Em 10 meses, Daki vira 'unicórnio' para ser alternativa ‘verde’ a iFood e Rappi


Nascida em janeiro de 2021, startup brasileira recebeu aporte de US$ 260 milhões e soma avaliação de mercado de US$ 1,2 bilhão

Por Guilherme Guerra
Atualização:

Com 10 meses de vida, a startup Daki, especializada em delivery de mercado em até 15 minutos, tornou-se o mais novo unicórnio brasileiro após receber aporte de US$ 260 milhões nesta quinta-feira, 2. Atingindo avaliação de US$ 1,2 bilhão, a companhia quer correr não só com entregas rápidas, mas também para alcançar os líderes convictos do setor (iFood e Rappi) com um modelo de negócio sustentável.

O cheque contou com a assinatura dos fundos Tiger Global, Kaszek, Monashees,  Activant Capital, Balderton, Greycroft, G-Squared, HV Capital, Mirae Asset, Moving Capital e outros. A rodada, do tipo série B acontece após outro aporte de US$ 170 milhões, de julho passado.

continua após a publicidade

“Essa rodada é a celebração de um modelo de negócio que traz indicações positivas de rentabilidade e crescimento, mas também comemora o potencial da América Latina, onde temos muito a crescer”, explica ao Estadão o presidente executivo da Daki, Rafael Vasto. “O aporte é direcionado à nossa expansão física, a melhorar a experiência em nosso aplicativo e à atração de talentos para dentro de casa.”

Fundada em janeiro de 2021 por Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner, a Daki aposta no conceito de “varejo local”, posicionando as chamadas dark stores (lojas ocultas do cliente, sem fachadas nem balcões) em pontos estratégicos da cidade, com grandes adensamentos urbanos. Esses estabelecimentos funcionam como galpões com produtos para pronta retirada, acelerando o prazo da entrega — algo facilitado pelo fato de esses espaços serem desenhados para terem fácil circulação, diferentemente da arquitetura vista em hipermercados.

Outra característica desse modelo é a diminuta quantidade de produtos em estoque, baixando o custo de implementação dessas lojas e facilitando o contato direto com fornecedores, o que pode permitir promoções agressivas para conquistar a clientela. Ao final da operação, as dark stores reduzem os custos de toda a operação da Daki, incluindo frete, taxas de entrega e manutenção dos espaços pela cidade.

continua após a publicidade
Fundadores da Daki: Rafael Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner Foto: Daki

Hoje, a startup atende as capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro, assim como o ABC paulista, Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Niterói (RJ), totalizando 60 dark stores nessas cidades. O plano é chegar a Belo Horizonte até o final de janeiro de 2022, ano em que espera somar 150 armazéns de pronta entrega nessas três regiões do Sudeste.

As dark stores, porém, não são novas no Brasil: a colombiana Rappi, que virou unicórnio em agosto de 2018, anunciou a entrada no modelo de lojas ocultas em abril deste ano, prometendo entregas de até 10 minutos. Além disso, é por esse modo que opera o aplicativo Zé Delivery, da Ambev, cujo foco é o consumo imediato de bebidas.

continua após a publicidade

Modelo sustentável

A Daki aposta na bandeira verde para se diferenciar dos gigantes. Por exemplo, para zerar a pegada de carbono, não utiliza motocicletas (apenas bicicletas “tradicionais” ou elétricas) nem plástico na embalagem de entrega, apostando no papel kraft (a “embalagem” do pão de padaria). Rivais como o iFood, startup brasileira que se tornou unicórnio em novembro de 2018, já incorporam aspecto “verde” ao negócio, mas sem aplicar as práticas em toda a cadeia.

Além disso, a Daki aposta em entregadores que ficam à disposição da companhia para a pronta entrega, o que ajuda a acelerar o processo de chegada em 15 minutos à casa do cliente. Enquanto não estão rodando de bike, eles podem ficar estacionados nas dark stores, onde, diz a startup, têm água à disposição, podem carregar o celular, descansar ou colocar bicicletas em manutenção. O método de trabalho, porém, é igual aos rivais: chamados de “parceiros”, esses entregadores também são microempreendedores individuais (MEI) e recebem por entrega realizada e pelo período em que ficam nas dark stores.

continua após a publicidade

“Nosso modelo é melhor para o entregador e para nós”, defende Vasto, afirmando que o índice de satisfação desses trabalhadores é mais alto do que em outros modelos de negócio, sem citar os entraves na Justiça trabalhista e as greves enfrentados pelos concorrentes. “Ele está mais integrado à nossa operação.”

O modelo de negócios da Daki é ter centros de distribuição de pequeno porte Foto: Daki

Corrida atrás dos gigantes

continua após a publicidade

Para correr atrás dos gigantes do setor de delivery de mercado, a Daki fundiu-se em julho deste ano com a Jokr — outra recém-nascida, desta vez em março de 2021, em Nova York. Juntas, as duas startups pretendem utilizar o cheque anunciado nesta quinta-feira para ampliar as entregas ultrarrápidas na América Latina, Europa e Estados Unidos, regiões onde ambas operam.

No restante do mundo, unicórnios já nasceram sob esse modelo de negócio de entregas ultrarrápidas. É o caso da alemã Gorillas, cuja avaliação de mercado subiu para US$ 2,1 bilhões em outubro passado após aporte de US$ 271 milhões; e da turca Getir, com avaliação de US$ 7,5 bilhões depois de receber cheque de US$ 550 milhões em junho de 2021. Junto com elas, outros nomes destacam-se, como a americana GoPuff e a britânica Zapp — em comum, todas estão em expansão internacional e queimam caixa para ganhar terreno.

A fusão com a Jokr, portanto, indica que a startup mira alto para competir nesse cenário. “Além de termos entre nós uma visão de negócios muito similar, existe uma grande oportunidade de atacar a América Latina, um mercado muito relevante”, observa Vasto, acrescentando que, apesar da sinergia entre as duas empresas, não existem planos para a criação de uma marca conjunta. “E, com essa união, existe também uma solidificação financeira muito grande como grupo empresarial.”

continua após a publicidade

Com esse “empurrãozinho” financeiro, a Daki espera ter tração para cavar espaço em um mercado dominado por iFood, Rappi e Uber Eats no Brasil. “Investimentos grandes precisam ser feitos e, para alimentar qualquer disrupção, precisamos de capital”, diz o presidente executivo.

Após virar unicórnio, o passo seguinte para muitas startups é entrar no mercado público de ações e abrir capital, o IPO. Vasto não descarta fazer esse movimento no médio prazo, mas, dado o tamanho da Daki no momento, isso não é algo que deve acontecer no próximo ano. 

“Ainda existe tanta coisa para fazer e estamos no começo da nossa vida. Ninguém aqui completou um ano de casa”, aponta o CEO. “Mas estamos conquistando o nosso espaço.”

Com 10 meses de vida, a startup Daki, especializada em delivery de mercado em até 15 minutos, tornou-se o mais novo unicórnio brasileiro após receber aporte de US$ 260 milhões nesta quinta-feira, 2. Atingindo avaliação de US$ 1,2 bilhão, a companhia quer correr não só com entregas rápidas, mas também para alcançar os líderes convictos do setor (iFood e Rappi) com um modelo de negócio sustentável.

O cheque contou com a assinatura dos fundos Tiger Global, Kaszek, Monashees,  Activant Capital, Balderton, Greycroft, G-Squared, HV Capital, Mirae Asset, Moving Capital e outros. A rodada, do tipo série B acontece após outro aporte de US$ 170 milhões, de julho passado.

“Essa rodada é a celebração de um modelo de negócio que traz indicações positivas de rentabilidade e crescimento, mas também comemora o potencial da América Latina, onde temos muito a crescer”, explica ao Estadão o presidente executivo da Daki, Rafael Vasto. “O aporte é direcionado à nossa expansão física, a melhorar a experiência em nosso aplicativo e à atração de talentos para dentro de casa.”

Fundada em janeiro de 2021 por Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner, a Daki aposta no conceito de “varejo local”, posicionando as chamadas dark stores (lojas ocultas do cliente, sem fachadas nem balcões) em pontos estratégicos da cidade, com grandes adensamentos urbanos. Esses estabelecimentos funcionam como galpões com produtos para pronta retirada, acelerando o prazo da entrega — algo facilitado pelo fato de esses espaços serem desenhados para terem fácil circulação, diferentemente da arquitetura vista em hipermercados.

Outra característica desse modelo é a diminuta quantidade de produtos em estoque, baixando o custo de implementação dessas lojas e facilitando o contato direto com fornecedores, o que pode permitir promoções agressivas para conquistar a clientela. Ao final da operação, as dark stores reduzem os custos de toda a operação da Daki, incluindo frete, taxas de entrega e manutenção dos espaços pela cidade.

Fundadores da Daki: Rafael Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner Foto: Daki

Hoje, a startup atende as capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro, assim como o ABC paulista, Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Niterói (RJ), totalizando 60 dark stores nessas cidades. O plano é chegar a Belo Horizonte até o final de janeiro de 2022, ano em que espera somar 150 armazéns de pronta entrega nessas três regiões do Sudeste.

As dark stores, porém, não são novas no Brasil: a colombiana Rappi, que virou unicórnio em agosto de 2018, anunciou a entrada no modelo de lojas ocultas em abril deste ano, prometendo entregas de até 10 minutos. Além disso, é por esse modo que opera o aplicativo Zé Delivery, da Ambev, cujo foco é o consumo imediato de bebidas.

Modelo sustentável

A Daki aposta na bandeira verde para se diferenciar dos gigantes. Por exemplo, para zerar a pegada de carbono, não utiliza motocicletas (apenas bicicletas “tradicionais” ou elétricas) nem plástico na embalagem de entrega, apostando no papel kraft (a “embalagem” do pão de padaria). Rivais como o iFood, startup brasileira que se tornou unicórnio em novembro de 2018, já incorporam aspecto “verde” ao negócio, mas sem aplicar as práticas em toda a cadeia.

Além disso, a Daki aposta em entregadores que ficam à disposição da companhia para a pronta entrega, o que ajuda a acelerar o processo de chegada em 15 minutos à casa do cliente. Enquanto não estão rodando de bike, eles podem ficar estacionados nas dark stores, onde, diz a startup, têm água à disposição, podem carregar o celular, descansar ou colocar bicicletas em manutenção. O método de trabalho, porém, é igual aos rivais: chamados de “parceiros”, esses entregadores também são microempreendedores individuais (MEI) e recebem por entrega realizada e pelo período em que ficam nas dark stores.

“Nosso modelo é melhor para o entregador e para nós”, defende Vasto, afirmando que o índice de satisfação desses trabalhadores é mais alto do que em outros modelos de negócio, sem citar os entraves na Justiça trabalhista e as greves enfrentados pelos concorrentes. “Ele está mais integrado à nossa operação.”

O modelo de negócios da Daki é ter centros de distribuição de pequeno porte Foto: Daki

Corrida atrás dos gigantes

Para correr atrás dos gigantes do setor de delivery de mercado, a Daki fundiu-se em julho deste ano com a Jokr — outra recém-nascida, desta vez em março de 2021, em Nova York. Juntas, as duas startups pretendem utilizar o cheque anunciado nesta quinta-feira para ampliar as entregas ultrarrápidas na América Latina, Europa e Estados Unidos, regiões onde ambas operam.

No restante do mundo, unicórnios já nasceram sob esse modelo de negócio de entregas ultrarrápidas. É o caso da alemã Gorillas, cuja avaliação de mercado subiu para US$ 2,1 bilhões em outubro passado após aporte de US$ 271 milhões; e da turca Getir, com avaliação de US$ 7,5 bilhões depois de receber cheque de US$ 550 milhões em junho de 2021. Junto com elas, outros nomes destacam-se, como a americana GoPuff e a britânica Zapp — em comum, todas estão em expansão internacional e queimam caixa para ganhar terreno.

A fusão com a Jokr, portanto, indica que a startup mira alto para competir nesse cenário. “Além de termos entre nós uma visão de negócios muito similar, existe uma grande oportunidade de atacar a América Latina, um mercado muito relevante”, observa Vasto, acrescentando que, apesar da sinergia entre as duas empresas, não existem planos para a criação de uma marca conjunta. “E, com essa união, existe também uma solidificação financeira muito grande como grupo empresarial.”

Com esse “empurrãozinho” financeiro, a Daki espera ter tração para cavar espaço em um mercado dominado por iFood, Rappi e Uber Eats no Brasil. “Investimentos grandes precisam ser feitos e, para alimentar qualquer disrupção, precisamos de capital”, diz o presidente executivo.

Após virar unicórnio, o passo seguinte para muitas startups é entrar no mercado público de ações e abrir capital, o IPO. Vasto não descarta fazer esse movimento no médio prazo, mas, dado o tamanho da Daki no momento, isso não é algo que deve acontecer no próximo ano. 

“Ainda existe tanta coisa para fazer e estamos no começo da nossa vida. Ninguém aqui completou um ano de casa”, aponta o CEO. “Mas estamos conquistando o nosso espaço.”

Com 10 meses de vida, a startup Daki, especializada em delivery de mercado em até 15 minutos, tornou-se o mais novo unicórnio brasileiro após receber aporte de US$ 260 milhões nesta quinta-feira, 2. Atingindo avaliação de US$ 1,2 bilhão, a companhia quer correr não só com entregas rápidas, mas também para alcançar os líderes convictos do setor (iFood e Rappi) com um modelo de negócio sustentável.

O cheque contou com a assinatura dos fundos Tiger Global, Kaszek, Monashees,  Activant Capital, Balderton, Greycroft, G-Squared, HV Capital, Mirae Asset, Moving Capital e outros. A rodada, do tipo série B acontece após outro aporte de US$ 170 milhões, de julho passado.

“Essa rodada é a celebração de um modelo de negócio que traz indicações positivas de rentabilidade e crescimento, mas também comemora o potencial da América Latina, onde temos muito a crescer”, explica ao Estadão o presidente executivo da Daki, Rafael Vasto. “O aporte é direcionado à nossa expansão física, a melhorar a experiência em nosso aplicativo e à atração de talentos para dentro de casa.”

Fundada em janeiro de 2021 por Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner, a Daki aposta no conceito de “varejo local”, posicionando as chamadas dark stores (lojas ocultas do cliente, sem fachadas nem balcões) em pontos estratégicos da cidade, com grandes adensamentos urbanos. Esses estabelecimentos funcionam como galpões com produtos para pronta retirada, acelerando o prazo da entrega — algo facilitado pelo fato de esses espaços serem desenhados para terem fácil circulação, diferentemente da arquitetura vista em hipermercados.

Outra característica desse modelo é a diminuta quantidade de produtos em estoque, baixando o custo de implementação dessas lojas e facilitando o contato direto com fornecedores, o que pode permitir promoções agressivas para conquistar a clientela. Ao final da operação, as dark stores reduzem os custos de toda a operação da Daki, incluindo frete, taxas de entrega e manutenção dos espaços pela cidade.

Fundadores da Daki: Rafael Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner Foto: Daki

Hoje, a startup atende as capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro, assim como o ABC paulista, Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Niterói (RJ), totalizando 60 dark stores nessas cidades. O plano é chegar a Belo Horizonte até o final de janeiro de 2022, ano em que espera somar 150 armazéns de pronta entrega nessas três regiões do Sudeste.

As dark stores, porém, não são novas no Brasil: a colombiana Rappi, que virou unicórnio em agosto de 2018, anunciou a entrada no modelo de lojas ocultas em abril deste ano, prometendo entregas de até 10 minutos. Além disso, é por esse modo que opera o aplicativo Zé Delivery, da Ambev, cujo foco é o consumo imediato de bebidas.

Modelo sustentável

A Daki aposta na bandeira verde para se diferenciar dos gigantes. Por exemplo, para zerar a pegada de carbono, não utiliza motocicletas (apenas bicicletas “tradicionais” ou elétricas) nem plástico na embalagem de entrega, apostando no papel kraft (a “embalagem” do pão de padaria). Rivais como o iFood, startup brasileira que se tornou unicórnio em novembro de 2018, já incorporam aspecto “verde” ao negócio, mas sem aplicar as práticas em toda a cadeia.

Além disso, a Daki aposta em entregadores que ficam à disposição da companhia para a pronta entrega, o que ajuda a acelerar o processo de chegada em 15 minutos à casa do cliente. Enquanto não estão rodando de bike, eles podem ficar estacionados nas dark stores, onde, diz a startup, têm água à disposição, podem carregar o celular, descansar ou colocar bicicletas em manutenção. O método de trabalho, porém, é igual aos rivais: chamados de “parceiros”, esses entregadores também são microempreendedores individuais (MEI) e recebem por entrega realizada e pelo período em que ficam nas dark stores.

“Nosso modelo é melhor para o entregador e para nós”, defende Vasto, afirmando que o índice de satisfação desses trabalhadores é mais alto do que em outros modelos de negócio, sem citar os entraves na Justiça trabalhista e as greves enfrentados pelos concorrentes. “Ele está mais integrado à nossa operação.”

O modelo de negócios da Daki é ter centros de distribuição de pequeno porte Foto: Daki

Corrida atrás dos gigantes

Para correr atrás dos gigantes do setor de delivery de mercado, a Daki fundiu-se em julho deste ano com a Jokr — outra recém-nascida, desta vez em março de 2021, em Nova York. Juntas, as duas startups pretendem utilizar o cheque anunciado nesta quinta-feira para ampliar as entregas ultrarrápidas na América Latina, Europa e Estados Unidos, regiões onde ambas operam.

No restante do mundo, unicórnios já nasceram sob esse modelo de negócio de entregas ultrarrápidas. É o caso da alemã Gorillas, cuja avaliação de mercado subiu para US$ 2,1 bilhões em outubro passado após aporte de US$ 271 milhões; e da turca Getir, com avaliação de US$ 7,5 bilhões depois de receber cheque de US$ 550 milhões em junho de 2021. Junto com elas, outros nomes destacam-se, como a americana GoPuff e a britânica Zapp — em comum, todas estão em expansão internacional e queimam caixa para ganhar terreno.

A fusão com a Jokr, portanto, indica que a startup mira alto para competir nesse cenário. “Além de termos entre nós uma visão de negócios muito similar, existe uma grande oportunidade de atacar a América Latina, um mercado muito relevante”, observa Vasto, acrescentando que, apesar da sinergia entre as duas empresas, não existem planos para a criação de uma marca conjunta. “E, com essa união, existe também uma solidificação financeira muito grande como grupo empresarial.”

Com esse “empurrãozinho” financeiro, a Daki espera ter tração para cavar espaço em um mercado dominado por iFood, Rappi e Uber Eats no Brasil. “Investimentos grandes precisam ser feitos e, para alimentar qualquer disrupção, precisamos de capital”, diz o presidente executivo.

Após virar unicórnio, o passo seguinte para muitas startups é entrar no mercado público de ações e abrir capital, o IPO. Vasto não descarta fazer esse movimento no médio prazo, mas, dado o tamanho da Daki no momento, isso não é algo que deve acontecer no próximo ano. 

“Ainda existe tanta coisa para fazer e estamos no começo da nossa vida. Ninguém aqui completou um ano de casa”, aponta o CEO. “Mas estamos conquistando o nosso espaço.”

Com 10 meses de vida, a startup Daki, especializada em delivery de mercado em até 15 minutos, tornou-se o mais novo unicórnio brasileiro após receber aporte de US$ 260 milhões nesta quinta-feira, 2. Atingindo avaliação de US$ 1,2 bilhão, a companhia quer correr não só com entregas rápidas, mas também para alcançar os líderes convictos do setor (iFood e Rappi) com um modelo de negócio sustentável.

O cheque contou com a assinatura dos fundos Tiger Global, Kaszek, Monashees,  Activant Capital, Balderton, Greycroft, G-Squared, HV Capital, Mirae Asset, Moving Capital e outros. A rodada, do tipo série B acontece após outro aporte de US$ 170 milhões, de julho passado.

“Essa rodada é a celebração de um modelo de negócio que traz indicações positivas de rentabilidade e crescimento, mas também comemora o potencial da América Latina, onde temos muito a crescer”, explica ao Estadão o presidente executivo da Daki, Rafael Vasto. “O aporte é direcionado à nossa expansão física, a melhorar a experiência em nosso aplicativo e à atração de talentos para dentro de casa.”

Fundada em janeiro de 2021 por Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner, a Daki aposta no conceito de “varejo local”, posicionando as chamadas dark stores (lojas ocultas do cliente, sem fachadas nem balcões) em pontos estratégicos da cidade, com grandes adensamentos urbanos. Esses estabelecimentos funcionam como galpões com produtos para pronta retirada, acelerando o prazo da entrega — algo facilitado pelo fato de esses espaços serem desenhados para terem fácil circulação, diferentemente da arquitetura vista em hipermercados.

Outra característica desse modelo é a diminuta quantidade de produtos em estoque, baixando o custo de implementação dessas lojas e facilitando o contato direto com fornecedores, o que pode permitir promoções agressivas para conquistar a clientela. Ao final da operação, as dark stores reduzem os custos de toda a operação da Daki, incluindo frete, taxas de entrega e manutenção dos espaços pela cidade.

Fundadores da Daki: Rafael Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner Foto: Daki

Hoje, a startup atende as capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro, assim como o ABC paulista, Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Niterói (RJ), totalizando 60 dark stores nessas cidades. O plano é chegar a Belo Horizonte até o final de janeiro de 2022, ano em que espera somar 150 armazéns de pronta entrega nessas três regiões do Sudeste.

As dark stores, porém, não são novas no Brasil: a colombiana Rappi, que virou unicórnio em agosto de 2018, anunciou a entrada no modelo de lojas ocultas em abril deste ano, prometendo entregas de até 10 minutos. Além disso, é por esse modo que opera o aplicativo Zé Delivery, da Ambev, cujo foco é o consumo imediato de bebidas.

Modelo sustentável

A Daki aposta na bandeira verde para se diferenciar dos gigantes. Por exemplo, para zerar a pegada de carbono, não utiliza motocicletas (apenas bicicletas “tradicionais” ou elétricas) nem plástico na embalagem de entrega, apostando no papel kraft (a “embalagem” do pão de padaria). Rivais como o iFood, startup brasileira que se tornou unicórnio em novembro de 2018, já incorporam aspecto “verde” ao negócio, mas sem aplicar as práticas em toda a cadeia.

Além disso, a Daki aposta em entregadores que ficam à disposição da companhia para a pronta entrega, o que ajuda a acelerar o processo de chegada em 15 minutos à casa do cliente. Enquanto não estão rodando de bike, eles podem ficar estacionados nas dark stores, onde, diz a startup, têm água à disposição, podem carregar o celular, descansar ou colocar bicicletas em manutenção. O método de trabalho, porém, é igual aos rivais: chamados de “parceiros”, esses entregadores também são microempreendedores individuais (MEI) e recebem por entrega realizada e pelo período em que ficam nas dark stores.

“Nosso modelo é melhor para o entregador e para nós”, defende Vasto, afirmando que o índice de satisfação desses trabalhadores é mais alto do que em outros modelos de negócio, sem citar os entraves na Justiça trabalhista e as greves enfrentados pelos concorrentes. “Ele está mais integrado à nossa operação.”

O modelo de negócios da Daki é ter centros de distribuição de pequeno porte Foto: Daki

Corrida atrás dos gigantes

Para correr atrás dos gigantes do setor de delivery de mercado, a Daki fundiu-se em julho deste ano com a Jokr — outra recém-nascida, desta vez em março de 2021, em Nova York. Juntas, as duas startups pretendem utilizar o cheque anunciado nesta quinta-feira para ampliar as entregas ultrarrápidas na América Latina, Europa e Estados Unidos, regiões onde ambas operam.

No restante do mundo, unicórnios já nasceram sob esse modelo de negócio de entregas ultrarrápidas. É o caso da alemã Gorillas, cuja avaliação de mercado subiu para US$ 2,1 bilhões em outubro passado após aporte de US$ 271 milhões; e da turca Getir, com avaliação de US$ 7,5 bilhões depois de receber cheque de US$ 550 milhões em junho de 2021. Junto com elas, outros nomes destacam-se, como a americana GoPuff e a britânica Zapp — em comum, todas estão em expansão internacional e queimam caixa para ganhar terreno.

A fusão com a Jokr, portanto, indica que a startup mira alto para competir nesse cenário. “Além de termos entre nós uma visão de negócios muito similar, existe uma grande oportunidade de atacar a América Latina, um mercado muito relevante”, observa Vasto, acrescentando que, apesar da sinergia entre as duas empresas, não existem planos para a criação de uma marca conjunta. “E, com essa união, existe também uma solidificação financeira muito grande como grupo empresarial.”

Com esse “empurrãozinho” financeiro, a Daki espera ter tração para cavar espaço em um mercado dominado por iFood, Rappi e Uber Eats no Brasil. “Investimentos grandes precisam ser feitos e, para alimentar qualquer disrupção, precisamos de capital”, diz o presidente executivo.

Após virar unicórnio, o passo seguinte para muitas startups é entrar no mercado público de ações e abrir capital, o IPO. Vasto não descarta fazer esse movimento no médio prazo, mas, dado o tamanho da Daki no momento, isso não é algo que deve acontecer no próximo ano. 

“Ainda existe tanta coisa para fazer e estamos no começo da nossa vida. Ninguém aqui completou um ano de casa”, aponta o CEO. “Mas estamos conquistando o nosso espaço.”

Com 10 meses de vida, a startup Daki, especializada em delivery de mercado em até 15 minutos, tornou-se o mais novo unicórnio brasileiro após receber aporte de US$ 260 milhões nesta quinta-feira, 2. Atingindo avaliação de US$ 1,2 bilhão, a companhia quer correr não só com entregas rápidas, mas também para alcançar os líderes convictos do setor (iFood e Rappi) com um modelo de negócio sustentável.

O cheque contou com a assinatura dos fundos Tiger Global, Kaszek, Monashees,  Activant Capital, Balderton, Greycroft, G-Squared, HV Capital, Mirae Asset, Moving Capital e outros. A rodada, do tipo série B acontece após outro aporte de US$ 170 milhões, de julho passado.

“Essa rodada é a celebração de um modelo de negócio que traz indicações positivas de rentabilidade e crescimento, mas também comemora o potencial da América Latina, onde temos muito a crescer”, explica ao Estadão o presidente executivo da Daki, Rafael Vasto. “O aporte é direcionado à nossa expansão física, a melhorar a experiência em nosso aplicativo e à atração de talentos para dentro de casa.”

Fundada em janeiro de 2021 por Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner, a Daki aposta no conceito de “varejo local”, posicionando as chamadas dark stores (lojas ocultas do cliente, sem fachadas nem balcões) em pontos estratégicos da cidade, com grandes adensamentos urbanos. Esses estabelecimentos funcionam como galpões com produtos para pronta retirada, acelerando o prazo da entrega — algo facilitado pelo fato de esses espaços serem desenhados para terem fácil circulação, diferentemente da arquitetura vista em hipermercados.

Outra característica desse modelo é a diminuta quantidade de produtos em estoque, baixando o custo de implementação dessas lojas e facilitando o contato direto com fornecedores, o que pode permitir promoções agressivas para conquistar a clientela. Ao final da operação, as dark stores reduzem os custos de toda a operação da Daki, incluindo frete, taxas de entrega e manutenção dos espaços pela cidade.

Fundadores da Daki: Rafael Vasto, Rodrigo Maroja e Alex Bretzner Foto: Daki

Hoje, a startup atende as capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro, assim como o ABC paulista, Campinas (SP), Guarulhos (SP) e Niterói (RJ), totalizando 60 dark stores nessas cidades. O plano é chegar a Belo Horizonte até o final de janeiro de 2022, ano em que espera somar 150 armazéns de pronta entrega nessas três regiões do Sudeste.

As dark stores, porém, não são novas no Brasil: a colombiana Rappi, que virou unicórnio em agosto de 2018, anunciou a entrada no modelo de lojas ocultas em abril deste ano, prometendo entregas de até 10 minutos. Além disso, é por esse modo que opera o aplicativo Zé Delivery, da Ambev, cujo foco é o consumo imediato de bebidas.

Modelo sustentável

A Daki aposta na bandeira verde para se diferenciar dos gigantes. Por exemplo, para zerar a pegada de carbono, não utiliza motocicletas (apenas bicicletas “tradicionais” ou elétricas) nem plástico na embalagem de entrega, apostando no papel kraft (a “embalagem” do pão de padaria). Rivais como o iFood, startup brasileira que se tornou unicórnio em novembro de 2018, já incorporam aspecto “verde” ao negócio, mas sem aplicar as práticas em toda a cadeia.

Além disso, a Daki aposta em entregadores que ficam à disposição da companhia para a pronta entrega, o que ajuda a acelerar o processo de chegada em 15 minutos à casa do cliente. Enquanto não estão rodando de bike, eles podem ficar estacionados nas dark stores, onde, diz a startup, têm água à disposição, podem carregar o celular, descansar ou colocar bicicletas em manutenção. O método de trabalho, porém, é igual aos rivais: chamados de “parceiros”, esses entregadores também são microempreendedores individuais (MEI) e recebem por entrega realizada e pelo período em que ficam nas dark stores.

“Nosso modelo é melhor para o entregador e para nós”, defende Vasto, afirmando que o índice de satisfação desses trabalhadores é mais alto do que em outros modelos de negócio, sem citar os entraves na Justiça trabalhista e as greves enfrentados pelos concorrentes. “Ele está mais integrado à nossa operação.”

O modelo de negócios da Daki é ter centros de distribuição de pequeno porte Foto: Daki

Corrida atrás dos gigantes

Para correr atrás dos gigantes do setor de delivery de mercado, a Daki fundiu-se em julho deste ano com a Jokr — outra recém-nascida, desta vez em março de 2021, em Nova York. Juntas, as duas startups pretendem utilizar o cheque anunciado nesta quinta-feira para ampliar as entregas ultrarrápidas na América Latina, Europa e Estados Unidos, regiões onde ambas operam.

No restante do mundo, unicórnios já nasceram sob esse modelo de negócio de entregas ultrarrápidas. É o caso da alemã Gorillas, cuja avaliação de mercado subiu para US$ 2,1 bilhões em outubro passado após aporte de US$ 271 milhões; e da turca Getir, com avaliação de US$ 7,5 bilhões depois de receber cheque de US$ 550 milhões em junho de 2021. Junto com elas, outros nomes destacam-se, como a americana GoPuff e a britânica Zapp — em comum, todas estão em expansão internacional e queimam caixa para ganhar terreno.

A fusão com a Jokr, portanto, indica que a startup mira alto para competir nesse cenário. “Além de termos entre nós uma visão de negócios muito similar, existe uma grande oportunidade de atacar a América Latina, um mercado muito relevante”, observa Vasto, acrescentando que, apesar da sinergia entre as duas empresas, não existem planos para a criação de uma marca conjunta. “E, com essa união, existe também uma solidificação financeira muito grande como grupo empresarial.”

Com esse “empurrãozinho” financeiro, a Daki espera ter tração para cavar espaço em um mercado dominado por iFood, Rappi e Uber Eats no Brasil. “Investimentos grandes precisam ser feitos e, para alimentar qualquer disrupção, precisamos de capital”, diz o presidente executivo.

Após virar unicórnio, o passo seguinte para muitas startups é entrar no mercado público de ações e abrir capital, o IPO. Vasto não descarta fazer esse movimento no médio prazo, mas, dado o tamanho da Daki no momento, isso não é algo que deve acontecer no próximo ano. 

“Ainda existe tanta coisa para fazer e estamos no começo da nossa vida. Ninguém aqui completou um ano de casa”, aponta o CEO. “Mas estamos conquistando o nosso espaço.”

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.