O boom da IA generativa no último ano expôs o quanto as grandes empresas de tecnologia se tornaram dependentes de processadores especializados em operações com inteligência artificial (IA) - e a Nvidia tem 70% do mercado. As grandes companhias não podem criar chatbots e outros sistemas de IA sem os chips especiais que a Nvidia dominou nos últimos anos, o que a elevou para o pequeno grupo dos gigantes da tecnologia em 2024.
Isso não significa que a Nvidia não tenha rivais no horizonte. Amazon, Google, Meta e Microsoft estão correndo para criar seus próprios chips de IA. Com componentes próprios, os gigantes da tecnologia poderiam “controlar seu próprio destino”, mantendo domínio de custos, escassez e acesso a serviços de nuvem.
A “guerra” ocorre, principalmente, no desenvolvimento de componentes chamados NPUs (unidades de processamento neural), que são responsáveis pelo funcionamento de grandes modelos de linguagem (LLMs). Esses modelos são fundamentais para ferramentas de IA generativa, como criador de imagens e chatbots.
Veja quais empresas também estão desenvolvendo chips voltados para a IA.
AMD
A AMD é uma das empresas que busca parcerias com outras gigantes de tecnologia para desenvolver seus chips voltados para IA. No ano passado, Meta, OpenAI e Microsoft firmaram um acordo para comprar o Instinct MI300X, processador semelhante ao H100, principal componente da Nvidia para IA.
A ideia é que esse processador possa substituir o chip da Nvidia para essas empresas - o custo do componente não foi anunciado, mas cada processador da rival tem preço de US$ 20 mil aproximadamente. Como uma fabricante de chips, a AMD também já tem outros produtos no mercado que atendem, ao menos parcialmente, as demandas por processamento de IA: a empresa é dona da linha ROCm, conhecida no mundo gamer, e da linha Ryzen.
De olho na concorrência, a AMD já registra crescimento nos últimos anos, sendo a segunda no ranking de fornecimento de processadores - em 2022, a empresa representava 20% da produção de chips no mundo.
O Google tem a maior vantagem inicial no desenvolvimento de chips de IA. Em 2017, a empresa apresentou sua unidade de processamento de tensores, ou TPU, cujo nome deriva de um tipo de cálculo vital para a criação de inteligência artificial. O Google usou dezenas de milhares de TPUs para criar produtos de IA, incluindo o chatbot Bard, agora batizado de Gemini.
Recentemente, o Google gastou de US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões na construção de cerca de um milhão de seus próprios chips de IA, diz Pierre Ferragu, analista da New Street Research. O lançamento de diferentes versões do Gemini AI também acelerou o processo do Google em busca de um chip próprio.
Amazon
A Amazon está agora na segunda geração do Trainium, seu chip para a criação de sistemas de IA, e tem um segundo chip feito apenas para fornecer modelos de IA aos clientes, o Inferentia. A empresa chegou a gastar US$ 200 milhões em 100 mil chips no ano passado, segundo Ferragu, da New Street Research.
Com os novos modelos, a empresa fechou uma parceria com a startup Anthropic, que desenvolveu um chatbot semelhante ao ChatGPT. O investimento inicial do acordo, que visa ajudar a Amazon a construir e testar esses processadores, é de US$ 4 bilhões.
Microsoft
Em meio a parcerias com empresas em todo o ecossistema de IA - desde desenvolvedores à fabricantes de componentes - a Microsoft também busca construir seu próprio processador da tecnologia. Para isso, a companhia lançou o Maia, chip com capacidade para rodar LLMs da base do serviço Azure, de nuvem.
Os processadores voltados para IA estão sendo produzidos em parceria com a OpenAI, investida da Microsoft e grande interessada em ampliar o leque de fornecedores de chips para seus produtos.
Intel
A empresa americana de chips vem turbinando notebooks e computadores de mesa com novos processadores, capazes de rodar com mais eficiência as novidades em inteligência artificial — e que devem continuar demandando capacidade de processamento dos dispositivos eletrônicos.
A família de chips Intel Core Ultra, anunciada no ano passado, por exemplo, é uma das apostas da empresa para equipar dispositivos que usem IA. A família de chips traz avanços na CPU, GPU e na NPU, unidade de processamento dedicada às redes neurais que abastecem as IAs. Com esse trio, os processadores conseguem performar tarefas como renderização de vídeos, efeitos em transmissões de videoconferências e trabalho multitarefa com mais rapidez./COM NYT