Revolucionário, Minecraft faz uma década nos games e busca o mundo real


Feito por desempregado, jogo vendeu 176 milhões de cópias com visual simples e liberdade de criação; nova versão usará realidade aumentada

Por Bruno Capelas
Steve, ao centro, sua picareta e uma mina de ouro criada a partir de jogadores mirins. 

Desempregado e morando com a mãe, o sueco Markus Persson decidiu, há dez anos, botar seus blocos na rua. Em vez de fantasia, ele pôs na internet a primeira versão de um jogo. Com gráficos pixelizados, o game permitia que o jogador explorasse o cenário e usasse recursos para criar o que mais desse na telha. Daí, o título da produção: Minecraft, responsável por revolucionar o mundo dos games. Dez anos e alguns bilhões de dólares depois, o jogo segue ganhando fãs e se prepara para nova empreitada: invadir o mundo real.

Lançado em 17 de maio de 2009, Minecraft passou um ano sendo feito apenas por Persson, conhecido na web como Notch – ele vendia o jogo por € 10 e lançava atualizações semanais. Quanto mais recursos lançava, mais o jogo vendia. Quando atingiu 15 mil cópias vendidas, ele decidiu montar um estúdio próprio, a Mojang – em seis meses, o jogo vendeu 1 milhão de cópias. Em 2014, o estúdio foi comprado por US$ 2,5 bilhões pela Microsoft. Hoje, com versões para videogames e celulares, Minecraft já bateu 176 milhões em vendas – é o segundo jogo mais vendido do mundo, atrás só de outro título de bloquinhos: Tetris.

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Caixa de areia

Ao contrário de sucessos da época, como Call of Duty, Minecraft estava longe de ter premissa clara: o jogo não tinha história, instruções ou missões. Pelo contrário: dava liberdade a total a quisesse explorá-lo – como crianças em uma caixa de areia. “Era como um balde de Lego, só que digital”, afirma Michael Pachter, analista da corretora Wedbush Securities. É uma característica aproveitada em hits como Fortnite, que mescla a construção a batalhas de tiro frenéticas. “Sem o lado de criar edifícios, Fortnite seria só um jogo de tiro”, diz Pachter.

O jogo também surgiu em uma época em que a indústria deixou as crianças de lado e focou em experiências maduras, com gráficos realistas e partidas competitivas. Já Minecraft era colaborativo. “Foi o primeiro jogo de muitas crianças. Elas cresceram com a sensação de que não havia limites nos games”, diz Guilherme Camargo, professor da ESPM. E não havia mesmo: sem barreiras a não ser a criatividade, o jogo também serviu como “estúdio de cinema” para quem quisesse criar suas histórias.

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Conheça os maiores youtubers de Minecraft do Brasil

1 | 9

Authentic Games

Foto: Giovanna Wolf/Estadão
2 | 9

AM3NlC

Foto: Giovanna Wolf/Estadão
3 | 9

TazerCraft

Foto: Giovanna Wolf/Estadão
4 | 9

VenomExtreme

Foto: Giovanna Wolf/Estadão
5 | 9

JP Plays

Foto: Giovanna Wolf/Estadão
6 | 9

Minecraft no YouTube

Foto: Giovanna Wolf/Estadão
7 | 9

Rezendeevil

Foto: Giovanna Wolf/Estadão
8 | 9

Jazzghost

Foto: Giovanna Wolf/Estadão
9 | 9

Cronosplays

Foto: Giovanna Wolf/Estadão

Inspiração

Os gráficos simples também ajudaram: primeiro, porque tornaram o game facilmente identificável. Também não exigiam dos jogadores máquinas de última geração. Foi uma mudança de paradigma: “Mesmo com orçamento limitado, Minecraft mostrou que era possível ter sucesso independente. Virou inspiração para quem cria jogos”, diz Camargo.

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Notch, porém, nunca esteve feliz com isso: ele só queria fazer jogos malucos, e não desenvolver uma marca. Em 2011, repassou o controle criativo do game a um amigo. Em 2014, quando a Microsoft comprou a Mojang, deixou a empresa. Hoje, vive recluso na Suécia, fazendo festas e pequenos jogos – promete abandonar qualquer criação que ganhe tração. Além disso, se envolveu em polêmicas sobre racismo e homossexualidade – por conta disso, na semana passada, na festa de 10 anos, Notch não foi convidado.

Em 2014, muita gente estranhou porque a Microsoft comprou um game que podia ser jogado nos consoles da rival Sony. Hoje, com a empresa em meio a uma estratégia que prioriza serviços e computação na nuvem, faz todo sentido: não importa onde seus games serão jogados – mas sim faturar com isso.

A companhia de Redmond também usa Minecraft para educação. Segundo a Microsoft, 35 milhões de alunos e professores têm licenças para jogar com os blocos na sala de aula, aprendendo física, biologia ou história. Um projeto da Unesco, por sua vez, usa o game para reconstruir digitalmente monumentos destruídos por conflitos no Oriente Médio.

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Camada

Agora, porém, a empresa quer estar no mundo real. Isso será possível em alguns meses, quando uma nova versão de Minecraft chegar aos celulares: trata-se de Minecraft Earth, game pelo qual será possível criar prédios com blocos virtuais, pela tela do celular, em qualquer praça, rua ou parque do mundo real. Para isso, o jogo usará a tecnologia de realidade aumentada, popularizada há alguns anos por Pokémon Go, mas de forma mais sofisticada: será possível que vários jogadores façam construções juntos, cada um em seu celular.

Segundo a Microsoft, o jogo usa a realidade para basear suas locações: lagos e rios, por exemplo, serão lugares onde os jogadores poderão pescar. “O conteúdo está todo no mundo real”, disse o engenheiro brasileiro Alex Kipman, participante do projeto, ao site americano The Verge. Mas ainda é um desafio saber como Microsoft vai renderizar milhares ou milhões de jogadores curtindo juntos – e evitar a bagunça que, há três anos, Pokémon Go causou em grandes cidades. De qualquer forma, será interessante ver os blocos, de novo, indo para a rua.

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Steve, ao centro, sua picareta e uma mina de ouro criada a partir de jogadores mirins. 

Desempregado e morando com a mãe, o sueco Markus Persson decidiu, há dez anos, botar seus blocos na rua. Em vez de fantasia, ele pôs na internet a primeira versão de um jogo. Com gráficos pixelizados, o game permitia que o jogador explorasse o cenário e usasse recursos para criar o que mais desse na telha. Daí, o título da produção: Minecraft, responsável por revolucionar o mundo dos games. Dez anos e alguns bilhões de dólares depois, o jogo segue ganhando fãs e se prepara para nova empreitada: invadir o mundo real.

Lançado em 17 de maio de 2009, Minecraft passou um ano sendo feito apenas por Persson, conhecido na web como Notch – ele vendia o jogo por € 10 e lançava atualizações semanais. Quanto mais recursos lançava, mais o jogo vendia. Quando atingiu 15 mil cópias vendidas, ele decidiu montar um estúdio próprio, a Mojang – em seis meses, o jogo vendeu 1 milhão de cópias. Em 2014, o estúdio foi comprado por US$ 2,5 bilhões pela Microsoft. Hoje, com versões para videogames e celulares, Minecraft já bateu 176 milhões em vendas – é o segundo jogo mais vendido do mundo, atrás só de outro título de bloquinhos: Tetris.

Caixa de areia

Ao contrário de sucessos da época, como Call of Duty, Minecraft estava longe de ter premissa clara: o jogo não tinha história, instruções ou missões. Pelo contrário: dava liberdade a total a quisesse explorá-lo – como crianças em uma caixa de areia. “Era como um balde de Lego, só que digital”, afirma Michael Pachter, analista da corretora Wedbush Securities. É uma característica aproveitada em hits como Fortnite, que mescla a construção a batalhas de tiro frenéticas. “Sem o lado de criar edifícios, Fortnite seria só um jogo de tiro”, diz Pachter.

O jogo também surgiu em uma época em que a indústria deixou as crianças de lado e focou em experiências maduras, com gráficos realistas e partidas competitivas. Já Minecraft era colaborativo. “Foi o primeiro jogo de muitas crianças. Elas cresceram com a sensação de que não havia limites nos games”, diz Guilherme Camargo, professor da ESPM. E não havia mesmo: sem barreiras a não ser a criatividade, o jogo também serviu como “estúdio de cinema” para quem quisesse criar suas histórias.

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Inspiração

Os gráficos simples também ajudaram: primeiro, porque tornaram o game facilmente identificável. Também não exigiam dos jogadores máquinas de última geração. Foi uma mudança de paradigma: “Mesmo com orçamento limitado, Minecraft mostrou que era possível ter sucesso independente. Virou inspiração para quem cria jogos”, diz Camargo.

Notch, porém, nunca esteve feliz com isso: ele só queria fazer jogos malucos, e não desenvolver uma marca. Em 2011, repassou o controle criativo do game a um amigo. Em 2014, quando a Microsoft comprou a Mojang, deixou a empresa. Hoje, vive recluso na Suécia, fazendo festas e pequenos jogos – promete abandonar qualquer criação que ganhe tração. Além disso, se envolveu em polêmicas sobre racismo e homossexualidade – por conta disso, na semana passada, na festa de 10 anos, Notch não foi convidado.

Em 2014, muita gente estranhou porque a Microsoft comprou um game que podia ser jogado nos consoles da rival Sony. Hoje, com a empresa em meio a uma estratégia que prioriza serviços e computação na nuvem, faz todo sentido: não importa onde seus games serão jogados – mas sim faturar com isso.

A companhia de Redmond também usa Minecraft para educação. Segundo a Microsoft, 35 milhões de alunos e professores têm licenças para jogar com os blocos na sala de aula, aprendendo física, biologia ou história. Um projeto da Unesco, por sua vez, usa o game para reconstruir digitalmente monumentos destruídos por conflitos no Oriente Médio.

Camada

Agora, porém, a empresa quer estar no mundo real. Isso será possível em alguns meses, quando uma nova versão de Minecraft chegar aos celulares: trata-se de Minecraft Earth, game pelo qual será possível criar prédios com blocos virtuais, pela tela do celular, em qualquer praça, rua ou parque do mundo real. Para isso, o jogo usará a tecnologia de realidade aumentada, popularizada há alguns anos por Pokémon Go, mas de forma mais sofisticada: será possível que vários jogadores façam construções juntos, cada um em seu celular.

Segundo a Microsoft, o jogo usa a realidade para basear suas locações: lagos e rios, por exemplo, serão lugares onde os jogadores poderão pescar. “O conteúdo está todo no mundo real”, disse o engenheiro brasileiro Alex Kipman, participante do projeto, ao site americano The Verge. Mas ainda é um desafio saber como Microsoft vai renderizar milhares ou milhões de jogadores curtindo juntos – e evitar a bagunça que, há três anos, Pokémon Go causou em grandes cidades. De qualquer forma, será interessante ver os blocos, de novo, indo para a rua.

Steve, ao centro, sua picareta e uma mina de ouro criada a partir de jogadores mirins. 

Desempregado e morando com a mãe, o sueco Markus Persson decidiu, há dez anos, botar seus blocos na rua. Em vez de fantasia, ele pôs na internet a primeira versão de um jogo. Com gráficos pixelizados, o game permitia que o jogador explorasse o cenário e usasse recursos para criar o que mais desse na telha. Daí, o título da produção: Minecraft, responsável por revolucionar o mundo dos games. Dez anos e alguns bilhões de dólares depois, o jogo segue ganhando fãs e se prepara para nova empreitada: invadir o mundo real.

Lançado em 17 de maio de 2009, Minecraft passou um ano sendo feito apenas por Persson, conhecido na web como Notch – ele vendia o jogo por € 10 e lançava atualizações semanais. Quanto mais recursos lançava, mais o jogo vendia. Quando atingiu 15 mil cópias vendidas, ele decidiu montar um estúdio próprio, a Mojang – em seis meses, o jogo vendeu 1 milhão de cópias. Em 2014, o estúdio foi comprado por US$ 2,5 bilhões pela Microsoft. Hoje, com versões para videogames e celulares, Minecraft já bateu 176 milhões em vendas – é o segundo jogo mais vendido do mundo, atrás só de outro título de bloquinhos: Tetris.

Caixa de areia

Ao contrário de sucessos da época, como Call of Duty, Minecraft estava longe de ter premissa clara: o jogo não tinha história, instruções ou missões. Pelo contrário: dava liberdade a total a quisesse explorá-lo – como crianças em uma caixa de areia. “Era como um balde de Lego, só que digital”, afirma Michael Pachter, analista da corretora Wedbush Securities. É uma característica aproveitada em hits como Fortnite, que mescla a construção a batalhas de tiro frenéticas. “Sem o lado de criar edifícios, Fortnite seria só um jogo de tiro”, diz Pachter.

O jogo também surgiu em uma época em que a indústria deixou as crianças de lado e focou em experiências maduras, com gráficos realistas e partidas competitivas. Já Minecraft era colaborativo. “Foi o primeiro jogo de muitas crianças. Elas cresceram com a sensação de que não havia limites nos games”, diz Guilherme Camargo, professor da ESPM. E não havia mesmo: sem barreiras a não ser a criatividade, o jogo também serviu como “estúdio de cinema” para quem quisesse criar suas histórias.

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Inspiração

Os gráficos simples também ajudaram: primeiro, porque tornaram o game facilmente identificável. Também não exigiam dos jogadores máquinas de última geração. Foi uma mudança de paradigma: “Mesmo com orçamento limitado, Minecraft mostrou que era possível ter sucesso independente. Virou inspiração para quem cria jogos”, diz Camargo.

Notch, porém, nunca esteve feliz com isso: ele só queria fazer jogos malucos, e não desenvolver uma marca. Em 2011, repassou o controle criativo do game a um amigo. Em 2014, quando a Microsoft comprou a Mojang, deixou a empresa. Hoje, vive recluso na Suécia, fazendo festas e pequenos jogos – promete abandonar qualquer criação que ganhe tração. Além disso, se envolveu em polêmicas sobre racismo e homossexualidade – por conta disso, na semana passada, na festa de 10 anos, Notch não foi convidado.

Em 2014, muita gente estranhou porque a Microsoft comprou um game que podia ser jogado nos consoles da rival Sony. Hoje, com a empresa em meio a uma estratégia que prioriza serviços e computação na nuvem, faz todo sentido: não importa onde seus games serão jogados – mas sim faturar com isso.

A companhia de Redmond também usa Minecraft para educação. Segundo a Microsoft, 35 milhões de alunos e professores têm licenças para jogar com os blocos na sala de aula, aprendendo física, biologia ou história. Um projeto da Unesco, por sua vez, usa o game para reconstruir digitalmente monumentos destruídos por conflitos no Oriente Médio.

Camada

Agora, porém, a empresa quer estar no mundo real. Isso será possível em alguns meses, quando uma nova versão de Minecraft chegar aos celulares: trata-se de Minecraft Earth, game pelo qual será possível criar prédios com blocos virtuais, pela tela do celular, em qualquer praça, rua ou parque do mundo real. Para isso, o jogo usará a tecnologia de realidade aumentada, popularizada há alguns anos por Pokémon Go, mas de forma mais sofisticada: será possível que vários jogadores façam construções juntos, cada um em seu celular.

Segundo a Microsoft, o jogo usa a realidade para basear suas locações: lagos e rios, por exemplo, serão lugares onde os jogadores poderão pescar. “O conteúdo está todo no mundo real”, disse o engenheiro brasileiro Alex Kipman, participante do projeto, ao site americano The Verge. Mas ainda é um desafio saber como Microsoft vai renderizar milhares ou milhões de jogadores curtindo juntos – e evitar a bagunça que, há três anos, Pokémon Go causou em grandes cidades. De qualquer forma, será interessante ver os blocos, de novo, indo para a rua.

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