Acredite se quiser: irmão de Pablo Escobar promete celular dobrável por US$ 350


Para presidente executivo da Escobar Inc, o sueco Olaf Gustafsson, “a Apple é a verdadeira máfia”; empresa é acusada de fazer campanha sexista

Por Bruno Romani
Escobar Fold1 recebeu críticas por campanha sexista Foto: Reprodução/YouTube

A história que vem a seguir é uma virada de enredo que nem a série Narcos, da Netflix, poderia prever: a família de Pablo Escobar, um dos mais conhecidos traficantes de drogas da história, está entrando no ramo dos smartphones. Na semana passada, a Escobar Inc, administrada pelo irmão de Pablo, Roberto Gaviria, para representar os interesses da família, fez barulho nas redes sociais ao anunciar um smartphone de tela dobrável por US$ 350. 

É uma proposta audaciosa: os celulares do tipo já lançados no mercado custam pelo menos quatro vezes mais que isso. O Galaxy Fold, da Samsung, é vendido a US$ 1.980 nos EUA. Jáo Mate X, da Huawei, tem preço equivalente a US$ 2,4 mil na China. Em seu discurso oficial, a Escobar Inc. diz querer combater os altos preços praticados pelos fabricantes de smartphones, levando a tecnologia de “de volta para as pessoas”. 

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“Não somos a máfia. A verdadeira máfia é a Apple”, diz ao Estado o sueco Olof Gustafsson, que se apresenta como presidente executivo da Escobar Inc. Para o executivo, os preços praticados pela dona do iPhone são um ultraje. Além de Gustafsson, apenas outro nome aparece listado no site da empresa: Roberto Gaviria, que deixou a prisão em 2003 e é apresentado no próprio site como “contador e chefe de assassinatos” do Cartel de Medellín, organização liderada pelo irmão nos anos 80 e 90. 

Gustafsson atendeu a reportagem em um número telefônico de Londres e descreveu as ambições da companhia. “Queremos vender 1 milhão de unidades por mês em todo o mundo. O Escobar Fold 1 é apenas o começo”, disse. Mas é bom avisar que a empresa não desenvolve sua própria tecnologia. Trata-se de uma holding que administra a “marca” e os interesses da família. Em 2017, por exemplo, a empresa chegou a mover uma ação contra a Netflix, avaliada em US$ 1 bilhão, por conta da série Narcos. Posteriormente, chegou-se a um acordo de valor não revelado. 

“A razão pela qual você conhece Pablo Escobar é por causa da Escobar Inc., que foi o braço de mídia do Pablo. Ele colocou mais de US$ 100 milhões na empresa porque queria se tornar conhecido. Ele queria ser presidente da Colômbia”, disse Gustafsson. Originalmente, a Escobar Inc. foi criada em 1984 e voltou à ativa em 2014. Questionado pelo Estado, o sueco não quis comentar como se envolveu com a empresa ou como conheceu a família. 

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A entrada no mundo tecnológico ocorreu há dois anos, quando a Escobar Inc. decidiu trabalhar no seu próprio smartphone. “Pablo e Roberto sempre se interessaram por inovação”, disse. Mas essa não é a primeira incursão de Roberto Gaviria numa empreitada que soa absurda. Em 2014, ele afirmou estar desenvolvendo um medicamento para curar pacientes contaminados pelo vírus HIV – a nova droga seria o resultado de um estudo com cavalos puro sangue.

Escobar Fold1 tem tela flexível por US$ 350 Foto: Escobar Inc./Divulgação

Já o Escobar Fold 1 teria começado a ser desenvolvido em fevereiro do ano passado, e só não entrou em venda antes, porque, segundo Gustafsson, os componentes ainda eram muito caros. Ele diz que os aparelhos são montados em Hong Kong, com peças compradas na China. “As fabricantes de celular tem lucros gigantescos porque vendem tecnologia velha, que custa US$ 2 para fabricar. Precisamos mudar isso”, diz ele. 

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Gustafsson conta que conseguiu reduzir o custo do celular não apenas por oferecer tecnologia com preços justos. A empresa não tem acordos com varejistas e operadoras e vende os aparelhos em todo o mundo diretamente do site da Escobar Inc.“O principal problema do mercado de smartphones é que a Apple e a Samsung dominam 90% do mercado”, afirmou. Procuradas pelo Estado, as duas empresas decidiram não se manifestar sobre as declarações de Gustafsson. 

Mas, segundo dados mais recentes da consultoria Counterpoint Research, as duas gigantes têm combinadas “só” 33% do mercado global de smartphones. Ainda assim, Roberto Gaviria entende de concentração de mercado: no auge, o cartel de Medellin era dono de 80% do mercado de cocaína nos EUA. Quando morreu, Pablo Escobar tinha uma fortuna estimada em atuais US$ 58 bilhões – ele seria mais rico que o fundador do Alibaba, Jack Ma, cuja fortuna é de US$ 41,5 bilhões, segundo a Forbes

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Além disso, segundo o sueco, a empresa não gasta um único dólar em marketing. Isso, porém, não significa que a ausência de profissionais da área não cause problemas para a companhia. Além do preço, a campanha do smartphone fez barulho: nela, a empresa trouxe vídeos e fotos com modelos de origem russa usando lingeries enquanto interagem com o dispositivo. Uma propaganda sexista, considerada anacrônica no mundo publicitário atual, especialmente no de tecnologia, que costuma ter um apelo mais familiar. 

“Essas moças são uma boa representação da nossa marca. Se você quer comprar um ‘Pablo Escobar’, você quer algo legal, sexy e novo”, diz. “Poderíamos ser ‘profissionais’ e ter um vídeo simples do telefone, mas a diferença é que somos a Pablo Escobar e podemos fazer o que quisermos. Tínhamos muitas garotas, pegamos as melhores e fizemos acontecer, meu amigo”, afirmou. O esquema poderia ser mais agressivo. Segundo ele, a ideia era ter mulheres nuas na divulgação. “Nos tempos atuais, quem nunca viu uma mulher pelada? Mas nenhum veículo queria nos divulgar, nem a Playboy”, explicou. 

Para ele, isso não aliena parte do público. E também não vê como problemático o fato de a companhia se promover usando a imagem de um dos traficantes mais conhecidos do mundo. “O verdadeiro problema é que a mídia tem contratos milionários com a Samsung, que a impede de nos divulgar. É aí que está a verdadeira corrupção”, diz ele, que prontamente responde e-mails com a seguinte mensagem no pé da assinatura: Sent from my Samsung Galaxy smartphone

Escobar Fold1 recebeu críticas por campanha sexista Foto: Reprodução/YouTube

A história que vem a seguir é uma virada de enredo que nem a série Narcos, da Netflix, poderia prever: a família de Pablo Escobar, um dos mais conhecidos traficantes de drogas da história, está entrando no ramo dos smartphones. Na semana passada, a Escobar Inc, administrada pelo irmão de Pablo, Roberto Gaviria, para representar os interesses da família, fez barulho nas redes sociais ao anunciar um smartphone de tela dobrável por US$ 350. 

É uma proposta audaciosa: os celulares do tipo já lançados no mercado custam pelo menos quatro vezes mais que isso. O Galaxy Fold, da Samsung, é vendido a US$ 1.980 nos EUA. Jáo Mate X, da Huawei, tem preço equivalente a US$ 2,4 mil na China. Em seu discurso oficial, a Escobar Inc. diz querer combater os altos preços praticados pelos fabricantes de smartphones, levando a tecnologia de “de volta para as pessoas”. 

“Não somos a máfia. A verdadeira máfia é a Apple”, diz ao Estado o sueco Olof Gustafsson, que se apresenta como presidente executivo da Escobar Inc. Para o executivo, os preços praticados pela dona do iPhone são um ultraje. Além de Gustafsson, apenas outro nome aparece listado no site da empresa: Roberto Gaviria, que deixou a prisão em 2003 e é apresentado no próprio site como “contador e chefe de assassinatos” do Cartel de Medellín, organização liderada pelo irmão nos anos 80 e 90. 

Gustafsson atendeu a reportagem em um número telefônico de Londres e descreveu as ambições da companhia. “Queremos vender 1 milhão de unidades por mês em todo o mundo. O Escobar Fold 1 é apenas o começo”, disse. Mas é bom avisar que a empresa não desenvolve sua própria tecnologia. Trata-se de uma holding que administra a “marca” e os interesses da família. Em 2017, por exemplo, a empresa chegou a mover uma ação contra a Netflix, avaliada em US$ 1 bilhão, por conta da série Narcos. Posteriormente, chegou-se a um acordo de valor não revelado. 

“A razão pela qual você conhece Pablo Escobar é por causa da Escobar Inc., que foi o braço de mídia do Pablo. Ele colocou mais de US$ 100 milhões na empresa porque queria se tornar conhecido. Ele queria ser presidente da Colômbia”, disse Gustafsson. Originalmente, a Escobar Inc. foi criada em 1984 e voltou à ativa em 2014. Questionado pelo Estado, o sueco não quis comentar como se envolveu com a empresa ou como conheceu a família. 

A entrada no mundo tecnológico ocorreu há dois anos, quando a Escobar Inc. decidiu trabalhar no seu próprio smartphone. “Pablo e Roberto sempre se interessaram por inovação”, disse. Mas essa não é a primeira incursão de Roberto Gaviria numa empreitada que soa absurda. Em 2014, ele afirmou estar desenvolvendo um medicamento para curar pacientes contaminados pelo vírus HIV – a nova droga seria o resultado de um estudo com cavalos puro sangue.

Escobar Fold1 tem tela flexível por US$ 350 Foto: Escobar Inc./Divulgação

Já o Escobar Fold 1 teria começado a ser desenvolvido em fevereiro do ano passado, e só não entrou em venda antes, porque, segundo Gustafsson, os componentes ainda eram muito caros. Ele diz que os aparelhos são montados em Hong Kong, com peças compradas na China. “As fabricantes de celular tem lucros gigantescos porque vendem tecnologia velha, que custa US$ 2 para fabricar. Precisamos mudar isso”, diz ele. 

Gustafsson conta que conseguiu reduzir o custo do celular não apenas por oferecer tecnologia com preços justos. A empresa não tem acordos com varejistas e operadoras e vende os aparelhos em todo o mundo diretamente do site da Escobar Inc.“O principal problema do mercado de smartphones é que a Apple e a Samsung dominam 90% do mercado”, afirmou. Procuradas pelo Estado, as duas empresas decidiram não se manifestar sobre as declarações de Gustafsson. 

Mas, segundo dados mais recentes da consultoria Counterpoint Research, as duas gigantes têm combinadas “só” 33% do mercado global de smartphones. Ainda assim, Roberto Gaviria entende de concentração de mercado: no auge, o cartel de Medellin era dono de 80% do mercado de cocaína nos EUA. Quando morreu, Pablo Escobar tinha uma fortuna estimada em atuais US$ 58 bilhões – ele seria mais rico que o fundador do Alibaba, Jack Ma, cuja fortuna é de US$ 41,5 bilhões, segundo a Forbes

Além disso, segundo o sueco, a empresa não gasta um único dólar em marketing. Isso, porém, não significa que a ausência de profissionais da área não cause problemas para a companhia. Além do preço, a campanha do smartphone fez barulho: nela, a empresa trouxe vídeos e fotos com modelos de origem russa usando lingeries enquanto interagem com o dispositivo. Uma propaganda sexista, considerada anacrônica no mundo publicitário atual, especialmente no de tecnologia, que costuma ter um apelo mais familiar. 

“Essas moças são uma boa representação da nossa marca. Se você quer comprar um ‘Pablo Escobar’, você quer algo legal, sexy e novo”, diz. “Poderíamos ser ‘profissionais’ e ter um vídeo simples do telefone, mas a diferença é que somos a Pablo Escobar e podemos fazer o que quisermos. Tínhamos muitas garotas, pegamos as melhores e fizemos acontecer, meu amigo”, afirmou. O esquema poderia ser mais agressivo. Segundo ele, a ideia era ter mulheres nuas na divulgação. “Nos tempos atuais, quem nunca viu uma mulher pelada? Mas nenhum veículo queria nos divulgar, nem a Playboy”, explicou. 

Para ele, isso não aliena parte do público. E também não vê como problemático o fato de a companhia se promover usando a imagem de um dos traficantes mais conhecidos do mundo. “O verdadeiro problema é que a mídia tem contratos milionários com a Samsung, que a impede de nos divulgar. É aí que está a verdadeira corrupção”, diz ele, que prontamente responde e-mails com a seguinte mensagem no pé da assinatura: Sent from my Samsung Galaxy smartphone

Escobar Fold1 recebeu críticas por campanha sexista Foto: Reprodução/YouTube

A história que vem a seguir é uma virada de enredo que nem a série Narcos, da Netflix, poderia prever: a família de Pablo Escobar, um dos mais conhecidos traficantes de drogas da história, está entrando no ramo dos smartphones. Na semana passada, a Escobar Inc, administrada pelo irmão de Pablo, Roberto Gaviria, para representar os interesses da família, fez barulho nas redes sociais ao anunciar um smartphone de tela dobrável por US$ 350. 

É uma proposta audaciosa: os celulares do tipo já lançados no mercado custam pelo menos quatro vezes mais que isso. O Galaxy Fold, da Samsung, é vendido a US$ 1.980 nos EUA. Jáo Mate X, da Huawei, tem preço equivalente a US$ 2,4 mil na China. Em seu discurso oficial, a Escobar Inc. diz querer combater os altos preços praticados pelos fabricantes de smartphones, levando a tecnologia de “de volta para as pessoas”. 

“Não somos a máfia. A verdadeira máfia é a Apple”, diz ao Estado o sueco Olof Gustafsson, que se apresenta como presidente executivo da Escobar Inc. Para o executivo, os preços praticados pela dona do iPhone são um ultraje. Além de Gustafsson, apenas outro nome aparece listado no site da empresa: Roberto Gaviria, que deixou a prisão em 2003 e é apresentado no próprio site como “contador e chefe de assassinatos” do Cartel de Medellín, organização liderada pelo irmão nos anos 80 e 90. 

Gustafsson atendeu a reportagem em um número telefônico de Londres e descreveu as ambições da companhia. “Queremos vender 1 milhão de unidades por mês em todo o mundo. O Escobar Fold 1 é apenas o começo”, disse. Mas é bom avisar que a empresa não desenvolve sua própria tecnologia. Trata-se de uma holding que administra a “marca” e os interesses da família. Em 2017, por exemplo, a empresa chegou a mover uma ação contra a Netflix, avaliada em US$ 1 bilhão, por conta da série Narcos. Posteriormente, chegou-se a um acordo de valor não revelado. 

“A razão pela qual você conhece Pablo Escobar é por causa da Escobar Inc., que foi o braço de mídia do Pablo. Ele colocou mais de US$ 100 milhões na empresa porque queria se tornar conhecido. Ele queria ser presidente da Colômbia”, disse Gustafsson. Originalmente, a Escobar Inc. foi criada em 1984 e voltou à ativa em 2014. Questionado pelo Estado, o sueco não quis comentar como se envolveu com a empresa ou como conheceu a família. 

A entrada no mundo tecnológico ocorreu há dois anos, quando a Escobar Inc. decidiu trabalhar no seu próprio smartphone. “Pablo e Roberto sempre se interessaram por inovação”, disse. Mas essa não é a primeira incursão de Roberto Gaviria numa empreitada que soa absurda. Em 2014, ele afirmou estar desenvolvendo um medicamento para curar pacientes contaminados pelo vírus HIV – a nova droga seria o resultado de um estudo com cavalos puro sangue.

Escobar Fold1 tem tela flexível por US$ 350 Foto: Escobar Inc./Divulgação

Já o Escobar Fold 1 teria começado a ser desenvolvido em fevereiro do ano passado, e só não entrou em venda antes, porque, segundo Gustafsson, os componentes ainda eram muito caros. Ele diz que os aparelhos são montados em Hong Kong, com peças compradas na China. “As fabricantes de celular tem lucros gigantescos porque vendem tecnologia velha, que custa US$ 2 para fabricar. Precisamos mudar isso”, diz ele. 

Gustafsson conta que conseguiu reduzir o custo do celular não apenas por oferecer tecnologia com preços justos. A empresa não tem acordos com varejistas e operadoras e vende os aparelhos em todo o mundo diretamente do site da Escobar Inc.“O principal problema do mercado de smartphones é que a Apple e a Samsung dominam 90% do mercado”, afirmou. Procuradas pelo Estado, as duas empresas decidiram não se manifestar sobre as declarações de Gustafsson. 

Mas, segundo dados mais recentes da consultoria Counterpoint Research, as duas gigantes têm combinadas “só” 33% do mercado global de smartphones. Ainda assim, Roberto Gaviria entende de concentração de mercado: no auge, o cartel de Medellin era dono de 80% do mercado de cocaína nos EUA. Quando morreu, Pablo Escobar tinha uma fortuna estimada em atuais US$ 58 bilhões – ele seria mais rico que o fundador do Alibaba, Jack Ma, cuja fortuna é de US$ 41,5 bilhões, segundo a Forbes

Além disso, segundo o sueco, a empresa não gasta um único dólar em marketing. Isso, porém, não significa que a ausência de profissionais da área não cause problemas para a companhia. Além do preço, a campanha do smartphone fez barulho: nela, a empresa trouxe vídeos e fotos com modelos de origem russa usando lingeries enquanto interagem com o dispositivo. Uma propaganda sexista, considerada anacrônica no mundo publicitário atual, especialmente no de tecnologia, que costuma ter um apelo mais familiar. 

“Essas moças são uma boa representação da nossa marca. Se você quer comprar um ‘Pablo Escobar’, você quer algo legal, sexy e novo”, diz. “Poderíamos ser ‘profissionais’ e ter um vídeo simples do telefone, mas a diferença é que somos a Pablo Escobar e podemos fazer o que quisermos. Tínhamos muitas garotas, pegamos as melhores e fizemos acontecer, meu amigo”, afirmou. O esquema poderia ser mais agressivo. Segundo ele, a ideia era ter mulheres nuas na divulgação. “Nos tempos atuais, quem nunca viu uma mulher pelada? Mas nenhum veículo queria nos divulgar, nem a Playboy”, explicou. 

Para ele, isso não aliena parte do público. E também não vê como problemático o fato de a companhia se promover usando a imagem de um dos traficantes mais conhecidos do mundo. “O verdadeiro problema é que a mídia tem contratos milionários com a Samsung, que a impede de nos divulgar. É aí que está a verdadeira corrupção”, diz ele, que prontamente responde e-mails com a seguinte mensagem no pé da assinatura: Sent from my Samsung Galaxy smartphone

Escobar Fold1 recebeu críticas por campanha sexista Foto: Reprodução/YouTube

A história que vem a seguir é uma virada de enredo que nem a série Narcos, da Netflix, poderia prever: a família de Pablo Escobar, um dos mais conhecidos traficantes de drogas da história, está entrando no ramo dos smartphones. Na semana passada, a Escobar Inc, administrada pelo irmão de Pablo, Roberto Gaviria, para representar os interesses da família, fez barulho nas redes sociais ao anunciar um smartphone de tela dobrável por US$ 350. 

É uma proposta audaciosa: os celulares do tipo já lançados no mercado custam pelo menos quatro vezes mais que isso. O Galaxy Fold, da Samsung, é vendido a US$ 1.980 nos EUA. Jáo Mate X, da Huawei, tem preço equivalente a US$ 2,4 mil na China. Em seu discurso oficial, a Escobar Inc. diz querer combater os altos preços praticados pelos fabricantes de smartphones, levando a tecnologia de “de volta para as pessoas”. 

“Não somos a máfia. A verdadeira máfia é a Apple”, diz ao Estado o sueco Olof Gustafsson, que se apresenta como presidente executivo da Escobar Inc. Para o executivo, os preços praticados pela dona do iPhone são um ultraje. Além de Gustafsson, apenas outro nome aparece listado no site da empresa: Roberto Gaviria, que deixou a prisão em 2003 e é apresentado no próprio site como “contador e chefe de assassinatos” do Cartel de Medellín, organização liderada pelo irmão nos anos 80 e 90. 

Gustafsson atendeu a reportagem em um número telefônico de Londres e descreveu as ambições da companhia. “Queremos vender 1 milhão de unidades por mês em todo o mundo. O Escobar Fold 1 é apenas o começo”, disse. Mas é bom avisar que a empresa não desenvolve sua própria tecnologia. Trata-se de uma holding que administra a “marca” e os interesses da família. Em 2017, por exemplo, a empresa chegou a mover uma ação contra a Netflix, avaliada em US$ 1 bilhão, por conta da série Narcos. Posteriormente, chegou-se a um acordo de valor não revelado. 

“A razão pela qual você conhece Pablo Escobar é por causa da Escobar Inc., que foi o braço de mídia do Pablo. Ele colocou mais de US$ 100 milhões na empresa porque queria se tornar conhecido. Ele queria ser presidente da Colômbia”, disse Gustafsson. Originalmente, a Escobar Inc. foi criada em 1984 e voltou à ativa em 2014. Questionado pelo Estado, o sueco não quis comentar como se envolveu com a empresa ou como conheceu a família. 

A entrada no mundo tecnológico ocorreu há dois anos, quando a Escobar Inc. decidiu trabalhar no seu próprio smartphone. “Pablo e Roberto sempre se interessaram por inovação”, disse. Mas essa não é a primeira incursão de Roberto Gaviria numa empreitada que soa absurda. Em 2014, ele afirmou estar desenvolvendo um medicamento para curar pacientes contaminados pelo vírus HIV – a nova droga seria o resultado de um estudo com cavalos puro sangue.

Escobar Fold1 tem tela flexível por US$ 350 Foto: Escobar Inc./Divulgação

Já o Escobar Fold 1 teria começado a ser desenvolvido em fevereiro do ano passado, e só não entrou em venda antes, porque, segundo Gustafsson, os componentes ainda eram muito caros. Ele diz que os aparelhos são montados em Hong Kong, com peças compradas na China. “As fabricantes de celular tem lucros gigantescos porque vendem tecnologia velha, que custa US$ 2 para fabricar. Precisamos mudar isso”, diz ele. 

Gustafsson conta que conseguiu reduzir o custo do celular não apenas por oferecer tecnologia com preços justos. A empresa não tem acordos com varejistas e operadoras e vende os aparelhos em todo o mundo diretamente do site da Escobar Inc.“O principal problema do mercado de smartphones é que a Apple e a Samsung dominam 90% do mercado”, afirmou. Procuradas pelo Estado, as duas empresas decidiram não se manifestar sobre as declarações de Gustafsson. 

Mas, segundo dados mais recentes da consultoria Counterpoint Research, as duas gigantes têm combinadas “só” 33% do mercado global de smartphones. Ainda assim, Roberto Gaviria entende de concentração de mercado: no auge, o cartel de Medellin era dono de 80% do mercado de cocaína nos EUA. Quando morreu, Pablo Escobar tinha uma fortuna estimada em atuais US$ 58 bilhões – ele seria mais rico que o fundador do Alibaba, Jack Ma, cuja fortuna é de US$ 41,5 bilhões, segundo a Forbes

Além disso, segundo o sueco, a empresa não gasta um único dólar em marketing. Isso, porém, não significa que a ausência de profissionais da área não cause problemas para a companhia. Além do preço, a campanha do smartphone fez barulho: nela, a empresa trouxe vídeos e fotos com modelos de origem russa usando lingeries enquanto interagem com o dispositivo. Uma propaganda sexista, considerada anacrônica no mundo publicitário atual, especialmente no de tecnologia, que costuma ter um apelo mais familiar. 

“Essas moças são uma boa representação da nossa marca. Se você quer comprar um ‘Pablo Escobar’, você quer algo legal, sexy e novo”, diz. “Poderíamos ser ‘profissionais’ e ter um vídeo simples do telefone, mas a diferença é que somos a Pablo Escobar e podemos fazer o que quisermos. Tínhamos muitas garotas, pegamos as melhores e fizemos acontecer, meu amigo”, afirmou. O esquema poderia ser mais agressivo. Segundo ele, a ideia era ter mulheres nuas na divulgação. “Nos tempos atuais, quem nunca viu uma mulher pelada? Mas nenhum veículo queria nos divulgar, nem a Playboy”, explicou. 

Para ele, isso não aliena parte do público. E também não vê como problemático o fato de a companhia se promover usando a imagem de um dos traficantes mais conhecidos do mundo. “O verdadeiro problema é que a mídia tem contratos milionários com a Samsung, que a impede de nos divulgar. É aí que está a verdadeira corrupção”, diz ele, que prontamente responde e-mails com a seguinte mensagem no pé da assinatura: Sent from my Samsung Galaxy smartphone

Escobar Fold1 recebeu críticas por campanha sexista Foto: Reprodução/YouTube

A história que vem a seguir é uma virada de enredo que nem a série Narcos, da Netflix, poderia prever: a família de Pablo Escobar, um dos mais conhecidos traficantes de drogas da história, está entrando no ramo dos smartphones. Na semana passada, a Escobar Inc, administrada pelo irmão de Pablo, Roberto Gaviria, para representar os interesses da família, fez barulho nas redes sociais ao anunciar um smartphone de tela dobrável por US$ 350. 

É uma proposta audaciosa: os celulares do tipo já lançados no mercado custam pelo menos quatro vezes mais que isso. O Galaxy Fold, da Samsung, é vendido a US$ 1.980 nos EUA. Jáo Mate X, da Huawei, tem preço equivalente a US$ 2,4 mil na China. Em seu discurso oficial, a Escobar Inc. diz querer combater os altos preços praticados pelos fabricantes de smartphones, levando a tecnologia de “de volta para as pessoas”. 

“Não somos a máfia. A verdadeira máfia é a Apple”, diz ao Estado o sueco Olof Gustafsson, que se apresenta como presidente executivo da Escobar Inc. Para o executivo, os preços praticados pela dona do iPhone são um ultraje. Além de Gustafsson, apenas outro nome aparece listado no site da empresa: Roberto Gaviria, que deixou a prisão em 2003 e é apresentado no próprio site como “contador e chefe de assassinatos” do Cartel de Medellín, organização liderada pelo irmão nos anos 80 e 90. 

Gustafsson atendeu a reportagem em um número telefônico de Londres e descreveu as ambições da companhia. “Queremos vender 1 milhão de unidades por mês em todo o mundo. O Escobar Fold 1 é apenas o começo”, disse. Mas é bom avisar que a empresa não desenvolve sua própria tecnologia. Trata-se de uma holding que administra a “marca” e os interesses da família. Em 2017, por exemplo, a empresa chegou a mover uma ação contra a Netflix, avaliada em US$ 1 bilhão, por conta da série Narcos. Posteriormente, chegou-se a um acordo de valor não revelado. 

“A razão pela qual você conhece Pablo Escobar é por causa da Escobar Inc., que foi o braço de mídia do Pablo. Ele colocou mais de US$ 100 milhões na empresa porque queria se tornar conhecido. Ele queria ser presidente da Colômbia”, disse Gustafsson. Originalmente, a Escobar Inc. foi criada em 1984 e voltou à ativa em 2014. Questionado pelo Estado, o sueco não quis comentar como se envolveu com a empresa ou como conheceu a família. 

A entrada no mundo tecnológico ocorreu há dois anos, quando a Escobar Inc. decidiu trabalhar no seu próprio smartphone. “Pablo e Roberto sempre se interessaram por inovação”, disse. Mas essa não é a primeira incursão de Roberto Gaviria numa empreitada que soa absurda. Em 2014, ele afirmou estar desenvolvendo um medicamento para curar pacientes contaminados pelo vírus HIV – a nova droga seria o resultado de um estudo com cavalos puro sangue.

Escobar Fold1 tem tela flexível por US$ 350 Foto: Escobar Inc./Divulgação

Já o Escobar Fold 1 teria começado a ser desenvolvido em fevereiro do ano passado, e só não entrou em venda antes, porque, segundo Gustafsson, os componentes ainda eram muito caros. Ele diz que os aparelhos são montados em Hong Kong, com peças compradas na China. “As fabricantes de celular tem lucros gigantescos porque vendem tecnologia velha, que custa US$ 2 para fabricar. Precisamos mudar isso”, diz ele. 

Gustafsson conta que conseguiu reduzir o custo do celular não apenas por oferecer tecnologia com preços justos. A empresa não tem acordos com varejistas e operadoras e vende os aparelhos em todo o mundo diretamente do site da Escobar Inc.“O principal problema do mercado de smartphones é que a Apple e a Samsung dominam 90% do mercado”, afirmou. Procuradas pelo Estado, as duas empresas decidiram não se manifestar sobre as declarações de Gustafsson. 

Mas, segundo dados mais recentes da consultoria Counterpoint Research, as duas gigantes têm combinadas “só” 33% do mercado global de smartphones. Ainda assim, Roberto Gaviria entende de concentração de mercado: no auge, o cartel de Medellin era dono de 80% do mercado de cocaína nos EUA. Quando morreu, Pablo Escobar tinha uma fortuna estimada em atuais US$ 58 bilhões – ele seria mais rico que o fundador do Alibaba, Jack Ma, cuja fortuna é de US$ 41,5 bilhões, segundo a Forbes

Além disso, segundo o sueco, a empresa não gasta um único dólar em marketing. Isso, porém, não significa que a ausência de profissionais da área não cause problemas para a companhia. Além do preço, a campanha do smartphone fez barulho: nela, a empresa trouxe vídeos e fotos com modelos de origem russa usando lingeries enquanto interagem com o dispositivo. Uma propaganda sexista, considerada anacrônica no mundo publicitário atual, especialmente no de tecnologia, que costuma ter um apelo mais familiar. 

“Essas moças são uma boa representação da nossa marca. Se você quer comprar um ‘Pablo Escobar’, você quer algo legal, sexy e novo”, diz. “Poderíamos ser ‘profissionais’ e ter um vídeo simples do telefone, mas a diferença é que somos a Pablo Escobar e podemos fazer o que quisermos. Tínhamos muitas garotas, pegamos as melhores e fizemos acontecer, meu amigo”, afirmou. O esquema poderia ser mais agressivo. Segundo ele, a ideia era ter mulheres nuas na divulgação. “Nos tempos atuais, quem nunca viu uma mulher pelada? Mas nenhum veículo queria nos divulgar, nem a Playboy”, explicou. 

Para ele, isso não aliena parte do público. E também não vê como problemático o fato de a companhia se promover usando a imagem de um dos traficantes mais conhecidos do mundo. “O verdadeiro problema é que a mídia tem contratos milionários com a Samsung, que a impede de nos divulgar. É aí que está a verdadeira corrupção”, diz ele, que prontamente responde e-mails com a seguinte mensagem no pé da assinatura: Sent from my Samsung Galaxy smartphone

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