Os smartphones têm ficado cada vez mais longevos, graças a avanços na tecnologia e a sistemas operacionais mais refinados e estáveis. Isso, por sua vez, permitiu o nascimento de um mercado de celulares seminovos, similar ao que ocorre há décadas com os automóveis, com preços mais baixos pelos dispositivos de segunda mão.
Nesse cenário, celulares topo de linha de grandes fabricantes costumam figurar entre os mais desejados pelos consumidores. É o caso da americana Apple e da coreana Samsung — as duas marcas mais populares no ramo de smartphones.
O modelo mais popular vendido no primeiro semestre de 2023 foi o iPhone 11 (de 2019), com tíquete médio de R$ 2,8 mil, preço inferior aos R$ 5 mil de quando o smartphone foi lançado no País. Os dados são de levantamento da Trocafone, startup brasileira especializada em celulares seminovos, realizado a pedido do Estadão — fundada em 2016, a empresa faz a revenda de aparelhos após realizar uma inspeção no dispositivo, garantindo o bom estado na comercialização.
Em seguida, os seminovos mais vendidos da plataforma são o iPhone XR (2018), iPhone 8 (2017), iPhone 8 Plus (2017) e Galaxy S21 5G (2021), da Samsung.
Confira o ranking:
De onde vem o sucesso do iPhone 11?
Lançado em 2019, o iPhone 11 trouxe diversas novidades para a família de smartphones da Apple: foi o primeiro aparelho a vir com três “irmãos”, com o Pro (5,8 polegadas) e Pro Max (6,5 polegadas) junto do modelo inicial (6,1 polegadas), formato cuja tríade parece um sucesso de vendas.
Uma das novidades mais importantes que, até aqui, garantem a longevidade do iPhone 11 está no processador. A diferença do A13 Bionic, presente neste modelo, é pouco perceptível em relação aos aparelhos imediatamente posteriores, algo que se tornou comum nos últimos anos para a Apple. E no longo prazo esses chips já provaram que trazem velocidade e eficiência no dispositivo.
Além disso, o sucesso do iPhone 11 pode ser explicado pelo conjunto de câmeras.
O modelo de entrada trouxe a estreia da câmera dupla, que viria a se repetir até a família atual. Todos os aparelhos têm uma lente ultra-angular (13 mm, abertura de f/2.4) e sensor principal, de 22 mm e f/1.8. A resolução é de 12 megapixel (avanço sobre os 7 megapixel do XR e XS) e possibilidade de gravar vídeos em 4K e 60 quadros por segundo. Já nos modelos “Pro”, houve a chegada da terceira lente, do tipo telefoto, que estreou com 52 mm e f/2.0.
Essas mudanças significaram melhorias em várias frentes, como fotos no Modo Retrato, cliques mais rápidos e maior resolução em ambientes de baixa luminosidade. Além de qualidade superior à média, esse iPhone trazia Modo Noturno e na captação de vídeos aprimorados, duas demandas já bem atendidas por competidores na época, como a própria Samsung e o Google Pixel.
Para a época, isso representou um salto que não se via há anos nas câmeras do smartphone da Apple. E a qualidade de mantém até hoje.
Guillermo Freire, cofundador da Trocafone
“Mesmo tendo sido lançado em 2019, o iPhone 11 continua sendo um dos aparelhos mais procurados. Os celulares da Apple, em geral, desvalorizam menos do que os aparelhos Android, justamente porque são os desejados”, explica Guillermo Freire, cofundador da Trocafone.
Ainda, há outro fator que garante a atratividade do modelo: a atualização de software. Quando for lançado no segundo semestre, o iOS 17 poderá ser atualizado no iPhone 11, “o que garante a sobrevida por mais tempo”, diz Freire. “Considerando a expectativa de atualizações da Apple, quem utiliza esse celular não precisa se preocupar com a troca tão cedo.”