No fim de outubro, Elon Musk completou sua aquisição do Twitter e demitiu imediatamente quatro dos mais graduados executivos da empresa. No lugar deles, Musk instalou um pequeno conselho de tenentes para avaliar as condições da companhia e começar a implementar sua visão. O grupo inclui o advogado pessoal de Musk, seu principal secretário, dois investidores e um ex-executivo do Twitter que deixou a empresa meses atrás.
O novo regime já começou a fazer cortes de funcionários, discutir as políticas de moderação de conteúdo e mandar os empregados começar a trabalhar em um recurso de assinatura paga. Eles também se encontraram com anunciantes que provêm ao Twitter a maior parte de seu lucro e demonstraram preocupação sobre a maneira que Musk poderia administrar a empresa.
Não está claro por quanto tempo esse grupo controlará o Twitter, mas por agora sua tarefa é manter a empresa funcionando e aumentando o lucro.
Saiba quem são essas pessoas:
Elon Musk
O homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 200 bilhões, de acordo com a Bloomberg, é há muito tempo usuário contumaz da rede social. Musk já dirige várias outras empresas, incluindo Tesla e SpaceX. Como novo dono do Twitter, ele empunha um poder enorme para manobrar a empresa, podendo mudar a política de moderação de conteúdo, fazer cortes dramáticos de funcionários ou obrigar usuários a pagar para usar o site.
Musk tem um estilo de administração “mão na massa” e, no passado, disse que dormiria na fábrica da Tesla para garantir que o trabalho fosse realizado dentro do prazo. Ele já está adotando uma estratégia similar no Twitter — um funcionário que falou sob condição de anonimato afirmou que Musk está microgerenciando projetos individuais.
Na plataforma pública do Twitter, ele tem se ocupado em responder individualmente sugestões de empregados a respeito de como mudar a empresa, assim como reclamações sobre contas bloqueadas injustamente.
Jason Calacanis
Investidor do setor da tecnologia, apresentador de podcast e conhecido de Musk de longa data, Jason Calacanis teve mensagens de texto trocadas com o bilionário reveladas durante o processo levantado pelo Twitter para forçar Musk a comprar a empresa, em setembro passado. Calacanis compartilhou com Musk ideias a respeito de como mudar o Twitter antes da aquisição. E agora que Musk é formalmente o proprietário, Calacanis tem solicitado pelo Twitter recomendações de usuários sobre que tipo de recursos eles querem ver na rede social.
Em suas mensagens de texto privadas para Musk, Calacanis sugeriu que o Twitter exija que os funcionários voltem a trabalhar presencialmente no escritório pelo menos dois dias por semana, o que, segundo ele, provocaria “partidas voluntárias” e cortaria a folha de pagamento em 20%. Calcanis também criticou recursos premium do Twitter e propôs expandir os selos de verificação para mais usuários, mostram as mensagens.
Nessas comunicações privadas, Calacanis disse a Musk que se tornar o novo diretor-executivo do Twitter é seu “emprego dos sonhos”. Calacanis não virou CEO, mas Musk o tem mantido por perto como parte da transição, e seu título é listado internamente como engenheiro de software. Recentemente, Calacanis tuitou que estava em Nova York para se encontrar com anunciantes em nome do Twitter.
Jared Birchall
Birchall é um dos conselheiros mais próximos de Musk e administra a fortuna pessoal do bilionário, como chefe de seu escritório pessoal, desde 2016. Ele é ex-administrador de ativos do Morgan Stanley e ajudou a organizar as finanças da aquisição de Musk.
Birchall também trabalha como diretor-executivo da Neuralink, a startup de interfaces cerebrais de Musk, e de sua fábrica de túneis, a Boring Company, apesar de não estar claro se ele exerce poder realmente na empresa ou é encarregado apenas no papel.
Birchall é o faz-tudo de Musk, ajudou ele a organizar compras e vendas de suas residências e contratar guardas de segurança, segundo a Bloomberg. Ao longo dos últimos dias, Birchall tem sido uma das pessoas determinando estratégias dentro do Twitter.
Alex Spiro
Advogado da firma Quinn Emanuel, de Nova York, Spiro tornou-se uma figura cada vez mais importante na órbita de Musk nos últimos anos. Ele ajudou Musk a vencer um processo de difamação em razão de seus comentários insultando um mergulhador durante uma briga no Twitter a respeito do resgate de um time de futebol mirim, na Tailândia, anos atrás.
Spiro também representou uma série de atletas e músicos famosos, incluindo Aaron Hernandez em seu julgamento por assassinato, em 2016, e Jay-Z em uma disputa empresarial sobre um contrato de divulgação de um perfume. Quando o Twitter processou Musk por voltar atrás no acordo para comprar a empresa, este ano, Spiro ajudou a liderar a defesa do bilionário. Musk desistiu de desistir da compra do Twitter, mas manteve Spiro.
O advogado está agora administrando o jurídico, as relações com governos, as políticas e as equipes de marketing do Twitter, de acordo com quatro fontes familiarizadas com discussões internas, que falaram sob condição de anonimato. Ele também foi envolvido no plano de demissões colocado em prática nos dias recentes.
David Sacks
Sacks trabalha com Musk desde que ambos foram colegas de equipe no PayPal, no início dos anos 2000. Eles fizeram fortuna quando a empresa foi vendida, e Sacks investiu em uma série de startups bem-sucedidas desde então, incluindo Airbnb, Facebook e Uber. Ele também se tornou um conservador presente em meios de comunicação e grande doador do Partido Republicano, ajudando a financiar este ano a campanha de Chesa Boudin para votação sobre sua permanência no cargo de procurador distrital.
Em setembro, Sacks escreveu um artigo defendendo o referendo no leste ucraniano ocupado pelos russos, que perguntou aos moradores da região se eles queriam se separar da Ucrânia e se juntar à Rússia, uma ideia que Musk tuitou posteriormente.
Sacks apareceu recentemente em um diretório corporativo do Twitter com um e-mail oficial da empresa e o título de “engenheiro de software”, de acordo com fotografias obtidas para o Post.
Sriram Krishnan
Krishnan ajuda a dirigir investimentos em criptomoedas na firma peso-pesado em capital de risco Andreessen Horowitz, no Vale do Silício, que investiu US$ 400 milhões na aquisição de Musk. Ele também trabalhou em desenvolvimento de produtos no Facebook, no Snapchat e, de 2017 a 2019, no Twitter.
Recentemente, ele afirmou estar ajudando Musk no Twitter “temporariamente”. Não ficou claro exatamente o que Krishnan está fazendo, mas ele é o único na equipe de Musk que já trabalhou no Twitter antes. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO
*Elizabeth Dwoskin e Faiz Siddiqui colaboraram com esta reportagem.