A startup brasileira Printi vai abrir 100 lojas até 2020, revelou ao Estado o presidente do conselho e cofundador Mate Pencz. Fundada em 2012, a empresa é conhecida por prestar serviços online de gráfica e produtos personalizados – oferece hoje mais de 200 produtos, como camisetas, chaveiros e canecas, em cerca de 30 mil combinações possíveis de tamanhos e cores, mas sob uma padronização tecnológica capaz de manter eficiência industrial.
“O futuro do varejo está em uma solução de múltiplos canais”, diz o alemão Pencz, que afirma se inspirar na estratégia feita nos EUA pela Amazon, que começou suas atividades na internet e hoje se expande para “o mundo real”. “Com as lojas físicas, o consumidor vai poder escolher o que é mais cômodo para ele: pedir na internet e retirar na loja, ou pedir na loja e receber em casa, por exemplo.”
O passo inicial para essa expansão foi dado no ano passado, quando a empresa abriu seus primeiros estabelecimentos físicos – hoje, são quatro lojas diferentes, todas na Grande São Paulo. A intenção agora é espalhar a marca pelo Brasil, com ajuda de uma rede de franquias. Pencz diz ainda não ter definido o valor exato para as franquias, mas diz que o valor de investimento para o franqueado girará em torno de R$ 50 mil a R$ 100 mil.
Nas lojas, conta Pencz, os usuários poderão em breve contar com o auxílio de um designer – que poderá ajudar os clientes a adaptar logotipos e pedidos específicos. Para o médio prazo, diz o executivo, o plano é também cuidar da parte de instalação, no caso de placas, letreiros e outros produtos do tipo. “Queremos controlar toda a cadeia, de uma ponta a outra, formalizando um mercado que hoje é bastante informal”, afirma Pencz, que tem nas pequenas e médias empresas seu principal público-alvo. “É um público que está desassistido e tem recorrência de compras.”
Na visão do professor Gilberto Sarfati, coordenador do mestrado de gestão e competitividade da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), o trunfo da Printi foi investir num mercado fragmentado. “Havia muitas gráficas pequenas e com baixo nível de profissionalização. A grande sacada deles foi criar padrões e processos para esse segmento e trazer consolidação”, avalia o pesquisador.
Para ele, o investimento em lojas é acertado, mas é preciso tomar cuidado com o modelo de franquias. “Quem quer vencer no varejo hoje precisa ter loja física, é algo que forma a imagem da empresa”, afirma. “Franquia é um jeito de crescer rápido, mas é preciso cuidar da infraestrutura para o franqueado e acertar os números para que seja um bom negócio para ambas as partes.”
Crescimento. Com a expansão física, a empresa também prevê salto em suas receitas: a expectativa é de faturamento de R$ 200 milhões em 2019, o dobro do ano passado. Outra novidade é a inauguração, prevista para breve, de um campus próprio em Barueri – onde antes ficava a gráfica Aquarela, adquirida pela startup em 2017. Além disso, a Printi também está contratando: tem mais de 100 vagas abertas no momento. A startup saltou de 350 funcionários no final de 2017 para 500 pessoas no fim do ano passado – o plano é encerrar 2019 com cerca de 630 empregados.
No ano passado, cerca de 30 novas vagas foram preenchidas no time de executivos – Pencz, por exemplo, deixou o posto de presidente executivo e agora está como presidente do conselho, sendo substituído por Diego Luz, ex-diretor do fundo Patria. Já o cofundador Florian Hagenbuch saiu da diretoria de tecnologia e também manteve seu posto na administração.
“Saí dos problemas do dia a dia e agora consigo me dedicar mais à estratégia da empresa”, diz Pencz. “Acredito que cada pessoa tem habilidades; eu sou mais empreendedor, enquanto o Diego pode nos levar a ganhar corpo e passar a faturar bilhões.” Para Sarfati, da FGV, é uma tática que faz sentido. “Há pessoas com perfis diferentes, mas corre-se o risco da empresa perder o DNA sem o seu fundador no cotidiano. É preciso estruturar bem a cultura antes de se fazer isso.”
Além de se dedicar à visão da Printi para os próximos anos, Pencz também dedica seu tempo a explorar novas oportunidades no mercado de startups. Ele e o parceiro Hagenbuch, junto a Julio Vasconcellos, fundador do Peixe Urbano, foram os idealizadores do fundo Canary, que já assinou 36 cheques para startups em estágio inicial, mas com modelo de negócios já definido (entre R$ 500 mil e R$ 2,5 milhões). Entre os investidores do Canary, estão também nomes fortes do ecossistema brasileiro, como David Vélez (Nubank) e Mike Krieger (fundador do Instagram).