Desde que oficializou a compra do Twitter por US$ 44 bilhões, em 27 de outubro, Elon Musk não mediu esforços para deixar a rede com a sua cara. O acordo que quase levou o bilionário para a Justiça americana foi uma das transações mais caras entre as empresas de tecnologia e deve ser, também, uma das guinadas mais rápidas em relação ao objetivo da plataforma.
Desde mudanças estruturais, como uma nova homepage e planos de assinatura, até transformações mais profundas como a demissão em massa de funcionários e de executivos de alto escalão, Musk tem corrido contra o tempo para, mostrar o que deve ser o futuro do Twitter sob o seu comando. Confira abaixo os principais acontecimentos dos últimos dias na rede social:
Twitter Blue turbinado (e mais caro)
Na terça-feira, 1, o magnata anunciou que vai aumentar o preço do Twitter Blue para US$ 8 por mês (aproximadamente R$40). Atualmente, este serviço custa US$ 5 e traz diversos recursos exclusivos, como a opção de desfazer tuítes e um leitor de notícias. Com a nova versão, Musk vai turbinar a ferramenta e incluir: menos anúncios, capacidade de postar vídeos mais longos e prioridade de ranqueamento em respostas, menções e buscas. Ainda não há data para a estreia dos recursos e, inicialmente, ele estarão disponíveis apenas para os Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Venda do selo de verificação
Por enquanto, a principal novidade da nova assinatura do Blue é a possibilidade de qualquer assinante de ter o selo azul de verificação. A nova atualização da versão de iPhone do app já indica que a estreia do esquema “pagou, levou” é iminente. Em sua conta, Musk afirmou que “O sistema de lordes e camponeses do Twitter de quem tem ou não tem o selo azul de verificação é besteira”. Agora, o usuário vai pagar para obter a marca.
O bilionário afirma que essa medida vai desmotivar o uso de bots e robôs. “Se uma conta Blue paga evolver-se com spam/scam, a conta será suspensa. Essencialmente, isso aumenta o custo do crime no Twitter”. Atualmente, o selo azul de verificação serve para identificar e autenticar contas de interesse público. O usuário pode solicitar a verificação, mas o Twitter realiza uma análise antes de concedê-la. Normalmente, apenas contas oficiais, pessoas famosas ou influentes conseguem o selo.
Textão e busca
Neste sábado, 5, o bilionário afirmou que vai desenvolver um recurso que permite incluir textos longos, o que, segundo ele, “encerra o absurdo de screenshots de blocos de notas”. Ele também afirmou que vai melhorar a ferramenta de buscas do site. Por enquanto, não há detalhes de como isso vai funcionar.
A volta do Vine
Grande parte das decisões e anúncios feitos pelo novo dono do Twitter acontecem na própria rede social. A decisão de ressuscitar o Vine, por exemplo, foi uma delas. Em uma enquete publicada quatro dias depois da conclusão da compra, Musk sugeriu voltar com a plataforma de vídeos curtos (máximo de seis segundos de duração), considerada antecessora do TikTok. Quase 70% das cinco milhões de pessoas que responderam, aprovaram a ideia. O Vine foi aposentado pelo próprio Twitter em 2016.
Mudanças na página inicial
Antes mesmo de completar um dia da aquisição bilionária do Twitter, Musk decidiu mudar a página inicial da rede. Agora, usuários não logados são redirecionados para a página Explorar, que mostra os tuítes mais populares do momento, além da lista de Trending Topics. A versão anterior da página mostrava aos usuários deslogados uma tela para criação de conta e a opção de logar em um perfil existente.
Monetização para criadores de conteúdo
Em sua conta no Twitter, Musk afirmou que a nova política de cobrança pelo selo de verificação vai permitir que a rede social possa “recompensar” os criadores de conteúdo, mas também não deu mais detalhes. Atualmente, o Twitter possui a função de Super Follows, em que um usuário pode oferecer tuítes exclusivos por uma taxa.
Demissões
Uma das primeiras mudanças de Elon Musk no comando da rede social foi a dissolução do conselho administrativo. Com isso, o bilionário se tornou o único diretor da empresa. Entre os executivos demitidos, estão Parag Agrawal, presidente executivo; Vijaya Gadde, chefe do departamento jurídico, políticas e confiabilidade; Ned Segal, chefe financeiro; e Sean Edgett, conselheiro geral. Sarah Personette, chefe da divisão de clientes, anunciou seu pedido de demissão em sua conta do Twitter na última terça-feira, 1º.
Na sexta, 4, foi a vez dos funcionários serem mandados embora. Elon Musk deu início a uma série de demissões em massa, com cerca de 3.700 pessoas perdendo o emprego. O escritório brasileiro do Twitter ainda espera mais informações. Segundo apurou o Estadão, os funcionários do Brasil estão sem acesso aos sistemas internos da empresa, mas ainda não sabem se foram demitidos ou não. Segundo comunicado enviado pelo Twitter aos funcionários, a suspensão dos acessos foi apenas para proteger informações confidenciais, mas “não significa que sua empregabilidade foi encerrada.”
Fuga de publicidade
Logo após a saída de executivos do mais alto escalão do Twitter, grandes anunciantes se mostraram receosos com a nova direção. A empresa americana IPG (Interpublic Group of Companies), uma das maiores publicitárias do mundo, publicou uma recomendação para seus clientes sugerindo uma pausa temporária dos investimentos no site. Hoje, 90% da receita do Twitter é proveniente de anúncios.
Pelo Twitter, Musk declarou que iria afrouxar as regras de conteúdo da rede social, o que pode abrir espaço para a proliferação de informações falsas e demais conteúdos tóxicos. A Aliança Global por Responsabilidade Midiática (tradução livre para The Global Alliance for Responsible Media), uma associação de plataformas, anunciantes e indústria de mídia nos EUA, também publicou que passará a monitorar como o Twitter planeja lidar com a moderação de conteúdo no futuro.
Após a repercussão negativa, Musk publicou na sua conta pessoal uma nota direcionada aos anunciantes em que explicava seu interesse na compra da rede social. “O Twitter almeja ser a plataforma de anúncios mais respeitada do mundo, que fortalece sua marca e amadurece seu empreendimento”, afirmou. Mais tarde, em outra publicação, ele voltou a explicar que o novo Twitter teria um conselho de moderação de conteúdo com “ampla gama de opiniões” e que nenhuma decisão importante seria feita antes da criação desse conselho.