Vida de empreendedor iniciante não é fácil: o bolso pode ficar vazio, a casa e o escritório se confundem e as noites à base de café desafiam a saúde. Para quem não está inspirado em testar essa hipótese na vida real, mas quer sentir como é ser fundador de startup por um dia, uma boa saída é o game The Founder, lançado na última semana pelo americano Francis Tseng.
Gratuito, o game pode ser jogado nos navegadores Chrome e Firefox – basta acessar o site “thefounder.biz”. Inspirado em jogos de estratégia e simulação como SimCity e The Sims, The Founder tem gráficos simples, mas vale a pena pela sátira detalhada do Vale do Silício.
Rotina. O jogo começa em 2001, logo após a explosão da bolha da internet. No início, o jogador trabalha na própria casa e tem de escolher um nome e um cofundador para sua empresa – o parceiro pode ter qualidades como “incansável” ou “idiota, mas com dinheiro”.
Na sequência, é preciso partir de áreas básicas como “dispositivos” ou “tecnologia móvel” para criar produtos. É possível combinar ideias esquisitas, como “celebridades” e “logística”, e avançar em pesquisas como big data ou “vestíveis”.
Para criar os produtos, porém, é necessário recrutar funcionários. Para economizar nos salários, a saída é apelar para o discurso corporativo em frases como “nosso produto vai mudar o mundo” ou “a cultura da empresa é algo valioso para nós”. Os empregados são representados por cones coloridos e devem ser agradados com vantagens como sofás, máquinas de café ou mesas de pingue-pongue para seguir trabalhando felizes.
Prontos, os produtos vão para o mercado. Aí, o jogo vira um tabuleiro, à moda de War – a disputa, porém, não é por territórios, mas por fatias de mercado. Entre os rivais, há empresas inspiradas na vida real, como Kougle (Google), Carrot (Apple) ou Coralzon (Amazon).
Também é preciso faturar rápido e agradar o conselho, lutar por aportes e cuidar de aspectos como relações públicas da startup. Expansão global é outra missão importante. Dica: uma sede na Irlanda pode diminuir os impostos pagos pela empresa.
O tom de sátira é proposital: em sua campanha de financiamento coletivo no Kickstarter, o jogo é descrito como “um simulador de negócios distópicos”, pronto para mostrar que, por trás das inovações, há ideais temerários.
“Conforme você avança no jogo, é possível ter mais tecnologias, algumas bem futuristas”, disse Tseng à revista americana Fast Company. “Minha esperança é que o jogador perceba que esse não é o mundo no qual ele quer viver.”