Apple e Samsung lançaram, no final de 2018, as novas gerações dos seus relógios inteligentes no mercado brasileiro. O Apple Watch Series 4 e o Samsung Galaxy Watch são o exemplo de produtos que nasceram como acessórios do smartphone, mas hoje têm vida própria, com o principal propósito de ajudar a cuidar da saúde de quem está usando o relógio.
No Brasil, o Apple Watch Series 4 tem preços sugeridos a partir de R$ 3.999 (com GPS apenas) e R$ 4.999 (com GPS e celular). Já o Samsung Galaxy Watch começa em R$ 2.199 (com GPS apenas) e R$ 2.599 (GPS e celular, modelo de 42 mm).
Ambos foram recebidos para testes com conectividade Bluetooth, Wi-Fi e 4G/LTE – que permite seu uso sem o smartphone por perto, recebendo e enviando mensagens/ligações de forma independente. Entretanto, como apenas o modelo recebido da Samsung tinha um eSIM card habilitado (que é o “chip" eletrônico da operadora que funciona de forma complementar à sua linha principal no smartphone), a avaliação foi feita apenas com a conectividade básica, tendo o smartphone como companheiro principal de conexão.
Design. É impossível confundir o Apple Watch com o Galaxy Watch: o design dos dois relógios é tão distinto – um retangular, outro circular –, porém ambos tentam, de algum modo, recuperar a experiência de usar um relógio tradicional. O Apple Watch, disponível nos tamanhos de 40 mm e 44 mm, tem a caixa produzida em aço inoxidável (nos modelos sem 4G, também em alumínio) com acabamento em preto, prata ou ouro. Ele tenta emular um relógio pela sensação das partes móveis, como mexer na coroa digital ao lado do aparelho, que dá a impressão de estar dando corda em um relógio antigo.
Já o Galaxy Watch, com seu visual circular, vem em opções de 42 mm (em dourado ou preto) e 46 mm (apenas em prata), com uma coroa ao redor da tela, que aumenta a proteção contra batidas aleatórias. Aproxime o Galaxy Watch próximo ao ouvido e você irá ouvir um “tic tac” de ponteiro de segundos se movendo, apesar de não ter nenhum ponteiro ali, apenas uma tela.
A escolha do tamanho do aparelho é muito pessoal e deve se adequar ao pulso de cada usuário e entender se não fica grande ou pesado demais. Por via de regra, os modelos menores tanto do Apple Watch e do Galaxy Watch tendem a ser mais voltados para o público feminino e os maiores, para o masculino. Fica a recomendação de testar na loja como os relógios ficam no seu pulso.
Sistema operacional. O Apple Watch roda o sistema Watch OS 5, que se integra com muita facilidade ao iOS 12. Ao configurar um novo Watch com um iPhone (no nosso caso, o modelo XR), todos os apps que têm versões compatíveis para relógio da Apple são instalados automaticamente, como Uber, Spotify e diversos apps da própria Apple, como Saúde, por exemplo. É possível baixar, via iPhone ou até mesmo relógio, novos apps, mas de regra geral o necessário já vem de fábrica - os aplicativos de monitoramento de saúde/desempenho esportivo. E, claro, o Apple Watch só se conecta a iPhones.
Já no Galaxy Watch, o sistema operacional Tizen faz um bom par com o Android, com o Samsung Wearable instalado no smartphone. A Samsung diz que o Galaxy Watch é compatível com smartphones Android (com sistema 5.0 para cima e pelo menos 1,5 GB de RAM) e iOS – entretanto são tantas limitações ao concorrente que é melhor ficar apenas no Android para evitar dor de cabeça. A integração de sistemas não é tão direta como na Apple, mas os aplicativos básicos fazem o necessário e é possível instalar outros, como Spotify ou Tidal, por exemplo. O app do Spotify é muito limitado, por sinal.
Vale notar que o Apple Watch funciona com a assistente digital Siri, respondendo bem a comandos de voz. Já o Galaxy Watch pareia com a assistente Bixby, também respondendo à voz do usuário.
Saúde. Os dois relógios vêm com um sensor na parte traseira que mede batimentos cardíacos em intervalos de tempo. No Galaxy Watch, o relógio também pode medir o nível de stress. Já o modelo da Apple até permite realizar um eletrocardiograma (ECG) – esse recurso específico, porém, só funciona nos Estados Unidos por enquanto, por conta de licenças governamentais.
De qualquer modo, basta o usuário começar a se mexer para que os dois relógios meçam automaticamente o exercício feito, seja uma caminhada até a esquina para comprar pão ou uma sessão de yoga, registrando os resultados. Também é possível contar passos, dar uma pausa para respirar e, se o usuário ficar parado por muito tempo, ambos o avisam para se movimentar um pouco. Mas há diferenças: enquanto o Apple Watch pede apenas que o usuário fique em pé toda hora, o Galaxy Watch é um pouquinho mais proativo e sugere também exercícios rápidos para fazer sentado ou em pé, como mover o tronco para os lados.
O mais interessante - nos dois relógios - é acompanhar o progresso. Quantos passos foram dados? Qual a distância (e onde, já que os dois têm GPS integrado)? Quantos lances de escada foram subidos? Qual a próxima meta a ser superada? No caso de uma emergência, é possível ainda ligar para a polícia/ambulância. O modelo da Apple, por exemplo, detecta se o seu usuário caiu no chão e pode ligar automaticamente para o 190. O recurso do eletrocardiograma, apesar de não disponível por aqui ainda, pode indicar, a médio prazo, potenciais sinais de doenças cardíacas.
É possível usar outros apps nos relógios, sem dúvida. Mas a tela pequena, apesar de sensível ao toque, não é a melhor interface para ler notícias ou ver o Facebook. Serve para notificações rápidas – chegou um SMS, um WhatsApp, um e-mail – em uma ação que será completada depois no smartphone. O WhatsApp é até um excelente exemplo de como os relógios se portam: no Apple Watch, não existe um app do WhatsApp, mas ele apenas recebe as mensagens, com respostas curtas pré-programadas (não tem teclado, afinal) ou a capacidade de gravar áudio. O Galaxy Watch até tenta ser mais “corporativo” com seu usuário, dando resumos da agenda do dia logo cedo ou informando tudo que você fez durante o dia quando chega em casa à noite.
Conclusão. Usar um relógio inteligente não vai transformar ninguém no detetive Dick Tracy, que usava o relógio como telefone – apesar dessa função estar lá presente. A ideia aqui é ter um relógio/eletrônico de consumo que ajuda a ter uma vida mais saudável e acompanhar cada passo (literalmente) que você dá. Nesse sentido, tanto o modelo da Apple como o da Samsung cumprem bem essa função. A bateria de ambos dura bastante em torno de 30 horas, mas pode chegar a dois dias completos conforme o uso.
A única grande crítica aqui é ao modo que o fabricante pensa na integração das tecnologias. Se você tem um smartphone Galaxy S9 e um Galaxy Watch, usa o Samsung Health para consolidar dados – e o Samsung Health mede dados tanto no relógio quanto no telefone, então é possível “esquecer" o relógio numa caminhada até a esquina que os passos serão contados no telefone. Já no caso do Apple Watch, apesar de o iPhone contar passos, não existe esse tipo de integração. Se você andar até a esquina sem o smartphone, seus passos não contam para o dia no desempenho geral.