O Yahoo era a principal porta de entrada da internet para a primeira geração dos usuários da rede, e seus serviços ainda atraem bilhões de visitantes por mês. Mas a internet é um segmento impiedoso com as grandes ideias do passado, e agora o Yahoo chega ao fim da linha como empresa independente. Ontem, a direção da companhia acertou a venda de seus principais ativos de internet para a Verizon, uma das maiores companhias de telecomunicações dos Estados Unidos, por US$ 4,8 bilhões.
Após a venda, os acionistas do Yahoo terão em sua carteira ações de uma empresa que possui somente os US$ 41 bilhões em investimentos na empresa chinesa de comércio eletrônico Alibaba, no Yahoo Japan e em um pequeno portfólio de patentes. É pouco, considerando o valor de mercado que a companhia chegou a ter um dia – mais de US$ 125 bilhões, em janeiro de 2000.
A Verizon pretende unir as operações do Yahoo com as da AOL, uma de seus antigas concorrentes, que foi adquirida pela Verizon no ano passado. A ideia é usar a enorme diversidade de conteúdo do Yahoo e sua tecnologia de propaganda para oferecer serviços mais robustos a clientes e anunciantes.
Sobe e desce. O Yahoo foi uma das últimas companhias pioneiras da internet operadas independentemente. Tendo começado como um guia de sites, em pouco tempo a empresa se tornou uma central de serviços, oferecendo buscas, e-mail e notícias, bancados pela publicidade exibida em suas páginas.
Por um bom tempo, o modelo deu certo. No entanto, o Yahoo acabou sendo superado pelo Google e Facebook, à medida que os usuários passaram a adotar aplicativos e as redes sociais. Em meados dos anos 2000, ainda sob o comando de Terry Semel, a empresa decidiu focar no conteúdo, mas a perda de relevância dos portais fez o Yahoo se afogar em problemas. Em 2007, Semel se demitiu, e Jerry Yang assumiu o posto. No ano seguinte, Yang descartou uma oferta de aquisição de US$ 44,6 bilhões da Microsoft, enfurecendo os acionistas.
Reforma. A companhia então trocou várias vezes de diretores executivos até contratar a ex-executiva do Google Marissa Mayer, em julho de 2012. Prestigiada no setor de tecnologia, Marissa prometeu tornar o Yahoo um instrumento inovador no setor de buscas novamente. Encomendou conteúdo de vídeo original e lançou “revistas digitais”. Adquiriu empresas, incluindo o Tumblr, uma rede de blogs multimídia. Embora essas iniciativas tenham dado poucos frutos, o Yahoo tinha um importante ativo que mantinha os investidores calmos.
Em 2005, a empresa havia comprado 40% do Alibaba por US$ 1 bilhão à vista, transferindo seus ativos de internet no país à companhia. Embora o Yahoo tenha vendido boa parte dessa participação, quando o Alibaba abriu seu capital em 2014, a companhia ainda detinha 15% do Alibaba, que valiam o equivalente a US$ 31 bilhões.
A oferta de ações do Alibaba pressionou Marissa Mayer a apresentar um plano para distribuir os ganhos entre os acionistas e provar que seu plano de reformulação total da empresa estava funcionando. Ela falhou nos dois casos. Seu plano de tornar o Alibaba uma companhia independente do Yahoo foi abandonado. E as receitas da empresa continuaram a cair.
Dan Finnigan, antigo executivo do Yahoo, disse que, numa retrospectiva, a empresa tentou competir em tantas áreas que era difícil ter sucesso. “Você tem de ser Coca-Cola ou Pepsi, e não uma RC Cola. Eles deixaram muitos desses empreendimentos se tornarem RC Cola. É um dia triste para aqueles que se empenharam ao máximo para agregar valor à companhia”. /
/TRADUÇÃO TEREZINHA MARTINO