funcionários retornarem aos escritórios em modelo total ou parcial no mundo todo.

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O retorno vem contrariando equipes de diversas áreas que haviam se acostumado ao trabalho de casa. Nos Estados Unidos, a insatisfação é tão grande que tem acontecido um exôdo de talentos das gigantes de tecnologia. No Nubank, porém, a política de home office tornou-se uma forma de atrair pessoas em um mercado conhecido como escasso de talentos: o da tecnologia.

“Esse é um diferencial”, afirma o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank, Vitor Olivier, em entrevista ao Estadão na sede da fintech, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. O executivo está na empresa desde o nascimento da startup, em 2014, quando começou como desenvolvedor de software, e chegou a chefia o departamento de recursos humanos entre janeiro e dezembro de 2022. No comando do braço de tecnologia, ele é o responsável por mais de dois mil funcionários da área de programação e por decidir quais as estratégias de inovação que vão sustentar o banco digital, como a aposta em inteligência artificial (IA).

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“Quando a empresa vai para o home office, consegue contratar pessoas do mundo inteiro. Fica difícil se é uma empresa de cultura focada no escritório, mas que quer contratar pessoas do Vale do Silício para ajudar a desenvolver o time”, explica o CTO. Segundo ele, o Nubank possui funcionários de tecnologia por todo o Brasil, bem como pessoas da Alemanha, Colômbia, Estados Unidos, Índia e México.

Escritório do Nubank no bairro de Pinheiros, em São Paulo Foto: Felipe Iruatã/Estadão

Além disso, Olivier aponta que, para os times de tecnologia, o trabalho em casa provou ser mais produtivo. Isso porque, para os programadores, o desenvolvimento de código é uma tarefa solitária (ou em duplas) e exige atenção – o que não é fácil de ser cultivado em um ambiente presencial, com pessoas de outras áreas realizando reuniões e videochamadas. “Tecnologia é um trabalho muito focado, com pessoas trabalhando num mesmo problema por horas”, diz o executivo. “A conversa e o barulho podem atrapalhar um pouco (o desenvolvedor)”.

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Em novembro de 2022, o Nubank inaugurou um escritório de 10 mil metros quadrados no bairro de Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. O foco é receber equipes de até mais de 200 pessoas, inclusive as de tecnologia. O espaço se junta à sede da empresa em Pinheiros, reaberta em junho desse mesmo ano.

Vitor Olivier é o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank desde dezembro de 2022 Foto: Felipe Iruatã/Estadão

A companhia, no entanto, não descarta o impacto do escritório físico para a formação de cultura empresarial. Segundo Olivier, pessoas que acabaram de chegar na empresa, reuniões de feedback e de brainstorming costumam ser tete-a-tete, com resultados mais positivos para as equipes. “Esses ajustes finos permitem a gente ganhar o melhor dos dois mundos”, explica o executivo.

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No curto e médio prazo, porém, Olivier frisa: não há chances de forçar a volta dos times de desenvolvedores para os escritórios.

Home office no Brasil

A sensação de aumento de produtividade no home office é percebida pelos brasileiros, que somam 15 milhões de pessoas trabalhando remoto de forma total ou parcial (ou 15% da população ocupada do País), segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas com dados experimentais do IBGE publicada em janeiro de 2024.

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De 2022 para 2023, o porcentual de trabalhadores que sentiram a produtividade aumentar em casa subiu de 52,3% para 68,6%, diz o relatório. Aqueles que sentiram o rendimento cair em casa foram 3,1% no ano passado, ante 12,2% de 2022. Já a sensação de estabilidade caiu de 35,5% para 28,3%.

Segundo a pesquisa, os três maiores benefícios relatados pelos trabalhadores são horários mais flexíveis (43,6%), aumento na qualidade de vida (28,5%) e não perder tempo com deslocamento (15,8%). Por fim, o trabalho aponta que encolheu a média de dias trabalhados em casa, de 3,5 dias em 2022 para 3,3 dias em 2023.

“O número de dias em casa parece ter se estabilizado nos últimos dois anos, podendo sinalizar uma acomodação sem que saibamos qual será a direção nos próximos anos”, escrevem os autores Aloisio Campelo, Roberto Olinto e Rodolpho Tobler, da FGV.

Quando adotou o modelo de trabalho remoto em 2020, no início da pandemia de covid-19, o Nubank era uma empresa de 2,7 mil funcionários e 23 milhões de clientes no Brasil. Hoje, são mais de 7 mil empregados e 100 milhões de usuários pelo mundo. Mas uma coisa continuou: o home office.

Desde 2022, a fintech brasileira adotou um modelo híbrido de trabalho pouco convencional, batizado de “Nu Way of Working” (“O jeito de trabalhar do Nu”, em tradução livre). A cada três meses, os funcionários devem comparecer ao escritório da companhia por uma semana. São cinco dias de trabalho para cada 90 dias em casa, com custos de deslocamento parcialmente cobertos pela empresa. Para quem quiser ir mais vezes ao presencial, basta agendar as salas e cadeiras pelo sistema interno do “roxinho”.

A decisão vai na contramão do mercado de tecnologia. Nos últimos anos, as gigantes do setor têm aumentado a obrigatoriedade de ida ao escritório. Nomes como Amazon, Apple, Google, Meta, TikTok, SpaceX, OpenAI, Dell e até o Zoom, cuja ferramenta de videoconferência foi essencial no mundo corporativo durante a pandemia de covid-19, têm pedido para seus funcionários retornarem aos escritórios em modelo total ou parcial no mundo todo.

O retorno vem contrariando equipes de diversas áreas que haviam se acostumado ao trabalho de casa. Nos Estados Unidos, a insatisfação é tão grande que tem acontecido um exôdo de talentos das gigantes de tecnologia. No Nubank, porém, a política de home office tornou-se uma forma de atrair pessoas em um mercado conhecido como escasso de talentos: o da tecnologia.

“Esse é um diferencial”, afirma o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank, Vitor Olivier, em entrevista ao Estadão na sede da fintech, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. O executivo está na empresa desde o nascimento da startup, em 2014, quando começou como desenvolvedor de software, e chegou a chefia o departamento de recursos humanos entre janeiro e dezembro de 2022. No comando do braço de tecnologia, ele é o responsável por mais de dois mil funcionários da área de programação e por decidir quais as estratégias de inovação que vão sustentar o banco digital, como a aposta em inteligência artificial (IA).

“Quando a empresa vai para o home office, consegue contratar pessoas do mundo inteiro. Fica difícil se é uma empresa de cultura focada no escritório, mas que quer contratar pessoas do Vale do Silício para ajudar a desenvolver o time”, explica o CTO. Segundo ele, o Nubank possui funcionários de tecnologia por todo o Brasil, bem como pessoas da Alemanha, Colômbia, Estados Unidos, Índia e México.

Escritório do Nubank no bairro de Pinheiros, em São Paulo Foto: Felipe Iruatã/Estadão

Além disso, Olivier aponta que, para os times de tecnologia, o trabalho em casa provou ser mais produtivo. Isso porque, para os programadores, o desenvolvimento de código é uma tarefa solitária (ou em duplas) e exige atenção – o que não é fácil de ser cultivado em um ambiente presencial, com pessoas de outras áreas realizando reuniões e videochamadas. “Tecnologia é um trabalho muito focado, com pessoas trabalhando num mesmo problema por horas”, diz o executivo. “A conversa e o barulho podem atrapalhar um pouco (o desenvolvedor)”.

Em novembro de 2022, o Nubank inaugurou um escritório de 10 mil metros quadrados no bairro de Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. O foco é receber equipes de até mais de 200 pessoas, inclusive as de tecnologia. O espaço se junta à sede da empresa em Pinheiros, reaberta em junho desse mesmo ano.

Vitor Olivier é o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank desde dezembro de 2022 Foto: Felipe Iruatã/Estadão

A companhia, no entanto, não descarta o impacto do escritório físico para a formação de cultura empresarial. Segundo Olivier, pessoas que acabaram de chegar na empresa, reuniões de feedback e de brainstorming costumam ser tete-a-tete, com resultados mais positivos para as equipes. “Esses ajustes finos permitem a gente ganhar o melhor dos dois mundos”, explica o executivo.

No curto e médio prazo, porém, Olivier frisa: não há chances de forçar a volta dos times de desenvolvedores para os escritórios.

Home office no Brasil

A sensação de aumento de produtividade no home office é percebida pelos brasileiros, que somam 15 milhões de pessoas trabalhando remoto de forma total ou parcial (ou 15% da população ocupada do País), segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas com dados experimentais do IBGE publicada em janeiro de 2024.

De 2022 para 2023, o porcentual de trabalhadores que sentiram a produtividade aumentar em casa subiu de 52,3% para 68,6%, diz o relatório. Aqueles que sentiram o rendimento cair em casa foram 3,1% no ano passado, ante 12,2% de 2022. Já a sensação de estabilidade caiu de 35,5% para 28,3%.

Segundo a pesquisa, os três maiores benefícios relatados pelos trabalhadores são horários mais flexíveis (43,6%), aumento na qualidade de vida (28,5%) e não perder tempo com deslocamento (15,8%). Por fim, o trabalho aponta que encolheu a média de dias trabalhados em casa, de 3,5 dias em 2022 para 3,3 dias em 2023.

“O número de dias em casa parece ter se estabilizado nos últimos dois anos, podendo sinalizar uma acomodação sem que saibamos qual será a direção nos próximos anos”, escrevem os autores Aloisio Campelo, Roberto Olinto e Rodolpho Tobler, da FGV.

Quando adotou o modelo de trabalho remoto em 2020, no início da pandemia de covid-19, o Nubank era uma empresa de 2,7 mil funcionários e 23 milhões de clientes no Brasil. Hoje, são mais de 7 mil empregados e 100 milhões de usuários pelo mundo. Mas uma coisa continuou: o home office.

Desde 2022, a fintech brasileira adotou um modelo híbrido de trabalho pouco convencional, batizado de “Nu Way of Working” (“O jeito de trabalhar do Nu”, em tradução livre). A cada três meses, os funcionários devem comparecer ao escritório da companhia por uma semana. São cinco dias de trabalho para cada 90 dias em casa, com custos de deslocamento parcialmente cobertos pela empresa. Para quem quiser ir mais vezes ao presencial, basta agendar as salas e cadeiras pelo sistema interno do “roxinho”.

A decisão vai na contramão do mercado de tecnologia. Nos últimos anos, as gigantes do setor têm aumentado a obrigatoriedade de ida ao escritório. Nomes como Amazon, Apple, Google, Meta, TikTok, SpaceX, OpenAI, Dell e até o Zoom, cuja ferramenta de videoconferência foi essencial no mundo corporativo durante a pandemia de covid-19, têm pedido para seus funcionários retornarem aos escritórios em modelo total ou parcial no mundo todo.

O retorno vem contrariando equipes de diversas áreas que haviam se acostumado ao trabalho de casa. Nos Estados Unidos, a insatisfação é tão grande que tem acontecido um exôdo de talentos das gigantes de tecnologia. No Nubank, porém, a política de home office tornou-se uma forma de atrair pessoas em um mercado conhecido como escasso de talentos: o da tecnologia.

“Esse é um diferencial”, afirma o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank, Vitor Olivier, em entrevista ao Estadão na sede da fintech, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. O executivo está na empresa desde o nascimento da startup, em 2014, quando começou como desenvolvedor de software, e chegou a chefia o departamento de recursos humanos entre janeiro e dezembro de 2022. No comando do braço de tecnologia, ele é o responsável por mais de dois mil funcionários da área de programação e por decidir quais as estratégias de inovação que vão sustentar o banco digital, como a aposta em inteligência artificial (IA).

“Quando a empresa vai para o home office, consegue contratar pessoas do mundo inteiro. Fica difícil se é uma empresa de cultura focada no escritório, mas que quer contratar pessoas do Vale do Silício para ajudar a desenvolver o time”, explica o CTO. Segundo ele, o Nubank possui funcionários de tecnologia por todo o Brasil, bem como pessoas da Alemanha, Colômbia, Estados Unidos, Índia e México.

Escritório do Nubank no bairro de Pinheiros, em São Paulo Foto: Felipe Iruatã/Estadão

Além disso, Olivier aponta que, para os times de tecnologia, o trabalho em casa provou ser mais produtivo. Isso porque, para os programadores, o desenvolvimento de código é uma tarefa solitária (ou em duplas) e exige atenção – o que não é fácil de ser cultivado em um ambiente presencial, com pessoas de outras áreas realizando reuniões e videochamadas. “Tecnologia é um trabalho muito focado, com pessoas trabalhando num mesmo problema por horas”, diz o executivo. “A conversa e o barulho podem atrapalhar um pouco (o desenvolvedor)”.

Em novembro de 2022, o Nubank inaugurou um escritório de 10 mil metros quadrados no bairro de Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. O foco é receber equipes de até mais de 200 pessoas, inclusive as de tecnologia. O espaço se junta à sede da empresa em Pinheiros, reaberta em junho desse mesmo ano.

Vitor Olivier é o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank desde dezembro de 2022 Foto: Felipe Iruatã/Estadão

A companhia, no entanto, não descarta o impacto do escritório físico para a formação de cultura empresarial. Segundo Olivier, pessoas que acabaram de chegar na empresa, reuniões de feedback e de brainstorming costumam ser tete-a-tete, com resultados mais positivos para as equipes. “Esses ajustes finos permitem a gente ganhar o melhor dos dois mundos”, explica o executivo.

No curto e médio prazo, porém, Olivier frisa: não há chances de forçar a volta dos times de desenvolvedores para os escritórios.

Home office no Brasil

A sensação de aumento de produtividade no home office é percebida pelos brasileiros, que somam 15 milhões de pessoas trabalhando remoto de forma total ou parcial (ou 15% da população ocupada do País), segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas com dados experimentais do IBGE publicada em janeiro de 2024.

De 2022 para 2023, o porcentual de trabalhadores que sentiram a produtividade aumentar em casa subiu de 52,3% para 68,6%, diz o relatório. Aqueles que sentiram o rendimento cair em casa foram 3,1% no ano passado, ante 12,2% de 2022. Já a sensação de estabilidade caiu de 35,5% para 28,3%.

Segundo a pesquisa, os três maiores benefícios relatados pelos trabalhadores são horários mais flexíveis (43,6%), aumento na qualidade de vida (28,5%) e não perder tempo com deslocamento (15,8%). Por fim, o trabalho aponta que encolheu a média de dias trabalhados em casa, de 3,5 dias em 2022 para 3,3 dias em 2023.

“O número de dias em casa parece ter se estabilizado nos últimos dois anos, podendo sinalizar uma acomodação sem que saibamos qual será a direção nos próximos anos”, escrevem os autores Aloisio Campelo, Roberto Olinto e Rodolpho Tobler, da FGV.

Quando adotou o modelo de trabalho remoto em 2020, no início da pandemia de covid-19, o Nubank era uma empresa de 2,7 mil funcionários e 23 milhões de clientes no Brasil. Hoje, são mais de 7 mil empregados e 100 milhões de usuários pelo mundo. Mas uma coisa continuou: o home office.

Desde 2022, a fintech brasileira adotou um modelo híbrido de trabalho pouco convencional, batizado de “Nu Way of Working” (“O jeito de trabalhar do Nu”, em tradução livre). A cada três meses, os funcionários devem comparecer ao escritório da companhia por uma semana. São cinco dias de trabalho para cada 90 dias em casa, com custos de deslocamento parcialmente cobertos pela empresa. Para quem quiser ir mais vezes ao presencial, basta agendar as salas e cadeiras pelo sistema interno do “roxinho”.

A decisão vai na contramão do mercado de tecnologia. Nos últimos anos, as gigantes do setor têm aumentado a obrigatoriedade de ida ao escritório. Nomes como Amazon, Apple, Google, Meta, TikTok, SpaceX, OpenAI, Dell e até o Zoom, cuja ferramenta de videoconferência foi essencial no mundo corporativo durante a pandemia de covid-19, têm pedido para seus funcionários retornarem aos escritórios em modelo total ou parcial no mundo todo.

O retorno vem contrariando equipes de diversas áreas que haviam se acostumado ao trabalho de casa. Nos Estados Unidos, a insatisfação é tão grande que tem acontecido um exôdo de talentos das gigantes de tecnologia. No Nubank, porém, a política de home office tornou-se uma forma de atrair pessoas em um mercado conhecido como escasso de talentos: o da tecnologia.

“Esse é um diferencial”, afirma o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank, Vitor Olivier, em entrevista ao Estadão na sede da fintech, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. O executivo está na empresa desde o nascimento da startup, em 2014, quando começou como desenvolvedor de software, e chegou a chefia o departamento de recursos humanos entre janeiro e dezembro de 2022. No comando do braço de tecnologia, ele é o responsável por mais de dois mil funcionários da área de programação e por decidir quais as estratégias de inovação que vão sustentar o banco digital, como a aposta em inteligência artificial (IA).

“Quando a empresa vai para o home office, consegue contratar pessoas do mundo inteiro. Fica difícil se é uma empresa de cultura focada no escritório, mas que quer contratar pessoas do Vale do Silício para ajudar a desenvolver o time”, explica o CTO. Segundo ele, o Nubank possui funcionários de tecnologia por todo o Brasil, bem como pessoas da Alemanha, Colômbia, Estados Unidos, Índia e México.

Escritório do Nubank no bairro de Pinheiros, em São Paulo Foto: Felipe Iruatã/Estadão

Além disso, Olivier aponta que, para os times de tecnologia, o trabalho em casa provou ser mais produtivo. Isso porque, para os programadores, o desenvolvimento de código é uma tarefa solitária (ou em duplas) e exige atenção – o que não é fácil de ser cultivado em um ambiente presencial, com pessoas de outras áreas realizando reuniões e videochamadas. “Tecnologia é um trabalho muito focado, com pessoas trabalhando num mesmo problema por horas”, diz o executivo. “A conversa e o barulho podem atrapalhar um pouco (o desenvolvedor)”.

Em novembro de 2022, o Nubank inaugurou um escritório de 10 mil metros quadrados no bairro de Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. O foco é receber equipes de até mais de 200 pessoas, inclusive as de tecnologia. O espaço se junta à sede da empresa em Pinheiros, reaberta em junho desse mesmo ano.

Vitor Olivier é o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank desde dezembro de 2022 Foto: Felipe Iruatã/Estadão

A companhia, no entanto, não descarta o impacto do escritório físico para a formação de cultura empresarial. Segundo Olivier, pessoas que acabaram de chegar na empresa, reuniões de feedback e de brainstorming costumam ser tete-a-tete, com resultados mais positivos para as equipes. “Esses ajustes finos permitem a gente ganhar o melhor dos dois mundos”, explica o executivo.

No curto e médio prazo, porém, Olivier frisa: não há chances de forçar a volta dos times de desenvolvedores para os escritórios.

Home office no Brasil

A sensação de aumento de produtividade no home office é percebida pelos brasileiros, que somam 15 milhões de pessoas trabalhando remoto de forma total ou parcial (ou 15% da população ocupada do País), segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas com dados experimentais do IBGE publicada em janeiro de 2024.

De 2022 para 2023, o porcentual de trabalhadores que sentiram a produtividade aumentar em casa subiu de 52,3% para 68,6%, diz o relatório. Aqueles que sentiram o rendimento cair em casa foram 3,1% no ano passado, ante 12,2% de 2022. Já a sensação de estabilidade caiu de 35,5% para 28,3%.

Segundo a pesquisa, os três maiores benefícios relatados pelos trabalhadores são horários mais flexíveis (43,6%), aumento na qualidade de vida (28,5%) e não perder tempo com deslocamento (15,8%). Por fim, o trabalho aponta que encolheu a média de dias trabalhados em casa, de 3,5 dias em 2022 para 3,3 dias em 2023.

“O número de dias em casa parece ter se estabilizado nos últimos dois anos, podendo sinalizar uma acomodação sem que saibamos qual será a direção nos próximos anos”, escrevem os autores Aloisio Campelo, Roberto Olinto e Rodolpho Tobler, da FGV.

Quando adotou o modelo de trabalho remoto em 2020, no início da pandemia de covid-19, o Nubank era uma empresa de 2,7 mil funcionários e 23 milhões de clientes no Brasil. Hoje, são mais de 7 mil empregados e 100 milhões de usuários pelo mundo. Mas uma coisa continuou: o home office.

Desde 2022, a fintech brasileira adotou um modelo híbrido de trabalho pouco convencional, batizado de “Nu Way of Working” (“O jeito de trabalhar do Nu”, em tradução livre). A cada três meses, os funcionários devem comparecer ao escritório da companhia por uma semana. São cinco dias de trabalho para cada 90 dias em casa, com custos de deslocamento parcialmente cobertos pela empresa. Para quem quiser ir mais vezes ao presencial, basta agendar as salas e cadeiras pelo sistema interno do “roxinho”.

A decisão vai na contramão do mercado de tecnologia. Nos últimos anos, as gigantes do setor têm aumentado a obrigatoriedade de ida ao escritório. Nomes como Amazon, Apple, Google, Meta, TikTok, SpaceX, OpenAI, Dell e até o Zoom, cuja ferramenta de videoconferência foi essencial no mundo corporativo durante a pandemia de covid-19, têm pedido para seus funcionários retornarem aos escritórios em modelo total ou parcial no mundo todo.

O retorno vem contrariando equipes de diversas áreas que haviam se acostumado ao trabalho de casa. Nos Estados Unidos, a insatisfação é tão grande que tem acontecido um exôdo de talentos das gigantes de tecnologia. No Nubank, porém, a política de home office tornou-se uma forma de atrair pessoas em um mercado conhecido como escasso de talentos: o da tecnologia.

“Esse é um diferencial”, afirma o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank, Vitor Olivier, em entrevista ao Estadão na sede da fintech, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. O executivo está na empresa desde o nascimento da startup, em 2014, quando começou como desenvolvedor de software, e chegou a chefia o departamento de recursos humanos entre janeiro e dezembro de 2022. No comando do braço de tecnologia, ele é o responsável por mais de dois mil funcionários da área de programação e por decidir quais as estratégias de inovação que vão sustentar o banco digital, como a aposta em inteligência artificial (IA).

“Quando a empresa vai para o home office, consegue contratar pessoas do mundo inteiro. Fica difícil se é uma empresa de cultura focada no escritório, mas que quer contratar pessoas do Vale do Silício para ajudar a desenvolver o time”, explica o CTO. Segundo ele, o Nubank possui funcionários de tecnologia por todo o Brasil, bem como pessoas da Alemanha, Colômbia, Estados Unidos, Índia e México.

Escritório do Nubank no bairro de Pinheiros, em São Paulo Foto: Felipe Iruatã/Estadão

Além disso, Olivier aponta que, para os times de tecnologia, o trabalho em casa provou ser mais produtivo. Isso porque, para os programadores, o desenvolvimento de código é uma tarefa solitária (ou em duplas) e exige atenção – o que não é fácil de ser cultivado em um ambiente presencial, com pessoas de outras áreas realizando reuniões e videochamadas. “Tecnologia é um trabalho muito focado, com pessoas trabalhando num mesmo problema por horas”, diz o executivo. “A conversa e o barulho podem atrapalhar um pouco (o desenvolvedor)”.

Em novembro de 2022, o Nubank inaugurou um escritório de 10 mil metros quadrados no bairro de Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. O foco é receber equipes de até mais de 200 pessoas, inclusive as de tecnologia. O espaço se junta à sede da empresa em Pinheiros, reaberta em junho desse mesmo ano.

Vitor Olivier é o chefe de tecnologia (CTO) do Nubank desde dezembro de 2022 Foto: Felipe Iruatã/Estadão

A companhia, no entanto, não descarta o impacto do escritório físico para a formação de cultura empresarial. Segundo Olivier, pessoas que acabaram de chegar na empresa, reuniões de feedback e de brainstorming costumam ser tete-a-tete, com resultados mais positivos para as equipes. “Esses ajustes finos permitem a gente ganhar o melhor dos dois mundos”, explica o executivo.

No curto e médio prazo, porém, Olivier frisa: não há chances de forçar a volta dos times de desenvolvedores para os escritórios.

Home office no Brasil

A sensação de aumento de produtividade no home office é percebida pelos brasileiros, que somam 15 milhões de pessoas trabalhando remoto de forma total ou parcial (ou 15% da população ocupada do País), segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas com dados experimentais do IBGE publicada em janeiro de 2024.

De 2022 para 2023, o porcentual de trabalhadores que sentiram a produtividade aumentar em casa subiu de 52,3% para 68,6%, diz o relatório. Aqueles que sentiram o rendimento cair em casa foram 3,1% no ano passado, ante 12,2% de 2022. Já a sensação de estabilidade caiu de 35,5% para 28,3%.

Segundo a pesquisa, os três maiores benefícios relatados pelos trabalhadores são horários mais flexíveis (43,6%), aumento na qualidade de vida (28,5%) e não perder tempo com deslocamento (15,8%). Por fim, o trabalho aponta que encolheu a média de dias trabalhados em casa, de 3,5 dias em 2022 para 3,3 dias em 2023.

“O número de dias em casa parece ter se estabilizado nos últimos dois anos, podendo sinalizar uma acomodação sem que saibamos qual será a direção nos próximos anos”, escrevem os autores Aloisio Campelo, Roberto Olinto e Rodolpho Tobler, da FGV.

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