Uma ilha abandonada, um grupo de adolescentes, um rádio amador e algumas latas de cerveja: certamente você já viu essa história antes em algum filme de terror meia boca exibido em alguma madrugada insone na frente da televisão. Essa também é a história de Oxenfree, uma grata surpresa do mundo dos games lançada no início de 2016 para Xbox One e PC. É o famoso tipo de jogo pequeno que pode passar despercebido por você ao longo do ano, mas se revela uma ótima experiência na hora de “revisitar” o que foi lançado antes do início de uma nova temporada de games.
Situado ao longo de uma única noite, o game mostra a visita da jovem Alex à misteriosa Edwards Island, usada no passado como uma base militar norte-americana. Ela é acompanhada por seu novo irmão postiço, Jonas, e por seu amigo Ren. Chegando lá, o trio se encontra com Clarissa, a ex-namorada do irmão recém-falecido de Alex, e sua melhor amiga Nona.
Juntos, os cinco começam a conversar na praia, ao redor da fogueira, fazendo brincadeiras adolescentes (lembra do “eu nunca” ou do “verdade e desafio”? Então). No entanto, à medida que as perguntas vão ficando mais sérias, o grupo se separa e coisas misteriosas começam a acontecer na ilha – com rádios misteriosos, vozes do além e espíritos que possuem pessoas.
O ambiente de filme de terror (e a busca dos adolescentes em entender o que de fato está acontecendo naquela ilha esquisita), no entanto, serve para dar vazão à uma boa narrativa calcada no poder das escolhas e das interações humanas. Assim como outros jogos recentes, como os da produtora Telltale (Batman, The Walking Dead) ou Life is Strange, Oxenfree aposta em diálogos alternativos – mais do que agir, a grande missão do jogador durante o game é escolher frases que podem fazer a história tomar um rumo diferente.
É possível, por exemplo, aproximar Alex de seu novo irmão postiço ou “empatar” os xavecos de Ren para cima da simpática Nona – para citar dois exemplos triviais que não vão fazer o jogador ficar chateado por um eventual spoiler. Isso para não falar em cenários e cenas em flash-back no qual Alex revive momentos de seu passado, dando ao game um caráter dramático interessante.
Como um bom jogo interativo, Oxenfree também tem múltiplos finais e uma estrutura que pode levar o jogador a repetir suas partidas para descobrir diferentes consequências de seus atos. Além de ser um bom trunfo para jogadores veteranos cansados de tiros e partidas de futebol, esse recurso também é interessante para atrair quem não está acostumado ao mundo dos games.
Outro fator que ajuda são os comandos simples e intuitivos do jogo – é preciso se mover pelo cenário com o botão direcional, usar um dos botões para as falas, um gatilho para sintonizar um rádio e outro gatilho para ter acesso ao mapa. Com cerca de cinco horas de duração, na média, o jogo também tem um tamanho que não deixa o jogador inexperiente se cansar de ficar na frente da tevê. Sua estrutura em capítulos, divididos por cada hora da noite, pode ser uma boa ferramenta para dividir a jogatina como se fosse uma série de TV. Além disso, os gráficos simpáticos do game e a dublagem esperta (em inglês) são dois pontos altos.
Vale a pena? Sim. Apesar da ambientação de suspense/terror, Oxenfree é um jogo sem sustos, mas com uma boa surpresa: sua história sobre escolhas, passado e relações humanas. É por conta dela que o jogo se sustenta e vale a pena, seja para um novato nos games ou para quem quer uma distração entre partidas de futebol e tiroteios online. Lançado despretensiosamente no início de 2016, Oxenfree merece bastante atenção. (E fica a dica: se você gostar dele, pode se animar a procurar outros títulos que seguem na mesma linha, como Life is Strange e Firewatch).
OxenfreeProdutora: Night School StudiosDistribuição: independentePreço: R$ 39Plataformas: PC, PS4 e Xbox OneJá disponível no Brasil