RIO - Quase metade (43%) dos investimentos de capital de risco (private equity e venture capital) em empresas de tecnologia do Brasil resultou em perda total. Outros 17% tiveram alguma perda. Mas 8% tiveram retorno extraordinário: múltiplo de capital investido (MOIC) em dólares acima de 10, com um máximo de 455.
Os dados saltam de estudo produzido em parceria pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCap), a Spectra Investments e o Insper. Foram considerados dados de 1984 a 2022, somando 1.334 negócios, sendo 586 no setor de tecnologia e 748 nos demais setores. O estudo considera apenas investimentos já resgatados.
De acordo com o trabalho, o setor vem mostrando fôlego para entregar retornos atraentes, na média. Nos últimos 38 anos, o múltiplo em reais foi de R$ 5,8. Em dólares, ficou em US$ 2,8.
Para as companhias de tecnologia, o múltiplo foi de US$ 5,1 em dólares e R$ 7,9 em reais.
No conjunto dos outros setores, com menor risco, a proporção de perdas é bem menor: 13% de perda total e 18% com alguma perda. Os ganhos também são mais modestos: 4% dos resgates entregaram MOIC em dólares acima de 10, com um máximo de 57. Na média, o múltiplo foi de US$ 2,8 em dólar e R$ 5,8 em reais no conjunto de setores que exclui tecnologia.
O canal de saída que prevalece é a venda para investidores estratégicos (50%), e esse foi o caso tanto para negócios com empresas de tecnologia quanto com empresas analógicas.
Baixas contábeis corresponderam a 32% do total, sendo o destino de metade (51%) dos negócios tech, mas apenas 16% dos não-tech.
As aberturas de capital (IPOs) produziram os melhores retornos para os negócios que não são de tecnologia: taxa interna de retorno média de 41% e MOIC de 4,5. Em comparação, as empresas de tecnologia brasileiras tiveram sua primeira onda de IPOs com taxa interna de retorno de 55% e múltiplo de 5,2.