'Queremos ser top 3 em celulares no Brasil até 2025', diz executiva da Realme


Inspirada na Xiaomi, fabricante diz ao 'Estadão' que mira o topo do mercado nacional; estratégia aposta em comércio eletrônico e portfólio extenso de produtos

Por Bruno Romani
Sherry Dong, da Realme, quer chegar ao top 3 do Brasil Foto: Realme/Divulgação

Apesar do cenário de crise econômica, que afetou o poder de consumo do brasileiro, a fabricante chinesa Realme enxerga com bons olhos o mercado do País. Inspirada pelo sucesso da conterrânea Xiaomi, a marca chega ao Brasil com o plano de se posicionar entre as principais marcas do setor – o plano é estar entre os três principais nomes nos próximos cinco anos, disputando espaço com Samsung e Motorola e à frente de empresas como Asus e LG, por exemplo. 

Fundada em 2010 como subsidiária da também chinesa Oppo, a Realme opera de forma independente desde 2018. A empresa atua no mercado europeu e na Ásia e agora, coloca o Brasil como pedra fundamental para sua operação latinoamericana, como conta Sherry Dong, diretora de marketing da companhia, em entrevista exclusiva ao Estadão.A estreia deve ocorrer oficialmente em dezembro, em parceria com sites como B2W (Submarino/Americanas), Amazon e MercadoLivre. 

continua após a publicidade

Ao contrário da Xiaomi, que focou na venda direta ao consumidor em sua primeira incursão no País, a Realme aposta em marketplaces. Ao Estadão, a executiva discutiu também os possíveis obstáculos para o sucesso em terras brasileiras, como a desconfiança do consumidor local por marcas desconhecidas e a competição do mercado cinza de aparelhos chineses. 

Para evitar os problemas, ela aposta no comércio eletrônico e também em um portfólio extenso de produtos – que vai de aparelhos de entrada até topos de linha de bom custo-benefício, passando também por dispositivos para a casa conectada, em outra lição que a empresa tira da estratégia da Xiaomi por aqui. A seguir, os principais trechos da entrevista. 

Como será a estratégia de chegada ao Brasil?

continua após a publicidade

Planejamos estrear no mercado brasileiro provavelmente em dezembro. No curto prazo, lançaremos produtos diferentes, da linha de entrada aos topos de linha. Teremos também muitos produtos da linha IoT (internet das Coisas, em inglês). A longo prazo, a ideia é estar entre as três maiores marcas do mercado brasileiro nos próximos cinco anos. Teremos uma equipe local e vamos analisar profundamente nossos clientes brasileiros. O Brasil é fundamental para que o nosso próximo sucesso seja na América Latina. 

Qual será o tamanho da operação brasileira?

No começo, não será uma equipe muito grande – isso depende da velocidade em que cresceremos. Mas, de cara, teremos a equipe de marketing e vendas focada em comércio eletrônico. Esperamos ter até o fim de 2021 uma equipe bem organizada. Serão 10 ou 15 pessoas, embora a gente não possa garantir que todos chegarão ao mesmo tempo. 

continua após a publicidade

O foco no comércio eletrônico passa por uma plataforma própria de vendas ou por parcerias com grandes varejistas?

Precisamos entender os consumidores o mais rápido possível e oferecer um preço bem competitivo, então optamos pelo comércio eletrônico nesse momento. Dessa maneira, podemos encurtar os canais de venda e oferecer mais valor aos clientes. Canais de venda mais longos podem tornar os preços menos competitivos. Será assim agora e até, pelo menos, metade do ano que vem. Teremos nossos produtos em diferentes marketplaces.

Historicamente, consumidores brasileiros de eletrônicos são resistentes a marcas das quais nunca ouviram falar. Qual é o plano para ganhar a confiança desse consumidor?

continua após a publicidade

De acordo com a GfK, os consumidores brasileiros se decidem em pontos fundamentais: câmera, duração da bateria e design. Consideramos que os nossos produtos atendem a esses requisitos. É difícil ter tudo isso num preço acessível, e isso nos faz crer que temos uma boa oportunidade de negócios. Acreditamos que nossa marca tenha atrativos. Estamos crescendo muito rapidamente em diferentes mercados, como Índia, China, Sudeste Asiático e Europa. Queremos sempre ultrapassar nossos limites. Quando começamos a espalhar a notícia da chegada à América Latina, percebemos um crescente interesse dos fãs.

Ao longo do tempo, as marcas chinesas que entraram no mercado brasileiro tiveram resultados variados. Algumas tiveram sucesso e outras não. Quais são as lições que vocês tiraram de cada um desses casos?

Vimos muito interesse em nossos concorrentes chineses que entraram na América Latina. Alguns tiveram muito sucesso, como a Xiaomi, que conquistaram uma fatia do mercado muito rapidamente. O que aprendemos com eles é que o produto ainda é a chave de tudo. Percebemos também que as pessoas ficam curiosas quando novas marcas chegam por estarem cansadas de nomes tradicionais como Samsung, LG e Lenovo [que controla a Motorola]. Acreditamos que a Xiaomi tenha produtos competitivos, mas temos produtos similares com design melhor. Acreditamos que se a Xiaomi conseguiu crescer rapidamente nesse mercado, também temos uma oportunidade. No futuro, a competição entre marcas tradicionais e marcas chinesas se intensificará, e estamos bem empolgados por isso. É bom para o consumidor quando há variedade de produtos. 

continua após a publicidade
Realme se inspira no sucesso da Xiaomi no Brasil Foto: Realme

A primeira tentativa da Xiaomi no Brasil, focada em venda direta pela internet, não funcionou. Na experiência atual, eles fizeram uma parceria com uma empresa local, a DL, que já tinha canais de vendas bem estabelecidos.Vocês pretendem replicar o modelo de parcerias locais?

Vamos começar sem parcerias, porque o comércio eletrônico está crescendo mais rapidamente do que no passado, especialmente no contexto de covid-19. Checamos dados de comércio eletrônico e acreditamos que há mercado para uma marca como a Realme. Também queremos estabelecer a equipe brasileira da nossa maneira.

continua após a publicidade

Os produtos serão todos importados? Há planos de produção local?

Ainda estamos decidindo. No começo, certamente será importado, mas, ao crescermos, haverá uma chance para produção local. Os produtos terão que ser bem escolhidos para o consumidor local. Não vamos disponibilizar para o consumidor brasileiro todos os produtos que temos no mundo. Vamos analisar e decidir por aquilo que eles gostam e aceitam. Porém, a produção local não deverá ocorrer nesse primeiro ano. 

Quais os modelos e preços você estão planejando? 

O primeiro será um “Number series”, uma linha nossa de “topos de linha para consumidores jovens”. O lançamento será em breve. Não posso revelar nada além disso ainda. Teremos uma linha ampla de produtos. A “C series” é voltada para aparelhos de entrada. A “Number Series” será de “topos de linha para consumidores jovens”, ou celulares intermediários. No primeiro semestre do ano que vem, traremos a “X Series”, família de topos de linha. Todos os aparelhos da X Series terão 5G, o que nos dará uma oportunidade nesse mercado também. Acreditamos que o mercado brasileiro tem a ambição de desenvolver bastante o alcance do 5G. 

O Brasil vive uma crise econômica, tem uma taxa alta de desempregados e vê o preço do dólar nas alturas. Vocês estão prontos para lidar com todas as dificuldades que esse cenário pode causar para o negócio?

Essa não é uma situação nova. Muitos dos mercados que entramos também viviam situações parecidas e isso não nos parou. Acreditamos que quando isso acontece, as pessoas procuram smartphones que oferecem mais por menos. Quando a economia está estável, talvez as pessoas gastem em telefones mais avançados, exigindo muito em termos de especificações. Na situação atual, as pessoas procuram mais por performance, seja de bateria ou do chip. Achamos que a Realme pode competir aí. Acreditamos também que o cenário econômico pode melhorar, e não é permanente. 

Um fenômeno que ocorreu com a Xiaomi foi que, ao ter sucesso, seus aparelhos surgiram com força no mercado cinza. Como vocês planejam lidar com isso?

Quando falamos de vendas oficiais, não falamos apenas do produto. Falamos da qualidade e do serviço. Isso é chave. Além disso, a situação que você descreveu só acontece quando os preços são muito diferentes. Observamos alguns competidores com preços muito altos em seus canais oficiais, e isso força pessoas a buscarem alternativas em outros canais. Vamos trabalhar para que o nosso preço de lançamento seja competitivo o suficiente. 

Como será a estratégia com produtos de IoT?

Focada em produtos de consumo, será uma das principais categorias para gente. Esse ano lançamos cerca de 20 produtos no segmento. Ano que vem, esse número irá duplicar ou triplicar. Será uma boa chance para as pessoas conhecerem a Realme não apenas como uma de smartphones, mas uma marca de tecnologia. Temos vestíveis, produtos de áudio, produtos para o lar. Estou curiosa para saber como será a reação do consumidor brasileiro. 

Sherry Dong, da Realme, quer chegar ao top 3 do Brasil Foto: Realme/Divulgação

Apesar do cenário de crise econômica, que afetou o poder de consumo do brasileiro, a fabricante chinesa Realme enxerga com bons olhos o mercado do País. Inspirada pelo sucesso da conterrânea Xiaomi, a marca chega ao Brasil com o plano de se posicionar entre as principais marcas do setor – o plano é estar entre os três principais nomes nos próximos cinco anos, disputando espaço com Samsung e Motorola e à frente de empresas como Asus e LG, por exemplo. 

Fundada em 2010 como subsidiária da também chinesa Oppo, a Realme opera de forma independente desde 2018. A empresa atua no mercado europeu e na Ásia e agora, coloca o Brasil como pedra fundamental para sua operação latinoamericana, como conta Sherry Dong, diretora de marketing da companhia, em entrevista exclusiva ao Estadão.A estreia deve ocorrer oficialmente em dezembro, em parceria com sites como B2W (Submarino/Americanas), Amazon e MercadoLivre. 

Ao contrário da Xiaomi, que focou na venda direta ao consumidor em sua primeira incursão no País, a Realme aposta em marketplaces. Ao Estadão, a executiva discutiu também os possíveis obstáculos para o sucesso em terras brasileiras, como a desconfiança do consumidor local por marcas desconhecidas e a competição do mercado cinza de aparelhos chineses. 

Para evitar os problemas, ela aposta no comércio eletrônico e também em um portfólio extenso de produtos – que vai de aparelhos de entrada até topos de linha de bom custo-benefício, passando também por dispositivos para a casa conectada, em outra lição que a empresa tira da estratégia da Xiaomi por aqui. A seguir, os principais trechos da entrevista. 

Como será a estratégia de chegada ao Brasil?

Planejamos estrear no mercado brasileiro provavelmente em dezembro. No curto prazo, lançaremos produtos diferentes, da linha de entrada aos topos de linha. Teremos também muitos produtos da linha IoT (internet das Coisas, em inglês). A longo prazo, a ideia é estar entre as três maiores marcas do mercado brasileiro nos próximos cinco anos. Teremos uma equipe local e vamos analisar profundamente nossos clientes brasileiros. O Brasil é fundamental para que o nosso próximo sucesso seja na América Latina. 

Qual será o tamanho da operação brasileira?

No começo, não será uma equipe muito grande – isso depende da velocidade em que cresceremos. Mas, de cara, teremos a equipe de marketing e vendas focada em comércio eletrônico. Esperamos ter até o fim de 2021 uma equipe bem organizada. Serão 10 ou 15 pessoas, embora a gente não possa garantir que todos chegarão ao mesmo tempo. 

O foco no comércio eletrônico passa por uma plataforma própria de vendas ou por parcerias com grandes varejistas?

Precisamos entender os consumidores o mais rápido possível e oferecer um preço bem competitivo, então optamos pelo comércio eletrônico nesse momento. Dessa maneira, podemos encurtar os canais de venda e oferecer mais valor aos clientes. Canais de venda mais longos podem tornar os preços menos competitivos. Será assim agora e até, pelo menos, metade do ano que vem. Teremos nossos produtos em diferentes marketplaces.

Historicamente, consumidores brasileiros de eletrônicos são resistentes a marcas das quais nunca ouviram falar. Qual é o plano para ganhar a confiança desse consumidor?

De acordo com a GfK, os consumidores brasileiros se decidem em pontos fundamentais: câmera, duração da bateria e design. Consideramos que os nossos produtos atendem a esses requisitos. É difícil ter tudo isso num preço acessível, e isso nos faz crer que temos uma boa oportunidade de negócios. Acreditamos que nossa marca tenha atrativos. Estamos crescendo muito rapidamente em diferentes mercados, como Índia, China, Sudeste Asiático e Europa. Queremos sempre ultrapassar nossos limites. Quando começamos a espalhar a notícia da chegada à América Latina, percebemos um crescente interesse dos fãs.

Ao longo do tempo, as marcas chinesas que entraram no mercado brasileiro tiveram resultados variados. Algumas tiveram sucesso e outras não. Quais são as lições que vocês tiraram de cada um desses casos?

Vimos muito interesse em nossos concorrentes chineses que entraram na América Latina. Alguns tiveram muito sucesso, como a Xiaomi, que conquistaram uma fatia do mercado muito rapidamente. O que aprendemos com eles é que o produto ainda é a chave de tudo. Percebemos também que as pessoas ficam curiosas quando novas marcas chegam por estarem cansadas de nomes tradicionais como Samsung, LG e Lenovo [que controla a Motorola]. Acreditamos que a Xiaomi tenha produtos competitivos, mas temos produtos similares com design melhor. Acreditamos que se a Xiaomi conseguiu crescer rapidamente nesse mercado, também temos uma oportunidade. No futuro, a competição entre marcas tradicionais e marcas chinesas se intensificará, e estamos bem empolgados por isso. É bom para o consumidor quando há variedade de produtos. 

Realme se inspira no sucesso da Xiaomi no Brasil Foto: Realme

A primeira tentativa da Xiaomi no Brasil, focada em venda direta pela internet, não funcionou. Na experiência atual, eles fizeram uma parceria com uma empresa local, a DL, que já tinha canais de vendas bem estabelecidos.Vocês pretendem replicar o modelo de parcerias locais?

Vamos começar sem parcerias, porque o comércio eletrônico está crescendo mais rapidamente do que no passado, especialmente no contexto de covid-19. Checamos dados de comércio eletrônico e acreditamos que há mercado para uma marca como a Realme. Também queremos estabelecer a equipe brasileira da nossa maneira.

Os produtos serão todos importados? Há planos de produção local?

Ainda estamos decidindo. No começo, certamente será importado, mas, ao crescermos, haverá uma chance para produção local. Os produtos terão que ser bem escolhidos para o consumidor local. Não vamos disponibilizar para o consumidor brasileiro todos os produtos que temos no mundo. Vamos analisar e decidir por aquilo que eles gostam e aceitam. Porém, a produção local não deverá ocorrer nesse primeiro ano. 

Quais os modelos e preços você estão planejando? 

O primeiro será um “Number series”, uma linha nossa de “topos de linha para consumidores jovens”. O lançamento será em breve. Não posso revelar nada além disso ainda. Teremos uma linha ampla de produtos. A “C series” é voltada para aparelhos de entrada. A “Number Series” será de “topos de linha para consumidores jovens”, ou celulares intermediários. No primeiro semestre do ano que vem, traremos a “X Series”, família de topos de linha. Todos os aparelhos da X Series terão 5G, o que nos dará uma oportunidade nesse mercado também. Acreditamos que o mercado brasileiro tem a ambição de desenvolver bastante o alcance do 5G. 

O Brasil vive uma crise econômica, tem uma taxa alta de desempregados e vê o preço do dólar nas alturas. Vocês estão prontos para lidar com todas as dificuldades que esse cenário pode causar para o negócio?

Essa não é uma situação nova. Muitos dos mercados que entramos também viviam situações parecidas e isso não nos parou. Acreditamos que quando isso acontece, as pessoas procuram smartphones que oferecem mais por menos. Quando a economia está estável, talvez as pessoas gastem em telefones mais avançados, exigindo muito em termos de especificações. Na situação atual, as pessoas procuram mais por performance, seja de bateria ou do chip. Achamos que a Realme pode competir aí. Acreditamos também que o cenário econômico pode melhorar, e não é permanente. 

Um fenômeno que ocorreu com a Xiaomi foi que, ao ter sucesso, seus aparelhos surgiram com força no mercado cinza. Como vocês planejam lidar com isso?

Quando falamos de vendas oficiais, não falamos apenas do produto. Falamos da qualidade e do serviço. Isso é chave. Além disso, a situação que você descreveu só acontece quando os preços são muito diferentes. Observamos alguns competidores com preços muito altos em seus canais oficiais, e isso força pessoas a buscarem alternativas em outros canais. Vamos trabalhar para que o nosso preço de lançamento seja competitivo o suficiente. 

Como será a estratégia com produtos de IoT?

Focada em produtos de consumo, será uma das principais categorias para gente. Esse ano lançamos cerca de 20 produtos no segmento. Ano que vem, esse número irá duplicar ou triplicar. Será uma boa chance para as pessoas conhecerem a Realme não apenas como uma de smartphones, mas uma marca de tecnologia. Temos vestíveis, produtos de áudio, produtos para o lar. Estou curiosa para saber como será a reação do consumidor brasileiro. 

Sherry Dong, da Realme, quer chegar ao top 3 do Brasil Foto: Realme/Divulgação

Apesar do cenário de crise econômica, que afetou o poder de consumo do brasileiro, a fabricante chinesa Realme enxerga com bons olhos o mercado do País. Inspirada pelo sucesso da conterrânea Xiaomi, a marca chega ao Brasil com o plano de se posicionar entre as principais marcas do setor – o plano é estar entre os três principais nomes nos próximos cinco anos, disputando espaço com Samsung e Motorola e à frente de empresas como Asus e LG, por exemplo. 

Fundada em 2010 como subsidiária da também chinesa Oppo, a Realme opera de forma independente desde 2018. A empresa atua no mercado europeu e na Ásia e agora, coloca o Brasil como pedra fundamental para sua operação latinoamericana, como conta Sherry Dong, diretora de marketing da companhia, em entrevista exclusiva ao Estadão.A estreia deve ocorrer oficialmente em dezembro, em parceria com sites como B2W (Submarino/Americanas), Amazon e MercadoLivre. 

Ao contrário da Xiaomi, que focou na venda direta ao consumidor em sua primeira incursão no País, a Realme aposta em marketplaces. Ao Estadão, a executiva discutiu também os possíveis obstáculos para o sucesso em terras brasileiras, como a desconfiança do consumidor local por marcas desconhecidas e a competição do mercado cinza de aparelhos chineses. 

Para evitar os problemas, ela aposta no comércio eletrônico e também em um portfólio extenso de produtos – que vai de aparelhos de entrada até topos de linha de bom custo-benefício, passando também por dispositivos para a casa conectada, em outra lição que a empresa tira da estratégia da Xiaomi por aqui. A seguir, os principais trechos da entrevista. 

Como será a estratégia de chegada ao Brasil?

Planejamos estrear no mercado brasileiro provavelmente em dezembro. No curto prazo, lançaremos produtos diferentes, da linha de entrada aos topos de linha. Teremos também muitos produtos da linha IoT (internet das Coisas, em inglês). A longo prazo, a ideia é estar entre as três maiores marcas do mercado brasileiro nos próximos cinco anos. Teremos uma equipe local e vamos analisar profundamente nossos clientes brasileiros. O Brasil é fundamental para que o nosso próximo sucesso seja na América Latina. 

Qual será o tamanho da operação brasileira?

No começo, não será uma equipe muito grande – isso depende da velocidade em que cresceremos. Mas, de cara, teremos a equipe de marketing e vendas focada em comércio eletrônico. Esperamos ter até o fim de 2021 uma equipe bem organizada. Serão 10 ou 15 pessoas, embora a gente não possa garantir que todos chegarão ao mesmo tempo. 

O foco no comércio eletrônico passa por uma plataforma própria de vendas ou por parcerias com grandes varejistas?

Precisamos entender os consumidores o mais rápido possível e oferecer um preço bem competitivo, então optamos pelo comércio eletrônico nesse momento. Dessa maneira, podemos encurtar os canais de venda e oferecer mais valor aos clientes. Canais de venda mais longos podem tornar os preços menos competitivos. Será assim agora e até, pelo menos, metade do ano que vem. Teremos nossos produtos em diferentes marketplaces.

Historicamente, consumidores brasileiros de eletrônicos são resistentes a marcas das quais nunca ouviram falar. Qual é o plano para ganhar a confiança desse consumidor?

De acordo com a GfK, os consumidores brasileiros se decidem em pontos fundamentais: câmera, duração da bateria e design. Consideramos que os nossos produtos atendem a esses requisitos. É difícil ter tudo isso num preço acessível, e isso nos faz crer que temos uma boa oportunidade de negócios. Acreditamos que nossa marca tenha atrativos. Estamos crescendo muito rapidamente em diferentes mercados, como Índia, China, Sudeste Asiático e Europa. Queremos sempre ultrapassar nossos limites. Quando começamos a espalhar a notícia da chegada à América Latina, percebemos um crescente interesse dos fãs.

Ao longo do tempo, as marcas chinesas que entraram no mercado brasileiro tiveram resultados variados. Algumas tiveram sucesso e outras não. Quais são as lições que vocês tiraram de cada um desses casos?

Vimos muito interesse em nossos concorrentes chineses que entraram na América Latina. Alguns tiveram muito sucesso, como a Xiaomi, que conquistaram uma fatia do mercado muito rapidamente. O que aprendemos com eles é que o produto ainda é a chave de tudo. Percebemos também que as pessoas ficam curiosas quando novas marcas chegam por estarem cansadas de nomes tradicionais como Samsung, LG e Lenovo [que controla a Motorola]. Acreditamos que a Xiaomi tenha produtos competitivos, mas temos produtos similares com design melhor. Acreditamos que se a Xiaomi conseguiu crescer rapidamente nesse mercado, também temos uma oportunidade. No futuro, a competição entre marcas tradicionais e marcas chinesas se intensificará, e estamos bem empolgados por isso. É bom para o consumidor quando há variedade de produtos. 

Realme se inspira no sucesso da Xiaomi no Brasil Foto: Realme

A primeira tentativa da Xiaomi no Brasil, focada em venda direta pela internet, não funcionou. Na experiência atual, eles fizeram uma parceria com uma empresa local, a DL, que já tinha canais de vendas bem estabelecidos.Vocês pretendem replicar o modelo de parcerias locais?

Vamos começar sem parcerias, porque o comércio eletrônico está crescendo mais rapidamente do que no passado, especialmente no contexto de covid-19. Checamos dados de comércio eletrônico e acreditamos que há mercado para uma marca como a Realme. Também queremos estabelecer a equipe brasileira da nossa maneira.

Os produtos serão todos importados? Há planos de produção local?

Ainda estamos decidindo. No começo, certamente será importado, mas, ao crescermos, haverá uma chance para produção local. Os produtos terão que ser bem escolhidos para o consumidor local. Não vamos disponibilizar para o consumidor brasileiro todos os produtos que temos no mundo. Vamos analisar e decidir por aquilo que eles gostam e aceitam. Porém, a produção local não deverá ocorrer nesse primeiro ano. 

Quais os modelos e preços você estão planejando? 

O primeiro será um “Number series”, uma linha nossa de “topos de linha para consumidores jovens”. O lançamento será em breve. Não posso revelar nada além disso ainda. Teremos uma linha ampla de produtos. A “C series” é voltada para aparelhos de entrada. A “Number Series” será de “topos de linha para consumidores jovens”, ou celulares intermediários. No primeiro semestre do ano que vem, traremos a “X Series”, família de topos de linha. Todos os aparelhos da X Series terão 5G, o que nos dará uma oportunidade nesse mercado também. Acreditamos que o mercado brasileiro tem a ambição de desenvolver bastante o alcance do 5G. 

O Brasil vive uma crise econômica, tem uma taxa alta de desempregados e vê o preço do dólar nas alturas. Vocês estão prontos para lidar com todas as dificuldades que esse cenário pode causar para o negócio?

Essa não é uma situação nova. Muitos dos mercados que entramos também viviam situações parecidas e isso não nos parou. Acreditamos que quando isso acontece, as pessoas procuram smartphones que oferecem mais por menos. Quando a economia está estável, talvez as pessoas gastem em telefones mais avançados, exigindo muito em termos de especificações. Na situação atual, as pessoas procuram mais por performance, seja de bateria ou do chip. Achamos que a Realme pode competir aí. Acreditamos também que o cenário econômico pode melhorar, e não é permanente. 

Um fenômeno que ocorreu com a Xiaomi foi que, ao ter sucesso, seus aparelhos surgiram com força no mercado cinza. Como vocês planejam lidar com isso?

Quando falamos de vendas oficiais, não falamos apenas do produto. Falamos da qualidade e do serviço. Isso é chave. Além disso, a situação que você descreveu só acontece quando os preços são muito diferentes. Observamos alguns competidores com preços muito altos em seus canais oficiais, e isso força pessoas a buscarem alternativas em outros canais. Vamos trabalhar para que o nosso preço de lançamento seja competitivo o suficiente. 

Como será a estratégia com produtos de IoT?

Focada em produtos de consumo, será uma das principais categorias para gente. Esse ano lançamos cerca de 20 produtos no segmento. Ano que vem, esse número irá duplicar ou triplicar. Será uma boa chance para as pessoas conhecerem a Realme não apenas como uma de smartphones, mas uma marca de tecnologia. Temos vestíveis, produtos de áudio, produtos para o lar. Estou curiosa para saber como será a reação do consumidor brasileiro. 

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.