Venda do TikTok pode redefinir como são geridas as grandes plataformas online


O aplicativo de vídeos curtos oferece aos seus supostos compradores americanos a chance de repensar o negócio da rede social e modelos de governança

Por The Economist
A Microsoft e a Oracle estão brigando pelo TikTok Foto: Danish Siddiqui/Reuters

"Gigante do momento torna-se contracultural". Foi assim que, no início dos anos 2000, a imprensa especializada em tecnologia descreveu a decisão da IBM, então o protótipo corporativo, de apoiar o Linux, um obscuro sistema operacional escrito por codificadores ativistas. E a combinação nada natural acabou sendo um casamento realizado no paraíso da computação. Com isto, o Linux tornava-se um sério rival do Windows da Microsoft, então o sistema operacional dominante, e justificava o sistema descentralizado desenvolvido pelo Linux. Isto beneficiou a IBM e propiciou a ascensão da computação em nuvem, que é alimentada principalmente pelo Linux e por um software semelhante “de fonte aberta”.

Em breve, a indústria tecnológica poderá assistir a uma curiosa combinação do mesmo gênero. A Microsoft e a Oracle, uma grande companhia de software, estão brigando – juntamente com outros candidatos menos sérios – pelo TikTok, aplicativo chinês de vídeos curtos. A venda não está absolutamente garantida. Mas se algum acordo for concluído, será algo importante, com chance de redefinir como são geridas as grandes plataformas online. O TikTok poderá tornar-se o Linux da mídia social – e modelo para outros.

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O atual debate a respeito da governança de plataformas se concentra em duas opções, nenhuma delas atraentes. Os governos dizem às empresas o que devem fazer (em parte é o caso na Alemanha). Ou as empresas podem se autorregular (como acontece na maioria dos outros lugares, como nos Estados Unidos). Em artigo recente, Dipayan Ghosh e Josh Simons, da Universidade Harvard, propõem um terceiro caminho, mais adequado ao que os autores chamam de “infraestrutura algorítmica” – ou seja, serviços para o público digital. Para tanto, os governos teriam de criar uma estrutura ampla e permitir que as plataformas experimentem dentro dela, sugerem os autores.

O TikTok poderia tornar-se um experimento do gênero por ser um serviço jovem sem compromisso com um modelo de empresa ou estrutura de governança consagrados. A ByteDance, proprietária chinesa, começa a construí-las para o mercado americano. Nenhum dos pretendentes do TikTok tem muita experiência de gestão de plataforma de rede social. Por isso cada uma delas poderia tentar algo novo, e ao mesmo tempo, o TikTok enfrenta os titulares das redes sociais, notadamente Facebook e Google.

Comecemos com o modelo. As empresas de mídia social ganham quase exclusivamente com publicidade. Isto faz com que coletem o maior número possível de dados dos usuários, os melhores para anúncios. Críticos definem esse método como “capitalismo de vigilância”. Ele também lhes dá todas as razões para tornarem os serviços mais viciantes, para que os usuários vejam mais anúncios.

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O novo proprietário não eliminará a publicidade para favorecer as assinaturas; adolescentes não estão dispostos a pagar pelo conteúdo online. Mas o novo TikTok poderia oferecer uma versão sem anúncios aos que preferem pagar. Também poderia considerar outras fontes de receitas, como tirar uma parte da habilitação de vendas contínuas de algo que os usuários veem em um clipe ou cobrar de influenciadores profissionais assim que alcançarem certo destaque (1 milhão de seguidores deve valer pelo menos US$ 100 por mês para estrelas do TikTok). Já os anúncios poderiam atingir apenas amplas categorias de usuários ao invés de indivíduos, da mesma forma que as empresas antes compravam anúncios em jornais. Os anunciantes, que amam microssegmentação, não precisam se opor, desde que o TikTok continue popular com seu cobiçado grupo jovem.

Uma administração respeitosa dos dados oferece outra oportunidade. O TikTok poderia dar aos usuários mais controle, informando-os do valor e administrando as informações em seu nome, uma espécie de consórcio de dados. Outras empresas poderiam usar a sua “conta de dados” no TikTok desde que você concordasse e elas pagassem – modelo que teve como pioneiras startups como digi.me e CitizenMe, que embolsam parte dos ganhos dos acordos de dados.

O mais importante é talvez o fato de que o novo proprietário poderá transformar o TikTok, de serviço de rede social, em uma comunidade digital, regida por um conjunto de normas semelhantes a uma constituição com freios e contrapesos próprios. Os conselhos de usuários (legislativo) poderiam manifestar-se redigindo as diretrizes sobre moderação de conteúdo. 

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A administração (executivo) seria obrigada a obedecer ao processo devido. E as pessoas que achassem que seus postos lhes foram tirados enganosamente poderiam apelar para um árbitro independente (judiciário). O Facebook tentou um constitucionalismo: permitiu que os usuários votassem sobre mudanças a respeito da privacidade (principalmente como um factoide) e agora tem um “conselho de supervisão” para ouvir os recursos dos usuários (uma iniciativa mais séria). Mas a rede social os introduziu somente em resposta ao crescente número de críticas. A redação das normas poderia torná-las mais críveis.

Exemplos

Por que cada companhia estabelece tais limites? Principalmente porque elas querem. A Microsoft, em particular, se define como uma gigante de tecnologia responsável. Em janeiro, o diretor executivo, Satya Nadella, falou aos colegas plutocratas em Davos a respeito da necessidade de “dignidade dos dados” – conceder a usuários um maior controle sobre seus próprios dados e o maior valor criado por estas informações.

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No ano passado, Brad Smith, presidente da Microsoft, escreveu em um livro que as empresas de tecnologia “devem aceitar uma maior responsabilidade no futuro”.

Os governos parecem concordar cada vez mais. Na lei sobre Serviços Digitais, a ser apresentada no fim do ano, a União Europeia provavelmente exigirá das plataformas transparência e o devido processo. Nos EUA, a ideia de torná-las mais responsáveis aparece em ambos os partidos. “Os cidadãos que usam as plataformas diariamente deveriam ter direito a se manifestar a respeito do que seja conteúdo aceitável”, afirma Johnnie Moore, líder evangélico a quem o presidente Donald Trump costuma ouvir. Andrew Yang, ex-candidato democrata à presidência, lançou uma campanha para que as empresas online paguem um “dividendo digital”. Levar adiante estas ideias faz mais sentido do que, mais tarde, reformular as plataformas para atender às normas.

Titãs da mídia social de hoje resistirão à mudança. Mas talvez reconsiderem, como a Microsoft fez com o Linux. O antecessor de Nadella, Steve Ballmer, certa vez chamou o software de “um câncer”. Hoje, a Microsoft é um dos maiores usuários e contribuidores destes projetos. 

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Por mais surreal que possa parecer, daqui a 20 anos, Facebook e Google talvez tenham se recriado para melhor, também./ TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

A Microsoft e a Oracle estão brigando pelo TikTok Foto: Danish Siddiqui/Reuters

"Gigante do momento torna-se contracultural". Foi assim que, no início dos anos 2000, a imprensa especializada em tecnologia descreveu a decisão da IBM, então o protótipo corporativo, de apoiar o Linux, um obscuro sistema operacional escrito por codificadores ativistas. E a combinação nada natural acabou sendo um casamento realizado no paraíso da computação. Com isto, o Linux tornava-se um sério rival do Windows da Microsoft, então o sistema operacional dominante, e justificava o sistema descentralizado desenvolvido pelo Linux. Isto beneficiou a IBM e propiciou a ascensão da computação em nuvem, que é alimentada principalmente pelo Linux e por um software semelhante “de fonte aberta”.

Em breve, a indústria tecnológica poderá assistir a uma curiosa combinação do mesmo gênero. A Microsoft e a Oracle, uma grande companhia de software, estão brigando – juntamente com outros candidatos menos sérios – pelo TikTok, aplicativo chinês de vídeos curtos. A venda não está absolutamente garantida. Mas se algum acordo for concluído, será algo importante, com chance de redefinir como são geridas as grandes plataformas online. O TikTok poderá tornar-se o Linux da mídia social – e modelo para outros.

O atual debate a respeito da governança de plataformas se concentra em duas opções, nenhuma delas atraentes. Os governos dizem às empresas o que devem fazer (em parte é o caso na Alemanha). Ou as empresas podem se autorregular (como acontece na maioria dos outros lugares, como nos Estados Unidos). Em artigo recente, Dipayan Ghosh e Josh Simons, da Universidade Harvard, propõem um terceiro caminho, mais adequado ao que os autores chamam de “infraestrutura algorítmica” – ou seja, serviços para o público digital. Para tanto, os governos teriam de criar uma estrutura ampla e permitir que as plataformas experimentem dentro dela, sugerem os autores.

O TikTok poderia tornar-se um experimento do gênero por ser um serviço jovem sem compromisso com um modelo de empresa ou estrutura de governança consagrados. A ByteDance, proprietária chinesa, começa a construí-las para o mercado americano. Nenhum dos pretendentes do TikTok tem muita experiência de gestão de plataforma de rede social. Por isso cada uma delas poderia tentar algo novo, e ao mesmo tempo, o TikTok enfrenta os titulares das redes sociais, notadamente Facebook e Google.

Comecemos com o modelo. As empresas de mídia social ganham quase exclusivamente com publicidade. Isto faz com que coletem o maior número possível de dados dos usuários, os melhores para anúncios. Críticos definem esse método como “capitalismo de vigilância”. Ele também lhes dá todas as razões para tornarem os serviços mais viciantes, para que os usuários vejam mais anúncios.

O novo proprietário não eliminará a publicidade para favorecer as assinaturas; adolescentes não estão dispostos a pagar pelo conteúdo online. Mas o novo TikTok poderia oferecer uma versão sem anúncios aos que preferem pagar. Também poderia considerar outras fontes de receitas, como tirar uma parte da habilitação de vendas contínuas de algo que os usuários veem em um clipe ou cobrar de influenciadores profissionais assim que alcançarem certo destaque (1 milhão de seguidores deve valer pelo menos US$ 100 por mês para estrelas do TikTok). Já os anúncios poderiam atingir apenas amplas categorias de usuários ao invés de indivíduos, da mesma forma que as empresas antes compravam anúncios em jornais. Os anunciantes, que amam microssegmentação, não precisam se opor, desde que o TikTok continue popular com seu cobiçado grupo jovem.

Uma administração respeitosa dos dados oferece outra oportunidade. O TikTok poderia dar aos usuários mais controle, informando-os do valor e administrando as informações em seu nome, uma espécie de consórcio de dados. Outras empresas poderiam usar a sua “conta de dados” no TikTok desde que você concordasse e elas pagassem – modelo que teve como pioneiras startups como digi.me e CitizenMe, que embolsam parte dos ganhos dos acordos de dados.

O mais importante é talvez o fato de que o novo proprietário poderá transformar o TikTok, de serviço de rede social, em uma comunidade digital, regida por um conjunto de normas semelhantes a uma constituição com freios e contrapesos próprios. Os conselhos de usuários (legislativo) poderiam manifestar-se redigindo as diretrizes sobre moderação de conteúdo. 

A administração (executivo) seria obrigada a obedecer ao processo devido. E as pessoas que achassem que seus postos lhes foram tirados enganosamente poderiam apelar para um árbitro independente (judiciário). O Facebook tentou um constitucionalismo: permitiu que os usuários votassem sobre mudanças a respeito da privacidade (principalmente como um factoide) e agora tem um “conselho de supervisão” para ouvir os recursos dos usuários (uma iniciativa mais séria). Mas a rede social os introduziu somente em resposta ao crescente número de críticas. A redação das normas poderia torná-las mais críveis.

Exemplos

Por que cada companhia estabelece tais limites? Principalmente porque elas querem. A Microsoft, em particular, se define como uma gigante de tecnologia responsável. Em janeiro, o diretor executivo, Satya Nadella, falou aos colegas plutocratas em Davos a respeito da necessidade de “dignidade dos dados” – conceder a usuários um maior controle sobre seus próprios dados e o maior valor criado por estas informações.

No ano passado, Brad Smith, presidente da Microsoft, escreveu em um livro que as empresas de tecnologia “devem aceitar uma maior responsabilidade no futuro”.

Os governos parecem concordar cada vez mais. Na lei sobre Serviços Digitais, a ser apresentada no fim do ano, a União Europeia provavelmente exigirá das plataformas transparência e o devido processo. Nos EUA, a ideia de torná-las mais responsáveis aparece em ambos os partidos. “Os cidadãos que usam as plataformas diariamente deveriam ter direito a se manifestar a respeito do que seja conteúdo aceitável”, afirma Johnnie Moore, líder evangélico a quem o presidente Donald Trump costuma ouvir. Andrew Yang, ex-candidato democrata à presidência, lançou uma campanha para que as empresas online paguem um “dividendo digital”. Levar adiante estas ideias faz mais sentido do que, mais tarde, reformular as plataformas para atender às normas.

Titãs da mídia social de hoje resistirão à mudança. Mas talvez reconsiderem, como a Microsoft fez com o Linux. O antecessor de Nadella, Steve Ballmer, certa vez chamou o software de “um câncer”. Hoje, a Microsoft é um dos maiores usuários e contribuidores destes projetos. 

Por mais surreal que possa parecer, daqui a 20 anos, Facebook e Google talvez tenham se recriado para melhor, também./ TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

A Microsoft e a Oracle estão brigando pelo TikTok Foto: Danish Siddiqui/Reuters

"Gigante do momento torna-se contracultural". Foi assim que, no início dos anos 2000, a imprensa especializada em tecnologia descreveu a decisão da IBM, então o protótipo corporativo, de apoiar o Linux, um obscuro sistema operacional escrito por codificadores ativistas. E a combinação nada natural acabou sendo um casamento realizado no paraíso da computação. Com isto, o Linux tornava-se um sério rival do Windows da Microsoft, então o sistema operacional dominante, e justificava o sistema descentralizado desenvolvido pelo Linux. Isto beneficiou a IBM e propiciou a ascensão da computação em nuvem, que é alimentada principalmente pelo Linux e por um software semelhante “de fonte aberta”.

Em breve, a indústria tecnológica poderá assistir a uma curiosa combinação do mesmo gênero. A Microsoft e a Oracle, uma grande companhia de software, estão brigando – juntamente com outros candidatos menos sérios – pelo TikTok, aplicativo chinês de vídeos curtos. A venda não está absolutamente garantida. Mas se algum acordo for concluído, será algo importante, com chance de redefinir como são geridas as grandes plataformas online. O TikTok poderá tornar-se o Linux da mídia social – e modelo para outros.

O atual debate a respeito da governança de plataformas se concentra em duas opções, nenhuma delas atraentes. Os governos dizem às empresas o que devem fazer (em parte é o caso na Alemanha). Ou as empresas podem se autorregular (como acontece na maioria dos outros lugares, como nos Estados Unidos). Em artigo recente, Dipayan Ghosh e Josh Simons, da Universidade Harvard, propõem um terceiro caminho, mais adequado ao que os autores chamam de “infraestrutura algorítmica” – ou seja, serviços para o público digital. Para tanto, os governos teriam de criar uma estrutura ampla e permitir que as plataformas experimentem dentro dela, sugerem os autores.

O TikTok poderia tornar-se um experimento do gênero por ser um serviço jovem sem compromisso com um modelo de empresa ou estrutura de governança consagrados. A ByteDance, proprietária chinesa, começa a construí-las para o mercado americano. Nenhum dos pretendentes do TikTok tem muita experiência de gestão de plataforma de rede social. Por isso cada uma delas poderia tentar algo novo, e ao mesmo tempo, o TikTok enfrenta os titulares das redes sociais, notadamente Facebook e Google.

Comecemos com o modelo. As empresas de mídia social ganham quase exclusivamente com publicidade. Isto faz com que coletem o maior número possível de dados dos usuários, os melhores para anúncios. Críticos definem esse método como “capitalismo de vigilância”. Ele também lhes dá todas as razões para tornarem os serviços mais viciantes, para que os usuários vejam mais anúncios.

O novo proprietário não eliminará a publicidade para favorecer as assinaturas; adolescentes não estão dispostos a pagar pelo conteúdo online. Mas o novo TikTok poderia oferecer uma versão sem anúncios aos que preferem pagar. Também poderia considerar outras fontes de receitas, como tirar uma parte da habilitação de vendas contínuas de algo que os usuários veem em um clipe ou cobrar de influenciadores profissionais assim que alcançarem certo destaque (1 milhão de seguidores deve valer pelo menos US$ 100 por mês para estrelas do TikTok). Já os anúncios poderiam atingir apenas amplas categorias de usuários ao invés de indivíduos, da mesma forma que as empresas antes compravam anúncios em jornais. Os anunciantes, que amam microssegmentação, não precisam se opor, desde que o TikTok continue popular com seu cobiçado grupo jovem.

Uma administração respeitosa dos dados oferece outra oportunidade. O TikTok poderia dar aos usuários mais controle, informando-os do valor e administrando as informações em seu nome, uma espécie de consórcio de dados. Outras empresas poderiam usar a sua “conta de dados” no TikTok desde que você concordasse e elas pagassem – modelo que teve como pioneiras startups como digi.me e CitizenMe, que embolsam parte dos ganhos dos acordos de dados.

O mais importante é talvez o fato de que o novo proprietário poderá transformar o TikTok, de serviço de rede social, em uma comunidade digital, regida por um conjunto de normas semelhantes a uma constituição com freios e contrapesos próprios. Os conselhos de usuários (legislativo) poderiam manifestar-se redigindo as diretrizes sobre moderação de conteúdo. 

A administração (executivo) seria obrigada a obedecer ao processo devido. E as pessoas que achassem que seus postos lhes foram tirados enganosamente poderiam apelar para um árbitro independente (judiciário). O Facebook tentou um constitucionalismo: permitiu que os usuários votassem sobre mudanças a respeito da privacidade (principalmente como um factoide) e agora tem um “conselho de supervisão” para ouvir os recursos dos usuários (uma iniciativa mais séria). Mas a rede social os introduziu somente em resposta ao crescente número de críticas. A redação das normas poderia torná-las mais críveis.

Exemplos

Por que cada companhia estabelece tais limites? Principalmente porque elas querem. A Microsoft, em particular, se define como uma gigante de tecnologia responsável. Em janeiro, o diretor executivo, Satya Nadella, falou aos colegas plutocratas em Davos a respeito da necessidade de “dignidade dos dados” – conceder a usuários um maior controle sobre seus próprios dados e o maior valor criado por estas informações.

No ano passado, Brad Smith, presidente da Microsoft, escreveu em um livro que as empresas de tecnologia “devem aceitar uma maior responsabilidade no futuro”.

Os governos parecem concordar cada vez mais. Na lei sobre Serviços Digitais, a ser apresentada no fim do ano, a União Europeia provavelmente exigirá das plataformas transparência e o devido processo. Nos EUA, a ideia de torná-las mais responsáveis aparece em ambos os partidos. “Os cidadãos que usam as plataformas diariamente deveriam ter direito a se manifestar a respeito do que seja conteúdo aceitável”, afirma Johnnie Moore, líder evangélico a quem o presidente Donald Trump costuma ouvir. Andrew Yang, ex-candidato democrata à presidência, lançou uma campanha para que as empresas online paguem um “dividendo digital”. Levar adiante estas ideias faz mais sentido do que, mais tarde, reformular as plataformas para atender às normas.

Titãs da mídia social de hoje resistirão à mudança. Mas talvez reconsiderem, como a Microsoft fez com o Linux. O antecessor de Nadella, Steve Ballmer, certa vez chamou o software de “um câncer”. Hoje, a Microsoft é um dos maiores usuários e contribuidores destes projetos. 

Por mais surreal que possa parecer, daqui a 20 anos, Facebook e Google talvez tenham se recriado para melhor, também./ TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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