A Apple finalmente mergulhou no mundo da realidade virtual e aumentada e revelou o Vision Pro, óculos repleto de câmeras e sensores que quer substituir as telas que você usa no dia a dia. O anúncio foi feito na Worldwide Developers Conference (WWDC), um dos principais eventos da companhia no ano, que aconteceu nesta segunda-feira, 5, na sede da empresa na Califórnia, EUA.
O produto é fruto de anos de pesquisa e testes com os óculos de realidade virtual até chegar em um aparelho que une características de diversos dispositivos da marca californiana. Com chegada marcada para 2024, o aparelho vai custar US$ US$ 3,5 mil, com a promessa de revolucionar o mercado do setor.
A primeira coisa a saber sobre o Vision Pro é o que ele, de fato, propõe. Para além de ser um artigo de luxo, os óculos podem ser usados para comunicações, entretenimento e atividades corporativas, bastante baseadas nas necessidades desenvolvidas pela pandemia. Também foi pensado para que os usuários possam assistir filmes e outros conteúdos em uma tela gigante simulada pelo dispositivo.
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Como um óculos de realidade mista, o Vision Pro é controlado pelos olhos, mãos e voz do usuário, por meio de 12 câmeras, 5 sensores e 6 microfones. As imagens vistas por quem usa o aparelho são uma mistura da experiência do iPhone, Mac e Apple TV+, serviço de streaming de vídeo da companhia.
Uma série de aplicativos nativos do sistema também podem ser acessados pelos óculos, como fotos, mensagens e jogos. Os gestos com a mão vão ser acionados por meio do Apple Watch, relógio inteligente da marca, que irá identificar o movimento dos dedos para cada clique - portanto, é necessário fazer uso do relógio além do óculos. Além disso, o aparelho tem um botão em formato de Digital Crown, uma coroa de relógio, para regular a “imersão” no aparelho, onde é possível controlar o quanto de luz natural vai fazer parte da composição da imagem vista pelo usuário.
Visão
Ao todo, o aparelho pesa cerca de 450 gramas e possui um tom prateado parecido com o Apple Watch - inclusive nas formas mais arredondadas. Já a parte de áudio e da alça que encaixa na cabeça, a semelhança é, automaticamente, ligada aos fones AirPods Max, com o mesmo acolchoamento na parte de tecido.
A intenção da empresa é que o Vision Pro seja, ao mesmo tempo, um objeto de total imersão em realidade virtual, mas que possa manter o contato do usuário com o mundo externo. Para isso, o aparelho conta com o recurso EyeSight, uma espécie de tela para sinalizar a atividade dos óculos. Assim, a Apple afirma que será possível ver os olhos dos usuários pela lente, caso essa função esteja habilitada ou, ainda, indicar por meio de um sinal colorido caso o usuário esteja totalmente imerso no aparelho.
O painel do aparelho é de microOled e tem 23 milhões de pixels divididos em duas telas, mais do que uma TV 4K por olho. A parte da frente é composta por um único visor de vidro, e para pessoas com problemas de visão, é necessário adquirir lentes separadas para corrigir miopia ou astigmatismo, por exemplo, e poder usar o dispositivo corretamente. As lentes serão vendidas em parceria com a fabricante alemã Zeiss a partir de uma prescrição médica - já que a Apple não pode fornecer a orientação oftalmológica - e se encaixam no visor magneticamente.
Para os apps usados com os óculos, a companhia confirmou que dispositivos externos como teclados e mouse bluetooth serão compatíveis para simular o uso de um computador nos olhos.
Telona
O Vision Pro vai permitir que o usuário assista a filmes e séries de televisão “em qualquer lugar”, diz a Apple. Parece uma tentativa de brigar no mercado de TVs, mas também é uma promessa comum de óculos do tipo. O aparelho também vai permitir que os usuários possam assistir conteúdos em 3D, o que abre a possibilidade para universos imersivos.
Na demonstração, aplicativos vão poder reproduzir objetos em tamanho real no ambiente por onde o usuário estiver interagindo, como órgãos do corpo humano, automóveis de corrida e cabines de DJ – com possibilidade de interação em cada item.
Para as chamadas de vídeo, o aparelho vai criar uma espécie de persona digital para aparecer nas ligações. A imagem será feita usando técnicas de aprendizado de máquina e uma “rede codificadora avançada para criar uma persona digital”, afirmou a companhia.
Aplicativos como Zoom e Teams, da Microsoft, vão ser compatíveis com a “persona digital” construída pelos óculos em chamadas de vídeo.
No exemplo, a Apple afirma que o aplicativo de videoconferência FaceTime vai ter uso dimensional: cada pessoa ficará localizada em um canto do ambiente virtual, e não amontoados em uma tela – como ocorre hoje.
O Vision Pro também vai permitir que o usuário tenha vários aplicativos abertos no ambiente virtual, ao mesmo tempo em que é possível observar o mundo real. Segundo a Apple, a ideia é que o usuário se mantenha presente, e nunca totalmente imerso, como ocorre com outros aparelhos do tipo.
Outro aspecto do cinema trazido pela Apple é a inclusão do Spatial Audio, ou áudio espacial, que a empresa já testou em fones de ouvido da marca. Com a configuração, é como se o usuário estivesse cercado por um áudio em 3D, com ondas sonoras sendo emitidas em todos os lados do aparelho.
Esse som, chamado surround, acompanha o lado e a emissão dos áudios de acordo com o que o usuário vê na tela, aumentando a sensação de imersão no conteúdo.
Desempenho
O dispositivo ganhou, ainda, um sistema operacional dedicado, o VisionOS, e um processador dedicado para trabalhar com os dados identificados pelos sensores, inclusive um scanner de profundidade (LiDAR), o R1. Ao todo, dois chips otimizam o desempenho do Vision Pro: o recém criado R1 e o M2, lançado pela empresa no ano passado. Ambos são desenvolvidos e produzidos pela própria Apple.
O aparelho também vai funcionar com uma bateria independente ou conectado diretamente na tomada. Sem muitos detalhes sobre a configuração, a Apple apenas mostrou a pequena bateria que é ligada por um fio aos óculos, mas não demonstrou como é a fonte que liga o dispositivo na tomada. A bateria é presa ao cabo, mas o fio pode se desconectar dos óculos - embora o aparelho não funcione sem o auxílio de carga.
Além disso, a empresa revelou que a autonomia da bateria independente é de apenas duas horas - uma carga, portanto, não seria suficiente para assistir filmes maiores, como Avatar e Star Wars.
Outra informação não revelada pela empresa foi sobre o tempo otimizado de uso, ou seja, por qual período de tempo o usuário pode usar continuamente o aparelho sem danos à saúde. Em geral, existem recomendações médicas sobre quantas horas seguidas uma pessoa pode passar conectada a óculos do tipo.
Segurança
Em segurança, a Apple revelou o Optical ID, que usa a íris do usuário para desbloquear a tela do aparelho. A Apple garante que a tecnologia deve diferenciar os olhos mesmo de pessoas gêmeas. Além disso, a companhia diz que terceiros não poderão ver no reflexo da tela dos óculos o que é visto pelo usuário, garantindo privacidade na navegação. A companhia também afirma que o processamento das imagens e informações no Vision Pro serão feitas no próprio dispositivo, sem enviar arquivos e dados para sistema em nuvem.
Por uma luz de led presente no dispositivo, uma das câmeras é utilizada para ler e comparar a íris de quem usa os óculos com os dados de cadastro do dispositivo, fazendo, assim, o desbloqueio. De acordo com a empresa, todas as atividades realizadas pelo usu´rio vão exigir a identificação, desde o acesso ao aparelho até apps financeiros, como carteira e Apple Pay.
O Vision Pro também é o primeiro aparelho da Apple a apresentar esse tipo de identificação biométrica. O aparelho vai estar disponível nas lojas da Apple a partir do início de 2024, inicialmente nos Estados Unidos. Outros países devem receber o produto posteriormente.