A guerra dos videogames ganhou um novo capítulo nesta semana em Los Angeles, durante a E3, maior feira de games do mundo, com o anúncio do Xbox One X, novo videogame da Microsoft. O console chega às lojas dos Estados Unidos em 7 de novembro para disputar espaço com o PlayStation 4 Pro, da Sony. As duas empresas tentam mostrar qual pode ser o futuro dos games. Economicamente, porém, trata-se de uma realidade que ainda parece virtual para muitos jogadores – especialmente no Brasil.
Juntos, PlayStation 4 Pro e Xbox One X fazem parte de uma “meia geração” de games, isto é, não aposentam suas versões anteriores. Por um lado, eles mostram novas tecnologias como realidade virtual, resolução 4K (Ultra HD) e High Dynamic Range (HDR), que podem melhorar os gráficos e a experiência dos jogadores nos consoles atuais. Por outro, apesar das diferenças, eles continuam fazendo parte da “família” de PlayStation 4 e Xbox One, lançados no final de 2013. Games e acessórios desses aparelhos, já presentes nas casas dos brasileiros, são compatíveis com os novos modelos.
“É muito cedo para mudar de geração e anunciarem um hipotético PlayStation 5”, diz Guilherme Camargo, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e ex-gerente geral da Microsoft no Brasil – ele foi o responsável por lançar o Xbox 360 no País. “Muita gente já gastou dinheiro comprando jogos para essas plataformas, que ainda estão se consolidando. Além disso, as empresas teriam enormes custos de marketing para lançar ‘novos’ videogames.”
Normalmente, o ciclo de vida de uma geração de consoles é de cinco anos – mas esse número tem crescido recentemente. Lançado em 2005, o Xbox 360, por exemplo, levou oito anos para ganhar um sucessor.
Top. Com preço de US$ 499, o Xbox One X aposta no alto desempenho para atrair os jogadores e ajudar a Microsoft a recuperar terreno no mercado – hoje, estima-se que a família Xbox One tenha vendido 30 milhões de unidades, bem abaixo dos 60 milhões de PlayStation 4 vendidos desde novembro de 2013.
“É um videogame para quem quer performance”, diz Brian Blau, analista da consultoria Gartner. Para ele, o que foi mostrado na E3 pode convencer os jogadores a trocar de Xbox, mas não é o suficiente para converter os fãs do PlayStation – cada marca tem jogos exclusivos. “Não acho que o Xbox One X vai mudar o cenário agora. Quem sabe no futuro, quando o videogame aderir à realidade virtual”, diz o analista.
É justamente na tecnologia de imersão que a Sony aposta parte de suas fichas hoje. Ao lado do PS4 Pro, menos potente que o rival, a empresa tem também o PlayStation VR, óculos de realidade virtual vendidos nos EUA por US$ 399. Nessa E3, a empresa mostrou alguns títulos feitos especialmente para a tecnologia – entre eles, um game de pesca da franquia Final Fantasy. “Quando esse mercado estiver maduro, a Sony estará na frente”, diz Blau.
Muitas moedinhas. A maioria dos jogadores, porém, não vai sair correndo para comprar os novos videogames. Primeiro, porque as principais vantagens de PS4 Pro e Xbox One X só podem ser percebidas quando o videogame é utilizado com uma televisão 4K – no Brasil, modelos de tamanho razoável custam a partir de R$ 2,5 mil. “Ainda é uma combinação bem cara”, avalia o analista da Gartner. “Nem todo mundo tem dinheiro ou mesmo se empolga para jogar em 4K”, diz André Pase, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Por serem produtos para fanáticos por games, os dois dispositivos devem ter baixa demanda no País. Faz pouco tempo que PS4 e Xbox One se tornaram consoles bem vendidos – até meados de 2016, segundo dados da GfK, o PlayStation 3 e o Xbox 360 ainda respondiam por mais da metade das vendas.
É provável que os novos consoles sejam importados. Com o dólar na casa dos R$ 3,30, porém, a expectativa é de que tanto PS4 Pro quanto Xbox One X cheguem por pelo menos R$ 3 mil às lojas de varejo. Uma oferta para poucos.