Faz algum tempo que o mercado de celulares tenta oferecer algo que não seja mais do mesmo. As telonas se estabeleceram como design padrão e a euforia das câmeras parece ter esfriado. Assim, as telas dobráveis talvez sejam um farol na busca por novidades - e o Galaxy Z Fold 4, da Samsung, ocupa o posto de ponteiro dessa comitiva. Ou seja, ele lidera a marcha pela popularização da tela flexível.
Lançado em agosto no Brasil por até R$ 15,8 mil, o aparelho é a estrela da quarta geração de dobráveis da fabricante coreana. Apesar disso, o uso é confuso.
Quando fechado, o Fold tem uma tela estreitíssima perto de outros smartphones. Esse painel, localizado na parte externa do aparelho quando está fechado, tem 6,2 polegadas, mas apenas pouco mais de 6 cm de display. Quando aberto, ele vira um mini-tablet, com tela de 13 centímetros e 7,6 polegadas. Para quem não pretende usá-lo aberto a maior parte do tempo, a versão fechada pode incomodar na rotina diária.
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Fechado
Do lado de fora, a primeira coisa que se nota, além da tela estreita (principalmente se você não vem do Fold 3), é a qualidade maior do display, com resolução ligeiramente superior ao modelo do ano passado. O sistema da Samsung, equipado com o Android 12, também ajuda na boa impressão: a personalização de cores com papel de parede dá outra cara para a navegação.
A experiência de uso é melhor do que o esperado, principalmente para quem tem mãos menores: é possível digitar tranquilamente no teclado após uma rápida familiarização com o espaçamento das teclas. Aqui, os aplicativos também abrem todos dimensionados.
Há, porém, um detalhe incômodo. Segurá-lo pode trazer desconforto em poucos minutos, pois, mesmo reduzindo algumas dimensões, o Z Fold 4 ainda é pesado. Segundo a Samsung, ele pesa 263 gramas (o anterior tinha 271 gramas), acima da média dos smartphones. O Samsung Galaxy S22 Ultra, por exemplo, pesa 220 gramas; o iPhone 13 Pro Max, 240 gramas.
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Aberto
Se do lado de fora a sensação é de um aparelho pesado, isso muda quando ele se abre. A maior parte dos recursos desenvolvidos pela Samsung conversam com a tela principal. É onde os atributos do aparelho realmente se sobressaem.
Em primeiro lugar, trabalhar no Z Fold é algo com sabor de “Os Jetsons”, dando a sensação de que o futuro chegou. A interface permite que até três telas sejam abertas de uma só vez e, ao acessar o navegador, é possível configurar abas, como se fosse um computador — algo que já está bem estabelecido em tablets.
Para aplicativos, a tela dobrável também mostra vantagem para além do abre e fecha: no meio do caminho, com a tela dobrada em 90 graus, o usuário tem uma espécie de “mini-notebook”.
O que não é tão intuitivo é como essas configurações aparecem para o usuário. Dentro das configurações, em um menu chamado “labs”, é preciso “caçar” opções para que a tela seja responsiva durante as dobras ou aos comandos que fazem com que ela se divida.
Outro ponto positivo, e que já foi tema de preocupação na primeira geração do Fold, é o vinco formado no ponto de dobra. Ele se tornou bastante imperceptível - depois de um tempo, é difícil lembrar que ele existe.
Câmeras
Para fotos, as três lentes traseiras têm zoom de até 30x e uma lente ultra-angular que pega até 0,6x de distância — ao todo, o conjunto é composto de uma lente principal de 50 MP, uma super-angular de 12 MP e uma teleobjetiva de 10 MP. É um grande passo em relação à lente principal de 12 MP disponível no ano passado.
Um dos grandes trunfos aqui é um recurso trazido do Galaxy S22, a outra família topo de linha da coreana. Chamado “Nightography”, o modo noturno do celular é limpo — a união das lentes permite que a qualidade da imagem seja o resultado de mais captação de luz com iluminação criada pela inteligência artificial: o resultado é uma foto nítida mesmo em ambientes mais escuros.
Para fotos diurnas, o modelo cumpre bem a missão de captar boas imagens, capacidade já bem dominada pelos celulares da Samsung. Porém, ele não traz nada muito revolucionário - até aqui o destaque continua sendo o “Nightography”.
Com 10 MP, a câmera de selfie da parte externa também é boa, com boa resolução e cores. Mas não é nada muito diferente do mercado. Quando aberto, o celular ainda conta com uma câmera “escondida” de 4 MP, voltada, principalmente, para chamadas de vídeo com a tela grande. Para as próximas versões, seria interessante melhorar a capacidade dessa lente. Afinal, se a tela grande é o principal artifício do aparelho, por que não trazer uma lente melhor para essa região?
Desempenho e bateria
É preciso dizer que o Z Fold 4 traz um processamento bem satisfatório para quem pagou a partir de R$ 12,8 mil em um telefone. Equipado com o chip Snapdragon 8 de primeira geração, topo de linha da Qualcomm, o aparelho não trava - ainda que o mix de uso inclua diversas abas abertas e apps rodando em segundo plano.
A bateria de 4.400 mAh repete a capacidade do aparelho do ano passado e, teoricamente, conta com melhorias de software para dar conta do serviço. No teste da reportagem, o uso moderado do celular forneceu aproximadamente dois dias longe da tomada. Quando exigido um pouco mais com vídeos e jogos, aproximadamente 30 horas separam o carregador do aparelho.
Uma das coisas a se lamentar é a falta da S Pen, a canetinha inteligente da Samsung que permite navegar no aparelho sem usar os dedos. Com uma tela maior, é natural que muitas funções de um tablet sejam emuladas. Fazer uma apresentação, tomar notas escritas à mão e até mesmo transformar o celular em uma ferramenta de trabalho de arte ou edição de vídeo, por exemplo, clamam pelo acessório.
A finada linha Note, por exemplo, tinha uma canetinha integrada que era vendida juntamente com o celular. A Samsung poderia retomar isso. Hoje, a S Pen pode ser encontrada no mercado por R$ 269 na versão Fold e por R$ 647 na versão Pro, investimento que você não espera fazer ao comprar um celular no segmento mais caro do mercado.
Vai ou não vai?
Com defeitos e qualidades bastante evidentes, o Fold 4 exige uma análise cuidadosa do uso a que será destinado, especialmente dado o seu preço. Por um lado, a Samsung se aprimorou na fabricação de dobráveis — isso faz a empresa nadar de braçada num segmento futurista. Porém, é preciso considerar o tempo de uso em mãos, a necessidade da tela expansível e o uso para diversas tarefas ao mesmo tempo. Não é para todo mundo.