Além do ChatGPT: como a inteligência artificial começa a chegar para estudantes e professores


ChatGPT e outras ferramentas baseadas em IA mostram vocação para o uso da tecnologia em sala de aula

Por Lucas Agrela
Atualização:

A inteligência artificial (IA) ganhou protagonismo no mercado de tecnologia em 2023 e diversas áreas voltaram os olhares para o potencial de revolução que ela tem. Não é para menos. A inteligência artificial generativa poderá movimentar de US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões na economia mundial anualmente, segundo a consultoria McKinsey. Os principais setores afetados serão: bancário, de bens de consumo e ciências biomédicas. Porém, ferramentas como o ChatGPT mostram a vocação da IA para aplicações na sala de aula, e algumas empresas já perceberam isso.

Precursor no uso de aplicativos para ensino de idiomas, o Duolingo já tem aplicações de IA na aprendizagem dos usuários há alguns anos. A empresa americana nunca se propôs a substituir o papel da escola ou do professor, em vez disso, oferece formas mais “divertidas” de estudar.

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O líder de IA no Duolingo, Klinton Bicknell, conta que a empresa já usava a tecnologia, por exemplo, para analisar dados e entender o nível de conhecimento dos alunos e para identificar o melhor momento para enviar uma notificação para a lição do dia.

Segundo a empresa, mais de 1 bilhão de exercícios são feitos por dia no app. Agora, o Duolingo, que é parceiro da OpenIA, startup dona do ChatGPT, ampliou esforços para ter maior impacto da IA no dia a dia da empresa e dos usuários.

Um dos usos é para analisar frases traduzidas pelos alunos e explicar qual foi o erro que cometeram, uma forma de melhorar a experiência de aprendizado. Outro é a prática de conversação com um chatbot alimentado por IA. Os dois recursos fazem parte de um plano pago do app chamado Duolingo Max. A companhia de Pittsburgh planeja também outros aplicativos com o uso de ferramentas de IA, baseados em dados de aprendizagem dos usuários.

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“Estamos focados em expandir para muitos novos produtos. No fim, eles são parecidos. É preciso manter o público engajado com o app e tornar o aprendizado tão divertido e efetivo que as pessoas nem percebem que estão estudando. Queremos usar tecnologia de ponta para tornar isso realidade”, diz Bicknell.

O executivo diz que o aplicativo voltado ao ensino de matemática, Duolingo Math, ainda não usa recursos de IA na experiência do usuário, mas não descarta a aplicação futura da tecnologia nesse produto.

A plataforma de cursos Coursera também anunciou a implementação de funcionalidades baseadas em inteligência artificial. A empresa terá um produto chamado Coach, que é integrado ao ChatGPT, para responder a perguntas dos alunos, dar retorno sobre o processo de aprendizagem e resumir aulas em vídeo. Além disso, poderá dar conselhos sobre a progressão de carreira e sobre como agir em entrevistas de emprego.

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“Desde treinamento personalizado e traduções de cursos expandidas até a criação perfeita de cursos e ferramentas de avaliação cada vez mais rápidas, essas inovações marcam um novo capítulo para o ensino e a aprendizagem no Coursera e nossa visão de IA generativa no aprendizado on-line”, escreveu Shravan Goli, diretor de operações do Coursera, no anúncio das funcionalidades baseadas em IA, em abril deste ano.

Na visão do especialista em inteligência artificial Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, a educação deverá passar por um processo de transformação digital. “A inteligência artificial possibilita a personalização do aprendizado, considerando que cada indivíduo tem um modo único de aprender. O próprio modelo educacional precisa ser revisado e atualizado, com foco no desenvolvimento de novas habilidades. A capacidade de conectar pontos e ideias diversas torna-se um diferencial nesse contexto”, diz Emerick.

IA na educação brasileira

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No Brasil, o uso de IA na educação avança - ainda que a passos lentos. Um dos casos é o da Teachy, voltada a professores. Ela usa recursos de IA para acelerar o tempo de preparação de exercícios, correção e estudos. A correção das provas é automatizada, até mesmo de questões com respostas discursivas.

A vocação da IA para educação também é reforçada pelo relatório da McKinsey, que aponta o potencial de a tecnologia economizar 70% do tempo gasto em diferentes atividades.

“Temos que usar a IA da forma correta, com o professor sempre no centro da aprendizagem. Ele faz toda a diferença na sala de aula, é ele que pode mudar a vida dos alunos. Por isso, acredito que a IA deve ajudar o professor a ser mais eficiente fora da sala de aula. Não queremos o professor corrigindo pilhas de exercícios 300 vezes”, afirma Pedro Siciliano, fundador da Teachy.

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A plataforma da startup foi lançada em maio, com acesso gratuito limitado e a assinatura mensal que custa R$ 20.

Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi, e Débora Nunes, gerente de produtos da mesma instituição, apostam no uso da IA em plataforma para professores  Foto: PAULO LIEBERT

Para a educação pública, a Fundação 1 Bi prepara recursos de IA voltadas ao ensino em escolas públicas. A ferramenta será voltada a professores e deve auxiliar na produtividade desses profissionais, liberando mais tempo para a dedicação às aulas.

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A IA que deve chegar ao mercado nas próximas semanas será integrada ao AprendiZap, uma plataforma de planejamento de aula para professores. Ele passará a facilitar a consulta de conteúdos educacionais e a elaboração de listas de exercícios. O bot é totalmente gratuito.

“As startups normalmente estão interessadas em vender serviços para escolas. A fundação vive de doações e não tem fins lucrativos. Isso nos dá o diferencial para contribuir com a educação pública, tanto a versão do aluno quanto do professor são totalmente gratuitas”, diz Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi.

Kelly afirma que 1,5 milhão de alunos e 450 mil professores usaram o AprendiZap desde 2019, quando foi criado.

A partir de julho, a plataforma usará a IA generativa da OpenAI para gerar conteúdos sob demanda para professores.

Débora Nunes, gerente de produtos da Fundação 1Bi, conta que a IA também ajudou a lançar uma lista de 8 mil novos conteúdos na plataforma digital em três meses, enquanto o tempo sem o auxílio da tecnologia para realizar a mesma tarefa levaria 18 meses.

“A IA trará grande impacto na educação, não só pelas ferramentas em sala, mas porque os alunos já estão usando a IA”, afirma Débora.

A inteligência artificial (IA) ganhou protagonismo no mercado de tecnologia em 2023 e diversas áreas voltaram os olhares para o potencial de revolução que ela tem. Não é para menos. A inteligência artificial generativa poderá movimentar de US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões na economia mundial anualmente, segundo a consultoria McKinsey. Os principais setores afetados serão: bancário, de bens de consumo e ciências biomédicas. Porém, ferramentas como o ChatGPT mostram a vocação da IA para aplicações na sala de aula, e algumas empresas já perceberam isso.

Precursor no uso de aplicativos para ensino de idiomas, o Duolingo já tem aplicações de IA na aprendizagem dos usuários há alguns anos. A empresa americana nunca se propôs a substituir o papel da escola ou do professor, em vez disso, oferece formas mais “divertidas” de estudar.

O líder de IA no Duolingo, Klinton Bicknell, conta que a empresa já usava a tecnologia, por exemplo, para analisar dados e entender o nível de conhecimento dos alunos e para identificar o melhor momento para enviar uma notificação para a lição do dia.

Segundo a empresa, mais de 1 bilhão de exercícios são feitos por dia no app. Agora, o Duolingo, que é parceiro da OpenIA, startup dona do ChatGPT, ampliou esforços para ter maior impacto da IA no dia a dia da empresa e dos usuários.

Um dos usos é para analisar frases traduzidas pelos alunos e explicar qual foi o erro que cometeram, uma forma de melhorar a experiência de aprendizado. Outro é a prática de conversação com um chatbot alimentado por IA. Os dois recursos fazem parte de um plano pago do app chamado Duolingo Max. A companhia de Pittsburgh planeja também outros aplicativos com o uso de ferramentas de IA, baseados em dados de aprendizagem dos usuários.

“Estamos focados em expandir para muitos novos produtos. No fim, eles são parecidos. É preciso manter o público engajado com o app e tornar o aprendizado tão divertido e efetivo que as pessoas nem percebem que estão estudando. Queremos usar tecnologia de ponta para tornar isso realidade”, diz Bicknell.

O executivo diz que o aplicativo voltado ao ensino de matemática, Duolingo Math, ainda não usa recursos de IA na experiência do usuário, mas não descarta a aplicação futura da tecnologia nesse produto.

A plataforma de cursos Coursera também anunciou a implementação de funcionalidades baseadas em inteligência artificial. A empresa terá um produto chamado Coach, que é integrado ao ChatGPT, para responder a perguntas dos alunos, dar retorno sobre o processo de aprendizagem e resumir aulas em vídeo. Além disso, poderá dar conselhos sobre a progressão de carreira e sobre como agir em entrevistas de emprego.

“Desde treinamento personalizado e traduções de cursos expandidas até a criação perfeita de cursos e ferramentas de avaliação cada vez mais rápidas, essas inovações marcam um novo capítulo para o ensino e a aprendizagem no Coursera e nossa visão de IA generativa no aprendizado on-line”, escreveu Shravan Goli, diretor de operações do Coursera, no anúncio das funcionalidades baseadas em IA, em abril deste ano.

Na visão do especialista em inteligência artificial Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, a educação deverá passar por um processo de transformação digital. “A inteligência artificial possibilita a personalização do aprendizado, considerando que cada indivíduo tem um modo único de aprender. O próprio modelo educacional precisa ser revisado e atualizado, com foco no desenvolvimento de novas habilidades. A capacidade de conectar pontos e ideias diversas torna-se um diferencial nesse contexto”, diz Emerick.

IA na educação brasileira

No Brasil, o uso de IA na educação avança - ainda que a passos lentos. Um dos casos é o da Teachy, voltada a professores. Ela usa recursos de IA para acelerar o tempo de preparação de exercícios, correção e estudos. A correção das provas é automatizada, até mesmo de questões com respostas discursivas.

A vocação da IA para educação também é reforçada pelo relatório da McKinsey, que aponta o potencial de a tecnologia economizar 70% do tempo gasto em diferentes atividades.

“Temos que usar a IA da forma correta, com o professor sempre no centro da aprendizagem. Ele faz toda a diferença na sala de aula, é ele que pode mudar a vida dos alunos. Por isso, acredito que a IA deve ajudar o professor a ser mais eficiente fora da sala de aula. Não queremos o professor corrigindo pilhas de exercícios 300 vezes”, afirma Pedro Siciliano, fundador da Teachy.

A plataforma da startup foi lançada em maio, com acesso gratuito limitado e a assinatura mensal que custa R$ 20.

Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi, e Débora Nunes, gerente de produtos da mesma instituição, apostam no uso da IA em plataforma para professores  Foto: PAULO LIEBERT

Para a educação pública, a Fundação 1 Bi prepara recursos de IA voltadas ao ensino em escolas públicas. A ferramenta será voltada a professores e deve auxiliar na produtividade desses profissionais, liberando mais tempo para a dedicação às aulas.

A IA que deve chegar ao mercado nas próximas semanas será integrada ao AprendiZap, uma plataforma de planejamento de aula para professores. Ele passará a facilitar a consulta de conteúdos educacionais e a elaboração de listas de exercícios. O bot é totalmente gratuito.

“As startups normalmente estão interessadas em vender serviços para escolas. A fundação vive de doações e não tem fins lucrativos. Isso nos dá o diferencial para contribuir com a educação pública, tanto a versão do aluno quanto do professor são totalmente gratuitas”, diz Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi.

Kelly afirma que 1,5 milhão de alunos e 450 mil professores usaram o AprendiZap desde 2019, quando foi criado.

A partir de julho, a plataforma usará a IA generativa da OpenAI para gerar conteúdos sob demanda para professores.

Débora Nunes, gerente de produtos da Fundação 1Bi, conta que a IA também ajudou a lançar uma lista de 8 mil novos conteúdos na plataforma digital em três meses, enquanto o tempo sem o auxílio da tecnologia para realizar a mesma tarefa levaria 18 meses.

“A IA trará grande impacto na educação, não só pelas ferramentas em sala, mas porque os alunos já estão usando a IA”, afirma Débora.

A inteligência artificial (IA) ganhou protagonismo no mercado de tecnologia em 2023 e diversas áreas voltaram os olhares para o potencial de revolução que ela tem. Não é para menos. A inteligência artificial generativa poderá movimentar de US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões na economia mundial anualmente, segundo a consultoria McKinsey. Os principais setores afetados serão: bancário, de bens de consumo e ciências biomédicas. Porém, ferramentas como o ChatGPT mostram a vocação da IA para aplicações na sala de aula, e algumas empresas já perceberam isso.

Precursor no uso de aplicativos para ensino de idiomas, o Duolingo já tem aplicações de IA na aprendizagem dos usuários há alguns anos. A empresa americana nunca se propôs a substituir o papel da escola ou do professor, em vez disso, oferece formas mais “divertidas” de estudar.

O líder de IA no Duolingo, Klinton Bicknell, conta que a empresa já usava a tecnologia, por exemplo, para analisar dados e entender o nível de conhecimento dos alunos e para identificar o melhor momento para enviar uma notificação para a lição do dia.

Segundo a empresa, mais de 1 bilhão de exercícios são feitos por dia no app. Agora, o Duolingo, que é parceiro da OpenIA, startup dona do ChatGPT, ampliou esforços para ter maior impacto da IA no dia a dia da empresa e dos usuários.

Um dos usos é para analisar frases traduzidas pelos alunos e explicar qual foi o erro que cometeram, uma forma de melhorar a experiência de aprendizado. Outro é a prática de conversação com um chatbot alimentado por IA. Os dois recursos fazem parte de um plano pago do app chamado Duolingo Max. A companhia de Pittsburgh planeja também outros aplicativos com o uso de ferramentas de IA, baseados em dados de aprendizagem dos usuários.

“Estamos focados em expandir para muitos novos produtos. No fim, eles são parecidos. É preciso manter o público engajado com o app e tornar o aprendizado tão divertido e efetivo que as pessoas nem percebem que estão estudando. Queremos usar tecnologia de ponta para tornar isso realidade”, diz Bicknell.

O executivo diz que o aplicativo voltado ao ensino de matemática, Duolingo Math, ainda não usa recursos de IA na experiência do usuário, mas não descarta a aplicação futura da tecnologia nesse produto.

A plataforma de cursos Coursera também anunciou a implementação de funcionalidades baseadas em inteligência artificial. A empresa terá um produto chamado Coach, que é integrado ao ChatGPT, para responder a perguntas dos alunos, dar retorno sobre o processo de aprendizagem e resumir aulas em vídeo. Além disso, poderá dar conselhos sobre a progressão de carreira e sobre como agir em entrevistas de emprego.

“Desde treinamento personalizado e traduções de cursos expandidas até a criação perfeita de cursos e ferramentas de avaliação cada vez mais rápidas, essas inovações marcam um novo capítulo para o ensino e a aprendizagem no Coursera e nossa visão de IA generativa no aprendizado on-line”, escreveu Shravan Goli, diretor de operações do Coursera, no anúncio das funcionalidades baseadas em IA, em abril deste ano.

Na visão do especialista em inteligência artificial Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, a educação deverá passar por um processo de transformação digital. “A inteligência artificial possibilita a personalização do aprendizado, considerando que cada indivíduo tem um modo único de aprender. O próprio modelo educacional precisa ser revisado e atualizado, com foco no desenvolvimento de novas habilidades. A capacidade de conectar pontos e ideias diversas torna-se um diferencial nesse contexto”, diz Emerick.

IA na educação brasileira

No Brasil, o uso de IA na educação avança - ainda que a passos lentos. Um dos casos é o da Teachy, voltada a professores. Ela usa recursos de IA para acelerar o tempo de preparação de exercícios, correção e estudos. A correção das provas é automatizada, até mesmo de questões com respostas discursivas.

A vocação da IA para educação também é reforçada pelo relatório da McKinsey, que aponta o potencial de a tecnologia economizar 70% do tempo gasto em diferentes atividades.

“Temos que usar a IA da forma correta, com o professor sempre no centro da aprendizagem. Ele faz toda a diferença na sala de aula, é ele que pode mudar a vida dos alunos. Por isso, acredito que a IA deve ajudar o professor a ser mais eficiente fora da sala de aula. Não queremos o professor corrigindo pilhas de exercícios 300 vezes”, afirma Pedro Siciliano, fundador da Teachy.

A plataforma da startup foi lançada em maio, com acesso gratuito limitado e a assinatura mensal que custa R$ 20.

Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi, e Débora Nunes, gerente de produtos da mesma instituição, apostam no uso da IA em plataforma para professores  Foto: PAULO LIEBERT

Para a educação pública, a Fundação 1 Bi prepara recursos de IA voltadas ao ensino em escolas públicas. A ferramenta será voltada a professores e deve auxiliar na produtividade desses profissionais, liberando mais tempo para a dedicação às aulas.

A IA que deve chegar ao mercado nas próximas semanas será integrada ao AprendiZap, uma plataforma de planejamento de aula para professores. Ele passará a facilitar a consulta de conteúdos educacionais e a elaboração de listas de exercícios. O bot é totalmente gratuito.

“As startups normalmente estão interessadas em vender serviços para escolas. A fundação vive de doações e não tem fins lucrativos. Isso nos dá o diferencial para contribuir com a educação pública, tanto a versão do aluno quanto do professor são totalmente gratuitas”, diz Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi.

Kelly afirma que 1,5 milhão de alunos e 450 mil professores usaram o AprendiZap desde 2019, quando foi criado.

A partir de julho, a plataforma usará a IA generativa da OpenAI para gerar conteúdos sob demanda para professores.

Débora Nunes, gerente de produtos da Fundação 1Bi, conta que a IA também ajudou a lançar uma lista de 8 mil novos conteúdos na plataforma digital em três meses, enquanto o tempo sem o auxílio da tecnologia para realizar a mesma tarefa levaria 18 meses.

“A IA trará grande impacto na educação, não só pelas ferramentas em sala, mas porque os alunos já estão usando a IA”, afirma Débora.

A inteligência artificial (IA) ganhou protagonismo no mercado de tecnologia em 2023 e diversas áreas voltaram os olhares para o potencial de revolução que ela tem. Não é para menos. A inteligência artificial generativa poderá movimentar de US$ 2,6 trilhões a US$ 4,4 trilhões na economia mundial anualmente, segundo a consultoria McKinsey. Os principais setores afetados serão: bancário, de bens de consumo e ciências biomédicas. Porém, ferramentas como o ChatGPT mostram a vocação da IA para aplicações na sala de aula, e algumas empresas já perceberam isso.

Precursor no uso de aplicativos para ensino de idiomas, o Duolingo já tem aplicações de IA na aprendizagem dos usuários há alguns anos. A empresa americana nunca se propôs a substituir o papel da escola ou do professor, em vez disso, oferece formas mais “divertidas” de estudar.

O líder de IA no Duolingo, Klinton Bicknell, conta que a empresa já usava a tecnologia, por exemplo, para analisar dados e entender o nível de conhecimento dos alunos e para identificar o melhor momento para enviar uma notificação para a lição do dia.

Segundo a empresa, mais de 1 bilhão de exercícios são feitos por dia no app. Agora, o Duolingo, que é parceiro da OpenIA, startup dona do ChatGPT, ampliou esforços para ter maior impacto da IA no dia a dia da empresa e dos usuários.

Um dos usos é para analisar frases traduzidas pelos alunos e explicar qual foi o erro que cometeram, uma forma de melhorar a experiência de aprendizado. Outro é a prática de conversação com um chatbot alimentado por IA. Os dois recursos fazem parte de um plano pago do app chamado Duolingo Max. A companhia de Pittsburgh planeja também outros aplicativos com o uso de ferramentas de IA, baseados em dados de aprendizagem dos usuários.

“Estamos focados em expandir para muitos novos produtos. No fim, eles são parecidos. É preciso manter o público engajado com o app e tornar o aprendizado tão divertido e efetivo que as pessoas nem percebem que estão estudando. Queremos usar tecnologia de ponta para tornar isso realidade”, diz Bicknell.

O executivo diz que o aplicativo voltado ao ensino de matemática, Duolingo Math, ainda não usa recursos de IA na experiência do usuário, mas não descarta a aplicação futura da tecnologia nesse produto.

A plataforma de cursos Coursera também anunciou a implementação de funcionalidades baseadas em inteligência artificial. A empresa terá um produto chamado Coach, que é integrado ao ChatGPT, para responder a perguntas dos alunos, dar retorno sobre o processo de aprendizagem e resumir aulas em vídeo. Além disso, poderá dar conselhos sobre a progressão de carreira e sobre como agir em entrevistas de emprego.

“Desde treinamento personalizado e traduções de cursos expandidas até a criação perfeita de cursos e ferramentas de avaliação cada vez mais rápidas, essas inovações marcam um novo capítulo para o ensino e a aprendizagem no Coursera e nossa visão de IA generativa no aprendizado on-line”, escreveu Shravan Goli, diretor de operações do Coursera, no anúncio das funcionalidades baseadas em IA, em abril deste ano.

Na visão do especialista em inteligência artificial Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, a educação deverá passar por um processo de transformação digital. “A inteligência artificial possibilita a personalização do aprendizado, considerando que cada indivíduo tem um modo único de aprender. O próprio modelo educacional precisa ser revisado e atualizado, com foco no desenvolvimento de novas habilidades. A capacidade de conectar pontos e ideias diversas torna-se um diferencial nesse contexto”, diz Emerick.

IA na educação brasileira

No Brasil, o uso de IA na educação avança - ainda que a passos lentos. Um dos casos é o da Teachy, voltada a professores. Ela usa recursos de IA para acelerar o tempo de preparação de exercícios, correção e estudos. A correção das provas é automatizada, até mesmo de questões com respostas discursivas.

A vocação da IA para educação também é reforçada pelo relatório da McKinsey, que aponta o potencial de a tecnologia economizar 70% do tempo gasto em diferentes atividades.

“Temos que usar a IA da forma correta, com o professor sempre no centro da aprendizagem. Ele faz toda a diferença na sala de aula, é ele que pode mudar a vida dos alunos. Por isso, acredito que a IA deve ajudar o professor a ser mais eficiente fora da sala de aula. Não queremos o professor corrigindo pilhas de exercícios 300 vezes”, afirma Pedro Siciliano, fundador da Teachy.

A plataforma da startup foi lançada em maio, com acesso gratuito limitado e a assinatura mensal que custa R$ 20.

Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi, e Débora Nunes, gerente de produtos da mesma instituição, apostam no uso da IA em plataforma para professores  Foto: PAULO LIEBERT

Para a educação pública, a Fundação 1 Bi prepara recursos de IA voltadas ao ensino em escolas públicas. A ferramenta será voltada a professores e deve auxiliar na produtividade desses profissionais, liberando mais tempo para a dedicação às aulas.

A IA que deve chegar ao mercado nas próximas semanas será integrada ao AprendiZap, uma plataforma de planejamento de aula para professores. Ele passará a facilitar a consulta de conteúdos educacionais e a elaboração de listas de exercícios. O bot é totalmente gratuito.

“As startups normalmente estão interessadas em vender serviços para escolas. A fundação vive de doações e não tem fins lucrativos. Isso nos dá o diferencial para contribuir com a educação pública, tanto a versão do aluno quanto do professor são totalmente gratuitas”, diz Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi.

Kelly afirma que 1,5 milhão de alunos e 450 mil professores usaram o AprendiZap desde 2019, quando foi criado.

A partir de julho, a plataforma usará a IA generativa da OpenAI para gerar conteúdos sob demanda para professores.

Débora Nunes, gerente de produtos da Fundação 1Bi, conta que a IA também ajudou a lançar uma lista de 8 mil novos conteúdos na plataforma digital em três meses, enquanto o tempo sem o auxílio da tecnologia para realizar a mesma tarefa levaria 18 meses.

“A IA trará grande impacto na educação, não só pelas ferramentas em sala, mas porque os alunos já estão usando a IA”, afirma Débora.

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