Houve um tempo em que celulares eram usados principalmente para fazer chamadas telefônicas e enviar mensagens via SMS – duas atividades que caíram em desuso desde a ascensão dos smartphones e seus mensageiros instantâneos e redes sociais. Acessar a internet pelo dispositivo, então, era algo impraticável até meados dos anos 2000, com suas redes WAP (Wireless Application Protocol).
Foi só a partir da chegada do iPhone, que abriu o mercado dos smartphones, que passamos a fazer “tudo” pelo celular. Esse “tudo”, disponível a todo tempo, o que inclui uma sobrecarga de estímulos, (des)informações e distrações, além dos já conhecidos efeitos negativos das redes sociais, têm sido visto há um bom tempo como uma das razões para o aumento da sensação de infelicidade e depressão, principalmente entre os mais jovens, o que vem despertando uma certa nostalgia digital por “tempos mais simples”.
Não à toa, os “dumbphones”, os “telefones burros”, com poucos recursos e sem acesso aos aplicativos mais populares, voltaram à moda. Há muitas razões por trás da tendência: a vontade de reduzir o tempo de uso das redes sociais e viver mais o “real”, evitar a enxurrada de propagandas que invadem nossas telas durante o uso de internet, diminuir o ritmo do consumo de informações e entretenimento, reduzir a pegada de dados pessoais inevitavelmente deixadas para trás conforme usamos smartphones ou até mesmo reduzir o prejuízo de um possível roubo, com um “celular do ladrão” barato e sem acesso a apps de bancos.
Um dos novos modelos que mais chamou atenção recentemente foi o The Boring Phone, um celular estiloso com a cara retrô feito em parceria com a Heineken e a marca de roupas streetwear Bodega. Com design transparente, que lembra eletrônicos dos anos 1990 e 2000, uma tela LCD monocromática, câmera de baixíssima resolução e sem qualquer acesso a redes sociais, o celular faz uma proposta de reconexão com o presente, os amigos e os espaços reais, sem as distrações constantes dos smartphones.
Outro que despertou a nostalgia foi o relançamento do Nokia 3210, que mantém características do original mas vem equipado com funcionalidades modernas, incluindo conectividade 4G e o clássico jogo da cobrinha, agora com visual repaginado.
No entanto, os celulares burros já tiveram os seus reis. Veja uma lista de alguns dos celulares mais populares e desejados dos anos 2000:
Nokia 3210
Ano de lançamento: 1999
O Nokia 3210 é um dos celulares mais populares da história, com 161 milhões de unidades vendidas, em partes graças à sua campanha publicitária voltada ao público mais jovem e seu preço acessível. Além das capinhas coloridas intercambiáveis, trazia três jogos (incluindo o clássico jogo da cobrinha) e toques monofônicos personalizáveis.
Samsung A800
Ano de lançamento: 2002
Pesando apenas 68 gramas, o pequeno celular dobrável da Samsung se diferenciava pela sua luz azulada (em vez da então comum luz esverdeada) e cor metálica. Sua tela externa permitia ver as horas e informações adicionais. Entre seus recursos mais sofisticados, tinha internet WAP, câmera digital de 1,3 megapixel, slot para cartão de memória microSD, toques polifônicos e um design bem característico do começo do terceiro milênio.
Nokia 1110
Ano de lançamento: 2003
Com mais de 250 milhões de unidades vendidas, o Nokia 1110 foi o celular (e o dispositivo eletrônico de consumo) mais vendido da história – tanto que repetiu o feito com o modelo sucessor, lançado em 2005. Entre seus principais recursos estavam uma lanterna integrada e compatibilidade com as capinhas personalizadas da linha Nokia Xpress-On. Foi um dos modelos mais baratos lançados pela companhia, que o tornou popular em países emergentes.
Motorola RAZR V3
Ano de lançamento: 2004
Parte da linha dobrável da Motorola, com forte apelo ao design, o V3 se destacava pela sua elegância: trazia um corpo de alumínio leve, espessura fina, teclado plano com uma luz de fundo azul futurista, duas telas (uma externa e uma interna), câmera VGA com zoom digital. De tão moderno, se tornou objeto de desejo e símbolo fashion. Foi responsável por alavancar o lucro da Motorola e se tornou o celular dobrável de maior sucesso do mundo, com mais de 130 milhões de unidades vendidas.
Nokia 6010
Ano de lançamento: 2004
Voltado a usuários corporativos, o Nokia 6010 era uma atualização do modelo 3595. Trazia os mensageiros instantâneos ICQ e AOL Instant Messenger, além da compatibilidade com SMS e MMS. Se destacava por seu sistema de comando de voz, que permitia fazer ligações sem a necessidade de utilizar o teclado numérico.
LG Chocolate
Ano de lançamento: 2006
Símbolo de sofisticação na segunda metade de 2000, pelo menos até o lançamento do iPhone, o LG Chocolate tinha um design deslizante e estilosos botões sensíveis ao toque em sua face. Era mais leve e fino que a maioria dos celulares e vinha em diferentes cores. Recebeu múltiplas versões e acabou se tornando um dos produtos mais bem sucedidos da LG na década de 2000.
Samsung E250
Ano de lançamento: 2006
Um dos primeiros celulares da Samsung a atingir a marca de 20 milhões de unidades vendidas, o SGH-E250 se tornou famoso pelo seu design deslizante. Quando “fechado”, o aparelho possui um tamanho compacto e apenas as teclas frontais disponíveis para uso. O teclado alfanumérico aparece apenas se o usuário deslizar o telefone, permitindo ligações e outros usos.
Nokia 5310 Xpress Music
Ano de lançamento: 2007
Parte da linha Xpress Music, o modelo foi pensado aos amantes de música, com botões de tocador integrados na lateral do aparelho, como um MP3 player. Além de fino e leve (com menos de 1 centímetro de espessura e 71g), o celular se destacava pela sua faixa vermelha (também disponível em outras cores) e câmera de 2 megapixels.
Sony Ericsson W380
Ano de lançamento: 2008
Objeto de desejo entre os fãs de música, o Sony Ericsson W380 fazia parte da linha Walkman, da fabricante japonesa. Com um design dobrável elegante, funcionava como um MP3 player quando fechado, com botões sensíveis ao toque que se iluminavam e um display “secreto”, que apresentava notificações e o nome da música. Tinha recursos avançados para a época, como a capacidade de identificar músicas até mesmo de rádio FM, e suporte a acessórios via Bluetooth.
Blackberry Curve
Ano de lançamento: 2007
Os celulares da canadense Blackberry se destacavam pelo teclado QWERTY, que tornavam o envio de mensagens, e-mail e acesso à internet mais prático que os celulares convencionais pré-smartphones, com teclado alfanumérico e sem a tela sensível ao toque. A linha Curve foi uma das últimas e mais bem sucedidas da empresa, trazendo recursos avançados para a época, como GPS, suporte à internet móvel e, nas versões mais avançadas, Wi-Fi. Foi o maior concorrente do iPhone, até a Apple superar as vendas da Blackberry com o iPhone 4, a partir de 2010.