O Zoom, plataforma conhecida pelas chamadas em vídeo, agora pode treinar a própria inteligência artificial (IA) usando dados de seus usuários. A informação aparece nos novos termos de uso do serviço, que foram atualizados no final de julho. De acordo com o documento, o Zoom terá direito de acesso a alguns dados de seus clientes e utilizá-los para aperfeiçoar sua IA.
Entre as informações que a empresa terá acesso estão dados fornecidos pelos usuários sobre a utilização do produto, métricas de telemetria, dados de diagnóstico e outros conteúdos ou dados análogos reunidos pela empresa. Conteúdos de mensagens, documentos e demais arquivos não são mencionados pelas novas regras.
“Você concorda com o acesso, uso, coleta, criação, modificação, distribuição, processamento, compartilhamento, manutenção e armazenamento de dados gerados pelo serviço da Zoom para qualquer finalidade, na medida e da maneira permitida pela lei aplicável, inclusive para fins de aprendizado de máquina ou inteligência artificial (inclusive para fins de treinamento e ajuste de algoritmos e modelos)”, diz um trecho das cláusulas dos novos termos do Zoom.
A atualização ocorre em meio a uma discussão sobre a privacidade dos dados de usuários de plataformas de IA. Chatbots como o ChatGPT, da OpenAI, o Bard, do Google, o Bing da Microsoft e outras ferramentas de IA são alimentados com segmentos de texto ou imagens retirados da internet, e levantam muitos questionamentos sobre como e quais dados são utilizados pelos sistemas.
Em junho, a plataforma Zoom lançou dois recursos alimentados por IA generativa - uma ferramenta de resumo de reuniões e um recurso para a composição de mensagens em bate-papo - oferecidas em um período de testes gratuito para os usuários, que têm a opção de decidir se querem utilizá-las ou não. Contudo, ao ativar esses recursos, o Zoom exige que o usuário concorde assinando um formulário de autorização, permitindo que a empresa utilize o conteúdo das reuniões e das mensagens para treinar seus modelos de IA.
Um porta-voz da empresa disse em um comunicado ao portal CNBC que “os clientes do Zoom decidem se habilitam recursos generativos de IA e, separadamente, se compartilham o conteúdo do cliente com o Zoom para fins de melhoria do produto”.
Essa não é a primeira vez que uma empresa grande altera seus termos de uso para usar os dados de seus usuários para treinamento de IA. No início de julho deste ano, o Google atualizou seus termos de uso para ter direito a usar informações públicas de seus usuários para treinar modelos de IA, incluindo o Bard.
*Alice Labate é estagiária sob supervisão do editor Bruno Romani