A fabricante de processadores AMD anunciou nesta terça-feira, 27, a compra da rival Xilinx por US$ 35 bilhões em ações, intensificando competição com a Intel no mercado de centrais de processamento de dados.
O acordo, que a AMD espera concluir até o final de 2021, vai criar uma companhia com força de engenharia de 13 mil trabalhadores e com uma estratégia totalmente terceirizada e dependente em alto grau da Taiwan Semiconductor Manufacturing (TMSC), empresa independente de semicondutores.
As duas companhias norte-americanas têm se beneficiado de uma estratégia mais enxuta para conquistar a participação de mercado da Intel, que tem enfrentado dificuldades com a produção de seus processadores.
Desde que a presidente executiva da AMD, Lisa Su, assumiu o comando da empresa em 2014, ela vem se concentrando na estratégia de enfrentar a Intel no mercado de data centers, onde aplicações de computação em nuvem como telecomunicações e inteligência artificial são processadas.
A Xilinx também tem trabalhado para ampliar sua participação de mercado neste segmento, com processadores programáveis que ajudam a acelerar tarefas especializadas como compressão de vídeo ou codificação de dados. A principal rival da empresa na área, Altera Corp, foi comprada pela Intel em 2015 por US$ 16,7 bilhões.
"Há algumas áreas onde somos muito fortes e vamos poder acelerar parte da adoção da família de produtos da Xilinx", disse Su à agência de notícias Reuters. "E há algumas áreas em que a Xilinx é muito forte e acreditamos que vamos poder acelerar alguns produtos da AMD."
O negócio foi anunciado em um momento em que a tecnologia de produção da Intel ficou anos defasada em relação à da TSMC. A AMD, que vendeu suas fábricas quase uma décadas atrás, conseguiu crescer no mercado com chips que possuem performance melhor, segundo especialistas. A vantagem de performance ajudou a AMD a ganhar terreno desde 2013, quando sua fatia do mercado era de menos de 20%. Neste ano, as ações da AMD acumulam valorização de 79%.
A Xilinx também usa as fábricas da TSMC para produzir seus chips e ambas as companhias americanas usam projetos modulares que as ajudam a substituir diferentes partes de um processador para evitar gargalos ou atrasos de produção.
A AMD também divulgou resultados trimestrais nesta terça-feira. A companhia teve receita de US$ 2,8 bilhões e lucro equivalente a US$ 0,41 por papel no período, superando expectativas de Wall Street de US$ 0,36, segundo dados da Refinitiv.