O X, ex-Twitter, removeu centenas de contas ligadas ao grupo terrorista Hamas e retirou ou rotulou outras dezenas de milhares de conteúdos desde o ataque terrorista a Israel no sábado, 7, afirmou Linda Yaccarino, presidente da rede social, nesta quinta-feira, 12.
A CEO ressaltou os esforços do X para combater conteúdos ilegais que surgissem na plataforma. Linda informou a União Europeia que a rede social está cumprindo as novas e rígidas regras digitais da organização durante a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
“O X está avaliando e tratando de forma proporcional e eficaz o conteúdo falso e manipulado identificado durante essa crise em constante evolução e mudança”, disse Linda em uma carta ao comissário europeu Thierry Breton, responsável pela fiscalização digital do bloco de 27 nações.
Os esforços, porém, não são suficientes para resolver o problema, segundo especialistas.
“Embora essas ações sejam melhores do que nada, elas não são suficientes para reduzir o problema da desinformação no X”, disse Kolina Koltai, pesquisadora do coletivo investigativo Bellingcat, que trabalhou anteriormente no Twitter com a ferramenta “Notas da Comunidade”.
“Há uma quantidade esmagadora de desinformação na plataforma”, disse Koltai. “Pelo que temos visto, os esforços de moderação do X estão sendo apenas uma gota no oceano.”
Desde o início da guerra, fotos e vídeos inundaram as redes sociais sobre a carnificina, incluindo imagens assustadoras de terroristas do Hamas fazendo reféns israelenses, juntamente com publicações de usuários que fazem afirmações falsas e deturpam vídeos de outros eventos.
O conflito é um dos primeiros grandes testes para as regras digitais da UE, que entraram em vigor em agosto. Breton enviou uma carta semelhante na quinta-feira ao TikTok, dizendo ao CEO Shou Zi Chew que ele tem uma “obrigação especial” de proteger crianças e adolescentes de “conteúdo violento que retrata a tomada de reféns e outros vídeos gráficos” que estão circulando no aplicativo de compartilhamento de vídeos.
Medidas
O X tomou medidas para “remover ou rotular dezenas de milhares de conteúdos”, disse Linda, destacando que há 700 publicações com Notas da Comunidade exclusivas — um recurso que permite que os usuários adicionem suas próprias verificações de fatos às postagens — “relacionadas aos ataques e aos eventos que se desenrolam”.
“Não há lugar no X para organizações terroristas ou grupos extremistas violentos e continuamos a remover essas contas em tempo real, incluindo esforços proativos”, escreveu Linda na carta publicada no X.
Koltai, a pesquisadora e ex-funcionária do Twitter, disse que as Notas da Comunidade não são uma “solução definitiva para reduzir as informações incorretas” e que há lacunas que o recurso ainda não pode preencher.
“Ainda há muitos vídeos e fotos no X que não têm notas, que não são moderados e continuam a espalhar afirmações enganosas”, disse ela.
Desde que Elon Musk adquiriu o Twitter e o renomeou, especialistas dizem que a plataforma se tornou não apenas não confiável, mas também disseminadora de conteúdos falsos — um estudo encomendado pela UE descobriu ser a plataforma de pior desempenho para desinformação online.
Rivais como o TikTok, o YouTube e o Facebook também estão lidando com uma enxurrada de rumores sem fundamento e conteúdos falsos sobre o conflito no Oriente Médio.
Breton, o funcionário da UE, pediu ao líder do TikTok que intensificasse seus esforços para combater a desinformação e o conteúdo ilegal e respondesse dentro de 24 horas. Suas cartas de advertência também foram enviadas a Mark Zuckerberg, CEO da Meta, controladora do Facebook e do Instagram./ AP