Em esforço para combater a desinformação em período eleitoral no País, o Twitter anuncia nesta segunda-feira, 4, uma série de medidas destinadas a desobstruir o debate público na plataforma, que, nos últimos anos, foi espaço de notícias falsas e enganosas em todo o mundo, incluindo o Brasil.
A principal novidade é a inclusão de selos de identificação dos candidatos que utilizam o Twitter. A partir de lista com os elegíveis fornecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os perfis receberão uma etiqueta que vai apontar se o usuário é candidato à presidência da República, ao Senado ou à Câmara Federal.
Segundo o Twitter, as etiquetas serão obrigatórias a todos os candidatos com perfil na rede, e uma agência externa irá procurar os candidatos e tachá-los com os selos. A plataforma afirma que, por se tratar de uma estreia do recurso no País, a novidade chega apenas para os políticos no âmbito federal, sem contemplar os candidatos às Assembleias Estaduais.
“Sendo a primeira vez em que estamos aplicado esta novidade, resolvemos fazer um recorte específico neste primeiro momento. Nada impede que continuemos aprimorando para as próximas eleições”, afirma Daniele Kleiner, chefe de políticas públicas do Twitter no Brasil, em entrevista ao Estadão. Outro recurso anunciado é o início, a partir de julho, das campanhas educacionais na plataforma, com objetivo de ensinar os usuários a identificar e reportar notícias falsas na rede.
Além disso, a plataforma pretende ampliar o uso dos Momentos, recurso em que o próprio Twitter reúne tuítes de fontes confiáveis para explicar um assunto. Daniele explica que os novos usos terão como objetivo desmentir notícias falsas (em processo conhecido como debunking) a partir de esclarecimentos, contraposições e contextualizações. Assim como ocorreu com a covid-19, o Twitter pretende tornar fixa uma aba com informações sobre as eleições de 2022, no topo da aba Explorar (símbolo da lupa no aplicativo).
“Sem dúvida, a experiência do Twitter na pandemia foi uma escola para as plataformas, porque permitiu que a gente desenvolvesse várias tecnologias que hoje adaptamos para situações relevantes, como eleições”, afirma Daniele, em referência à aba fixa de covid-19, quando notícias falsas sobre medicamentos sem eficácia, por exemplo, circularam na rede. “Foram soluções urgentes para se adaptar a uma situação que demanvada funções fora da caixinha. Preciávamos não só reprimir, mas também prevenir conteúdo enganoso.”
Ao longo da plataforma, usuários que buscarem por tuítes sobre as urnas eletrônicas, o processo eleitoral ou sobre título de eleitor poderão ser redirecionados ao perfil do TSE, onde terão acesso a esse tipo de informação confiável. Treinamentos a membros da imprensa, organizações da sociedade civil, autoridades e a partidos políticos também serão oferecidos ao longo do ano.
Essas medidas fazem parte do que o Twitter chama de Política de Integridade Cívica, que diz respeito a garantir que o debate público ocorra sem solavancos.
“Mais do que em outras plataformas, o Twitter é onde as pessoas vão para conversar sobre o que ocorre de mais importante. Eleições é o momento mais relevante e, claro, o Brasil tem importância enorme como mercado”, aponta Daniele.