Ciência e tecnologia devem entrar no debate eleitoral


Em fórum, especialistas avaliaram que políticas para áreas relacionadas à inovação precisam ser valorizadas

Por Renato Cruz
Debatedores do segundo painel do Fórum Estadão Brasil Competitivo Foto: Hélvio Romero/Estadão

Neste ano de eleições presidenciais, a política de ciência, tecnologia e inovação precisa ser valorizada. O crescimento econômico e até a sustentação de políticas sociais dependem de que as empresas brasileiras se tornem mais inovadoras, de acordo com debate entre especialistas no Fórum Estadão Brasil Competitivo, realizado na terça-feira em São Paulo.

“O debate econômico no Brasil não pode tratar somente de macroeconomia”, disse Júlio Ramundo, superintendente de Indústria de Base do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “A atividade inovadora precisa ser incluída na estratégia de desenvolvimento.”

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Ramundo mostrou como o incentivo à inovação tem ganhado espaço nas atividades do banco, desde a década de 90. Em meados dos anos 2000, a instituição destinava cerca de R$ 500 milhões (0,5% de seu orçamento) a projetos de inovação. Em 2015, esse número alcançou R$ 6 bilhões.

Entre as novas medidas do banco nessa área, está a criação de um fundo de coinvestimento anjo. Investidores anjos são aqueles que fazem os primeiros aportes nas startups. O BNDES está disposto a fazer investimentos de R$ 200 mil a R$ 500 mil, no mesmo valor que um investidor anjo desembolsar. O fundo já recebeu 14 propostas. “Estamos preparados também para participar das rodadas de investimento subsequentes”, explicou Ramundo.

Bernardo Gradin, fundador e presidente da empresa de biotecnologia GranBio, disse que não foi difícil conseguir financiamento para a empresa, que atua num setor considerado estratégico. Criada há seis anos, a empresa fabrica biocombustíveis e bioquímicos de segunda geração. Ela usa enzimas para produzir etanol da celulose da cana-de-açúcar.

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Mas isso não quer dizer que as coisas tenham sido fáceis. “É muito difícil fazer inovação de fronteira no Brasil”, disse o executivo. Ele citou a proteção de propriedade intelectual, cujo processo tem sérios problemas no Brasil. A GranBio pediu cerca de 300 patentes nos Estados Unidos e 15 por aqui.

“Temos patentes que foram garantidas em 2012 nos EUA, e que têm validade de oito anos. Acreditamos que a patente brasileira não será concedida antes que a de lá esteja vencida”. Em média, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) demora 11 anos para registrar uma patente.

Formação. Para que a inovação aconteça, é necessário pessoas qualificadas, infraestrutura e ambiente favorável. “O Brasil tem muito a fazer em todos os aspectos”, disse Fernanda De Negri, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ela citou o custo de capital como um dos entraves. “Como existe um risco maior associado a inovação, ele é ainda maior.”

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O Brasil também precisa formar mais cientistas e engenheiros. Mas Fernanda afirma que é necessário dar mais opções de trabalho a pesquisadores. “O pesquisador brasileiro hoje não tem alternativa de trabalho que não seja ser professor numa universidade pública”, diz.

Ela destacou algumas poucas instituições, como o CPqD e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que fazem pesquisa e lembrou que a maior parte dos esforços estão concentrados nas universidades públicas.

Startups. Para Pedro Waengertner, presidente executivo da aceleradora Ace, existe oportunidade para o Brasil tornar-se líder em startups em algumas áreas, como agricultura. “A inovação é feita pelo empreendedor, mas ele também pode estar numa grande empresa.” 

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As iniciativas de startups lançadas por grandes empresas são moda ou necessidade? As duas coisas, na visão de Pedro Waengertner, presidente executivo da Ace. “Tem uma moda de o pessoal ouvir que os outros estão trabalhando com startups e achar que também devem trabalhar.”

Essa aproximação, no entanto, deve ter métodos e objetivos bem claros. “Existe muita gente se aproximando de startups para se associar a uma imagem mais inovadora, o que não está errado, desde que se tenha consciência de que está fazendo isso”, explicou. “Acho que há muito ganho para ambas as partes quando a aproximação é bem feita, do jeito certo.” 

Na opinião de Waengertner, o erro mais comum nesse relacionamento é a grande empresa querer mudar a startup para ela se adaptar ao seu problema. “Isso pode parecer saudável, mas a corporação pode estar matando uma jovem empresa por causa disso”, afirmou. “É muito mais produtivo entender os aspectos que fazem a startup funcionar e aí sim buscar como aproveitar aquilo que ela faz muito bem.”

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Para o presidente da ACE, o ponto mais fraco do ecossistema brasileiro de inovação hoje é a educação. “As pessoas não conhecem os métodos, os conceitos, não sabem o suficiente para empreender”, explicou. “Veem uma notícia ou outra sobre startup e acham que é simples. Ou que basta ter uma ideia que alguém dá dinheiro. É muito mais complexo. Quanto mais pessoas conhecerem os conceitos e forem educadas neles, melhor para o Brasil.” 

Debatedores do segundo painel do Fórum Estadão Brasil Competitivo Foto: Hélvio Romero/Estadão

Neste ano de eleições presidenciais, a política de ciência, tecnologia e inovação precisa ser valorizada. O crescimento econômico e até a sustentação de políticas sociais dependem de que as empresas brasileiras se tornem mais inovadoras, de acordo com debate entre especialistas no Fórum Estadão Brasil Competitivo, realizado na terça-feira em São Paulo.

“O debate econômico no Brasil não pode tratar somente de macroeconomia”, disse Júlio Ramundo, superintendente de Indústria de Base do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “A atividade inovadora precisa ser incluída na estratégia de desenvolvimento.”

Ramundo mostrou como o incentivo à inovação tem ganhado espaço nas atividades do banco, desde a década de 90. Em meados dos anos 2000, a instituição destinava cerca de R$ 500 milhões (0,5% de seu orçamento) a projetos de inovação. Em 2015, esse número alcançou R$ 6 bilhões.

Entre as novas medidas do banco nessa área, está a criação de um fundo de coinvestimento anjo. Investidores anjos são aqueles que fazem os primeiros aportes nas startups. O BNDES está disposto a fazer investimentos de R$ 200 mil a R$ 500 mil, no mesmo valor que um investidor anjo desembolsar. O fundo já recebeu 14 propostas. “Estamos preparados também para participar das rodadas de investimento subsequentes”, explicou Ramundo.

Bernardo Gradin, fundador e presidente da empresa de biotecnologia GranBio, disse que não foi difícil conseguir financiamento para a empresa, que atua num setor considerado estratégico. Criada há seis anos, a empresa fabrica biocombustíveis e bioquímicos de segunda geração. Ela usa enzimas para produzir etanol da celulose da cana-de-açúcar.

Mas isso não quer dizer que as coisas tenham sido fáceis. “É muito difícil fazer inovação de fronteira no Brasil”, disse o executivo. Ele citou a proteção de propriedade intelectual, cujo processo tem sérios problemas no Brasil. A GranBio pediu cerca de 300 patentes nos Estados Unidos e 15 por aqui.

“Temos patentes que foram garantidas em 2012 nos EUA, e que têm validade de oito anos. Acreditamos que a patente brasileira não será concedida antes que a de lá esteja vencida”. Em média, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) demora 11 anos para registrar uma patente.

Formação. Para que a inovação aconteça, é necessário pessoas qualificadas, infraestrutura e ambiente favorável. “O Brasil tem muito a fazer em todos os aspectos”, disse Fernanda De Negri, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ela citou o custo de capital como um dos entraves. “Como existe um risco maior associado a inovação, ele é ainda maior.”

O Brasil também precisa formar mais cientistas e engenheiros. Mas Fernanda afirma que é necessário dar mais opções de trabalho a pesquisadores. “O pesquisador brasileiro hoje não tem alternativa de trabalho que não seja ser professor numa universidade pública”, diz.

Ela destacou algumas poucas instituições, como o CPqD e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que fazem pesquisa e lembrou que a maior parte dos esforços estão concentrados nas universidades públicas.

Startups. Para Pedro Waengertner, presidente executivo da aceleradora Ace, existe oportunidade para o Brasil tornar-se líder em startups em algumas áreas, como agricultura. “A inovação é feita pelo empreendedor, mas ele também pode estar numa grande empresa.” 

As iniciativas de startups lançadas por grandes empresas são moda ou necessidade? As duas coisas, na visão de Pedro Waengertner, presidente executivo da Ace. “Tem uma moda de o pessoal ouvir que os outros estão trabalhando com startups e achar que também devem trabalhar.”

Essa aproximação, no entanto, deve ter métodos e objetivos bem claros. “Existe muita gente se aproximando de startups para se associar a uma imagem mais inovadora, o que não está errado, desde que se tenha consciência de que está fazendo isso”, explicou. “Acho que há muito ganho para ambas as partes quando a aproximação é bem feita, do jeito certo.” 

Na opinião de Waengertner, o erro mais comum nesse relacionamento é a grande empresa querer mudar a startup para ela se adaptar ao seu problema. “Isso pode parecer saudável, mas a corporação pode estar matando uma jovem empresa por causa disso”, afirmou. “É muito mais produtivo entender os aspectos que fazem a startup funcionar e aí sim buscar como aproveitar aquilo que ela faz muito bem.”

Para o presidente da ACE, o ponto mais fraco do ecossistema brasileiro de inovação hoje é a educação. “As pessoas não conhecem os métodos, os conceitos, não sabem o suficiente para empreender”, explicou. “Veem uma notícia ou outra sobre startup e acham que é simples. Ou que basta ter uma ideia que alguém dá dinheiro. É muito mais complexo. Quanto mais pessoas conhecerem os conceitos e forem educadas neles, melhor para o Brasil.” 

Debatedores do segundo painel do Fórum Estadão Brasil Competitivo Foto: Hélvio Romero/Estadão

Neste ano de eleições presidenciais, a política de ciência, tecnologia e inovação precisa ser valorizada. O crescimento econômico e até a sustentação de políticas sociais dependem de que as empresas brasileiras se tornem mais inovadoras, de acordo com debate entre especialistas no Fórum Estadão Brasil Competitivo, realizado na terça-feira em São Paulo.

“O debate econômico no Brasil não pode tratar somente de macroeconomia”, disse Júlio Ramundo, superintendente de Indústria de Base do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “A atividade inovadora precisa ser incluída na estratégia de desenvolvimento.”

Ramundo mostrou como o incentivo à inovação tem ganhado espaço nas atividades do banco, desde a década de 90. Em meados dos anos 2000, a instituição destinava cerca de R$ 500 milhões (0,5% de seu orçamento) a projetos de inovação. Em 2015, esse número alcançou R$ 6 bilhões.

Entre as novas medidas do banco nessa área, está a criação de um fundo de coinvestimento anjo. Investidores anjos são aqueles que fazem os primeiros aportes nas startups. O BNDES está disposto a fazer investimentos de R$ 200 mil a R$ 500 mil, no mesmo valor que um investidor anjo desembolsar. O fundo já recebeu 14 propostas. “Estamos preparados também para participar das rodadas de investimento subsequentes”, explicou Ramundo.

Bernardo Gradin, fundador e presidente da empresa de biotecnologia GranBio, disse que não foi difícil conseguir financiamento para a empresa, que atua num setor considerado estratégico. Criada há seis anos, a empresa fabrica biocombustíveis e bioquímicos de segunda geração. Ela usa enzimas para produzir etanol da celulose da cana-de-açúcar.

Mas isso não quer dizer que as coisas tenham sido fáceis. “É muito difícil fazer inovação de fronteira no Brasil”, disse o executivo. Ele citou a proteção de propriedade intelectual, cujo processo tem sérios problemas no Brasil. A GranBio pediu cerca de 300 patentes nos Estados Unidos e 15 por aqui.

“Temos patentes que foram garantidas em 2012 nos EUA, e que têm validade de oito anos. Acreditamos que a patente brasileira não será concedida antes que a de lá esteja vencida”. Em média, o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) demora 11 anos para registrar uma patente.

Formação. Para que a inovação aconteça, é necessário pessoas qualificadas, infraestrutura e ambiente favorável. “O Brasil tem muito a fazer em todos os aspectos”, disse Fernanda De Negri, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ela citou o custo de capital como um dos entraves. “Como existe um risco maior associado a inovação, ele é ainda maior.”

O Brasil também precisa formar mais cientistas e engenheiros. Mas Fernanda afirma que é necessário dar mais opções de trabalho a pesquisadores. “O pesquisador brasileiro hoje não tem alternativa de trabalho que não seja ser professor numa universidade pública”, diz.

Ela destacou algumas poucas instituições, como o CPqD e o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que fazem pesquisa e lembrou que a maior parte dos esforços estão concentrados nas universidades públicas.

Startups. Para Pedro Waengertner, presidente executivo da aceleradora Ace, existe oportunidade para o Brasil tornar-se líder em startups em algumas áreas, como agricultura. “A inovação é feita pelo empreendedor, mas ele também pode estar numa grande empresa.” 

As iniciativas de startups lançadas por grandes empresas são moda ou necessidade? As duas coisas, na visão de Pedro Waengertner, presidente executivo da Ace. “Tem uma moda de o pessoal ouvir que os outros estão trabalhando com startups e achar que também devem trabalhar.”

Essa aproximação, no entanto, deve ter métodos e objetivos bem claros. “Existe muita gente se aproximando de startups para se associar a uma imagem mais inovadora, o que não está errado, desde que se tenha consciência de que está fazendo isso”, explicou. “Acho que há muito ganho para ambas as partes quando a aproximação é bem feita, do jeito certo.” 

Na opinião de Waengertner, o erro mais comum nesse relacionamento é a grande empresa querer mudar a startup para ela se adaptar ao seu problema. “Isso pode parecer saudável, mas a corporação pode estar matando uma jovem empresa por causa disso”, afirmou. “É muito mais produtivo entender os aspectos que fazem a startup funcionar e aí sim buscar como aproveitar aquilo que ela faz muito bem.”

Para o presidente da ACE, o ponto mais fraco do ecossistema brasileiro de inovação hoje é a educação. “As pessoas não conhecem os métodos, os conceitos, não sabem o suficiente para empreender”, explicou. “Veem uma notícia ou outra sobre startup e acham que é simples. Ou que basta ter uma ideia que alguém dá dinheiro. É muito mais complexo. Quanto mais pessoas conhecerem os conceitos e forem educadas neles, melhor para o Brasil.” 

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