O americano Willis Gibson, 13, deixou muita gente perplexa ao ser o primeiro humano a derrotar Tetris, game clássico de encaixar peças que divertiu e desafiou gerações inteiras de jogadores. Antes dele, apenas um sistema de inteligência artificial (IA) tinha atingido feito semelhante.
Veja bem: ele não “terminou” o jogo, como acontece com outros tantos títulos, onde há uma conclusão da história e exibição de créditos. Tetris não foi criado para ter um final. Supostamente, a jogatina rolaria de forma infinita, limitada apenas pela capacidade de execução do código do programa. Ou seja, em determinado ponto, o código de Tetris não consegue mais gerar o jogo na velocidade que a programação determina. E o jogo trava.
Claro, para atingir a velocidade de comandos capaz de superar o código do jogo, Gibson não joga da mesma maneira que nós, humanos normais, nos acostumamos ao longo de décadas - esqueça aquela ideia de usar apenas os dois polegares enquanto o controle repousa sobre as palmas das mãos. Ele utilizou uma técnica que surgiu em 2020 entre jogadores profissionais, chamada “rolling”.
Criada pelo jogador profissional Chris Martinez, a técnica consiste em travar o polegar no direcional com uma mão e dar pequenos petelecos com a outra mão na traseira do controle. A vibração do acessório gera até 20 comandos por segundo sem gerar cansaço nos dedos - e foi uma saída para a técnica anterior usada por profissionais, conhecida como “hyper tapping”. Com ela, os jogadores pressionavam os botões de maneira frenética, o que gerava até 12 comandos por segundo.
No caso de Gibson, há ainda um detalhe: ele usa uma luva na mão que dá as pancadas no controle para reduzir o atrito nos dedos, o que garante um nível maior de conforto. Mesmo assim, após 38 minutos de confronto com Tetris, ele declarou: “Não consigo sentir minhas mãos”.
Veja abaixo como funciona a técnica que detonou Tetris.
Antes do mundo de Tetris de profissionalizar, as pessoas jogavam da mesma forma que você aprendeu na sua infância. O controle repousa horizontalmente nas mãos esquerda e direita. O polegar esquerdo pressiona o botão direcional (ou D-Pad), que move as peças no espaço de um lado para o outro. O polegar direito pressiona os botões vermelhos (se você usa o Nintendinho clássico), que rodam as peças em seu próprio eixo, permitindo o encaixe entre elas.
Já na técnica campeão, chamada de rolling, o polegar de uma das mãos pressiona constantemente o direcional, enquanto o dedo indicador da mesma mão fica com os botões vermelhos. A outra mão golpeia com cinco dedos quase ao mesmo tempo a parte traseira do controle, o que permite até 20 comandos por segundo.
Há jogadores que preferem usar a mão direita para os botões e a esquerda para os golpes, como na imagem acima, mas há aquela que também preferem posicionar o controle de ponta cabeça, com o fio apontando para a televisão, para poder jogar com as mãos trocadas.
No rolling, existem também algumas particularidades sobre como o controle deve ser posicionado. A técnica de Gibson, por exemplo, repousa o acessório sobre o calcanhar (!). Veja abaixo..