De surpresa, Andy Jassy tornou-se o novo grande rosto do Vale do Silício. O americano, de 52 anos, assumirá o cargo mais alto da Amazon no segundo semestre de 2021, substituindo ninguém menos do que Jeff Bezos. O fundador da gigante passou 27 anos no cargo e atualmente é o segundo homem mais rico do mundo, com patrimônio avaliado em US$ 188 bilhões. A transição, revelada na terça-feira, 2, ocorrerá em um ótimo momento para a Amazon, que tem avaliação de mercado de US$ 1,7 trilhão.
A carreira de Jassy confunde-se com a maior parte da história da Amazon. Ele formou-se em administração por Harvard em 1997 e, “na segunda-feira seguinte”, disse em entrevista em setembro do ano passado, tornou-se funcionário da varejista, até então uma vendedora de livros na internet. “Não, eu não sabia qual seria o meu trabalho ou o meu título”, falou.
Atualmente, ele é o presidente da divisão de serviços em nuvem da empresa, a Amazon Web Services (AWS), divisão que ajudou a fundar em 2003 ao lado de Bezos, de quem era assistente técnico no início dos anos 2000.
Juntos, eles desenvolveram a AWS quando um grupo de funcionários fez uma sessão de “brainstorming” para identificar como usar o poder de infraestrutura da então varejista online de livros e discos para vender outros serviços.
Hoje, a AWS é um dos negócios mais rentáveis da companhia (com fatia na receita de 67% de toda a companhia) e registrou receita de US$ 12,7 bilhões no último trimestre de 2020, crescimento de 28% ante mesmo período de 2019. Já o lucro teve alta de 37%, totalizando US$ 3,6 bilhões. Ela corresponde a 33% do mercado global de serviços de nuvem, líder distante da segunda colocada, a Microsoft (18%), e do Google (9%).
Por isso, o anúncio de ascensão de Jassy como CEO não surpreendeu o mercado financeiro — principalmente sabendo que, em 2014, Satya Nadella largou a divisão de serviços de nuvem Azure para assumir o cargo máximo na Microsoft. Isso só indica que o caminho futuro da Amazon passará por se tornar cada vez mais eficiente em serviços de nuvem.
Controvérsia
Embora de perfil discreto, Andy Jassy já defendeu publicamente a decisão da Amazon de vender tecnologia de reconhecimento facial para forças de segurança - a tecnologia é criticada por ativistas e especialistas, que a enxergam como uma maneira de violar a privacidade e como uma ferramenta de viés racista.
Revelada em 2016, a Rekognition é a ferramenta de reconhecimento facial, criada dentro do AWS. “Uma tecnologia que permite excessos não significa que deva ser banida, condenada ou não usada”, disse, em entrevista ao canal de televisão americano PBS em setembro de 2019.
Em junho de 2020, a Amazon congelou por um ano o uso policial da sua tecnologia de reconhecimento facial, após os protestos do movimento Vidas Negras Importam nos Estados Unidos, levantados pela morte de George Floyd. A decisão vale até que o Congresso dos EUA legisle sobre o tema. É uma postura diferente, por exemplo, do que adotou a IBM que abandonou completamente o desenvolvimento de reconhecimento facial.