Operadoras temem concentração de mercado e pedem Huawei no Brasil


Representantes das teles vão defender presença da chinesa nos leilões do 5G; empresa que atua há duas décadas no País está na mira do governo americano

Por Circe Bonatelli
EUA tem feito campanha para evitar que seus aliados usem a Huawei na implantação das redes 5G Foto: Daniel Leal-Olivas/Agence France-Presse - Getty Images

A pressão crescente do governo dos Estados Unidos para restringir a presença da chinesa Huawei no mercado de telecomunicações de vários países preocupa as operadoras que atuam no Brasil, que veem risco de concentração no fornecimento de equipamentos, aumento de preços e limitação de tecnologia.Nas próximas semanas, os representantes das teles buscarão uma agenda com os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), conforme apurou o Estadão/Broadcast.

Estes ministros compõem o núcleo militar e diplomático do governo de Jair Bolsonaro e serão essenciais no processo que dará sinal verde ou vermelho para a atuação da Huawei no País, considerando aspectos ligados à segurança cibernética e à relação estratégica com Estados Unidos e China.

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A reunião entre empresários e ministros terá um ar protocolar. Servirá para as partes apertarem as mãos e traçarem um panorama do mercado brasileiro de telecomunicações, assim como representantes de diversos setores produtivos fazem frequentemente em Brasília. Mas também servirá para os empresários defenderem a continuidade da Huawei no mercado nacional.

O lobby tem como pano de fundo o medo das operadoras de que, sem a companhia chinesa, o mercado brasileiro fique com apenas dois grandes fabricantes de equipamentos – a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia. Na prática, isso se traduziria em menor competição e alta nos custos de operação, que seriam repassados aos consumidores, dizem as teles.

Hoje, os produtos da Huawei são vistos pelas operadoras como baratos e de boa qualidade, revertendo a imagem negativa de 20 anos atrás, quando a fabricante desembarcou no Brasil com itens que deixavam a desejar.

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Atualmente, a Huawei tem contratos com Vivo, TIM, Claro e Oi. Sua participação no mercado gira em torno de 40% a 50% se considerados apenas os equipamentos para a rede 4G, segundo empresários. E boa parte destes equipamentos já em operação serão aproveitados pelas teles para a implantação do 5G prevista para começar no ano que vem.

"Já existe um estoque de redes da Huawei que não pode ser simplesmente trocado. Quem pagaria por essa troca? O governo? Obviamente, essa troca não cabe na equação financeira das empresas", pondera uma fonte do mercado. "Quando se discute segurança cibernética, o governo parece estar preocupado com o que está por vir com a chegada do 5G, mas se esquece que já existe uma realidade presente no 4G", analisa.Ao redor do mundo, Huawei e Ericsson estão brigando palmo a palmo pela liderança no 5G. A chinesa tem 91 contratos vigentes para implantar redes da nova tecnologia, mas não revela em quantos deles elas já foram ativadas de fato. Já a sueca tem 95 contratos, dos quais 40 redes estão em funcionamento. A Nokia aparece na terceira colocação, com 73 contratos e 23 redes ativas. Os dados são das próprias empresas.

EUA atacam Huawei

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Tirando o aspecto econômico, há um outro lado da história: a segurança cibernética. Trata-se da preocupação legítima de que as redes das operadoras e das fabricantes sejam utilizadas para vazar dados sensíveis de cidadãos, empresas e governos. Para a Huawei, o assunto é mais crítico, uma vez que a empresa vem de um país em que a influência do Estado se permeia fortemente por toda a economia.

Ao mesmo tempo em que travam uma guerra comercial com a China, os Estados Unidos usam o tema da segurança como justificativa oficial para barrar a Huawei por lá e tentam fazer o mesmo em outros países, incluindo o Brasil. No Reino Unido, por exemplo, a pressão deu certo, e o governo local limitou a atuação da Huawei na construção da infraestrutura do 5G.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, publicou uma nota nesta semana afirmando que a fabricante chinesa tem perdido contratos de 5G junto a várias operadoras ao redor do mundo. Ele ainda insinuou que a espanhola Telefónica (dona da Vivo) deixará de trabalhar com a Huawei no Brasil.

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"Os acordos da Huawei com operadoras de telecomunicações em todo o mundo estão evaporando porque os países estão permitindo apenas fornecedores confiáveis em suas redes 5G", afirmou Pompeo, em comunicado reproduzido no site da Embaixada dos EUA no Brasil na quarta-feira (24). No mesmo documento, Pompeo citou uma declaração do presidente global da Telefónica, José María Álvarez-Pallete López, em que o executivo diz que o grupo deixará de trabalhar com fornecedores "não confiáveis" no Brasil. Embora, não cite especificamente a Huawei, a insinuação é explícita.

Por enquanto, Huawei fica

O Broadcast apurou junto a fontes do mercado que nenhuma das teles que atuam no Brasil tem intenção de cancelar contratos com a fabricante chinesa, ao menos não no curto a médio prazo. A Telefônica e a Huawei foram procuradas pela reportagem, mas decidiram não comentar o tema.

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A princípio, não existe impedimento para a Huawei surfar a onda do 5G no País. O governo brasileiro tem mantido neutralidade sobre o caso. Em março, o Gabinete de Segurança Institucional listou os requisitos mínimos de segurança cibernética que devem ser adotados na implantação das redes 5G. A instrução normativa não apresentou nenhum veto explícito à fabricante chinesa, nem exigências técnicas que pudessem tirá-la do jogo.

Mas isso não encerra completamente a discussão, que demandará o aval de outros órgãos públicos. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está apurando os resultados de consulta pública sobre a implantação do 5G e os riscos de segurança. E ainda caberá ao presidente Jair Bolsonaro uma decisão final sobre o tema.

EUA tem feito campanha para evitar que seus aliados usem a Huawei na implantação das redes 5G Foto: Daniel Leal-Olivas/Agence France-Presse - Getty Images

A pressão crescente do governo dos Estados Unidos para restringir a presença da chinesa Huawei no mercado de telecomunicações de vários países preocupa as operadoras que atuam no Brasil, que veem risco de concentração no fornecimento de equipamentos, aumento de preços e limitação de tecnologia.Nas próximas semanas, os representantes das teles buscarão uma agenda com os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), conforme apurou o Estadão/Broadcast.

Estes ministros compõem o núcleo militar e diplomático do governo de Jair Bolsonaro e serão essenciais no processo que dará sinal verde ou vermelho para a atuação da Huawei no País, considerando aspectos ligados à segurança cibernética e à relação estratégica com Estados Unidos e China.

A reunião entre empresários e ministros terá um ar protocolar. Servirá para as partes apertarem as mãos e traçarem um panorama do mercado brasileiro de telecomunicações, assim como representantes de diversos setores produtivos fazem frequentemente em Brasília. Mas também servirá para os empresários defenderem a continuidade da Huawei no mercado nacional.

O lobby tem como pano de fundo o medo das operadoras de que, sem a companhia chinesa, o mercado brasileiro fique com apenas dois grandes fabricantes de equipamentos – a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia. Na prática, isso se traduziria em menor competição e alta nos custos de operação, que seriam repassados aos consumidores, dizem as teles.

Hoje, os produtos da Huawei são vistos pelas operadoras como baratos e de boa qualidade, revertendo a imagem negativa de 20 anos atrás, quando a fabricante desembarcou no Brasil com itens que deixavam a desejar.

Atualmente, a Huawei tem contratos com Vivo, TIM, Claro e Oi. Sua participação no mercado gira em torno de 40% a 50% se considerados apenas os equipamentos para a rede 4G, segundo empresários. E boa parte destes equipamentos já em operação serão aproveitados pelas teles para a implantação do 5G prevista para começar no ano que vem.

"Já existe um estoque de redes da Huawei que não pode ser simplesmente trocado. Quem pagaria por essa troca? O governo? Obviamente, essa troca não cabe na equação financeira das empresas", pondera uma fonte do mercado. "Quando se discute segurança cibernética, o governo parece estar preocupado com o que está por vir com a chegada do 5G, mas se esquece que já existe uma realidade presente no 4G", analisa.Ao redor do mundo, Huawei e Ericsson estão brigando palmo a palmo pela liderança no 5G. A chinesa tem 91 contratos vigentes para implantar redes da nova tecnologia, mas não revela em quantos deles elas já foram ativadas de fato. Já a sueca tem 95 contratos, dos quais 40 redes estão em funcionamento. A Nokia aparece na terceira colocação, com 73 contratos e 23 redes ativas. Os dados são das próprias empresas.

EUA atacam Huawei

Tirando o aspecto econômico, há um outro lado da história: a segurança cibernética. Trata-se da preocupação legítima de que as redes das operadoras e das fabricantes sejam utilizadas para vazar dados sensíveis de cidadãos, empresas e governos. Para a Huawei, o assunto é mais crítico, uma vez que a empresa vem de um país em que a influência do Estado se permeia fortemente por toda a economia.

Ao mesmo tempo em que travam uma guerra comercial com a China, os Estados Unidos usam o tema da segurança como justificativa oficial para barrar a Huawei por lá e tentam fazer o mesmo em outros países, incluindo o Brasil. No Reino Unido, por exemplo, a pressão deu certo, e o governo local limitou a atuação da Huawei na construção da infraestrutura do 5G.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, publicou uma nota nesta semana afirmando que a fabricante chinesa tem perdido contratos de 5G junto a várias operadoras ao redor do mundo. Ele ainda insinuou que a espanhola Telefónica (dona da Vivo) deixará de trabalhar com a Huawei no Brasil.

"Os acordos da Huawei com operadoras de telecomunicações em todo o mundo estão evaporando porque os países estão permitindo apenas fornecedores confiáveis em suas redes 5G", afirmou Pompeo, em comunicado reproduzido no site da Embaixada dos EUA no Brasil na quarta-feira (24). No mesmo documento, Pompeo citou uma declaração do presidente global da Telefónica, José María Álvarez-Pallete López, em que o executivo diz que o grupo deixará de trabalhar com fornecedores "não confiáveis" no Brasil. Embora, não cite especificamente a Huawei, a insinuação é explícita.

Por enquanto, Huawei fica

O Broadcast apurou junto a fontes do mercado que nenhuma das teles que atuam no Brasil tem intenção de cancelar contratos com a fabricante chinesa, ao menos não no curto a médio prazo. A Telefônica e a Huawei foram procuradas pela reportagem, mas decidiram não comentar o tema.

A princípio, não existe impedimento para a Huawei surfar a onda do 5G no País. O governo brasileiro tem mantido neutralidade sobre o caso. Em março, o Gabinete de Segurança Institucional listou os requisitos mínimos de segurança cibernética que devem ser adotados na implantação das redes 5G. A instrução normativa não apresentou nenhum veto explícito à fabricante chinesa, nem exigências técnicas que pudessem tirá-la do jogo.

Mas isso não encerra completamente a discussão, que demandará o aval de outros órgãos públicos. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está apurando os resultados de consulta pública sobre a implantação do 5G e os riscos de segurança. E ainda caberá ao presidente Jair Bolsonaro uma decisão final sobre o tema.

EUA tem feito campanha para evitar que seus aliados usem a Huawei na implantação das redes 5G Foto: Daniel Leal-Olivas/Agence France-Presse - Getty Images

A pressão crescente do governo dos Estados Unidos para restringir a presença da chinesa Huawei no mercado de telecomunicações de vários países preocupa as operadoras que atuam no Brasil, que veem risco de concentração no fornecimento de equipamentos, aumento de preços e limitação de tecnologia.Nas próximas semanas, os representantes das teles buscarão uma agenda com os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), conforme apurou o Estadão/Broadcast.

Estes ministros compõem o núcleo militar e diplomático do governo de Jair Bolsonaro e serão essenciais no processo que dará sinal verde ou vermelho para a atuação da Huawei no País, considerando aspectos ligados à segurança cibernética e à relação estratégica com Estados Unidos e China.

A reunião entre empresários e ministros terá um ar protocolar. Servirá para as partes apertarem as mãos e traçarem um panorama do mercado brasileiro de telecomunicações, assim como representantes de diversos setores produtivos fazem frequentemente em Brasília. Mas também servirá para os empresários defenderem a continuidade da Huawei no mercado nacional.

O lobby tem como pano de fundo o medo das operadoras de que, sem a companhia chinesa, o mercado brasileiro fique com apenas dois grandes fabricantes de equipamentos – a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia. Na prática, isso se traduziria em menor competição e alta nos custos de operação, que seriam repassados aos consumidores, dizem as teles.

Hoje, os produtos da Huawei são vistos pelas operadoras como baratos e de boa qualidade, revertendo a imagem negativa de 20 anos atrás, quando a fabricante desembarcou no Brasil com itens que deixavam a desejar.

Atualmente, a Huawei tem contratos com Vivo, TIM, Claro e Oi. Sua participação no mercado gira em torno de 40% a 50% se considerados apenas os equipamentos para a rede 4G, segundo empresários. E boa parte destes equipamentos já em operação serão aproveitados pelas teles para a implantação do 5G prevista para começar no ano que vem.

"Já existe um estoque de redes da Huawei que não pode ser simplesmente trocado. Quem pagaria por essa troca? O governo? Obviamente, essa troca não cabe na equação financeira das empresas", pondera uma fonte do mercado. "Quando se discute segurança cibernética, o governo parece estar preocupado com o que está por vir com a chegada do 5G, mas se esquece que já existe uma realidade presente no 4G", analisa.Ao redor do mundo, Huawei e Ericsson estão brigando palmo a palmo pela liderança no 5G. A chinesa tem 91 contratos vigentes para implantar redes da nova tecnologia, mas não revela em quantos deles elas já foram ativadas de fato. Já a sueca tem 95 contratos, dos quais 40 redes estão em funcionamento. A Nokia aparece na terceira colocação, com 73 contratos e 23 redes ativas. Os dados são das próprias empresas.

EUA atacam Huawei

Tirando o aspecto econômico, há um outro lado da história: a segurança cibernética. Trata-se da preocupação legítima de que as redes das operadoras e das fabricantes sejam utilizadas para vazar dados sensíveis de cidadãos, empresas e governos. Para a Huawei, o assunto é mais crítico, uma vez que a empresa vem de um país em que a influência do Estado se permeia fortemente por toda a economia.

Ao mesmo tempo em que travam uma guerra comercial com a China, os Estados Unidos usam o tema da segurança como justificativa oficial para barrar a Huawei por lá e tentam fazer o mesmo em outros países, incluindo o Brasil. No Reino Unido, por exemplo, a pressão deu certo, e o governo local limitou a atuação da Huawei na construção da infraestrutura do 5G.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, publicou uma nota nesta semana afirmando que a fabricante chinesa tem perdido contratos de 5G junto a várias operadoras ao redor do mundo. Ele ainda insinuou que a espanhola Telefónica (dona da Vivo) deixará de trabalhar com a Huawei no Brasil.

"Os acordos da Huawei com operadoras de telecomunicações em todo o mundo estão evaporando porque os países estão permitindo apenas fornecedores confiáveis em suas redes 5G", afirmou Pompeo, em comunicado reproduzido no site da Embaixada dos EUA no Brasil na quarta-feira (24). No mesmo documento, Pompeo citou uma declaração do presidente global da Telefónica, José María Álvarez-Pallete López, em que o executivo diz que o grupo deixará de trabalhar com fornecedores "não confiáveis" no Brasil. Embora, não cite especificamente a Huawei, a insinuação é explícita.

Por enquanto, Huawei fica

O Broadcast apurou junto a fontes do mercado que nenhuma das teles que atuam no Brasil tem intenção de cancelar contratos com a fabricante chinesa, ao menos não no curto a médio prazo. A Telefônica e a Huawei foram procuradas pela reportagem, mas decidiram não comentar o tema.

A princípio, não existe impedimento para a Huawei surfar a onda do 5G no País. O governo brasileiro tem mantido neutralidade sobre o caso. Em março, o Gabinete de Segurança Institucional listou os requisitos mínimos de segurança cibernética que devem ser adotados na implantação das redes 5G. A instrução normativa não apresentou nenhum veto explícito à fabricante chinesa, nem exigências técnicas que pudessem tirá-la do jogo.

Mas isso não encerra completamente a discussão, que demandará o aval de outros órgãos públicos. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está apurando os resultados de consulta pública sobre a implantação do 5G e os riscos de segurança. E ainda caberá ao presidente Jair Bolsonaro uma decisão final sobre o tema.

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