Chega ao Brasil nesta quarta-feira, 22, o Galaxy Fold, primeiro smartphone dobrável da Samsung. É um aparelho conceitual: tem um formato comprido com a tela fechada. Aberto, ele mostra uma tela maior, que funciona mais como tablet do que smartphone.
A história do Galaxy Fold, vale lembrar, passa por seu anúncio em 20 de fevereiro do ano passado como o primeiro aparelho dobrável do mundo – foi seguido, na semana seguinte, pelo Huawei Mate X. Em abril, as primeiras unidades liberadas pela fabricante para testes na mídia norte-americana começaram a dar defeito. Películas da tela se soltavam, permitindo que resíduos invadissem a dobradiça do telefone, estragando a parte da dobra por dentro e, por consequência, a tela.
O lançamento então foi suspenso e o Galaxy Fold chegou – em uma versão reinventada – às lojas em setembro de 2019 no exterior. Essa versão nova é a que começa a ser vendida no Brasil pelo preço sugerido de R$ 12.999, apenas no site da Samsung.
A própria Samsung diz que é uma nova categoria de produto, acima dos seus modelos topo de linha (os Galaxy S10/Note 10). No mês que vem, a marca deve anunciar seu segundo modelo dobrável – rumores indicam que se chamará Galaxy Z Flip – com uma tela menor que se dobra ao meio na horizontal, como um telefone flip do início dos anos 2000. A mesma tendência de design já apareceu em outro dobrável, o Motorola Razr, vendido nos EUA por US$ 1,5 mil.
Design e especificações
Fechado, o Samsung Galaxy Fold é um aparelho que mede 160,9 x 62,9 x 15,5-17 milímetros e tem uma tela externa de 4,6 polegadas, cercada de bordas. É pequena para o padrão atual dos smartphones premium. Ao seu lado esquerdo, está a proteção da engrenagem que abre a tela plástica, protegida para evitar a entrada de detritos, um dos problemas principais que estragaram o lançamento original do Fold. Ao lado direito do aparelho, botões para ligar/desligar a tela, o controle de volume e um leitor de impressões digitais – que é muito rápido – para proteger o Fold.
Aberto, ele se torna mais fino e largo (160,9 x 117,9 x 6,9 mm) com uma tela dobrável de 7,3 polegadas. Traz ainda um entalhe no canto direito superior, que abriga duas câmeras frontais. Pela posição dos botões na lateral direita (e do próprio leitor de digitais), o Fold dá a sensação de que foi feito para ser usado por consumidores destros.
As especificações técnicas do Galaxy Fold são acima do que a maioria dos modelos de smartphone Android oferecem no mercado hoje: são seis câmeras no total, 12 GB de RAM, 512 GB de armazenamento interno (sem expansão com cartões). O smartphone usa um processador Qualcomm Snapdragon 855 e roda Android 9 com a interface One UI 1.5.
Vale notar que, como o Galaxy Note 10, o Fold não vem com entrada para fones de ouvido tradicionais padrão 3,5 mm. Para compensar, a Samsung manda na caixa do produto um par de Galaxy Buds, os fones sem fio (com conectividade Bluetooth) da marca – e que custam R$ 1 mil, separadamente. A versão brasileira do Fold é vendida apenas na cor preta.
Câmeras e bateria
Com três câmeras na traseira e outras três dedicadas para selfies (duas na tela interna e uma na tela externa), não faltam opções no Galaxy Fold para capturar boas imagens. O produto usa, na parte traseira, o mesmo sensor de 12 megapixels com abertura dupla de lente (f 1.5 e 2.4) na câmera principal, uma grande angular de 16 megapixels e um zoom óptico de 2x também com 12 megapixels.
Fotografar com o Galaxy Fold é uma experiência curiosa: com a tela externa, a área de visualização é muito pequena; com a tela grande, parece que estou fotografando com um iPad, o que não é uma experiência ideal. De qualquer forma, os resultados são tão bons quanto em um Galaxy Note 10+ ou Galaxy S10+, incluindo fotos ótimas no modo noturno.
A bateria em um aparelho com tela dobrável (e uma tela grande, por sinal) era um motivo de preocupação antes de começar a usar o Galaxy Fold, mas a prática provou o contrário. O aparelho tem duas baterias distintas (uma em cada “metade”) que, somadas, têm uma capacidade de 4.380 mAH - um pouco a mais que a do Galaxy S10+ (4.100 mAH) e do Note 10+ (4.300 mAH). O Fold chegou a 31% após 12 horas longe da tomada, com uso intenso de redes sociais/podcasts/e-mails e com Bluetooth ligado o tempo inteiro.
Usando o Galaxy Fold
Ter um Galaxy Fold em mãos (e lembrando que é um aparelho caro e frágil) traz um novo tipo de experiência ao usar um smartphone. Com o Fold fechado, sua tela é pequena em proporção ao corpo do aparelho e serve mais como um modo rápido de ver notificações ou e-mails. Desacostumamos com telas menores, e digitar na tela exterior do Fold é quase impossível, com teclas minúsculas - dá para prever que donos desse telefone vão mandar mais áudios no WhatsApp com grande certeza.
Mas o charme do Galaxy Fold está na continuidade do software: você começa a ver um mapa no Google Maps (ou usar qualquer outro aplicativo) por fora e, ao abrir o Galaxy Fold, ele segue em versão maior na tela interna.
E é essa tela interna grande o charme do Galaxy Fold. Ver fotos que você tirou, navegar pelo Instagram, ver vídeos no YouTube ou na Netflix são uma experiência muito melhor que em um smartphone “normal”. O formato retangular (e quase um quadrado, na verdade) do tablet é excelente para essa experiência multimídia. E responder e-mails, mandar mensagens, navegar na web, como em um tablet. O modo multitarefa permite abrir até três apps (e organizar do seu jeito) ao mesmo tempo e, se for ligado a um teclado Bluetooth, o Galaxy Fold consegue (ainda que de forma limitada) substituir o notebook em uma reunião ou viagem rápida de negócios.
De qualquer modo, mesmo com todas as proteções que a Samsung criou após a crise inicial do produto, o Galaxy Fold passa uma sensação de fragilidade. Você vai abrir e fechar a tela com cuidado, e o vinco no meio é perceptível à primeira vista, mas depois é fácil se acostumar com a dobra ali presente.
Mas é uma experiência interessante, ainda que limitada a um público que queira muito ter o último grito de inovação em novos smartphones - até que venha um próximo. O Samsung Galaxy Fold é um produto que tem cara de que vai evoluir muito em um futuro não muito distante, então não precisa ter pressa para ter um. Quem tiver fundos para comprar o seu, porém, já pode dizer que vive no futuro.