Aplicativo Kahoot vira hit no ensino a distância e mira mercado brasileiro


Presidente da startup norueguesa conta como o app deixa a sala de aula digital menos entediante e projeta 2021

Por Giovanna Wolf

Mesmo sem ser rede social ou joguinho, o aplicativo de educação Kahoot conquistou nos últimos meses um espaço importante: os smartphones de estudantes. Com quizzes e atividades interativas de ensino, a plataforma norueguesa foi impulsionada pela pandemia. Em 2020, ela chegou à marca de 24 milhões de usuários no mundo - 350 mil deles no Brasil. 

Para dar gás ao novo nível de demanda - um reflexo direto do novo status do ensino remoto -, o Kahoot levantou duas rodadas de investimento em 2020: uma de US$ 28 milhões, em junho, e outra de US$ 215 milhões, em outubro - esta liderada pelo grupo japonês SoftBank. Entre os investidores da startup, fundada em 2013, também estão nomes de peso como Microsoft e Disney

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Quizzes do Kahoot prendem a atenção dos alunos Foto: Phil Noble/Reuters

O objetivo do Kahoot sempre foi ajudar no engajamento de alunos: o professor consegue, por exemplo, criar jogos educativos personalizados, levando em conta o conteúdo da aula. Apesar de já existir antes da pandemia, o app ganhou espaço justamente por valorizar algo tão frágil nas aulas online: a atenção dos alunos. A empresa oferece o app gratuitamente, mas disponibiliza ferramentas premium por meio de planos de assinaturas - o Kahoot tem cerca de 550 mil usuários pagantes globalmente. Os pacotes variam de US$ 3 a US$ 9 por mês. 

O crescimento incentivou a startup a lançar em dezembro uma versão de seu app com ferramentas e conteúdos totalmente em português - e o plano agora é inserir ainda mais a plataforma no mercado brasileiro. “Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma”, afirma Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot.

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Em entrevista exclusiva ao Estadão, o executivo fala sobre aceleração dos negócios do Kahoot e também discute o futuro do ensino remoto - para ele, o Kahoot não é apenas um fenômeno da covid-19. Confira os melhores momentos. 

Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot Foto: Kahoot

Como foi o ano de 2020 para o Kahoot?

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Foi um ano desafiador, claro, mas o Kahoot teve a oportunidade de ser ainda mais relevante para os usuários como uma plataforma digital de ensino que envolve comunicação e engajamento. Ajudamos escolas e professores a fazerem a educação online acontecer em um ano tão difícil. Nesse sentido, tivemos um bom crescimento - tanto em receita quanto em número de usuários - investimos em aquisições e também contratamos mais 100 pessoas para a equipe. 

Por que o Kahoot é um serviço inovador e como vocês quebram o modelo tradicional de ensino?

Nós não necessariamente quebramos o modelo. Nosso objetivo é muito mais garantir que o professor seja o herói da classe: isso significa todos os olhares na sala de aula estarem voltados aos professores e não para baixo, no smartphone. Para aprender, os estudantes precisam estar focados no que está acontecendo. O Kahoot ajuda a garantir que tudo aconteça na aula: você precisa prestar atenção para responder corretamente um quiz, por exemplo. Ao mesmo tempo, elementos de gamificação fazem com que seja mais divertido prestar atenção. Somos um facilitador de aprendizado e não um substituto do professor. Nossa missão é transformar o aprendizado em algo incrível e estivemos ao lado de sete milhões de professores no mundo todo em 2020 ajudando a fazer essa ideia acontecer.

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O Kahoot chegou a 350 mil usuários no Brasil no ano passado. Qual é a importância do mercado brasileiro para o Kahoot hoje?

No começo de tudo, o Kahoot era uma plataforma disponível apenas em inglês, mas, aos poucos, fomos percebendo que havia potencial para atingir ainda mais professores e alunos. Por isso, no ano passado, passamos a investir em localizar nossas soluções, entregando conteúdos e recursos em diferentes idiomas. O mercado brasileiro para o Kahoot atualmente é semelhante ao tamanho da audiência que temos na Colômbia. Porém, o tamanho do Brasil traz uma grande oportunidade. Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma. 

Vocês tiveram de adaptar o serviço de alguma forma para dar conta do crescimento na pandemia? 

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Sim, com certeza. E aceleramos também o lançamento de ferramentas. Por sorte já estávamos preparando antes da pandemia algumas ferramentas de estudo individual e ferramentas de conferência de vídeo, mas quando a pandemia se tornou uma realidade tivemos de acelerar os planos. Em 2020 também passamos a integrar o Kahoot com plataformas como o Microsoft Teams, Google Classroom e Zoom

Além da parte educativa, o Kahoot oferece treinamento corporativo para empresas. Como tem sido o desempenho dessa parte do negócio na pandemia?

Esse ponto é interessante. Nos últimos meses, vimos diferentes mudanças de mentalidade nas corporações ao redor do mundo. Acredito que para qualquer companhia foi desafiador construir uma cultura corporativa remotamente, conectando as pessoas tanto racionalmente quanto emocionalmente. O Kahoot consegue ajudar nisso. Duas pessoas conseguem conversar bem em um app de videoconferência, porque é uma conversa em direção única, já com 20 pessoas em uma chamada do Zoom fica bem mais difícil: é complicado manter a atenção de todo mundo, um dos participantes pode estar navegando na internet, o outro vendo e-mails, e por aí vai. É preciso ter uma interatividade, não apenas escutar, mas engajar com o momento. Imagine que você esteja fazendo uma apresentação discutindo qual é o melhor slogan para a sua empresa, por exemplo. Com ferramentas digitais, você pode perguntar à sua audiência o que elas acham das opções. O Kahoot deixou de ser um recurso interessante para empresas e passou a ser uma solução necessária.

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Professores e alunos têm enfrentado dificuldades na pandemia para fazer o ensino à distância dar certo - e há também um problema de falta de acesso a ferramentas digitais. Como resolver isso?

Não há dúvida que, em geral, soluções de startups de educação ainda não alcançam todo mundo - estamos ainda no começo desse movimento. O que tentamos fazer nesse sentido é transformar o Kahoot na plataforma mais simples e eficiente possível - sempre pensamos nessa praticidade quando lançamos algum recurso. O Kahoot tem uma versão gratuita e, hoje, se a família não tem um smartphone potente, ela consegue usar o nosso serviço pelo computador. Podemos ser melhores, é claro, e o resto da indústria também.

Quase todas as grandes empresas de tecnologia têm investido em soluções de educação. Qual é exatamente o espaço do Kahoot nesse mercado?

Além da Microsoft, mantemos parcerias e integrações com serviços do Google e da Apple, por exemplo. Quanto melhor forem as integrações entres várias soluções de educação já estabelecidas, melhor é para o professor. Nos conectamos com quem já está atuando e construímos coisas que ainda não estão no mercado. Nossa posição é mais de um software extra em adição às ótimas soluções vindas das grandes corporações. E um dos nossos focos é a parte de conteúdo. 

O sr. acredita que o Kahoot vai conseguir manter o crescimento mesmo quando a pandemia passar?

Existe uma discussão sobre quando vamos voltar ao normal e o quão normal isso vai ser. Mas, fora isso, o Kahoot já estava crescendo mesmo antes da pandemia. Não somos um fenômeno da covid-19: já oferecíamos soluções para dentro da sala de aula, e também uma dimensão de ensino digital. Hoje temos mais ferramentas e aumentamos nossa relevância, mas definitivamente esperamos ver no longo prazo uma combinação híbrida de aulas presenciais com digitais. Será mais importante do que nunca os professores terem plataformas digitais que funcionem tanto para ensino presencial quanto para virtual. Podemos oferecer essas duas habilidades, engajando na sala de aula e também nos encontros virtuais. 

De que forma o sr. acha que o ensino remoto vai continuar no pós-pandemia?

Não exatamente como hoje, já que estamos em uma situação forçada. Porém, esperamos que os professores continuem mandando tarefas de casa em formato digital, por exemplo - é muito melhor para o estudante. Especialmente se você tiver de se preparar para uma prova, é importante ter uma forma de fazer isso remotamente, se comunicando com o professor e outros alunos. 

Quais são os planos do Kahoot para 2021?

Vamos continuar crescendo e localizando a plataforma em diferentes países, como o Brasil. Também continuaremos olhando para oportunidades de aquisições de empresas que possam agregar ao nosso negócio. 

Mesmo sem ser rede social ou joguinho, o aplicativo de educação Kahoot conquistou nos últimos meses um espaço importante: os smartphones de estudantes. Com quizzes e atividades interativas de ensino, a plataforma norueguesa foi impulsionada pela pandemia. Em 2020, ela chegou à marca de 24 milhões de usuários no mundo - 350 mil deles no Brasil. 

Para dar gás ao novo nível de demanda - um reflexo direto do novo status do ensino remoto -, o Kahoot levantou duas rodadas de investimento em 2020: uma de US$ 28 milhões, em junho, e outra de US$ 215 milhões, em outubro - esta liderada pelo grupo japonês SoftBank. Entre os investidores da startup, fundada em 2013, também estão nomes de peso como Microsoft e Disney

Quizzes do Kahoot prendem a atenção dos alunos Foto: Phil Noble/Reuters

O objetivo do Kahoot sempre foi ajudar no engajamento de alunos: o professor consegue, por exemplo, criar jogos educativos personalizados, levando em conta o conteúdo da aula. Apesar de já existir antes da pandemia, o app ganhou espaço justamente por valorizar algo tão frágil nas aulas online: a atenção dos alunos. A empresa oferece o app gratuitamente, mas disponibiliza ferramentas premium por meio de planos de assinaturas - o Kahoot tem cerca de 550 mil usuários pagantes globalmente. Os pacotes variam de US$ 3 a US$ 9 por mês. 

O crescimento incentivou a startup a lançar em dezembro uma versão de seu app com ferramentas e conteúdos totalmente em português - e o plano agora é inserir ainda mais a plataforma no mercado brasileiro. “Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma”, afirma Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o executivo fala sobre aceleração dos negócios do Kahoot e também discute o futuro do ensino remoto - para ele, o Kahoot não é apenas um fenômeno da covid-19. Confira os melhores momentos. 

Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot Foto: Kahoot

Como foi o ano de 2020 para o Kahoot?

Foi um ano desafiador, claro, mas o Kahoot teve a oportunidade de ser ainda mais relevante para os usuários como uma plataforma digital de ensino que envolve comunicação e engajamento. Ajudamos escolas e professores a fazerem a educação online acontecer em um ano tão difícil. Nesse sentido, tivemos um bom crescimento - tanto em receita quanto em número de usuários - investimos em aquisições e também contratamos mais 100 pessoas para a equipe. 

Por que o Kahoot é um serviço inovador e como vocês quebram o modelo tradicional de ensino?

Nós não necessariamente quebramos o modelo. Nosso objetivo é muito mais garantir que o professor seja o herói da classe: isso significa todos os olhares na sala de aula estarem voltados aos professores e não para baixo, no smartphone. Para aprender, os estudantes precisam estar focados no que está acontecendo. O Kahoot ajuda a garantir que tudo aconteça na aula: você precisa prestar atenção para responder corretamente um quiz, por exemplo. Ao mesmo tempo, elementos de gamificação fazem com que seja mais divertido prestar atenção. Somos um facilitador de aprendizado e não um substituto do professor. Nossa missão é transformar o aprendizado em algo incrível e estivemos ao lado de sete milhões de professores no mundo todo em 2020 ajudando a fazer essa ideia acontecer.

O Kahoot chegou a 350 mil usuários no Brasil no ano passado. Qual é a importância do mercado brasileiro para o Kahoot hoje?

No começo de tudo, o Kahoot era uma plataforma disponível apenas em inglês, mas, aos poucos, fomos percebendo que havia potencial para atingir ainda mais professores e alunos. Por isso, no ano passado, passamos a investir em localizar nossas soluções, entregando conteúdos e recursos em diferentes idiomas. O mercado brasileiro para o Kahoot atualmente é semelhante ao tamanho da audiência que temos na Colômbia. Porém, o tamanho do Brasil traz uma grande oportunidade. Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma. 

Vocês tiveram de adaptar o serviço de alguma forma para dar conta do crescimento na pandemia? 

Sim, com certeza. E aceleramos também o lançamento de ferramentas. Por sorte já estávamos preparando antes da pandemia algumas ferramentas de estudo individual e ferramentas de conferência de vídeo, mas quando a pandemia se tornou uma realidade tivemos de acelerar os planos. Em 2020 também passamos a integrar o Kahoot com plataformas como o Microsoft Teams, Google Classroom e Zoom

Além da parte educativa, o Kahoot oferece treinamento corporativo para empresas. Como tem sido o desempenho dessa parte do negócio na pandemia?

Esse ponto é interessante. Nos últimos meses, vimos diferentes mudanças de mentalidade nas corporações ao redor do mundo. Acredito que para qualquer companhia foi desafiador construir uma cultura corporativa remotamente, conectando as pessoas tanto racionalmente quanto emocionalmente. O Kahoot consegue ajudar nisso. Duas pessoas conseguem conversar bem em um app de videoconferência, porque é uma conversa em direção única, já com 20 pessoas em uma chamada do Zoom fica bem mais difícil: é complicado manter a atenção de todo mundo, um dos participantes pode estar navegando na internet, o outro vendo e-mails, e por aí vai. É preciso ter uma interatividade, não apenas escutar, mas engajar com o momento. Imagine que você esteja fazendo uma apresentação discutindo qual é o melhor slogan para a sua empresa, por exemplo. Com ferramentas digitais, você pode perguntar à sua audiência o que elas acham das opções. O Kahoot deixou de ser um recurso interessante para empresas e passou a ser uma solução necessária.

Professores e alunos têm enfrentado dificuldades na pandemia para fazer o ensino à distância dar certo - e há também um problema de falta de acesso a ferramentas digitais. Como resolver isso?

Não há dúvida que, em geral, soluções de startups de educação ainda não alcançam todo mundo - estamos ainda no começo desse movimento. O que tentamos fazer nesse sentido é transformar o Kahoot na plataforma mais simples e eficiente possível - sempre pensamos nessa praticidade quando lançamos algum recurso. O Kahoot tem uma versão gratuita e, hoje, se a família não tem um smartphone potente, ela consegue usar o nosso serviço pelo computador. Podemos ser melhores, é claro, e o resto da indústria também.

Quase todas as grandes empresas de tecnologia têm investido em soluções de educação. Qual é exatamente o espaço do Kahoot nesse mercado?

Além da Microsoft, mantemos parcerias e integrações com serviços do Google e da Apple, por exemplo. Quanto melhor forem as integrações entres várias soluções de educação já estabelecidas, melhor é para o professor. Nos conectamos com quem já está atuando e construímos coisas que ainda não estão no mercado. Nossa posição é mais de um software extra em adição às ótimas soluções vindas das grandes corporações. E um dos nossos focos é a parte de conteúdo. 

O sr. acredita que o Kahoot vai conseguir manter o crescimento mesmo quando a pandemia passar?

Existe uma discussão sobre quando vamos voltar ao normal e o quão normal isso vai ser. Mas, fora isso, o Kahoot já estava crescendo mesmo antes da pandemia. Não somos um fenômeno da covid-19: já oferecíamos soluções para dentro da sala de aula, e também uma dimensão de ensino digital. Hoje temos mais ferramentas e aumentamos nossa relevância, mas definitivamente esperamos ver no longo prazo uma combinação híbrida de aulas presenciais com digitais. Será mais importante do que nunca os professores terem plataformas digitais que funcionem tanto para ensino presencial quanto para virtual. Podemos oferecer essas duas habilidades, engajando na sala de aula e também nos encontros virtuais. 

De que forma o sr. acha que o ensino remoto vai continuar no pós-pandemia?

Não exatamente como hoje, já que estamos em uma situação forçada. Porém, esperamos que os professores continuem mandando tarefas de casa em formato digital, por exemplo - é muito melhor para o estudante. Especialmente se você tiver de se preparar para uma prova, é importante ter uma forma de fazer isso remotamente, se comunicando com o professor e outros alunos. 

Quais são os planos do Kahoot para 2021?

Vamos continuar crescendo e localizando a plataforma em diferentes países, como o Brasil. Também continuaremos olhando para oportunidades de aquisições de empresas que possam agregar ao nosso negócio. 

Mesmo sem ser rede social ou joguinho, o aplicativo de educação Kahoot conquistou nos últimos meses um espaço importante: os smartphones de estudantes. Com quizzes e atividades interativas de ensino, a plataforma norueguesa foi impulsionada pela pandemia. Em 2020, ela chegou à marca de 24 milhões de usuários no mundo - 350 mil deles no Brasil. 

Para dar gás ao novo nível de demanda - um reflexo direto do novo status do ensino remoto -, o Kahoot levantou duas rodadas de investimento em 2020: uma de US$ 28 milhões, em junho, e outra de US$ 215 milhões, em outubro - esta liderada pelo grupo japonês SoftBank. Entre os investidores da startup, fundada em 2013, também estão nomes de peso como Microsoft e Disney

Quizzes do Kahoot prendem a atenção dos alunos Foto: Phil Noble/Reuters

O objetivo do Kahoot sempre foi ajudar no engajamento de alunos: o professor consegue, por exemplo, criar jogos educativos personalizados, levando em conta o conteúdo da aula. Apesar de já existir antes da pandemia, o app ganhou espaço justamente por valorizar algo tão frágil nas aulas online: a atenção dos alunos. A empresa oferece o app gratuitamente, mas disponibiliza ferramentas premium por meio de planos de assinaturas - o Kahoot tem cerca de 550 mil usuários pagantes globalmente. Os pacotes variam de US$ 3 a US$ 9 por mês. 

O crescimento incentivou a startup a lançar em dezembro uma versão de seu app com ferramentas e conteúdos totalmente em português - e o plano agora é inserir ainda mais a plataforma no mercado brasileiro. “Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma”, afirma Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o executivo fala sobre aceleração dos negócios do Kahoot e também discute o futuro do ensino remoto - para ele, o Kahoot não é apenas um fenômeno da covid-19. Confira os melhores momentos. 

Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot Foto: Kahoot

Como foi o ano de 2020 para o Kahoot?

Foi um ano desafiador, claro, mas o Kahoot teve a oportunidade de ser ainda mais relevante para os usuários como uma plataforma digital de ensino que envolve comunicação e engajamento. Ajudamos escolas e professores a fazerem a educação online acontecer em um ano tão difícil. Nesse sentido, tivemos um bom crescimento - tanto em receita quanto em número de usuários - investimos em aquisições e também contratamos mais 100 pessoas para a equipe. 

Por que o Kahoot é um serviço inovador e como vocês quebram o modelo tradicional de ensino?

Nós não necessariamente quebramos o modelo. Nosso objetivo é muito mais garantir que o professor seja o herói da classe: isso significa todos os olhares na sala de aula estarem voltados aos professores e não para baixo, no smartphone. Para aprender, os estudantes precisam estar focados no que está acontecendo. O Kahoot ajuda a garantir que tudo aconteça na aula: você precisa prestar atenção para responder corretamente um quiz, por exemplo. Ao mesmo tempo, elementos de gamificação fazem com que seja mais divertido prestar atenção. Somos um facilitador de aprendizado e não um substituto do professor. Nossa missão é transformar o aprendizado em algo incrível e estivemos ao lado de sete milhões de professores no mundo todo em 2020 ajudando a fazer essa ideia acontecer.

O Kahoot chegou a 350 mil usuários no Brasil no ano passado. Qual é a importância do mercado brasileiro para o Kahoot hoje?

No começo de tudo, o Kahoot era uma plataforma disponível apenas em inglês, mas, aos poucos, fomos percebendo que havia potencial para atingir ainda mais professores e alunos. Por isso, no ano passado, passamos a investir em localizar nossas soluções, entregando conteúdos e recursos em diferentes idiomas. O mercado brasileiro para o Kahoot atualmente é semelhante ao tamanho da audiência que temos na Colômbia. Porém, o tamanho do Brasil traz uma grande oportunidade. Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma. 

Vocês tiveram de adaptar o serviço de alguma forma para dar conta do crescimento na pandemia? 

Sim, com certeza. E aceleramos também o lançamento de ferramentas. Por sorte já estávamos preparando antes da pandemia algumas ferramentas de estudo individual e ferramentas de conferência de vídeo, mas quando a pandemia se tornou uma realidade tivemos de acelerar os planos. Em 2020 também passamos a integrar o Kahoot com plataformas como o Microsoft Teams, Google Classroom e Zoom

Além da parte educativa, o Kahoot oferece treinamento corporativo para empresas. Como tem sido o desempenho dessa parte do negócio na pandemia?

Esse ponto é interessante. Nos últimos meses, vimos diferentes mudanças de mentalidade nas corporações ao redor do mundo. Acredito que para qualquer companhia foi desafiador construir uma cultura corporativa remotamente, conectando as pessoas tanto racionalmente quanto emocionalmente. O Kahoot consegue ajudar nisso. Duas pessoas conseguem conversar bem em um app de videoconferência, porque é uma conversa em direção única, já com 20 pessoas em uma chamada do Zoom fica bem mais difícil: é complicado manter a atenção de todo mundo, um dos participantes pode estar navegando na internet, o outro vendo e-mails, e por aí vai. É preciso ter uma interatividade, não apenas escutar, mas engajar com o momento. Imagine que você esteja fazendo uma apresentação discutindo qual é o melhor slogan para a sua empresa, por exemplo. Com ferramentas digitais, você pode perguntar à sua audiência o que elas acham das opções. O Kahoot deixou de ser um recurso interessante para empresas e passou a ser uma solução necessária.

Professores e alunos têm enfrentado dificuldades na pandemia para fazer o ensino à distância dar certo - e há também um problema de falta de acesso a ferramentas digitais. Como resolver isso?

Não há dúvida que, em geral, soluções de startups de educação ainda não alcançam todo mundo - estamos ainda no começo desse movimento. O que tentamos fazer nesse sentido é transformar o Kahoot na plataforma mais simples e eficiente possível - sempre pensamos nessa praticidade quando lançamos algum recurso. O Kahoot tem uma versão gratuita e, hoje, se a família não tem um smartphone potente, ela consegue usar o nosso serviço pelo computador. Podemos ser melhores, é claro, e o resto da indústria também.

Quase todas as grandes empresas de tecnologia têm investido em soluções de educação. Qual é exatamente o espaço do Kahoot nesse mercado?

Além da Microsoft, mantemos parcerias e integrações com serviços do Google e da Apple, por exemplo. Quanto melhor forem as integrações entres várias soluções de educação já estabelecidas, melhor é para o professor. Nos conectamos com quem já está atuando e construímos coisas que ainda não estão no mercado. Nossa posição é mais de um software extra em adição às ótimas soluções vindas das grandes corporações. E um dos nossos focos é a parte de conteúdo. 

O sr. acredita que o Kahoot vai conseguir manter o crescimento mesmo quando a pandemia passar?

Existe uma discussão sobre quando vamos voltar ao normal e o quão normal isso vai ser. Mas, fora isso, o Kahoot já estava crescendo mesmo antes da pandemia. Não somos um fenômeno da covid-19: já oferecíamos soluções para dentro da sala de aula, e também uma dimensão de ensino digital. Hoje temos mais ferramentas e aumentamos nossa relevância, mas definitivamente esperamos ver no longo prazo uma combinação híbrida de aulas presenciais com digitais. Será mais importante do que nunca os professores terem plataformas digitais que funcionem tanto para ensino presencial quanto para virtual. Podemos oferecer essas duas habilidades, engajando na sala de aula e também nos encontros virtuais. 

De que forma o sr. acha que o ensino remoto vai continuar no pós-pandemia?

Não exatamente como hoje, já que estamos em uma situação forçada. Porém, esperamos que os professores continuem mandando tarefas de casa em formato digital, por exemplo - é muito melhor para o estudante. Especialmente se você tiver de se preparar para uma prova, é importante ter uma forma de fazer isso remotamente, se comunicando com o professor e outros alunos. 

Quais são os planos do Kahoot para 2021?

Vamos continuar crescendo e localizando a plataforma em diferentes países, como o Brasil. Também continuaremos olhando para oportunidades de aquisições de empresas que possam agregar ao nosso negócio. 

Mesmo sem ser rede social ou joguinho, o aplicativo de educação Kahoot conquistou nos últimos meses um espaço importante: os smartphones de estudantes. Com quizzes e atividades interativas de ensino, a plataforma norueguesa foi impulsionada pela pandemia. Em 2020, ela chegou à marca de 24 milhões de usuários no mundo - 350 mil deles no Brasil. 

Para dar gás ao novo nível de demanda - um reflexo direto do novo status do ensino remoto -, o Kahoot levantou duas rodadas de investimento em 2020: uma de US$ 28 milhões, em junho, e outra de US$ 215 milhões, em outubro - esta liderada pelo grupo japonês SoftBank. Entre os investidores da startup, fundada em 2013, também estão nomes de peso como Microsoft e Disney

Quizzes do Kahoot prendem a atenção dos alunos Foto: Phil Noble/Reuters

O objetivo do Kahoot sempre foi ajudar no engajamento de alunos: o professor consegue, por exemplo, criar jogos educativos personalizados, levando em conta o conteúdo da aula. Apesar de já existir antes da pandemia, o app ganhou espaço justamente por valorizar algo tão frágil nas aulas online: a atenção dos alunos. A empresa oferece o app gratuitamente, mas disponibiliza ferramentas premium por meio de planos de assinaturas - o Kahoot tem cerca de 550 mil usuários pagantes globalmente. Os pacotes variam de US$ 3 a US$ 9 por mês. 

O crescimento incentivou a startup a lançar em dezembro uma versão de seu app com ferramentas e conteúdos totalmente em português - e o plano agora é inserir ainda mais a plataforma no mercado brasileiro. “Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma”, afirma Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o executivo fala sobre aceleração dos negócios do Kahoot e também discute o futuro do ensino remoto - para ele, o Kahoot não é apenas um fenômeno da covid-19. Confira os melhores momentos. 

Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot Foto: Kahoot

Como foi o ano de 2020 para o Kahoot?

Foi um ano desafiador, claro, mas o Kahoot teve a oportunidade de ser ainda mais relevante para os usuários como uma plataforma digital de ensino que envolve comunicação e engajamento. Ajudamos escolas e professores a fazerem a educação online acontecer em um ano tão difícil. Nesse sentido, tivemos um bom crescimento - tanto em receita quanto em número de usuários - investimos em aquisições e também contratamos mais 100 pessoas para a equipe. 

Por que o Kahoot é um serviço inovador e como vocês quebram o modelo tradicional de ensino?

Nós não necessariamente quebramos o modelo. Nosso objetivo é muito mais garantir que o professor seja o herói da classe: isso significa todos os olhares na sala de aula estarem voltados aos professores e não para baixo, no smartphone. Para aprender, os estudantes precisam estar focados no que está acontecendo. O Kahoot ajuda a garantir que tudo aconteça na aula: você precisa prestar atenção para responder corretamente um quiz, por exemplo. Ao mesmo tempo, elementos de gamificação fazem com que seja mais divertido prestar atenção. Somos um facilitador de aprendizado e não um substituto do professor. Nossa missão é transformar o aprendizado em algo incrível e estivemos ao lado de sete milhões de professores no mundo todo em 2020 ajudando a fazer essa ideia acontecer.

O Kahoot chegou a 350 mil usuários no Brasil no ano passado. Qual é a importância do mercado brasileiro para o Kahoot hoje?

No começo de tudo, o Kahoot era uma plataforma disponível apenas em inglês, mas, aos poucos, fomos percebendo que havia potencial para atingir ainda mais professores e alunos. Por isso, no ano passado, passamos a investir em localizar nossas soluções, entregando conteúdos e recursos em diferentes idiomas. O mercado brasileiro para o Kahoot atualmente é semelhante ao tamanho da audiência que temos na Colômbia. Porém, o tamanho do Brasil traz uma grande oportunidade. Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma. 

Vocês tiveram de adaptar o serviço de alguma forma para dar conta do crescimento na pandemia? 

Sim, com certeza. E aceleramos também o lançamento de ferramentas. Por sorte já estávamos preparando antes da pandemia algumas ferramentas de estudo individual e ferramentas de conferência de vídeo, mas quando a pandemia se tornou uma realidade tivemos de acelerar os planos. Em 2020 também passamos a integrar o Kahoot com plataformas como o Microsoft Teams, Google Classroom e Zoom

Além da parte educativa, o Kahoot oferece treinamento corporativo para empresas. Como tem sido o desempenho dessa parte do negócio na pandemia?

Esse ponto é interessante. Nos últimos meses, vimos diferentes mudanças de mentalidade nas corporações ao redor do mundo. Acredito que para qualquer companhia foi desafiador construir uma cultura corporativa remotamente, conectando as pessoas tanto racionalmente quanto emocionalmente. O Kahoot consegue ajudar nisso. Duas pessoas conseguem conversar bem em um app de videoconferência, porque é uma conversa em direção única, já com 20 pessoas em uma chamada do Zoom fica bem mais difícil: é complicado manter a atenção de todo mundo, um dos participantes pode estar navegando na internet, o outro vendo e-mails, e por aí vai. É preciso ter uma interatividade, não apenas escutar, mas engajar com o momento. Imagine que você esteja fazendo uma apresentação discutindo qual é o melhor slogan para a sua empresa, por exemplo. Com ferramentas digitais, você pode perguntar à sua audiência o que elas acham das opções. O Kahoot deixou de ser um recurso interessante para empresas e passou a ser uma solução necessária.

Professores e alunos têm enfrentado dificuldades na pandemia para fazer o ensino à distância dar certo - e há também um problema de falta de acesso a ferramentas digitais. Como resolver isso?

Não há dúvida que, em geral, soluções de startups de educação ainda não alcançam todo mundo - estamos ainda no começo desse movimento. O que tentamos fazer nesse sentido é transformar o Kahoot na plataforma mais simples e eficiente possível - sempre pensamos nessa praticidade quando lançamos algum recurso. O Kahoot tem uma versão gratuita e, hoje, se a família não tem um smartphone potente, ela consegue usar o nosso serviço pelo computador. Podemos ser melhores, é claro, e o resto da indústria também.

Quase todas as grandes empresas de tecnologia têm investido em soluções de educação. Qual é exatamente o espaço do Kahoot nesse mercado?

Além da Microsoft, mantemos parcerias e integrações com serviços do Google e da Apple, por exemplo. Quanto melhor forem as integrações entres várias soluções de educação já estabelecidas, melhor é para o professor. Nos conectamos com quem já está atuando e construímos coisas que ainda não estão no mercado. Nossa posição é mais de um software extra em adição às ótimas soluções vindas das grandes corporações. E um dos nossos focos é a parte de conteúdo. 

O sr. acredita que o Kahoot vai conseguir manter o crescimento mesmo quando a pandemia passar?

Existe uma discussão sobre quando vamos voltar ao normal e o quão normal isso vai ser. Mas, fora isso, o Kahoot já estava crescendo mesmo antes da pandemia. Não somos um fenômeno da covid-19: já oferecíamos soluções para dentro da sala de aula, e também uma dimensão de ensino digital. Hoje temos mais ferramentas e aumentamos nossa relevância, mas definitivamente esperamos ver no longo prazo uma combinação híbrida de aulas presenciais com digitais. Será mais importante do que nunca os professores terem plataformas digitais que funcionem tanto para ensino presencial quanto para virtual. Podemos oferecer essas duas habilidades, engajando na sala de aula e também nos encontros virtuais. 

De que forma o sr. acha que o ensino remoto vai continuar no pós-pandemia?

Não exatamente como hoje, já que estamos em uma situação forçada. Porém, esperamos que os professores continuem mandando tarefas de casa em formato digital, por exemplo - é muito melhor para o estudante. Especialmente se você tiver de se preparar para uma prova, é importante ter uma forma de fazer isso remotamente, se comunicando com o professor e outros alunos. 

Quais são os planos do Kahoot para 2021?

Vamos continuar crescendo e localizando a plataforma em diferentes países, como o Brasil. Também continuaremos olhando para oportunidades de aquisições de empresas que possam agregar ao nosso negócio. 

Mesmo sem ser rede social ou joguinho, o aplicativo de educação Kahoot conquistou nos últimos meses um espaço importante: os smartphones de estudantes. Com quizzes e atividades interativas de ensino, a plataforma norueguesa foi impulsionada pela pandemia. Em 2020, ela chegou à marca de 24 milhões de usuários no mundo - 350 mil deles no Brasil. 

Para dar gás ao novo nível de demanda - um reflexo direto do novo status do ensino remoto -, o Kahoot levantou duas rodadas de investimento em 2020: uma de US$ 28 milhões, em junho, e outra de US$ 215 milhões, em outubro - esta liderada pelo grupo japonês SoftBank. Entre os investidores da startup, fundada em 2013, também estão nomes de peso como Microsoft e Disney

Quizzes do Kahoot prendem a atenção dos alunos Foto: Phil Noble/Reuters

O objetivo do Kahoot sempre foi ajudar no engajamento de alunos: o professor consegue, por exemplo, criar jogos educativos personalizados, levando em conta o conteúdo da aula. Apesar de já existir antes da pandemia, o app ganhou espaço justamente por valorizar algo tão frágil nas aulas online: a atenção dos alunos. A empresa oferece o app gratuitamente, mas disponibiliza ferramentas premium por meio de planos de assinaturas - o Kahoot tem cerca de 550 mil usuários pagantes globalmente. Os pacotes variam de US$ 3 a US$ 9 por mês. 

O crescimento incentivou a startup a lançar em dezembro uma versão de seu app com ferramentas e conteúdos totalmente em português - e o plano agora é inserir ainda mais a plataforma no mercado brasileiro. “Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma”, afirma Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot.

Em entrevista exclusiva ao Estadão, o executivo fala sobre aceleração dos negócios do Kahoot e também discute o futuro do ensino remoto - para ele, o Kahoot não é apenas um fenômeno da covid-19. Confira os melhores momentos. 

Eilert Hanoa, presidente executivo do Kahoot Foto: Kahoot

Como foi o ano de 2020 para o Kahoot?

Foi um ano desafiador, claro, mas o Kahoot teve a oportunidade de ser ainda mais relevante para os usuários como uma plataforma digital de ensino que envolve comunicação e engajamento. Ajudamos escolas e professores a fazerem a educação online acontecer em um ano tão difícil. Nesse sentido, tivemos um bom crescimento - tanto em receita quanto em número de usuários - investimos em aquisições e também contratamos mais 100 pessoas para a equipe. 

Por que o Kahoot é um serviço inovador e como vocês quebram o modelo tradicional de ensino?

Nós não necessariamente quebramos o modelo. Nosso objetivo é muito mais garantir que o professor seja o herói da classe: isso significa todos os olhares na sala de aula estarem voltados aos professores e não para baixo, no smartphone. Para aprender, os estudantes precisam estar focados no que está acontecendo. O Kahoot ajuda a garantir que tudo aconteça na aula: você precisa prestar atenção para responder corretamente um quiz, por exemplo. Ao mesmo tempo, elementos de gamificação fazem com que seja mais divertido prestar atenção. Somos um facilitador de aprendizado e não um substituto do professor. Nossa missão é transformar o aprendizado em algo incrível e estivemos ao lado de sete milhões de professores no mundo todo em 2020 ajudando a fazer essa ideia acontecer.

O Kahoot chegou a 350 mil usuários no Brasil no ano passado. Qual é a importância do mercado brasileiro para o Kahoot hoje?

No começo de tudo, o Kahoot era uma plataforma disponível apenas em inglês, mas, aos poucos, fomos percebendo que havia potencial para atingir ainda mais professores e alunos. Por isso, no ano passado, passamos a investir em localizar nossas soluções, entregando conteúdos e recursos em diferentes idiomas. O mercado brasileiro para o Kahoot atualmente é semelhante ao tamanho da audiência que temos na Colômbia. Porém, o tamanho do Brasil traz uma grande oportunidade. Uma das nossas metas para 2021 é nos aproximarmos mais de escolas e professores brasileiros, para acompanhar de perto e orientar sobre o uso da plataforma. 

Vocês tiveram de adaptar o serviço de alguma forma para dar conta do crescimento na pandemia? 

Sim, com certeza. E aceleramos também o lançamento de ferramentas. Por sorte já estávamos preparando antes da pandemia algumas ferramentas de estudo individual e ferramentas de conferência de vídeo, mas quando a pandemia se tornou uma realidade tivemos de acelerar os planos. Em 2020 também passamos a integrar o Kahoot com plataformas como o Microsoft Teams, Google Classroom e Zoom

Além da parte educativa, o Kahoot oferece treinamento corporativo para empresas. Como tem sido o desempenho dessa parte do negócio na pandemia?

Esse ponto é interessante. Nos últimos meses, vimos diferentes mudanças de mentalidade nas corporações ao redor do mundo. Acredito que para qualquer companhia foi desafiador construir uma cultura corporativa remotamente, conectando as pessoas tanto racionalmente quanto emocionalmente. O Kahoot consegue ajudar nisso. Duas pessoas conseguem conversar bem em um app de videoconferência, porque é uma conversa em direção única, já com 20 pessoas em uma chamada do Zoom fica bem mais difícil: é complicado manter a atenção de todo mundo, um dos participantes pode estar navegando na internet, o outro vendo e-mails, e por aí vai. É preciso ter uma interatividade, não apenas escutar, mas engajar com o momento. Imagine que você esteja fazendo uma apresentação discutindo qual é o melhor slogan para a sua empresa, por exemplo. Com ferramentas digitais, você pode perguntar à sua audiência o que elas acham das opções. O Kahoot deixou de ser um recurso interessante para empresas e passou a ser uma solução necessária.

Professores e alunos têm enfrentado dificuldades na pandemia para fazer o ensino à distância dar certo - e há também um problema de falta de acesso a ferramentas digitais. Como resolver isso?

Não há dúvida que, em geral, soluções de startups de educação ainda não alcançam todo mundo - estamos ainda no começo desse movimento. O que tentamos fazer nesse sentido é transformar o Kahoot na plataforma mais simples e eficiente possível - sempre pensamos nessa praticidade quando lançamos algum recurso. O Kahoot tem uma versão gratuita e, hoje, se a família não tem um smartphone potente, ela consegue usar o nosso serviço pelo computador. Podemos ser melhores, é claro, e o resto da indústria também.

Quase todas as grandes empresas de tecnologia têm investido em soluções de educação. Qual é exatamente o espaço do Kahoot nesse mercado?

Além da Microsoft, mantemos parcerias e integrações com serviços do Google e da Apple, por exemplo. Quanto melhor forem as integrações entres várias soluções de educação já estabelecidas, melhor é para o professor. Nos conectamos com quem já está atuando e construímos coisas que ainda não estão no mercado. Nossa posição é mais de um software extra em adição às ótimas soluções vindas das grandes corporações. E um dos nossos focos é a parte de conteúdo. 

O sr. acredita que o Kahoot vai conseguir manter o crescimento mesmo quando a pandemia passar?

Existe uma discussão sobre quando vamos voltar ao normal e o quão normal isso vai ser. Mas, fora isso, o Kahoot já estava crescendo mesmo antes da pandemia. Não somos um fenômeno da covid-19: já oferecíamos soluções para dentro da sala de aula, e também uma dimensão de ensino digital. Hoje temos mais ferramentas e aumentamos nossa relevância, mas definitivamente esperamos ver no longo prazo uma combinação híbrida de aulas presenciais com digitais. Será mais importante do que nunca os professores terem plataformas digitais que funcionem tanto para ensino presencial quanto para virtual. Podemos oferecer essas duas habilidades, engajando na sala de aula e também nos encontros virtuais. 

De que forma o sr. acha que o ensino remoto vai continuar no pós-pandemia?

Não exatamente como hoje, já que estamos em uma situação forçada. Porém, esperamos que os professores continuem mandando tarefas de casa em formato digital, por exemplo - é muito melhor para o estudante. Especialmente se você tiver de se preparar para uma prova, é importante ter uma forma de fazer isso remotamente, se comunicando com o professor e outros alunos. 

Quais são os planos do Kahoot para 2021?

Vamos continuar crescendo e localizando a plataforma em diferentes países, como o Brasil. Também continuaremos olhando para oportunidades de aquisições de empresas que possam agregar ao nosso negócio. 

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